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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Cafezando #9: Café Borgô (Jundiaí - SP) - 18/07/2025

 

    Minha avó sempre dizia, "se não tem nada de bom para dizer sobre alguém, melhor ficar calado". Falseio a verdade, nenhuma de minhas avós jamais disse isso. Mas é algo bem digno de sabedoria de vó. Nesse texto eu provavelmente estarei indo contra essa avó imaginária, porque não temos muita coisa de positiva para dizer sobre o Café Borgô, onde nos sentamos para tomar um café da tarde em uma sexta-feira fria em Jundiaí. 

Sexta-feira fria e o jovem senhor em mangas de camisa

    Vamos dizer que ele é até bonitinho, vai, tem uma estante com alguns vasos de flores, garrafas de vinho e alguns livros, logo na entrada, ao lado de um sofazinho. Mesas e cadeiras de madeira, ajeitadinhas, umas luminárias feitas de bule, e não muito mais do que isso fazem a decoração do lugar. Tem lá seu charme, um charme discreto, do tipo que mal se mostra, mas tá ali. Viu, "vó que não existe", até que não falei mal, né?
 
Chris tenta se mimetizar no ambiente

 
Não adiantou, te achamos, senhora Chris

    A Chris começou pedindo um panini com queijo e tomate (R$ 16) e um cappuccino italiano (R$13). O panini tava cru, branquelo que só ele (e eu). O cappuccino, que deveria ter canela, tava aguado, sem muito gosto de café nem de canela - no máximo um tornozelo bem de longe, e olhe lá. Eu pedi a torta do dia (R$16), e me foi informado que a torta do dia daquele dia era a de frango com palmito. Eu curto um franguinho com palmitinho, mas o que veio foi torta de batata com milho. Eu achei que tava louco, pedi pra Chris provar, e ela atestou: não é frango e não é palmito. Talvez estejamos os dois loucos, vai saber. De beber eu pedi uma soda italiana de limão siciliano (R$16). A soda italiana é uma bebida que eu gosto de pedir quando não estou tomando álcool (quase nunca acontece), porque é bonita como um drinque e tem aquele gás gostoso que pinica a língua. Dá até um baratinho de leve. Mas não era nem bonita como um drinque, nem pinicava a língua. Xoxa que só ela (e eu). 

Vês, alvo, quase imaculadamente alvo

Do dia que não era do dia e soda sem pinicação

    Eu confesso que esse começo de refeição apagou minha luminária (porque não fumo cachimbo), e aí meio que larguei mão de anotar os preços, e tinha desistido de fazer da visita um texto aqui do blog, por não encontrar prazer em falar mal de um estabelecimento. No entanto, cá estou falando mal de um estabelecimento, e a partir de agora sem os preços que pagamos nos trecos. Mas já digo que tudo junto somado, noves fora trepa dois pede emprestado, deu 104 reais.

    Prosseguimos para os doces. Chris pediu um pedaço de bolo de fubá com goiabada, e até nesse quesito simplérrimo, erraram, porque o bolo tava insosso que só ele (e eu). Ela acompanhou o bolinho com um café espresso, que tava okayzinho. Eu pedi uma tortinha de maçã, que tava exposta na vitrine e me conquistou. Fez lembrar vagamente um apfelstrudel, tava passável. Para beber pedi um café catuaí 62 de Cristina (MG), feito na V60 (esse é o método de extração). Sempre quando pedimos café com algum método de extração diferente, a parte efetiva da extração é feita na mesa. É uma praxe, não seguida pelo Café Borgô. O café já chegou coado, e pode ter sido até na meia, não tenho como saber. Se foi na meia era uma meia saborosa, porque o café tava muito bom, suave, com um leve toque de chocolate (tá vendo, vovó de mentira, acabei de elogiar com veemência um dos itens consumidos).

Chris foi no básico, e no básico se deu mal

Fê apostou em certa ousadia, e se deu medianamente bem

    O pessoal era simpático, inegável isso, era simpático. Sim, me falaram errado o sabor da torta do dia, acontece, mas era um pessoal simpático. Mas você pode ser o funcionário mais simpático do mundo, apresentar o produto com o melhor sorriso, o mais cativante discurso, se o que vem depois não faz jus à sua fala, tudo esmorece e definha (ando lendo muito Machado de Assis). É que nem você preparar o público para um grande espetáculo e em seguida dizer "e agora com vocês Jorge Vercillo!" (puta sacanagem, não sei porque o Vercillo ficou com essa fama de chato, eu não acho tão chato assim, só tinha que ser escroto com alguém pra fazer funcionar minha analogia e escolhi um alvo fácil). 
 
