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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Jiló (Itacaré - BA) - 25/09/2023


 
    O poder da má fama do jiló é tão grande que eu só fui experimentá-lo já adulto. Sempre associada a algo ruim e amargo, a fruta (sim, fruta!) ficou fora do meu radar, até que a peguei sem querer em um restaurante a quilo qualquer. Depois comi em casa, empanadinho. E, se não posso dizer que sou um apaixonado, aprendi a apreciar o sabor intenso do alimento. Chris já gosta desde sempre. Então não poderíamos deixar de visitar um restaurante que teve a coragem de usá-lo como nome. O fato de ter mesinhas na calçada em frente à Praia da Coroa em Itacaré também ajudou bastante na escolha, não podemos negar.
 
O blog precisa contratar um fotógrafo melhor

    Claro que nos instalamos nas tais mesinhas na calçada, onde é permitido fumar. Mas o restaurante tem outros ambientes. Na parte de dentro, a cozinha é aberta, e existe um lounge bem em frente, com um sofá cheio de almofadas, uma rede e até uma bananeira. Subindo uma pequena escada temos mais dois ambientes, um deles com vista para a Praia da Coroa. Tudo muito caprichado e cuidadoso na decoração. As mesas e cadeiras são de madeira, mas bem confortáveis, e condizentes com o ambiente da casa e com um restaurante de frente pro mar.

Condizente, muito condizente

Dá até pra tirar um cochilo no lounge

A parte de cima

A parte de cima, com o adendo da vista pra praia

Onde a magia acontece

    Ficamos um pouco decepcionados com as opções do cardápio. Não que não houvesse descrições apetitosas - sim, havia. Mas, dentre todas as entradas, principais e sobremesas, apenas uma opção trazia jiló. Ou seja, a coragem exibida no nome do restaurante não se replica no menu. Uma pena. Isso à parte, gostamos do fato de o menu ser curto, resolvido em apenas uma página: quatro entradas, oito principais e duas sobremesas.

    Não poderíamos deixar de escolher como entrada o tal único prato que tinha jiló: chips de aipim crocantes e viciantes com vinagrete de jiló (R$ 30). Não sei se os chips chegam a ser viciantes como indica a descrição do restaurante, mas ambos adoramos, estavam sequinhos, bem salgadinhos e crocantes - embora um ou outro estivesse mais durinho. O vinagrete de jiló tava uma delícia, mas veio em proporção bem errada. Depois até nos foi dito que mandam pouco porque tem gente que não gosta e acaba sobrando, e que se tivéssemos falado poderia ser reposto. Mas já era tarde, tínhamos devorado todo o aipim, mesmo sem vinagrete. Só se mandarem aqui pra São José, será que rola?

É ou não é pitico por demais o vinagrete jilozado?

    Depois de comer muito aipim, Chris escolheu como prato principal o peixe na brasa com creme à baiana, banana da terra assada e molho lambão (R$ 89). O tal creme baiano eram bem parecido com um bobó, com o dendê bem presente. Chris achou que a banana deu uma sumida com a força do creme. O matagal de salsinha que encima o prato poderia muito bem ser coentro, que combinaria bem com o peixe. Falando nele, estava em um bom ponto, e bem temperado. A farofinha que não estava na descrição trouxe um pouco de crocância, e o molho lambão (que é tipo um vinagrete) nem aparece na foto, e também não fez muita diferença no paladar. Chris gostou, no geral, mas achou que talvez pudesse vir um pouco menos de creme.
 
Se o matagal fosse de coentro ganharia um ponto extra na nota final

    Depois de também comer muito aipim, mas não tanto quanto a Chris, escolhi o polvo grelhado com creme de espinafre, tropeirinho de feijão verde, batata corada e farofinha de pão (R$ 115). Minha única oportunidade de comer polvo é quando os pratos são individuais, porque a Chris não gosta, então quase sempre aproveito as oportunidades. O polvo estava em ótimo ponto, e muito bem temperado. O creme de espinafre estava bem delicado, e tinha a importante função de umedecer o prato. A batata também estava boa, bem salgadinha e com pedaços crocantes. A farofinha, com pedaços de bacon, combinou muito bem com o polvo. Achei que o feijãozinho foi desnecessário no conjunto.
 
Maluco, a batata parece uma cabeça de tartaruga!
 
    A sobremesa quase sempre é a parte do cardápio que os restaurantes dão menos atenção. No Jiló são apenas duas opções, e resolvemos dividir a banana na brasa com caramelo salgado, sorvete de creme e telha de cacau (R$ 34). Telhas ultra-finas, muito crocantes e saborosas. A banana tinha um leve toque da brasa, bem interessante. O caramelo salgado trazia, além do sal, uma acidez muito instigante ao prato. Sorvete agradável, acrescentando mais uma textura a um prato cheio delas. Bem legal.

