Por boa parte da minha vida eu achei que o restaurante Outback fosse australiano. Só recentemente descobri que a rede tem origem nos Estados Unidos e homenageia, em seu nome e em sua decoração, a região homônima da Austrália. Americanos são mesmo bons nesse negócio de ganhar dinheiro. Hoje já existem 83 lojas só no Brasil. E garanto que, se você estiver lendo isso de noite, todas elas estarão cheias de gente neste momento. Aliás, é comum ter que esperar para conseguir uma mesa. Eu e Chris já fomos preparados para isso, mas como chegamos cedo, por volta das 19 horas, conseguimos uma imediatamente. Às 21 horas, quando saímos do restaurante e tiramos a foto abaixo, já havia bastante gente esperando por um lugar.
Essa é a entrada na hora da nossa saída, entendeu? |
Fomos acomodados em uma mesa no canto, bem pertinho do banheiro, com sofá de um lado e cadeiras do outro. Prontamente tivemos a visita do garçom Leonardo, que se apresentou e disse que nos serviria naquela noite. Esse contato pessoal do garçom com o cliente é uma tradição da rede. O restaurante tem ambiente à meia-luz, e o salão é bastante amplo, com belas fotos de paisagens australianas nas paredes. Mas quando eu disse que a iluminação é branda, não imagine um jantar romântico. A atmosfera é muito mais de bar, com as pessoas falando alto, muitas delas turbinadas pela promoção chamada Billabong Hour, em que as bebidas alcoólicas são servidas pela metade do preço (de segunda à sexta, das 17 às 20 horas). Em resumo: o lugar é barulhento, e é bom saber disso antes de ir.
À meia-luz, mas sem clima de romance |
Nosso cafofo no Outback, e no quadro uma foto de um coração australiano |
A primeira atitude de Leonardo foi nos trazer o couvert, um pão australiano servido com manteiga e com faca (veja a foto e entenda). Trata-se de um agrado do Outback, que não é cobrado, e ajuda a dar uma amenizada na fome, especialmente para quem teve que esperar por uma mesa. Não era nosso caso, mas estávamos com fome e devoramos rapidamente o gostoso pãozinho com manteiga.
Ai, quanta violência... |
Existem oito opções de aperitivos no cardápio, algumas delas bem interessantes, como o Gold Coast Coconut Shrimp (camarões empanados com coco ralado e molho Marmelade, R$ 46,95). Mas para nós já estava claro o que iríamos pedir: a famosa e icônica Bloomin` Onion (R$ 45,45). Para quem não sabe, trata-se de uma cebola grandona empanada, servida com as pétalas abertas e com um molho picante. O dono de um steak house em New Jersey (EUA) diz ter inventado o prato na década de 1970 (assim diz o Wikipédia em inglês), mas certamente foi o Outback que o popularizou. Um canal de vídeos no You Tube chamado "Ana Maria Brogui" ensina a fazer o prato (clique aqui para ver), e eu já me arrisquei algumas vezes a tentar reproduzir. Não ficaram ruins minhas tentativas, mas nem se comparam à versão original, em que as pétalas de cebola se soltam facilmente, o empanado é crocante e não se esfarela, e o molho é picante na medida certa. Aliás, quem não gosta de pimenta não deve se aventurar, já que o próprio empanado também possui alguma ardência, mesmo sem o uso do molho.
A Chris sorri porque finalmente vai experimentar a cebola bem feita |
Embora seja comumente lembrado como um lugar para tomar chopp com os amigos e se entupir de porções e afins, o Outback é, sim, um restaurante, e seu cardápio prova isso. Há opções de massas, peixes, frangos, sopas, saladas e, claro, os famosos steaks que são a marca da casa. Existe uma seção do cardápio chamada "Favoritos para compartilhar", mas fora isso todas as opções são individuais . Os pratos de massa estão entre os mais baratos, custando menos de R$ 50 cada. Os peixes e frangos também são opções mais em conta, sendo o mais caro o South American Salmon (salmão com molho Remoulade, R$ 55,95). Todas as opções de proteína permitem ao cliente escolher um acompanhamento, entre dez disponíveis. Também é possível escolher acompanhamentos extra, por R$ 23,95 cada. Entre os acompanhamentos há diversos tipos de arrozes, além de batatas fritas, purês e legumes. Uma coisa curiosa é que vários dos nomes dos pratos fazem referências à Austrália, usando de termos geográficos (golden coast), da fauna (wallaby), do cinema (the mad max), entre outros.
