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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Cafezando #9: Café Borgô (Jundiaí - SP) - 18/07/2025

 

    Minha avó sempre dizia, "se não tem nada de bom para dizer sobre alguém, melhor ficar calado". Falseio a verdade, nenhuma de minhas avós jamais disse isso. Mas é algo bem digno de sabedoria de vó. Nesse texto eu provavelmente estarei indo contra essa avó imaginária, porque não temos muita coisa de positiva para dizer sobre o Café Borgô, onde nos sentamos para tomar um café da tarde em uma sexta-feira fria em Jundiaí. 

Sexta-feira fria e o jovem senhor em mangas de camisa

    Vamos dizer que ele é até bonitinho, vai, tem uma estante com alguns vasos de flores, garrafas de vinho e alguns livros, logo na entrada, ao lado de um sofazinho. Mesas e cadeiras de madeira, ajeitadinhas, umas luminárias feitas de bule, e não muito mais do que isso fazem a decoração do lugar. Tem lá seu charme, um charme discreto, do tipo que mal se mostra, mas tá ali. Viu, "vó que não existe", até que não falei mal, né?
 
Chris tenta se mimetizar no ambiente

 
Não adiantou, te achamos, senhora Chris

    A Chris começou pedindo um panini com queijo e tomate (R$ 16) e um cappuccino italiano (R$13). O panini tava cru, branquelo que só ele (e eu). O cappuccino, que deveria ter canela, tava aguado, sem muito gosto de café nem de canela - no máximo um tornozelo bem de longe, e olhe lá. Eu pedi a torta do dia (R$16), e me foi informado que a torta do dia daquele dia era a de frango com palmito. Eu curto um franguinho com palmitinho, mas o que veio foi torta de batata com milho. Eu achei que tava louco, pedi pra Chris provar, e ela atestou: não é frango e não é palmito. Talvez estejamos os dois loucos, vai saber. De beber eu pedi uma soda italiana de limão siciliano (R$16). A soda italiana é uma bebida que eu gosto de pedir quando não estou tomando álcool (quase nunca acontece), porque é bonita como um drinque e tem aquele gás gostoso que pinica a língua. Dá até um baratinho de leve. Mas não era nem bonita como um drinque, nem pinicava a língua. Xoxa que só ela (e eu). 

Vês, alvo, quase imaculadamente alvo

Do dia que não era do dia e soda sem pinicação

    Eu confesso que esse começo de refeição apagou minha luminária (porque não fumo cachimbo), e aí meio que larguei mão de anotar os preços, e tinha desistido de fazer da visita um texto aqui do blog, por não encontrar prazer em falar mal de um estabelecimento. No entanto, cá estou falando mal de um estabelecimento, e a partir de agora sem os preços que pagamos nos trecos. Mas já digo que tudo junto somado, noves fora trepa dois pede emprestado, deu 104 reais.

    Prosseguimos para os doces. Chris pediu um pedaço de bolo de fubá com goiabada, e até nesse quesito simplérrimo, erraram, porque o bolo tava insosso que só ele (e eu). Ela acompanhou o bolinho com um café espresso, que tava okayzinho. Eu pedi uma tortinha de maçã, que tava exposta na vitrine e me conquistou. Fez lembrar vagamente um apfelstrudel, tava passável. Para beber pedi um café catuaí 62 de Cristina (MG), feito na V60 (esse é o método de extração). Sempre quando pedimos café com algum método de extração diferente, a parte efetiva da extração é feita na mesa. É uma praxe, não seguida pelo Café Borgô. O café já chegou coado, e pode ter sido até na meia, não tenho como saber. Se foi na meia era uma meia saborosa, porque o café tava muito bom, suave, com um leve toque de chocolate (tá vendo, vovó de mentira, acabei de elogiar com veemência um dos itens consumidos).

Chris foi no básico, e no básico se deu mal

Fê apostou em certa ousadia, e se deu medianamente bem

    O pessoal era simpático, inegável isso, era simpático. Sim, me falaram errado o sabor da torta do dia, acontece, mas era um pessoal simpático. Mas você pode ser o funcionário mais simpático do mundo, apresentar o produto com o melhor sorriso, o mais cativante discurso, se o que vem depois não faz jus à sua fala, tudo esmorece e definha (ando lendo muito Machado de Assis). É que nem você preparar o público para um grande espetáculo e em seguida dizer "e agora com vocês Jorge Vercillo!" (puta sacanagem, não sei porque o Vercillo ficou com essa fama de chato, eu não acho tão chato assim, só tinha que ser escroto com alguém pra fazer funcionar minha analogia e escolhi um alvo fácil). 
 
