A cidade de Lençóis, na Bahia, é uma das principais bases para se conhecer a Chapada Diamantina, um dos mais importantes destinos de ecoturismo do Brasil. Lençóis tem ótima infraestrutura turística, e conta com diversos restaurantes. Não foi fácil, portanto, escolhermos um deles para fazer nossa visita oficial para este blog. O Cozinha Aberta Slow Food não tem uma fachada que chame tanto a atenção - mesmo com a tal cozinha aberta para a rua. Nossa escolha se deu realmente por conta do cardápio. Explica-se: no dia de nossa visita, passamos à tarde pelo restaurante, e entramos para sapear o menu. Várias coisas nos chamaram a atenção, e ficamos "nossa, quero comer isso, virge, quero comer aquilo". Talvez as frases não tenham sido exatamente essas, mas o fato é que foi o suficiente para tomarmos nossa decisão.
Conforme escrito acima, a parte de fora do restaurante não chama muito a atenção. Um prédio verde, com detalhes em branco, a placa com o nome do restaurante bem discreta, e uma portinha onde é possível ver o trabalho da cozinha pelo lado de fora. Há algumas mesinhas na rua. Na parte interna, um primeiro salão, de frente para a cozinha aberta, uma outra parte já do lado de fora, ao fundo, mas ainda coberta e com luz artificial, e no quintal várias mesinhas à luz de velas. Foi nessa última parte que escolhemos ficar. Pensando em retrospecto, talvez não tenha sido a melhor escolha. Apesar de charmoso, um jantar à luz de velas às vezes carece de...luz! Além disso, a mesa ficava ao lado do local onde eram feitos os drinks e sucos, o que ocasionava barulhos altos de tempos em tempos. Para finalizar, embora fosse aberto, não era permitido fumar, o que fazia com que a Chris tivesse que ir lá para fora nos momentos de pitar (acho que foi uma vez só, na verdade).
Pitando e tirando foto, a multidisciplinar Chris |
O quintal à (pouca) luz de velas |
A cozinha aberta, defronte à qual deveríamos ter ficado |
O cardápio traz quatro opções de entrada, mais sete de pratos principais, além de três sobremesas. Os preços dos pratos principais individuais variam de R$ 57 a R$ 82. Apesar de haver poucas opções, demoramos bastante para escolher os nossos, já que muitas descrições são salivantes. Também há uma boa carta de drinks e coquetéis, além de algumas opções de cervejas locais.
A experiência culinária começou com o Camarão com Purê de Godó (camarão flambado na cachaça com purê de godó e geléia de umbu com pimenta de passarinho, R$ 55). Explicando primeiro: purê de godó é um prato bem típico dessa região da Bahia, feito com banana verde. Umbu é uma frutinha levemente ácida, também comum na Bahia. E pimenta de passarinho é a pimenta cumari vermelha, que, apesar do nome bonitinho, é bem picante. Sobre o prato: apresentação simples, com os camarões sobre o purê, e a geléia de ladinho. O godó sozinho é um tanto adocicado, mas com o camarão e a geléia dava uma equilibrada. No entanto, veio pouca geléia, no fim tivemos que dar uma raspada.
A experiência culinária começou com o Camarão com Purê de Godó (camarão flambado na cachaça com purê de godó e geléia de umbu com pimenta de passarinho, R$ 55). Explicando primeiro: purê de godó é um prato bem típico dessa região da Bahia, feito com banana verde. Umbu é uma frutinha levemente ácida, também comum na Bahia. E pimenta de passarinho é a pimenta cumari vermelha, que, apesar do nome bonitinho, é bem picante. Sobre o prato: apresentação simples, com os camarões sobre o purê, e a geléia de ladinho. O godó sozinho é um tanto adocicado, mas com o camarão e a geléia dava uma equilibrada. No entanto, veio pouca geléia, no fim tivemos que dar uma raspada.
Pensando bem, poderiam vir mais uns camarões também, né? |
Continuando a comilança, Chris escolheu a Roupa Velha de Carne de Sol (carne de sol desfiada, bem fritinha, com arroz vermelho, purê de banana-da-terra com gengibre, farofa de castanha-do-pará e quiabo, R$ 69). Chris achou a quantidade de comida excessiva, um prataço de garimpeiro. O prato trouxe um elemento extra, que não estava na descrição, uma saladinha de tomate e cebola picados, parecendo um vinagrete (ou molho lambão, como eles chamam aqui), mas sem acidez nenhuma. Estranho. Conceitualmente, a Roupa Velha é um prato que se faz com sobras. Talvez tenha sobrado tomate e cebola na cozinha, vai saber. A carne estava gostosa e crocante, a farofa muito boa, delicada e com pedaços de castanha. O purê de banana-da-terra com gengibre trazia o frescor do gengibre, e também alguma umidade ao prato. O arroz estava "gostosinho", na palavra da Chris. Veio um molhinho, que parecia de menta, que a Chris achou que poderia ter vindo em mais quantidade, talvez até servido à parte.
A Roupa Velha, quase um nome de banda |
Eu escolhi a Galinha Caipira com Tortelloni (temperada com alecrim e vinho branco, massa verde recheada com ricota artesanal e óleo essencial de limão siciliano, finalizado na manteiga de avelã, parmesão e um toque de mel de Uruçú, R$ 78). Lembra que eu disse que fomos conquistados pela descrição dos pratos no menu? Pois é. Eu não imaginava que ricota combinasse tanto com limão siciliano. Pois combina: o recheio do tortelloni estava delicioso. A manteiga de avelã trazia umidade, e tinha também a função de unir os elementos. O franguinho estava macio, com alguns pedaços um pouco mais crocantes. O mel de uruçú veio separado em uma colherzinha, e trazia dulçor, obviamente, mas sem ficar enjoativo. De qualquer maneira, foi uma ótima decisão do chef colocá-lo separado, deixando ao comensal a decisão de usá-lo ou não em cada garfada.
"Saliva doce, doce mel, mel de uruçú" |
Para a sobremesa escolhemos o Sanduíche de Sorvete de Cardamomo (entre bolachinhas macias de chocolate, calda de chocolate com óleo essencial de limão siciliano e calda de maracujá, R$ 33). O sabor do cardamomo estava presente, mas talvez até pudesse aparecer um pouco mais. O biscoito estava crocante, com bastante sabor de chocolate. A calda estava boa, poderia até vir mais, embora houvesse certa briga entre o maracujá e o limão.
Terceira vez que reclamamos que faltou molho/calda/geleia nessa noite |
Fomos atendidos por três jovens garçons. Quando chegamos, demorou um pouco para algum deles nos trazer o cardápio. Depois houve certa demora pra retirar a garrafa de cerveja da mesa (por "certa demora" eu quero dizer que ela não foi retirada). Atendimento bem espontâneo, um deles nos falou que tinha medo de abrir cerveja artesanal, porque já estourou uma vez na cara dele. É sempre bacana quando o serviço não é engessado. Apesar do nome "slow food", um termo que indica certa demora para servir os pratos, foi bastante razoável o tempo de espera entre as etapas. E a água era cortesia, algo raro, mas que poderia ser mais comum.
A Chapada Diamantina tem algumas atrações que nos deixaram de cara no chão de tão incríveis. Chris não achou que o Cozinha Aberta tenha causado nada parecido, por isso entendeu que não voltaria. Eu tive ótimas sensações com meu prato principal, e fiquei com vontade de experimentar vários outros, por isso concluí que faria uma nova visita. Claro que é muito difícil chegar perto da sensação de chegar à Cachoeira do Mosquito, ou da primeira vez que se vislumbra o Poço Encantado. Mas um tortelloni recheado com ricota e óleo essencial de limão siciliano também não é algo de se jogar fora.
A Chapada Diamantina tem algumas atrações que nos deixaram de cara no chão de tão incríveis. Chris não achou que o Cozinha Aberta tenha causado nada parecido, por isso entendeu que não voltaria. Eu tive ótimas sensações com meu prato principal, e fiquei com vontade de experimentar vários outros, por isso concluí que faria uma nova visita. Claro que é muito difícil chegar perto da sensação de chegar à Cachoeira do Mosquito, ou da primeira vez que se vislumbra o Poço Encantado. Mas um tortelloni recheado com ricota e óleo essencial de limão siciliano também não é algo de se jogar fora.
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 7 e 7,5
Entrada (2): 6,5 e 6,5
Prato principal (3): 7 e 8
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6,5 e 7,25
Voltaria?: Não e sim
Serviço:
Av. Rui Barbosa, 42 - Centro - Lençóis - BA
Telefone: (75) 3334-1321
Facebook: @cozinhaabertalencois
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