Minhas tentativas de traduzir o que significa o nome do restaurante não foram totalmente conclusivas. "Cucina" significa cozinha, até aí, beleza, nem precisa ser genial pra saber. Aí esse "si" não é sim, mas o pronome impessoal, tipo "dane-se" ou "furique-se". O que leva a crer que "Cucina Si Italianissimo" deve ser algo como "Cozinha-se Italianíssimo", não querendo dizer que vão cozinhar o Andrea Boccelli, mas sim que a cozinha do lugar é muito da italiana. Independentemente da tradução, lá fomos nós para o agradável restaurante, situado bem no centro de Santana de Parnaíba, atrás da Igreja Matriz da cidade, para uma refeição abençoada pela avó de Jesus Cristo. Amém!
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Não sabe italiano, mas pelo menos a foto ficou ó, uma m... |
Todo o centro de Santana é tombado pelo patrimônio histórico, o que significa dizer que jantamos em um casarão histórico do século 19. Toda a decoração remete mesmo ao passado, desde a fachada, com janelas de madeira, até a parte de dentro, com espelhos, móveis que poderiam estar em um museu e fotos antigas na parede. Realmente traz uma sensação de volta ao passado. Existem dois ambientes climatizados, mas também é possível ficar na parte da frente, que conta com algumas mesas, ou na parte de trás, também aberta, ao lado da piscina do casarão (a piscina deve ser um adendo mais recente ao imóvel).
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Tefolone antigo, e a Chris compondo na paleta de cores |
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Fantasma assutador no casarão de 1800 e trelelê |
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Chris sentindo as vibrações fantasmagóricas |
Apesar do apreço pela tradição, o Cucina não disponibiliza cardápio físico, apenas por QR Code. Já escrevi algumas vezes o quanto eu acho isso chato, mas vou escrever de novo: acho isso chato. Pois bem. São algumas opções de entrada, que são listadas como "Antipasti e insalate" (não tem como ler essas coisas e não imaginar a mãozinha balançado bem italianamente), e trazem pratos clássicos como brusquetas e burratas. Escolhemos uma não tão italianíssima, o Camembert Miele (queijo grelhado e cremoso finalizado com mel e farofinha de nozes, acompanhado de pão italiano torradinho, R$ 84). Você, que é espertinha, já deve ter notado que "miele" significa mel em italiano. E camembert é aquele queijo francês mesmo. Abelhas e geografia à parte, a entrada estava bonita, com o pão torradinho na medida certa, o queijo numa textura ótima, escorrendo no corte, e a farofinha de nozes com mel enriquecendo cada garfada - inclusive, poderia ter vindo mais dela.
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Tem lá sua beleza, o camembert com pães italianos |
Para os pratos principais as opções são bem variadas, e divididas em várias sub-seções. Primeiro temos "Pasta di grano duro", que são as opções de massa seca, focada em pratos com linguine e penne. Depois vem os "Risotti", eles mesmos, os risotos, que não poderiam faltar. Em seguida o menu traz os pratos de "Pasta fresca", ou seja, de massa fresca, como nhoque e lasanha. Depois há uma boa quantidade de pratos "Vegano e low carbo", em número bem maior do que costumamos encontrar, o que faz do Cucina uma ótima opção para quem busca aquela saudabilidade. Por fim temos "Le carne e i pesci", que são carnes e peixes, todos com acompanhamento ou de massa ou de risoto. Para os papais e mamães, tem também opção Kids. Ou seja, não dá pra reclamar de falta de variedade. Todos os pratos são individuais, e a imensa maioria fica abaixo dos cem reais.
Ambos escolhemos pratos da seção "Pasta fresca". Chris escolheu o Gnocchi Fico e Parma (nhoque de batata vermelho com creme de queijos, parma , figo fresco e farofa de nozes, R$ 92). Essa é a descrição exata do prato no cardápio, mas como o nhoque não é vermelho, suposmos que a batata utilizada seja vermelha, a batata Asterix. Mas a concordância de gênero foi o menor dos problemas. Podemos dizer que a Chris gostou de todas as garfadas - enquanto durou o presunto. Ele trazia o sal que faltava ao creme de queijo, deveras insosso. O figo nunca foi conhecido pela personalidade forte, tadinho, então ele não ajudava muito. Pra piorar, a textura do creme foi ficando cada vez mais massuda à medida que o prato esfriava. Escrevo esse texto ainda sem saber a nota da Chris, mas creio que não será das melhores.
Ambos escolhemos pratos da seção "Pasta fresca". Chris escolheu o Gnocchi Fico e Parma (nhoque de batata vermelho com creme de queijos, parma , figo fresco e farofa de nozes, R$ 92). Essa é a descrição exata do prato no cardápio, mas como o nhoque não é vermelho, suposmos que a batata utilizada seja vermelha, a batata Asterix. Mas a concordância de gênero foi o menor dos problemas. Podemos dizer que a Chris gostou de todas as garfadas - enquanto durou o presunto. Ele trazia o sal que faltava ao creme de queijo, deveras insosso. O figo nunca foi conhecido pela personalidade forte, tadinho, então ele não ajudava muito. Pra piorar, a textura do creme foi ficando cada vez mais massuda à medida que o prato esfriava. Escrevo esse texto ainda sem saber a nota da Chris, mas creio que não será das melhores.