    O mais pior de ruim do serviço foi que chegamos perto do fechamento, aí os funcionários começaram a preparar o ambiente para um evento que haveria no dia seguinte, foram andando pelo salão, começando a arrumar as coisas, conversando sobre onde ficaria isso, onde ficaria aquilo, e nós ali, com nossas dignas presenças sendo vetustamente ignoradas (achei lindo usar esse "vetustamente", mas acabo de descobrir que vetusto significa algo antigo, nada a ver com o que eu queria. Machado me puxaria os lóbulos. Mas vai ficar assim mesmo).

    Fico pensando no peso que os grandes jornalistas culinários sentem quando esculacham um lugar. Por sorte nossos oito leitores não serão responsáveis pela falência do Café Borgô, até porque não devem ir a Jundiaí com muita frequência. Então acho que conseguiremos dormir em paz. Vetustamente em paz.

    É isso. Em breve a gente volta a cafezar.

Endereço: R. do Retiro, 480 - Vila Virginia, Jundiaí - São Paulo
Instagram: @cafeborgo

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Cafezando #6: Café da Mata (São José dos Campos - SP) - 17/04/2024

    B POWER DANCE
 
    O Café da Mata fica na rua donde ficam (ficavam?) as duas baladas preferidas minha e da Chris, no tempo em que íamos a baladas: o Pub (nome completo na certidão Dunluce Irish Pub), preferida da Chris, e o Anexo da Nena (nome completo na certidão Anexo da Nena Bar e Balada), minha preferida (o gênero é feminino porque eu tava falando de balada, prestenção no texto). E o que isso tem a ver com nossa ida ao Café da Mata? Nada, é só um jeito de começar o texto. Eu poderia ter escolhido outros, tipo "Em uma quarta-feira vadia, após sair do trabalho, peguei a Chris na casa dela e...", ou talvez "Certa manhã acordei de sonhos intranquilos e resolvi chamar a Chris pra ir ao Café da Mata". Existem outros milhões de começos possíveis, que talvez existam em outros multiversos. Aqui, nesse, resolvi falar sobre as antigas baladas da Rua Luiz Jacinto.
 

 
    "Mas que catzo é esse de B POWER DANCE?!?!"

    A primeira de nossas fotos acima é a entrada do café vista da calçada da Rua Luiz Jacinto. A segunda já é dentro do estacionamento, que abriga alguns outros comércios.  O Café da Mata tem um ambiente mais ao ar livre, depois tem um menos ao ar livre, depois tem um mezanino com ar-condicionado nada ao ar livre. São três, no total. Esse primeiro tava com umas pessoas, e nós somos um pouco misantropos e ficamos no segundo. Bonitinho, cadeirinhas confortáveis, decoração belezoca. Depois uns pernilongos começaram a picar os lindos tornozelos da Chris (não eram Aedes, não eram Aedes, não eram Aedes) e acabamos finalizando nossa comilança no mezanino com ar-condicionado (não tinha ninguém lá em cima, suponho que os funcionários tenham pensando "legal, lá vamos nós ter que subir pra servir os belezinhas").
 



    "Você ainda não me explicou direito essa história de B POWER DANCE"

    Enrolei, enrolei, e até agora não falei nada sobre comida e bebida. Mas sim, fomos lá pra comer e beber, e o fizemos. Começamos com quiches, uma de quatro queijos pra Chris e uma de carne seca com abóbora pra eu (R$ 12 cada). Chris acompanhou a dela com um Capuccino Nutella gelado (R$ 19, borda creme de avelã + 1 dose curta de espresso + leite vaporizado + chantilly + calda de chocolate + amendoim, puta mixórdia da porra) e eu com um Chai Latte (R$19, mistura de especiarias + leite vaporizado cremoso). Análise ligeira: quiches meio nhé, assim, nada de mais nem de menos. Capuccino da Chris meio difícil de lidar, e ela achou que a dosinha de espresso se perdeu no meio da barafunda. Meu Chai Latte, um troço que nunca tinha tomado, foi legal, Chris experimentou e curtiu também. Tinha gengibre, que dava aquela pegada no gorgomilo, e tinha bastante canela (nada de joelho e nem um tiquinho de coxa, fizeram falta).


