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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Calle 54 (São José dos Campos - SP) - 01/02/2018


Por motivos diversos, ficamos muito tempo sem ir a nenhum restaurante, por isso este blog está parado desde setembro de 2017. Para este retorno, escolhemos um restaurante com uma pegada argentina, que fica dentro do Shopping Colinas em São José dos Campos. O motivo simbólico é que em breve estaremos embarcando para a terra dos hermanos. