"Vamos comer um arrozinho?". O singelo e simples convite ficaria muito mais ostentoso e sofisticado se fosse substituído por um "vamos comer um risoto?", não é mesmo? Mas é só impressão, já que risoto em italiano quer dizer literalmente "arrozinho". Até pouco tempo atrás, no mesmo local da Risoteria Villa Lobos, funcionava o Bistrô Espaço CDC, cujo nome nunca me chamou muito a atenção. A casa fica numa rua por onde passo quase todo dia, e quando notei a mudança de nome já fiquei bem mais animado. Chris, que também adora um "arrozinho", não se fez de difícil e me acompanhou com prazer. Como é possível ver na foto abaixo, ao lado do restaurante funciona uma boutique de vinhos que, segundo um dos garçons, vende vinhos com bons preços, já que os produtos são comprados diretamente dos produtores.
Felizes antes de comer |
Ainda do lado de fora do restaurante, antes da entrada do salão principal, nos chamou a atenção o belo telhado verde, feito de plantas, com algumas mesinhas altas, que são usadas pelos clientes em espera quando o restaurante está cheio. Mas também nos serviu direitinho para sentarmos nos momentos em que a Chris precisava sair para fumar. Do lado de dentro, ambiente despojado, com cadeiras coloridas e confortáveis, e belos quadros nas paredes. Um deles, colado à nossa mesa, mostrava uma mulher meditando em meio a prédios em uma grande cidade. A imagem dá a dica: relaxe e aproveite a comida!
O despojado e colorido e a complicada e perfeitinha |
Chris sob o telhado verde |
De posse dos coloridos e bonitos cardápios, começamos a dar uma olhada nas entradas disponíveis. Para molhar a boca pedimos duas long neck da Stella Artois (R$ 7,90 cada, 275ml), que vieram em um baldinho com gelo. Acabamos tomando cinco, porque né, tava ali, geladinha, enfim. Entre as opções de entrada, algumas saladas, brusquetas e o palmito pupunha assado com vinagrete e alcaparras (R$ 39), que foi o que pedimos. Enfeitando o palmito vieram o que acreditamos serem mini-folhas de beterraba, que ficaram bem charmosas. Aliás, adoramos a apresentação, elegante e colorida (já usei o adjetivo algumas vezes neste texto). Uma pena que o vinagrete, que dava um contraste perfeito ao sabor forte do pupunha, veio em pouquíssima quantidade. Também poderiam ter caprichado mais nas alcaparras, vieram só umas duas ou três. Mas o palmito estava gostoso e bem macio, fácil de comer.
Quidê o vinagrete que era pra estar aqui? |
Para os pratos principais a estrela é a feijoad...mentira, mentira, claro que tem risoto de monte para escolher. São doze no total, dividos entre "vegetarianos", "tradicionais" e "especiais". Em todos eles há a possibilidade de pedir arroz integral no lugar do arroz de risoto. Os preços, para porções individuais, começam em R$ 49 e vão até R$ 89. Há também uma seção do cardápio chamada "especialidades da casa", onde há cinco opções, sendo que três delas também envolvem risoto. Ou seja, tem "arrozinho" para todos os gostos. E é difícil escolher, porque as opções são todas muito apetitosas. Há, por exemplo, o risoto de paio, que é quase uma feijoada em forma de risoto. Acho que nunca nos demoramos tanto para decidir o que comer, e acabamos fazendo um sistema engenhoso de sorteio para chegar a uma decisão, depois que cada um de nós conseguiu reduzir a quatro as possibilidades de escolha.
Chris acabou ficando com um prato da seção "especialidades da casa". O sorteado foi o filé de robalo grelhado, servido com risoto de arroz negro, abobrinha, uvas passas douradas e espuma de capim santo (R$ 89). O cheiro e o sabor forte do robalo não a agradaram, e acabei concordando com ela que estavam mesmo um pouco desagradáveis. Algo deveria ter sido feito, provavelmente na hora de temperar o peixe, para retirar um pouco essa "maresia". Mas ela gostou tanto do risoto, com o agridoce dado pelas uvas passas douradas, e com a cremosidade conferida pela espuma de capim santo, que acabou relevando um pouco o defeito no item principal de seu prato. Para colorir de verde, algumas folhas (pareciam ser de baby agrião) que também serviram para dar alguma crocância ao prato.
Bom que a foto não tem o cheiro da maresia |
Meu sorteio acabou resultando na escolha do clássico risoto caprese, com muçarela de búfala, tomate cereja, pesto de manjericão e farofa de nozes (R$ 59). Embora eu goste de pedir pratos diferentes quando vou a restaurantes, também é bom comer um clássico bem feito. Mas, antes de falar se ele estava mesmo bem feito, falemos do prato. Ou do vaso, para ser mais preciso. Sério, nunca vi um prato tão fundo assim. Confesso que dificultou um pouco para "montar" as garfadas, principalmente quando o risoto foi chegando ao fim. Também ficava difícil apoiar os talheres nos momentos em que eu ia dar uma bicada na bebida.