    "Legal, bacana, ótimo, incrível, mas what the fuck is B POWER DANCE?!?!"

    Subimos então a ladeira, após os mosquitos atormentarem a Chris (não eram Aedes, não eram Aedes, não eram Aedes), e fomos comer a parte doce da refeição na parte de cima do cafézão (foi só pra rimar, desculpe). Não sem antes fazermos nosso pedido no caixa. Fica essa informação aqui, que não coloquei antes: os pedidos no Café da Mata são feitos no caixa. Não adianta sentar suas nádegas nas cadeirinhas e esperar o garça servir, que não vai rolar. Mas isso está escrito em uma lousa na chegada, basta ler. É quem nem todo mundo gosta de ler coisas em lousas, há quem tenha tenha traumas do tempo de escola. Então fazemos aqui esse serviço.

    Em tese eu deveria escrever sobre a parte doce no parágrafo acima, mas fiquei falando sobre como fazer o pedido e o parágrafo ficou grande. Pela elegância, comecemos outro. Escolhemos nosso doce na vitrine. Aliás, vou colocar aqui uma foto da vitrine pra vocês bizoiarem:

    Terceiro parágrafo só pra falar dos doces. Talk about enrolation. Chris escolheu o bolo de fubá com goiabada (R$ 16), eu escolhi o bolo de doce de leite com coco (R$ 21). Nenhum dos dois curtiu muito. O da Chris tava bom na parte da goiabada, mas na parte do bolo faltou aquela erva doce e aquele gosto mais fubazado. O meu bolo tinha bastante coco e tinha bastante doce de leite, então não dá pra reclamar da descrição, já que era um bolo de doce de leite com coco. Mas era muito enjoativo. Não dei conta de finalizar não, sob o risco de lembrar do bolo até o fim de meus dias. Pra ajudar, a pequena anta aqui (1,76m de pura antice) escolheu um espresso bombom 80ml pra acompanhar, um café também doce, feito com leite condensado (R$ 15, uma dose de leite condensado + uma dose de espresso curta + espuma de leite). Chris, bem mais malandra carioca, escolheu um espresso duplo 100ml (R$ 13, duas saídas longas de espresso), que ao menos fez o contraste com o bolo. 
 

 
    Uma coisa que a gente achou bonitinha no Café da Mata é que os talheres chegam envoltos no guardanapo com uma florzinha anexada. Vamos colocar a foto abaixo, e se você achar que parece o velório do garfo e da faca é porque você tem uma mente muito mórbida, ninguém normal pensaria uma coisa dessa.


    "Última chance pra você explicar que merda é essa de B POWER DANCE"

    Tá bom, tá bom, eu sei que você chegou até aqui se coçando de curiosidade com o tal do B POWER DANCE. Ah, não chegou? Tá bom, vou explicar mesmo assim. Em verdade trata-se de mais um serviço de utilidade pública deste blog: caso você tenha um amor ciumento, não vá sozinho ao Café da Mata. A pessoa amada vai fuçar sua fatura de cartão de crédito, ou vai ver a notificação do banco no seu celular, e vai encontrar uma compra no B POWER DANCE. Eu só escapei da morte porque estava com a Chris, e expliquei para ela que, pelas leis da física, eu não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ela tinha familiaridade com essa lei, e compreendeu. 

    Olha, de maneira geral não foi assim aqueeeele amor que sentimos pelo Café da Mata. Faltam umas coisinhas mais criativas no cardápio, fora daquela coisa "capuccino-quiche-espresso-bolo", e também um cuidado maior no equilíbrio de sabores. Mas também não foi assim uma tragédia completa - quer dizer, poderia ter sido se eu tivesse ido sozinho.

    Então é isso. Em breve a gente volta a cafezar.


