Apesar do nome, o restaurante Pequeno Bosque fica na área central de São Joaquim, em uma rua que concentra as principais opções gastronômicas da pequena cidade da serra catarinense. Mas o nome não é indevido. A entrada do restaurante tem jardinagem caprichada, com direito até a um pequeno lago com carpas, além de um barril de vinho, jorrando não exatamente vinho, mas um líquido com a mesma cor. Chamam atenção também as grandes paredes envidraçadas e a bela porta de madeira.
Chris procurando duendes no pequeno bosque |
"Por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento". Não, o famoso ditado que minha mãe sempre repete não se aplica ao Pequeno Bosque. Mas o interior do restaurante não tem o mesmo charme de seu exterior, isto é certo. No entanto o salão amplo e a iluminação agradável fazem do local um belo ambiente para uma noite gastronômica. Nas mesas, garrafas de vinho vazias servindo de vaso para delicadas flores trazem romantismo sem serem muito piegas. Nos instalamos pertinho da parede, em confortáveis cadeiras estofadas.
Fê procurando duendes dentro do pequeno bosque |
São Joaquim é conhecida pelo frio, mas a noite estava agradável para os padrões serranos. Pedimos duas long neck de Stella Artois (R$ 8 cada), que vieram bem geladinhas para acompanhar nossa entrada: carpaccio de maçã (rúcula, maçã fatiada, iogurte natural, azeite balsâmico e queijo parmesão, R$ 23). São Joaquim também é conhecida pela produção de maçãs, por isso elas ainda vão aparecer muito neste texto, inclusive nos pratos principais. Achamos muito suave a combinação da fruta com a rúcula. Esta verdura vai bem com um ingrediente mais adocicado, como acontece com a famosa pizza em que ela entra junto com o tomate seco. Nosso estranhamento inicial se transformou em agradável surpresa. Também adoramos o azeite de alho presente entre os temperos opcionais à mesa.
Prontos para a primeira maçã da noite |
Carne de maçã com rúcula |
Para nossos pratos principais, tentamos sair um pouco do óbvio, como sempre fazemos, por isso escolhemos receitas que tinham maçã como um dos ingredientes. Não é em todo lugar que se encontra esta particularidade. Os pratos todos são individuais, e ficam em uma média de R$ 50. A lista de opções não é muito extensa, o que nos parece sempre uma boa coisa.
Chris escolheu a Truta Bosque (truta empanada no pinhão, guarnecida com risoto de maçã e gorgonzola, R$ 41). Apresentação apenas bonitinha. Chris começou a comer e gostar bastante, mas depois se deparou com a pergunta: onde está o gorgonzola? O queijo, de sabor forte, não foi sentido por ela. Como estava na descrição do prato, ela encarou isto como um defeito. Outro problema foi que o empanado da truta estava um pouco queimado em alguns pontos, tipo quando a gente frita muitos bifes à milanesa no mesmo óleo, sabe? Mas apesar dos problemas, estava saboroso, e bem crocante.
Meio queimadinho, mas bom |
Eu fui de pato assado ao molho de maçã, com purê de batata e maçã caramelada (R$ 58). É maçã que não acaba mais! Apresentação mais caprichada, com um prato preto, ressaltando o purê e as pétalas de flor que enfeitavam o prato (e que eu também comi) mas escondendo um pouco o pato, que é mais escuro (desafio trava-língua: pato no prato preto). A coxa de pato estava macia e deliciosa, harmonizando muito bem com a calda de maçã, que não dominava o sabor, como era meu medo. A maçã caramelizada estava meio difícil de cortar, e o purê carecia de mais pegada, embora sua consistência estivesse legal. O todo foi harmonioso.
Prato no pato petro |
Prontos pra mais maçã |
Harmonizamos nossa refeição com meia garrafa (375ml) de um vinho Miolo Seleção 2013 branco, das uvas chardonnay e viognier (R$ 18). Não pedimos vinho sempre que comemos fora, entre outros motivos, porque encarece muito (somos pobrinhos, gente). Mas este estava quase de graça, perto do que se costuma ver.
Para a sobremesa escolhemos um doce feito com uma fruta vermelha chamada maçã, conhece? Foi a maçã chatelayne (R$ 20), que se consiste na maçã (sério?) assada com calda de doce de leite com abacaxi. Quando chegou deu medo de ser muito doce, por conta do doce-de-leite. Mas que nada, estava uma delícia, com os pedacinhos de abacaxi dando acidez, e com o complemento do chocolate em pó nos cantos do prato, formando colheradas de gemer. Devoramos rapidamente, sem dó.
E pra finalizar, uma maçãzinha |
Simpatia e solicitude foram as marcas do serviço, que sanou nossas dúvidas sobre o cardápio, e esteve sempre atento. Uma das dúvidas era em relação ao tal do frescal, que aparecia no cardápio, e que não sabíamos o que era. O garçom nos explicou que é o equivalente à carne de sol, muito comum no Nordeste. Aconteceu um fato curioso em relação ao serviço: a Chris aceitou o café que lhe foi oferecido, e já estávamos esperando a cobrança na conta, mas ela não veio. Ficamos felizes, porque a praxe é sempre cobrar o cafezinho. Pois bem, fomos embora, e Chris deu nota 8 ao serviço, também por conta disso. No dia seguinte acabamos retornando ao restaurante, não só porque gostamos mas também por falta de opção na cidade, e Chris aceitou o café ao final, que desta vez veio cobrado na conta. Peninha. Descobrimos que tinha sido uma distração a não cobrança na noite anterior, e a Chris, implacavelmente, baixou 0,5 na nota final do serviço.
Sempre deixo o final do texto para dizer se Chris e eu voltaríamos ao restaurante em questão. Acreditamos que a vontade de voltar seja uma boa maneira de dizer se a experiência geral valeu a pena, seja por qual aspecto for. Neste caso deixemos o futuro do pretérito de lado, e usemos o pretérito perfeito: nós voltamos ao Pequeno Bosque na noite seguinte, como já foi dito anteriormente. A experiência vale a pena. Cobrando ou não o cafezinho...
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 7,5 e 8,5
Serviço(2): 7,5 e 8,5
Entrada(2): 7,5 e 8
Prato principal(3): 7 e 8
Sobremesa(2): 8,5 e 9
Custo-benefício(1): 8 e 8,5
Média: 7,58 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim
Serviço:
Rua Major Jacinto Goulart, 212 - Centro - São Joaquim - Santa Catarina
Telefone: (49) 3233-3318
Site: http://www.serracatarinense.com/pequenobosque/
Facebook: https://www.facebook.com/Restaurante-Pequeno-Bosque-1699304970284361/
Achei a viola bela e o pão não era bolorento. Uma contradição do famoso ditado. No entanto, muita maçã!
ResponderExcluirPequeno Bosque pode me esperar...sem tanta maçã.