Prato fundo. Muito fundo. Mas fundo pracas. |
Apesar deste pequeno (e profundo) problema, o risoto estava delicioso, além de muito bem apresentado, com uma grande "bola" de muçarela no centro do prato, que foi se derretendo aos poucos, a farofa de nozes dando crocância por cima, o pesto nos cantos e mini-folhas de beterraba (ou não) fazendo uma graça por cima. Algumas garfadas vinham com os tomates cerejas que estavam entremeados no arroz, e estas eram as melhores. A profundidade do prato causou outro problema: a porção veio grande demais. Foi difícil chegar ao fim, o que só foi possível porque estava muito bom. E porque eu sou um glutão.
Veja a foto anterior para saber o tanto de risoto que o rapaz comeu |
Relaxados e prontos para comer |
Embora o restaurante fique ao lado de uma boutique de vinhos, combinamos nossos pratos principais com uma cerveja do estilo witbier chamada Schloss, da Cervejaria Dortmund, de Serra Negra (SP). A garrafa de 500 ml custou R$ 29. Entre as cervejas especiais, a maioria das opções é da Cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto.
Para finalizar a refeição o menu lista cinco opções de sobremesa, das quais escolhemos a panna cotta de baunilha fresca, servida ao coulis de caqui e canela com praliné de castanha do pará (R$ 24,90). Não gostamos muito do copo em que ela veio servida, não era muito próprio para compartilharmos. Também achamos que o coulis de caqui, que é um molho, veio em pouca quantidade. Se ele fosse ruim não sentiríamos falta, mas estava muito bom. As castanhas em praliné (cristalizadas com açúcar) também poderiam vir mais fartas. O que salvou foi que a panna cotta, por si só, foi a melhor que já comemos, com uma consistência perfeita e ótimo sabor.
Coulis, praliné, panna cotta, é frescura demais, né? |
A brigada de garçons é bastante jovem, o que não significa que seja desinformada ou desinteressada. Não é preconceito, mas às vezes ambas as características são vistas em funcionários jovens de restaurantes. O salão estava relativamente vazio, o que facilitou o serviço em termos de atenção dispensada à nossa mesa. Mas é de se destacar, por exemplo, a solicitude demonstrada nas vezes em que saímos para a Chris fumar. Tínhamos sempre a companhia constante de um dos garçons, que nos deixava informado sobre a chegada de nossos pratos, e vinha verificar se estava tudo bem. Todos tinham boas informações sobre o cardápio, e se mostraram solidários e prestativos quando nos mostramos em dúvida sobre o que pedir. Outro dado interessante foi a presença do chef Tércio Raddatz em nossa mesa, para saber o que tínhamos achado de nossa comida.
O que se pede de uma churrascaria é boa carne, de uma pizzaria é boa pizza. Em uma risoteria, claro, esperamos bons risotos, de preferência melhores do que aqueles que fazemos em casa. Eu me aventuro nessa arte de vez em quando, e a Chris sempre me elogia muito (com sinceridade, espera-se). Mas meus esforços não chegam no mesmo patamar dos risotos feitos por quem é especializado no prato. A Risoteria Villa Lobos faz jus ao nome, e entrega o que promete. Os preços, como deu para perceber, não são dos mais baratos, mas a relação custo-benefício acaba sendo boa, por conta da qualidade da comida. Às quartas-feiras há uma promoção especial que oferece um menu completo com preço mais acessível, mas o próprio garçom não sabe até quando isso durará, porque a promoção depende de uma parceria com uma empresa que já avisou que não vai continuar no projeto. Mesmo sem promoção, eu e Chris concordamos que, devido aos vários risotos que ficamos com vontade de provar, voltaríamos ao restaurante em uma próxima oportunidade. Agora, todas as vezes que eu passar pela Avenida Heitor Villa Lobos vou olhar para o restaurante e pensar "hmmmm, que tal comer um arrozinho?".
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 9 e 8
Serviço(2): 8 e 8
Entrada(2): 7 e 6,5
Prato principal(3): 8 e 8,5
Sobremesa(2): 8 e 7
Custo-benefício(1): 8 e 7
Média: 8 e 7,62
Voltaria?: Sim e sim
Serviço:
Avenida Heitor Villa Lobos, 841 - Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3922-0505
Site: http://www.vlobos.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/risoteriavlobos/?fref=ts
Uma incoerência para alguém com ascendência italiana: adoro arrozinho e não curto risoto. No entanto, poderia arriscar uma visita ao Risoteria Villa Lobos pela delícia descrita. Escolheria um prato das especialidades ao invés da "bacia" de risoto.
ResponderExcluirDifícil a identificação dos brotos e folhas da apresentação, mas a descrita parece correta.
Ponto para o atendimento e ambiente.