Endereço: R. Luiz Jacinto, 316 - Centro - São José dos Campos - São Paulo
Telefone:  (12) 98146-7013
Instagram: @cafedamatasjc

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Cafezando #4: Veranda Café (São José dos Campos - SP) - 17/06/2023

 

    "Filho, leva um casaquinho". Quando uma mãe fala isso, é bom o filho obedecer, posto que, mesmo que esteja quarenta graus com céu azul, é batata que vai esfriar em algum momento. Já a frase "filho, não vai nesse café, é caro e bobo" acaba não recebendo a mesma atenção por parte dos rebentos. Uma injustiça, né? 
 

    Por ora, ignoremos o parágrafo acima, e vamos falar um pouco sobre o Veranda. O nome é uma junção de "verão" com "varanda", e não uma brincadeira com o nome de uma possível dona chamada Vera. Aliás, o nome da dona é Claudia, como ela faz questão de deixar claro na parede do salão interno do café, como se vê na foto abaixo:
 

    Estivemos lá em um sábado, por volta das 11:00, logo depois de eu ter feito um exame de sangue. Dispensei o café da manhã servido pelo laboratório para deixar o estômago prontinho pro Veranda, que fica no bairro Aquarius, pertinho do Oba, ao lado do Yupi e atrás do Eita. Mentira, só fica pertinho do Supermercado Oba mesmo. O lugar é gostoso, uma varandinha, ou verandinha, cheia de flores, plantinhas, vasinhos, mesinhas charmosas, sofás, tudo bem verandoso, primaveroso e mimoso. Nos instalamos do lado de fora, que, se não tem uma vista inenarravelmente espetacular, também não desagrada.



    O cardápio não é tão farto em cafés quentes diferenciados, e a Chris ficou #umpokochatiada com isso. Por outro lado, há alguns cafés gelados interessantes, e também uma extensa lista de comidas salgadas e doces, com paninis, baguetes, pães de fermentação natural, salgados, croissants, brioches, crepes, tapiocas, waffles e ufa, acho que acabou. A vitrine também é recheada de doces que não constam no menu. Aliás, falando em menu, ele é acessado por QR Code, também conhecido como quiércoude.

    Nossa verandagem começou com um croque monsieur (R$ 32,00) e um pão de fermentação natural com presunto, queijo e tomate (R$ 29,00), ambos divididos irmamente, ou namoradamente, entre nós dois. O croque monsieur não era dos mais bonitos, tava muito molengo, e ao mesmo tempo faltou um pouco mais de bechamel escorrendo pelos cantos - bechamel este que estava com um toque a mais de sal. O lanche com pão de fermentação natural tava bem recheado, mas bastante esquecível. Qual lanche mesmo?
 


    

    Távamos num café, claro que cafezamos. Chris escolheu o café gelado com leite, caramelo e canela (R$ 12,00), que tinha realmente caramelo, não dá pra negar que o caramelo veio, ah, isso veio mesmo, e veio forte, veio intenso, veio doce. O café também apareceu, e a canelinha temperou. Eu pedi o banoffe café gelado (R$ 23,00), que é o doce banoffe (que você deve conhecer, tá na modinha) em formato líquido. Eu tomei um gole do café da Chris, que ela achou doce, e posso dizer que, perto do meu, o dela tava desprovido de açúcar. Tá certo, é um doce transformado em café, mas eu já comi alguns banoffes e nenhum era tão doce assim. Faltou aquele botão do contraste, que quando pequeno a gente via no controle da TV e não sabia pra que servia. 


    Não nos demos por vencidos. Apesar de já bem satisfeitos (em termos de quantidade, ao menos), partimos para os doces, na esperança de algo memorável aparecer. Escolhemos o crepe de pera com gorgonzola (R$ 26,00), pensando "é, se no risoto dá certo, porque não num crepe?". Não deu tudo errado, mas o gorgonzola dominou demais o paladar. Também pedimos a roseta de maçã (R$ 15,00), que é uma tortinha de maçã em formato de rosa. Tchantchantchantchan...sim, memorável! Não que a gente vá se lembrar dela pelo resto de nossas longas vidas, mas esteve boa, bonita, crocante, saborosa, e com uma geléinha de amoras que conjuminou muito bem. Os doces nós acompanhamos com um espresso pequeno (R$ 7,50) e um pink lemonade (R$ 16,50), ambos bem decentes. 
 