Cadê o sorvete?

Achôôô!
 
    O serviço foi bem correto. Fomos atendidos quase o tempo todo por uma garçonete, que nos apresentou o cardápio, e falou também sobre algumas opções que não estavam descritas por não fazerem parte do menu fixo. Ela foi bem detalhista, e talvez até tenha falado um pouco demais, a gente ameaçava baixar a cabeça pra olhar o cardápio e ela falava mais um pouquinho. Mas é melhor pecar pelo excesso do que pela omissão. Os pratos chegaram bem rápido, o que mais demorou foi a sobremesa. Trouxeram um cinzeiro de coco pra Chris, e ela gostou tanto que depois comprou um em uma loja de artesanato. Outro ponto a se destacar é que nos foi dito que, caso quiséssemos, poderíamos acrescentar arroz aos pratos. Não aceitamos, mas achamos simpático.

    Talvez haja uma explicação para o restaurante se chamar Jiló e usar tão pouco jiló nas receitas. Não chegamos a questionar. É possível que antes houvesse mais opções, mas o dia a dia tenha mostrado que elas não faziam sucesso, e aos poucos o jiló foi desaparecendo do Jiló. Se for algo nesse sentido, é compreensível, já que conceito não paga as contas de ninguém. Independentemente disso, a boa comida, o bom atendimento e o maravilhoso ambiente me fizeram concluir que eu faria uma nova visita ao Jiló. Já a Chris entendeu que o menu não trazia outras opções que ela tenha ficado com vontade, e concluiu que não retornaria. Ficaram faltando algumas praias para conhecermos em Itacaré. Quem sabe um dia, caso voltemos, eu a convença a dar mais uma chance ao Jiló. Mesmo sem muito jiló.
 
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 7 e 8
Entrada (2): 7,5 e 6,5
Prato principal (3): 7,5 e 8,5
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 6,5 e 7
Média: 7,41 e 7,70
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Av. Antonio Athanásio dos Santos, 25 - Centro - Itacaré - Bahia
Telefone:  (73) 99955-7273
Instagram: @jilorestaurante
Facebook: @JiloRestaurante

sábado, 16 de maio de 2015

Al Badah (São José dos Campos - SP) - 12/05/2015

Confesso, ela foi tirada na saída, não na chegada

Me mudei para São José dos Campos em 1990, mesmo ano em que foi fundado o Al Badah, restaurante especializado em comida árabe. Durante estes vinte e cinco anos em que eu e o restaurante "moramos" na mesma cidade, eu sempre pensei em nós dois como forasteiros. Achava que o Al Badah era uma rede estilo Habib´s, que não nasceu na cidade, assim como eu. Talvez eu pensasse isso pelo fato de haver um Al Badah em cada shopping de São José, o que normalmente caracteriza uma rede dessas com centenas de estabelecimentos pelo país. Só recentemente descobri que, ao contrário de mim, o Al Badah é joseense da gema.

Foi também por conta desta descoberta que eu e Chris nos dirigimos à matriz da rede, na Vila Ema, para um jantar. Eu já tinha comido as esfihas da casa em algum momento da minha juventude, e Chris também já tinha estado por ali para almoço com colegas de trabalho. Mas era a primeira vez que estávamos ali para um jantar, podendo apreciar mais "seriamente" a cozinha do lugar.

Essa sim foi na chegada

O ambiente é bem simples, mas agradável. Todo aberto nas laterais, embora em uma noite razoavelmente fria quase todos os toldos estivessem abaixados. No sentamos ao lado do único que estava levantado, para pouco depois um mala reclamar do frio (porque não sentou em outro lugar, cara pálida?) e fazer o garçom abaixar o toldo. Na decoração, alguns lustres meio arabescos, quadros com recortes de jornal sobre o lugar (um chavão irresistível, aparentemente) além de outros quadros com castelos árabes e coisas do tipo. Móveis de madeira, com a cadeira estofada, e muita luz. A entrada da cozinha fica aberta, e acima da porta há um convite para entrar e conhecê-la. Banheiro limpíssimo, com um Listerine® tamanho família (que se mostraria útil mais tarde) e copinhos de plástico para o bochecho, além de luminária em estilo árabe.

Chris das arábias, e um pouco do ambiente do lugar

Iniciamos os trabalhos com uma porção de seis falaféis, que são bolinhos à base de grão de bico com semente de gergelim (R$ 23,50). Vem acompanhado de vinagrete e molho tahine. O vinagrete não tinha absolutamente tempero nenhum, era apenas um monte de cebola e tomate picadinhos. Tudo bem que adoramos cebola e tomate, mas cadê o vinagre do vinagrete? Um salzinho também não faria mal. Os bolinhos são um pouco secos, mas estavam saborosos. O molho tahine estava muito "molhado", precisava de mais consistência. Quando colocado por cima dos bolinhos ele simplesmente escorria, fazendo os bolinhos continuarem secos.