Para ficarmos com a especialidade da casa, eu e Chris acabamos optando por steaks. Na página dedicada a eles no menu, há também as opções de ponto da carne disponíveis: bem passada, ponto para bem passada, ao ponto, ponto para mal passada e mal passada. Ao lado de cada opção há uma foto e um pequena descrição das características de cada ponto. Muito instrutivo e útil.
Sou forçado a confessar que não fui eu que tirei esta foto, peguei da internet |
No dia de nossa visita, cada pedido de steak dava direito a uma balsamic green salad, cujo nome bonito se traduz em folhinhas de alface, com tomate e cebola, temperados com vinagre balsâmico. Esse mimo não é algo permanente, tanto que estava indicado com um adesivo colado no cardápio. Sendo assim, iniciamos nossa refeição com as simpáticas saladinhas.
Balsamiquinha greenzinha saladinha |
Entre os steaks, Chris escolheu o The Outback Special® (miolo de alcatra de 325g na chapa, com tempero Outback, R$ 61,95). Chris pediu ao ponto para mal passada, e como acompanhamento ela escolheu o harvest brown rice (arroz integral com lentilha e castanha). O ponto da carne veio perfeito e, embora isso pareça obrigação, é uma raridade em nossas experiências gastronômicas. Chris gostou muito do arroz, levemente adocicado, que fez um bom contraponto à carne, com tempero ligeiramente picante. Pena que a carne tinha alguns pedaços bem "nervosos", o que prejudicou um pouco a experiência.
Carne ligeiramente nervosa |
Minha escolha foi o The Porterhouse (corte de t-bone com cerca de 500g, na chapa, R$ 71,95). Como acompanhamento escolhi as homemade golden potatoes, uma batata grande, cozida e depois frita, servida com casca e cortada em quatro pedaços. A batata estava uma delícia, crocante e com tempero suave. O t-bone tem uma pequena parte de filé mignon e uma parte maior de contra filé. Infelizmente a parte do contra filé tinha, assim como na carne da Chris, pedaços com bastante nervo. Tirem as crianças da sala e me perdoem o palavreado forte, mas eu tive que regurgitar um naco que já estava na minha boca, porque estava impossível mastigar (acho que a Chris nem viu, e se viu, fingiu que não viu). Também achei que ela chegou à mesa um pouco fria. Isso posto, a carne estava com tempero agradável, e a parte de filé mignon estava bem macia - mas aí é moleza, né?
As batatas ganharam do t-bone |
Não tinha muitas esperanças em relação à sobremesa no Outback. Achava que seriam opções genéricas, daquelas bem básicas. Mas até que a casa me surpreendeu, apresentando cinco opções que tentam fugir do óbvio, ao menos na descrição, como a Lajotinha Magma Cake (R$ 18) que, citando ipsis litteris o cardápio, é um "intenso bolo quente de chocolate com pedaços de Lajotinha Kopenhagen, servido com sorvete de baunilha, morango e nossa calda de caramelo". Convenhamos, parece a descrição de um petit gateau, não? Acabamos pedindo o "Chocolate Thunder From Down Under" (eles são bons para dar nome!), que é um brownie encimado por sorvete de baunilha e chantilly, com calda e raspas de chocolate (R$ 27,95). A porção é generosa, e mesmo já estando bem satisfeitos conseguimos comer tudo, já que estava uma delícia. Não sou grande fã de chantilly, e tive medo de a mistura ficar enjoativa, mas a proporção de doçura foi perfeita.