 

 
    Não foi falta de aviso de mamãe. "É caro e bobo, filho". Bobo, no caso, naquele sentido de sem graça, sabe? É isso. Não dá pra reclamar que é mal servido, ninguém vai sair com fome, mas é tudo meio...bobo, mesmo. E não é barato. Então acho que nem depois de fazer compras no Oba dá pra ir. Até porque fazer compras no Oba já é algo que machuca o bolso de um trabalhador honesto, então fica complicado. E o pior é que dispensei o café de graça lá no laboratório. Acho que não é bem o Veranda que é bobo...

    Então é isso. Em breve a gente volta a cafezar.
 
Endereço: Av. Comendador Vicente de Paulo Penido, 304 - Parque Res. Aquarius, São José dos Campos - SP
Instagram: @verandasjc

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Cafezando #2: Starbucks Vale Sul (São José dos Campos - SP) - 30/12/2022

 

(Isso aí acima é um entalhe escandinavo do século XVI com uma sereia de duas caudas. Serião)

    "Mas também não adianta o xenofobismo radical, eu vou jogar fora no lixo o que é ruim, e usar o que é bom da cultura mundial". Com essas sábias palavras de Gabriel, o Penseiro (como diria meu falecido pai) na cabeça (mentira, só fui lembrar da música ao escrever o texto), fomos até o Starbucks, essa rede maligna do império ianque também maligno, e que é a maior cadeia de cafeterias do mundo (tá no Wikipédia, deve ser verdade). Nosso único contato até então com eles tinha sido em algum aeroporto, mas daquela feita a Chris só tomou um espresso, ou coisa assim. Desta vez fomos ter a experiência completa. Pra falar mal, a gente tem que conhecer direito.




 
    É tipo um McDonald´s dos cafés. É tudo bem padronizado, rápido, e não tem garçom. Você vai no balcão e pede, dá seu nome, depois fica esperando chamarem seu nome. Muitos idiotas certamente dão outro nome, pra trolar os funcionários. O idiota aqui deu o nome de Javanildo. "É com jota?", me perguntou a funcionária? Sim, claro que é com "jota". Javanildo, pô. E lá fui eu pra mesa, esperando chamarem o Javanildo. Deixo abaixo a foto, pra não me chamarem de mentiroso nem de bundão.

 
    Pedimos primeiro um café cada, com itens salgados pra comer. Eu pedi um café meio diferente, com canela, leite e otras cositas. Não me preocupei em anotar o nome, ingredientes e valores, porque o Starbucks tem cardápio online, e eu poderia consultar depois. Mas os putinhos tiraram esse bendito do menu, de modo que não lembro o nome, ingredientes e preço. Mas eram uns bons dinheirinhos. E a foto do dito estava linda em um display na entrada da loja. A Chris pediu um Cappuccino Canela (espresso, um toque de canela e leite cremoso, finalizado com pitadas de canela em pó, 300ml, R$ 14,00). Nenhum dos dois gostou muito, a Chris porque não gosta muito de leite (por que pediu, danadinha?), e eu porque não gosto muito de café (o que está fazendo numa cafeteria, danadinho?). Ah sim, faltou dizer que não veio no copo bonito que tava na foto, veio no papelão mesmo. 
 

 
    Como já deve ter sido percebido, não tem muita coisa de artesanal na parada. Por exemplo, os rangos salgados ficam todos ali já prontinhos, só esperando serem solicitados. Até mesmo o Croque Monsieur, aquele sanduíche que tem molho bechamel (o molho branco francês, caso não saibas) por cima, já fica ali montado. Foi esse que a Chris pediu (presunto, queijo prato, molho bechamel e parmesão no pão de brioche, R$ 25). Ela até que achou bom, pra um troço que já tava pronto. Eu pedi o croissant multigrãos (mas é americana ou francesa essa bagaça? R$ 10,50, puta preço esquisito, cobra 10 ou 11, catzo). Não vi tantos grãos assim, só vi gergelim preto, mas tava crocante e bem gostoso, até. 



    Para acompanhar nossos doces, pedimos mais cafés. A Chris tava querendo amargor, então pedimos um Espresso Doppio (45ml, R$ 7,50), que é aquele espresso normalzão mesmo. Tava bem amargo, de fato. Também pedimos o Flat White, porque a descrição era mó legal: "Um clássico feito de shots de ristretto com um aveludado toque de leite vaporizado" (300ml, R$ 12,50). A descrição é poesia pura, mas na prática é café com leite mesmo. Eu pesquisei e pesquisei, e até agora não entendi direito o que é ristretto no mundo dos cafés. Vocês que lutem pra descobrir. 
 