    O mais pior de ruim do serviço foi que chegamos perto do fechamento, aí os funcionários começaram a preparar o ambiente para um evento que haveria no dia seguinte, foram andando pelo salão, começando a arrumar as coisas, conversando sobre onde ficaria isso, onde ficaria aquilo, e nós ali, com nossas dignas presenças sendo vetustamente ignoradas (achei lindo usar esse "vetustamente", mas acabo de descobrir que vetusto significa algo antigo, nada a ver com o que eu queria. Machado me puxaria os lóbulos. Mas vai ficar assim mesmo).

    Fico pensando no peso que os grandes jornalistas culinários sentem quando esculacham um lugar. Por sorte nossos oito leitores não serão responsáveis pela falência do Café Borgô, até porque não devem ir a Jundiaí com muita frequência. Então acho que conseguiremos dormir em paz. Vetustamente em paz.

    É isso. Em breve a gente volta a cafezar.

Endereço: R. do Retiro, 480 - Vila Virginia, Jundiaí - São Paulo
Instagram: @cafeborgo

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Cafezando #6: Café da Mata (São José dos Campos - SP) - 17/04/2024

    B POWER DANCE
 
    O Café da Mata fica na rua donde ficam (ficavam?) as duas baladas preferidas minha e da Chris, no tempo em que íamos a baladas: o Pub (nome completo na certidão Dunluce Irish Pub), preferida da Chris, e o Anexo da Nena (nome completo na certidão Anexo da Nena Bar e Balada), minha preferida (o gênero é feminino porque eu tava falando de balada, prestenção no texto). E o que isso tem a ver com nossa ida ao Café da Mata? Nada, é só um jeito de começar o texto. Eu poderia ter escolhido outros, tipo "Em uma quarta-feira vadia, após sair do trabalho, peguei a Chris na casa dela e...", ou talvez "Certa manhã acordei de sonhos intranquilos e resolvi chamar a Chris pra ir ao Café da Mata". Existem outros milhões de começos possíveis, que talvez existam em outros multiversos. Aqui, nesse, resolvi falar sobre as antigas baladas da Rua Luiz Jacinto.
 

 
    "Mas que catzo é esse de B POWER DANCE?!?!"

    A primeira de nossas fotos acima é a entrada do café vista da calçada da Rua Luiz Jacinto. A segunda já é dentro do estacionamento, que abriga alguns outros comércios.  O Café da Mata tem um ambiente mais ao ar livre, depois tem um menos ao ar livre, depois tem um mezanino com ar-condicionado nada ao ar livre. São três, no total. Esse primeiro tava com umas pessoas, e nós somos um pouco misantropos e ficamos no segundo. Bonitinho, cadeirinhas confortáveis, decoração belezoca. Depois uns pernilongos começaram a picar os lindos tornozelos da Chris (não eram Aedes, não eram Aedes, não eram Aedes) e acabamos finalizando nossa comilança no mezanino com ar-condicionado (não tinha ninguém lá em cima, suponho que os funcionários tenham pensando "legal, lá vamos nós ter que subir pra servir os belezinhas").
 



    "Você ainda não me explicou direito essa história de B POWER DANCE"

    Enrolei, enrolei, e até agora não falei nada sobre comida e bebida. Mas sim, fomos lá pra comer e beber, e o fizemos. Começamos com quiches, uma de quatro queijos pra Chris e uma de carne seca com abóbora pra eu (R$ 12 cada). Chris acompanhou a dela com um Capuccino Nutella gelado (R$ 19, borda creme de avelã + 1 dose curta de espresso + leite vaporizado + chantilly + calda de chocolate + amendoim, puta mixórdia da porra) e eu com um Chai Latte (R$19, mistura de especiarias + leite vaporizado cremoso). Análise ligeira: quiches meio nhé, assim, nada de mais nem de menos. Capuccino da Chris meio difícil de lidar, e ela achou que a dosinha de espresso se perdeu no meio da barafunda. Meu Chai Latte, um troço que nunca tinha tomado, foi legal, Chris experimentou e curtiu também. Tinha gengibre, que dava aquela pegada no gorgomilo, e tinha bastante canela (nada de joelho e nem um tiquinho de coxa, fizeram falta).