Taí o "trovão de chocolate de lá de baixo" |
Não há outra palavra para descrever o serviço do Outback: impressionante. Com o salão gigante abarrotado de gente, parecia que só eu e Chris estávamos no restaurante. Leonardo, o garçom responsável por nossa mesa, estava por perto o tempo todo, e muitas vezes se antecipando às nossas demandas, como no momento em que trouxe mais molho picante enquanto comíamos nossa cebola de entrada. Também se mostrou atencioso quando veio avisar que a Billabong Hour, que dá desconto no preço das bebidas alcoólicas das 17 às 20 horas, estava para acabar. Outro ponto a favor do serviço são os pequenos agrados, como o couvert de cortesia e a saladinha antes dos pratos principais (embora o preço cobrado justifique os "presentes"). Digno de nota, ainda, o fato de nossas carnes terem sido servidas exatamente no ponto em que desejávamos. E, para terminar os elogios, o tempo de espera entre cada prato foi perfeito, o que nos fez imaginar a loucura que deve ser a cozinha do lugar. Mas uma loucura repleta de organização, certamente. Ao final não demos nota máxima para o serviço, provavelmente porque o treinamento dos garçons, que certamente é de excelência, talvez os faça perder um pouco da espontaneidade e da "magia", que é aquele algo a mais que transforma uma nota 9 em nota 10.
Acompanhamos as nossa refeições com alguns chopps Brahma que, graças à citada Billabong Hour, saíram por R$ 4,97 a caneca de 340ml (o preço normal é R$ 9,95). Há também uma pequena carta de vinhos e algumas opções de cervejas long neck nacionais e importadas.
Esse já foi |
Os preços do Outback não são exatamente baratos, mas ao final da refeição consideramos o custo-benefício bom, uma vez que as porções são bastante fartas e a qualidade da comida é satisfatória. Saímos de lá com couvert, três chopps de 340ml cada um, entrada, prato principal, sobremesa e uma água no bucho, e foi baseado nisso tudo que demos nossa nota nesse quesito. Na hora de responder à pergunta sobre se voltaríamos ou não ao restaurante, ambos concordamos que é um excelente lugar para tomar chopp e comer aperitivos, exatamente o que a maioria das pessoas faz, e que voltaríamos para algo assim. Não é espanto notar, portanto, que as notas referentes aos pratos principais estão entre as piores, tanto na minha avaliação quanto na da Chris. Mas voltar para comer aquele cebola e tomar um chopinho...só se for agora!
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 7 e 6
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 8 e 8
Prato principal(3): 7 e 6,5
Sobremesa(2): 7 e 8
Custo-benefício(1): 8 e 7
Média: 7,58 e 7,37
Voltaria?: Sim e sim
Serviço:
Centervale Shopping - Avenida Deputado Benedito Matarazzo, 9403 - Jd. Oswaldo Cruz - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3911-3220
Site: https://www.outback.com.br/home/
Facebook: https://www.facebook.com/OutbackSteakhouseSaoJosedosCampos/
Gosto muito não, mas talvez até arrisque uma visita dp desse post!!!
ResponderExcluirTambém não gosto muito de "americanizados", mas acho que vale conhecer. O serviço descrito parece ótimo, merecia um dez.
ResponderExcluirA cebola e a batata apeteceram mais que as carnes e a ideia do pão esfaqueado é bem legal.
Bom saber que gostaram do vale presente que ajudou no pagamento.
Eu acho que vale muito a pena um almoço de segunda a sexta lá. Tem umas opções de pratos com entradas (salada ou sopa) e prato principal a um preço bem justo e muito bom!
ResponderExcluirAh! Os camarões empanados no côco ralado são deliciosos! Pode experimentar!
Apenas digo que acho um A-B-S-U-D-O vocês terem conseguido comer o pão+cebola+saladinha+carne+sobremesa+chopes. Realmente digno de glutões.
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