    Acabamos dividindo os dois cafés, e sobrou um monte do Flat White, porque a menor dose era de 300ml, e já estávamos de bucho preenchido. Para adoçar, a Chris foi de Cinnamon Roll (R$ 12,00), que é uma massinha folhada, bem amanteigada, e com bastante canela. Gostosinha que só. Eu finalmente pedi um clássico americano, o Donut Chocoberry (R$ 10,50, de novo esse preço esquisito), recheado com frutas vermelhas e com uma casquinha que supostamente traria alguma lembrança de chocolate, mas não trouxe. E mesmo com o recheio bem cremoso, o bagulho é seco. Coitados dos policiais americanos. 
 


    Eu preciso confessar que no segundo pedido, me acovardei. Falei meu nome verdadeiro pra moça, disse que o Javanildo tinha sido uma brincadeira com a minha namorada. Ela fez uma cara de quem diz "é, sempre tem uns idiotas assim por aqui". Deixo abaixo a foto, pra não me chamarem de mentiroso (mas podem me chamar de bundão por não ter ido até o fim com a troça).

    A Chris pontuou (na verdade ela disse, não pontuou nada, mas "pontuou" é mais chique do que "disse") que o Starbucks faz essa coisinha de chamar pelo nome pra trazer algo de íntimo pra uma relação que é, na verdade, completamente fria. De fato, não é um lugar caloroso, que dê vontade de voltar. Tem umas coisinhas boas, e às vezes a gente está num aeroporto, e pelo menos sabe que ali existe, supostamente, um padrão de qualidade. Mas a Casa do Pão de Queijo também tem, e é brazuca. Acho que vamos preferir. Os policiais brasileiros estão muito mais bem servidos. 
 
    Então é isso. Em breve a gente volta a cafezar.
 
Endereço: Avenida Andrômeda, 227 (Shopping Vale Sul, próximo à saída D1), Jardim Satélite, São José dos Campos - SP
Instagram: @starbucksbrasil

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Cafezando #1: AMÔ Café & Brunch (São José dos Campos - SP) - 06/08/2022

 

    Este é o primeiro texto de nossas visitas a cafés. É preciso, antes de mais nada, pontuar que eu não gosto de café. Já odiei, hoje apenas não gosto. Evolução que chama. Já a Chris ama café. Sempre amou e, provavelmente, sempre amará. Mas um café nunca é só um café. Sempre tem um monte de outras coisas, e eu gosto de quase todas essas outras coisas. E, aos poucos, pretendo ir cada vez me apegando mais ao café, até chegar ao ponto de, quem sabe, um crush, uma paixonite, ou quiçá um amor. Nunca podemos duvidar do poder do amor. 
 
 
    Eis que a última palavra do parágrafo anterior dá o gancho para falar de nosso primeira escolha para essa nova epopéia comilona: o AMÔ Café & Brunch. Em verdade vos digo, a escolha não se deu por conta do "amô", mas porque o tal fica a apenas algumas pernadas de distância da casa da Chris. E lá fomos nós, no famoso "di a pé", como se diz aqui na sanja, em um sábado à tarde, ali por volta do mezzo dia. O AMÔ fica em uma galeria ultra-mega-hype-transada chamada O Beco, na avenida Cassiano Ricardo, que todo bom - e mau - joseense conhece. É um lugar super "xófem", pouquíssimos espécimes com mais de trinta anos são encontradas no local. Nós éramos parte desta fauna exótica. Sem que fosse de nosso conhecimento prévio, estava rolando no local a 2ª edição do Urban Market Festival, com "feira, atividades, workshops, flash tatoo, food & drink e muito mais". É o que tava escrito no cartaz. 
 

    O ambiente é legal, tem uns guarda-chuvas de ponta cabeça, bem coloridos, uns arranjos de flores, também de ponta-cabeça (que agora eu resolvi escrever com hífen), e umas plantas falsas (pareciam verdadeiras, mas eram falsas, ou será que pareciam falsas, mas eram verdadeiras?) e um pedido de "+ amô pufavô". Um pedido necessário, que nós velhinhos aprovamos. Os trabalhadô estão todos perto dos vinte anos, tanto no atendimento quanto no fazimento dos pedidos. São umas quatro ou cinco mesas (talvez seis), em um corredor de uns dez metros (isso é um baita chute), com sofás encostados na parede e cadeiras no lado oposto. Eu fiquei na cadeira, Chris no sofá, que tem hierarquia aqui nesse casal. 