    "Legal, bacana, ótimo, incrível, mas what the fuck is B POWER DANCE?!?!"

    Subimos então a ladeira, após os mosquitos atormentarem a Chris (não eram Aedes, não eram Aedes, não eram Aedes), e fomos comer a parte doce da refeição na parte de cima do cafézão (foi só pra rimar, desculpe). Não sem antes fazermos nosso pedido no caixa. Fica essa informação aqui, que não coloquei antes: os pedidos no Café da Mata são feitos no caixa. Não adianta sentar suas nádegas nas cadeirinhas e esperar o garça servir, que não vai rolar. Mas isso está escrito em uma lousa na chegada, basta ler. É quem nem todo mundo gosta de ler coisas em lousas, há quem tenha tenha traumas do tempo de escola. Então fazemos aqui esse serviço.

    Em tese eu deveria escrever sobre a parte doce no parágrafo acima, mas fiquei falando sobre como fazer o pedido e o parágrafo ficou grande. Pela elegância, comecemos outro. Escolhemos nosso doce na vitrine. Aliás, vou colocar aqui uma foto da vitrine pra vocês bizoiarem:

    Terceiro parágrafo só pra falar dos doces. Talk about enrolation. Chris escolheu o bolo de fubá com goiabada (R$ 16), eu escolhi o bolo de doce de leite com coco (R$ 21). Nenhum dos dois curtiu muito. O da Chris tava bom na parte da goiabada, mas na parte do bolo faltou aquela erva doce e aquele gosto mais fubazado. O meu bolo tinha bastante coco e tinha bastante doce de leite, então não dá pra reclamar da descrição, já que era um bolo de doce de leite com coco. Mas era muito enjoativo. Não dei conta de finalizar não, sob o risco de lembrar do bolo até o fim de meus dias. Pra ajudar, a pequena anta aqui (1,76m de pura antice) escolheu um espresso bombom 80ml pra acompanhar, um café também doce, feito com leite condensado (R$ 15, uma dose de leite condensado + uma dose de espresso curta + espuma de leite). Chris, bem mais malandra carioca, escolheu um espresso duplo 100ml (R$ 13, duas saídas longas de espresso), que ao menos fez o contraste com o bolo. 
 

 
    Uma coisa que a gente achou bonitinha no Café da Mata é que os talheres chegam envoltos no guardanapo com uma florzinha anexada. Vamos colocar a foto abaixo, e se você achar que parece o velório do garfo e da faca é porque você tem uma mente muito mórbida, ninguém normal pensaria uma coisa dessa.


    "Última chance pra você explicar que merda é essa de B POWER DANCE"

    Tá bom, tá bom, eu sei que você chegou até aqui se coçando de curiosidade com o tal do B POWER DANCE. Ah, não chegou? Tá bom, vou explicar mesmo assim. Em verdade trata-se de mais um serviço de utilidade pública deste blog: caso você tenha um amor ciumento, não vá sozinho ao Café da Mata. A pessoa amada vai fuçar sua fatura de cartão de crédito, ou vai ver a notificação do banco no seu celular, e vai encontrar uma compra no B POWER DANCE. Eu só escapei da morte porque estava com a Chris, e expliquei para ela que, pelas leis da física, eu não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ela tinha familiaridade com essa lei, e compreendeu. 

    Olha, de maneira geral não foi assim aqueeeele amor que sentimos pelo Café da Mata. Faltam umas coisinhas mais criativas no cardápio, fora daquela coisa "capuccino-quiche-espresso-bolo", e também um cuidado maior no equilíbrio de sabores. Mas também não foi assim uma tragédia completa - quer dizer, poderia ter sido se eu tivesse ido sozinho.

    Então é isso. Em breve a gente volta a cafezar.


Endereço: R. Luiz Jacinto, 316 - Centro - São José dos Campos - São Paulo
Telefone:  (12) 98146-7013
Instagram: @cafedamatasjc