quarta-feira, 5 de abril de 2017

Flor de Ipê (Goiás - GO) - 10/03/2017


É preciso dizer, não visitamos o Flor de Ipê com o pensamento de incluí-lo aqui no blog. Estávamos na cidade de Goiás, terra da poetisa Cora Coralina, e era o restaurante mais próximo à nossa pousada. Estávamos cansados das andanças pela cidade, que é Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, e fomos para um jantar informal, sem muitas pretensões. E de fato o lugar é despretensioso. Mas ao final achamos que a experiência valeu para uma inclusão aqui no blog. Por conta dessa "informalidade" da visita, pedimos desculpas pelas fotos, que não foram tiradas com o cuidado de sempre.

A fachada é discreta, parecendo a entrada de uma casa. Na parte de dentro o ambiente também é bem informal, com paredes recheadas de quadros e um pouco de artesanato, um jardim anexo e a vista para o Rio Vermelho. Embora a tal vista tenha sido atrapalhada pelo negrume da noite, era possível ouvir o barulho do mítico rio eternizado por Cora Coralina em suas poesias. De dia deve ser bem bonito visitar o lugar.

Dá pra ouvir o barulho do rio?

E tem jardim pra dar uma pitada

O cardápio de beliscos tinha opções muito pesadas, como por exemplo o medalhão de filé acompanhado de feijão tropeiro, mandioca e vinagrete (R$ 35). Não era o que pretendíamos como entrada, então pedimos o Espetinho Flor do Ipê (R$ 22), que o originalmente também viria com arroz e cama de abobrinhas, os quais solicitamos gentilmente que não viessem. Então comemos apenas o espetinho, que estava muito bom, com carne macia e suculenta, um gostoso queimadinho por fora, e bem temparada. Aí você vai dizer "mas é só um espetinho". Sim, mas quem nunca comeu um espetinho ruim? Esse era bom.

O simples resolve tudo

A maioria dos pratos principais serve duas pessoas, e fica na casa dos quarenta reais. O cardápio é um pouco caótico, com a descrição dos pratos em português e inglês, e sem muito critério de divisões, além de não ser muito bonito. Acabamos escolhendo os dois únicos pratos individuais listados.

Chris escolheu o arroz à piamontese com filé mignon alto ao molho madeira (R$ 30). Normalmente a gente pede os pratos principais e esquece dos detalhes do que pedimos (isso é mais frequente do que seria salutar admitir). Em geral ficamos papeando, comemos a entrada, e quando vem o prato a gente se pergunta "o que era mesmo?". Tudo isso para explicar que o prato da Chris chegou sem o molho madeira, e ela comeu quase tudo, até que a garçonete o trouxe, pedindo desculpas. Chris não tinha se tocado, embora uma pulga lhe mordesse a orelha dizendo "isso aqui tá meio seco". Mas o bife estava muito bem temperado, embora o ponto tenha vindo o oposto do solicitado: Chris pediu mal-passado, ele veio bem-passado. Nem um sanguinho sequer, tudo cinza. Mas o arroz estava correto, em sabor e textura.

Não xingue, eu disse que as fotos não estavam caprichadas

Minha escolha foi o Lombo Flor de Ipê (lombo temperado com manjericão, crisps de couve, bits de bacon e arroz com castanhas, R$ 30). Extremamente saboroso. E muito suculento, embora não houvesse molho algum. O arroz com castanhas estava molhadinho, e a couve crocante e úmida ao mesmo tempo. O lombo também estava muito bem temperado e macio. Dá para ver que o prato está brilhante por causa do excesso de gordura, mas, veias entupidas à parte, a decisão é perfeita para o prato, que de outra maneira ficaria seco. Pensando agora, acho que foi o tanto que eu gostei do meu prato que fez a gente decidir por incluir o Flor de Ipê aqui no blog.

Ei-lo: o entupidor de aortas!

Devido à pobreza de opções para sobremesa, pensamos em não pedir nada. Mas acabamos optando pelo doce de goiaba (R$ 8). A apresentação pode ser chamada de não-apresentação. Parecia um prato com catchup para molhar batatinhas fritas. Também poderia haver um queijinho para acompanhar. Mas o doce não era ruim, e sua consistência pastosa, mas lisa, não foi um problema.

"Moça, pode trazer as batatinhas"

Assim que chegamos fomos atendidos por uma moça, com touca na cabeça, que parecia funcionária da cozinha. Ela não sabia responder nada do que perguntávamos. Só depois é que chegou a garçonete "oficial", que passou a nos atender. Essa era espontânea a esforçada, mas de vez em quando dava umas sumidas, talvez porque também tivesse funções dentro da cozinha, vai saber. Mas gostamos do jeito dela, que reparou que a Chris tinha ido fumar no jardim, e disse "pode fumar aqui mesmo, o restaurante tá tããão cheio", tirando um sarro da escassez de clientes. Mas, apesar de seus esforços, não podemos esquecer que ela desaparecia às vezes, e que a Chris foi servida sem seu molho madeira.

"...embelezando a paisagem deserta com seu fulgor/de ouro vivo, o Ipê Florido, nos dias de sonho...". Esse é um trecho do poema "Ipê Florido", de Cora Coralina. O Flor de Ipê talvez não seja merecedor dos versos tilintantes da poetisa-mor de Goiás. Mas ambos concordamos que ele mereceria uma segunda visita nossa, caso voltássemos à cidade. Um dos fatores é seu custo-benefício, já que comemos bem por pouco mais de cem reais. Mas há outro pequeno detalhe, igual ao gol no futebol, que faz toda a diferença em favor do restaurante: o tempero. E, convenhamos, essa é a parte mais importante quando falamos em comida. O resto, sim, é que é detalhe.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7,5 e 7
Serviço(2): 5 e 5,5
Entrada(2): 5,5 e 6,5
Prato principal(3): 6 e 8
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 8
Média: 5,66 e 6,66
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Praça da Boa Vista, 32 (fundos) - Centro - Goiás - Goiás
Telefone: (62) 3372-1133
Site: http://www.restauranteflordeipe.com/
Facebook: https://www.facebook.com/restauranteflordeipe/?fref=ts

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