    Pra comer tem bastante pição: toasts (torradão com coisa em cima), brunchs (uns peéfão nervoso), benedicts (torradão com coisa em cima + ovo pochê), waffle eggs (não sei como explicar) e os rapidinhos, que são pão com ovo, pão na chapa, enfim, os "basicão". Na questão do café, propriamente dito mesmo, não é aquele leque de opção não. Tem espresso, tem café com leite, tem capuccino e tem moca. Além dos cafés tem chocolate quente, chá quente, um montão de sucos naturebas (um montão de oito, sendo preciso) e três negocinhos pra fazer a cabeça, todos feitos com espumante Chandon, que o troço é chique.

    Pra beber, a Chris escolheu o Capuccino Duamô (leite cremoso, uma dose de espresso e um fundinho de chocolate finalizado com um coração de canela, R$ 14,90).Eu escolhi um café com pouco café, o moca (ganache de chocolate, lascas de chocolate belga, uma dose de espresso e leite cremoso, R$ 16,90). A Chris carece de urbanidade quando o assunto é café, então tomou tudo muito antes de chegar os comes que tínhamos pedido. Daí ela teve que pedir também um espresso, pra não ficar de bico seco. Vamos colocar as fotos da bebelança, e depois a gente entra nos comes.
 



    É difícil explicar o que a Chris pediu pra comer, porque ela e a garçonete praticamente inventaram um prato que não estava no cardápio. Ela queria um waffle egg chamado Lillet, que consistia em cream chesse, presunto espanhol, ovo pochê, pêssego e mel. Mas a Chris queria o negócio desovado (sem ovo, no caso). E a garçonete informou que eles estavam desapessegados (sem pêssego, no caso) e sem presunto espanhol (despresuntados espanholamente, no caso). Daí ela sugeriu substituir o presunto pelo salmão curado da casa, e o pêssego por figos. E ficou assim. A Chris gostou, mas achou que poderia ser mais melado (com mais mel, no caso). Custou R$ 43,90.

    Eu resolvi cumprimentar o porco, e pedi um benedict chamado Hello Bacon (fatia de pão de fermentação natural, pasta de abacate, bacon defumado artesanal e ovo pochê com molho hollandaise, R$ 35,90). Parece maluquice, mas é uma baita onda boa misturar abacate com bacon (aliás, tem alguma coisa que não fica boa com bacon?). O ovo pochê deu aquele escorrida linda, misturou com o hollandaise, com o abacate e com o bacon e ficou daqui, ó. E ainda tinha umas folhinhas por cima (manjericão, acho) e até uma flor comestível (se não era, já comi). Muito mimoso.
 
 
    Não há opções doces no cardápio, mas tem uma vitrine de vidro com as opções do dia. A Chris comeu uma chamada Blondie (nada a ver com a Debbie Harry, é só o irmão do brownie, mas feito com chocolate branco, custou R$ 18,00), com amêndoas e limão siciliano. Em formato de coração, ainda por cima. Ela adorou. Eu comi o Bruffin ("uma mistura de brownie com muffin", explicou a moça, custou R$ 22,00). Um bolinho bonitinho e gostosão, bem chocolatudo. Além dessas duas, tinha também cookie de chocolate. 



    Quando fazemos análise de restaurantes, damos nossas notas para cada quesito. Como todos sabem, uma avaliação positiva nossa é mais importante do que uma estrela Michelin. Por outro lado, notas ruins podem levar um restaurante à falência (assim dizem as vozes em minha cabeça). Portanto, nos textos dos cafés, decidimos que não vamos dar notas. Vai ficar uma coisa mais leve, mais casual, mais descontraída, mais light, e não sei mais quais sinônimos usar.

    Então é isso. Em breve a gente volta a cafezar.

Endereço: Av. Cassiano Ricardo, 1478 - Jardim Alvorada, São José dos Campos - SP
Instagram: @amocafebrunch