Falaféis, cebolas e eu

O cardápio conta com muitas opções de enchimento de barriga. Esfihas, kibes, kebabs e sanduíches feitos no pão sírio, entre outros, pra quem só está afim de um lanchinho. Pra quem quer mais sustância, há os grelhados e os kebabs no prato como opções. O menu é bem ilustrado, muito colorido, com fotos de quase todos os pratos. Isso ajuda bastante a escolher, para quem não está familiarizado com os nomes dos degustes. Pena que nossos falaféis não estavam tão bonitos quanto na foto, como pode ser comprovado abaixo.

"Efeito Big Mac": a foto é mais bonita do que a realidade

Todos os grelhados vem acompanhados de arroz sírio, salada Al Badah (alface, cenoura, beterraba, muçarela, molho rosé e nozes) e vinagrete, que servem duas pessoas, com opção de meia porção, para uma pessoa. Chris pediu a meia porção da kafta (R$ 24,90). O prato chegou sem a salada, e o garçom nos informou que a meia porção não possuía este acompanhamento. Isto não está claro no cardápio. Chris pediu a salada à parte. Achou a comida com gosto muito forte de limão. O arroz sírio (que é preparado com macarrão "cabelo de anjo") não disse muito a que veio. O vinagrete veio tão sem tempero quanto o que acompanhava os falaféis. Mas a kafta estava gostosa, e a porção era bem generosa. Apresentação simples, embora a salada tenha vindo numa bonita taça.

A kafta não é boa de feição, né?

Eu pedi o kebab de cordeiro no prato (R$ 33,50). Muitíssimo bem servido, com as tiras de cordeiro, salada de alface, tomate e abobrinha frita, além de homus (pasta de grão de bico) e coalhada. À parte, em outro pratinho, um pedaço de pão sírio e 3 molhos: tahine, de hortelã e de limão. Ufa! A carne estava bem temperada, adorei as abobrinhas fritas, finamente cortadas, e também gostei do homus. Não comi tudo porque era muito coisa, não porque estivesse ruim ou enjoativo. Talvez se não tivéssemos comido os falaféis...

Dá até pra dividir em dois em tempos de vacas magras

Embora os docinhos sírios sejam famosos, pedimos uma sobremesa chamada malabie (R$ 9,90), uma manjar árabe feito com leite condensado, com calda de caramelo, castanhas de caju e uma ameixa seca. Bonita e saborosa no início, mas depois ficou um sabor amargo, provavelmente por conta das castanhas que não deviam estar muito boas. Melhor mudar o fornecedor, porque atrapalhou totalmente a experiência. Lembra do Listerine®? Pois é...

Peninha, viu?

Durante toda a refeição tomamos três sucos Al Badah (R$ 6,40 cada), feitos com uva e acerola, uma combinação que nunca tínhamos visto. Inusitada, mas gostosa.

Os funcionários se mostraram solícitos e presentes durante todo o tempo. Nenhum dos pratos pedidos demorou muito a sair, mas também não vieram rápidos a ponto de acharmos que já estivessem previamente prontos. O ponto negativo principal foi a demora em limpar as mesas, mesmo bem depois de já termos terminado de comer. Isto aconteceu especialmente com a entrada. Outro problema foi o fato de o cardápio não informar que somente a porção inteira dos grelhados traz o acompanhamento da salada.

Não se trata de alta grastronomia. É um lugar para se fazer uma refeição honesta com um preço honesto. Em um dia de calor, com todos os toldos levantados, deve ser ainda mais agradável o ambiente, bem pertinho de uma das avenidas mais bonitas de São José, a 9 de Julho. Talvez por conta disso eu tenha chegado à conclusão de que voltaria ao Al Badah. Já a Chris acha que não valeria a pena um retorno. Mas uma coisa nenhum de nós dois discute: o Al Badah é um clássico joseense, e um grande exemplo de que um empreendimento sério e bem cuidado pode durar mais de vinte anos mantendo a qualidade, mesmo em uma mundo volátil como o dos restaurantes, em que isso é cada vez mais raro.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 6,5
Entrada(2): 6 e 6
Prato principal(3): 6,5 e 7
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 7,5
Média: 5,95 e 6,45
Voltaria?: Não e sim


Serviço:
Rua Serimbura, 15 - Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3923-2454
Site: http://www.albadah.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Al-Badah/179521248760275?fref=ts