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É, não vai passar de ano, viu? |
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Mas havia uma esperança de felicidade |
Minha massa fresca foi o Sorrentino alla Carne e Tartufo (produção própria limitada! Massa, recheada com ossobuco, cozido por duas horas no vinho tinto, servido na manteiga trufada e tomatinho cereja, R$ 108). A contação de história da descrição é boa: produção própria limitada, cozido por duas horas, um canto da sereia que me encantou. O tal sorrentino parece um ravióli, e é invenção de nossos hermanos argentinos (apesar de homenagear a cidade de Sorrento, na Itália). Nada de miséria no recheio, muita carne, molho delicioso, com aquela untuosidade da manteiga que amarra todos os sabores, e cada tomatinho cereja fazendo a alegria do meu paladar - e do da Chris, que de vez em quando roubava um pouco do meu prato, pra compensar a tristeza com o dela. Para citar um ponto negativo, o recheio poderia estar um pouco mais molhadinho.
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Já esse passou de ano com alguma folga |
Resolvemos fazer a última parte da refeição nas mesas do lado de fora. Uma vez que nada nos chamou muito a atenção nas opções de sobremesas, acabamos indo para o clássico Tiramisù (uma combinação irresistível de camadas de suave creme de mascarpone e biscoitos champagne embebidos em café expresso, finalizado com uma polvilhada de cacau em pó, cada garfada traz o autêntico sabor italiano que derrete na boca! R$ 42). Perceba que a contação de história da descrição também é das boas. Mas, nesse caso, o que veio à mesa não correspondeu. A apresentação é no mínimo questionável, com o doce vindo dentro de um pote de vidro, meio que tirando toda a beleza intrínseca, inalienável e indubitável da sobremesa. O sabor de café estava presente em boa intensidade, mas aquela junção de todos os elementos do tiramissu acaba se perdendo com a apresentação "amacetada", já que ora vem muito de uma coisa na colherada, ora vem pouco de outra coisa.
Quando chegamos ao restaurante, fomos conhecer os ambientes, e chegamos a cogitar nos sentar na parte dos fundos, perto da piscina. Mas havia uma escada para chegar até lá, e eu comentei com a Chris, "melhor não, vamos dar trabalho pros garçons, ficar indo e voltando as escadas". Um dos garçons nos ouviu e disse, "estamos aqui para isso" - sem parecer que na verdade estava dizendo "vai, senta lá, desgraça". Profissionalismo, que chama. Fomos bem atendidos, inclusive com margem para uma brincadeira sobre o fato de a casa, talvez, quem sabe, abrigar fantasmas que podem fazer a mesa se balançar sozinha. Em relação aos tempos de entrega dos pratos, tudo dentro do normal. Na parte final, foi o garçom quem nos disse, quando saímos para a Chris fumar, que ele poderia nos servir a sobremesa na parte de fora. O único porém é que acabamos ficando "esquecidos" por lá, e depois eu tive que entrar para pedir a conta. Mas, de maneira geral, o serviço foi bem satisfatório.
Santana de Parnaíba é uma cidade turística, cujas atrações preenchem um belo dia de passeio. Mais do que isso talvez seja exagero. Portanto, o mais provável é que não voltemos para lá - apesar de termos ficado com muita vontade de participar de alguma festividade que tenha o tradicional samba de bumbo da cidade como atrativo. Mas, mesmo que voltemos, provavelmente não voltaríamos ao Cucina si Italianissimo. Apesar da entrada interessante e do acerto no meu prato principal, o prato da Chris e a sobremesa, aliados à certa obviedade do menu, nos levam a essa decisão. Esperamos que Suzana Dias, neta do cacique Tibiriçá e fundadora de Santana de Parnaíba, nos perdoe. Junto com a avó de Jesus. Amém!
Santana de Parnaíba é uma cidade turística, cujas atrações preenchem um belo dia de passeio. Mais do que isso talvez seja exagero. Portanto, o mais provável é que não voltemos para lá - apesar de termos ficado com muita vontade de participar de alguma festividade que tenha o tradicional samba de bumbo da cidade como atrativo. Mas, mesmo que voltemos, provavelmente não voltaríamos ao Cucina si Italianissimo. Apesar da entrada interessante e do acerto no meu prato principal, o prato da Chris e a sobremesa, aliados à certa obviedade do menu, nos levam a essa decisão. Esperamos que Suzana Dias, neta do cacique Tibiriçá e fundadora de Santana de Parnaíba, nos perdoe. Junto com a avó de Jesus. Amém!
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 7,5 e 8
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 5 e 7,5
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 5,5 e 6,5
Média: 5,95 e 6,91
Voltaria?: Não e não
Serviço:
R. Condé de Monsanto, 37 - Centro Histórico - Santana de Parnaíba - São Paulo
Telefone: (11) 94593-1913
Instagram: @cucinasiitalianissimo
Ambiente(2): 7,5 e 8
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 5 e 7,5
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 5,5 e 6,5
Média: 5,95 e 6,91
Voltaria?: Não e não
Serviço:
R. Condé de Monsanto, 37 - Centro Histórico - Santana de Parnaíba - São Paulo
Telefone: (11) 94593-1913
Instagram: @cucinasiitalianissimo
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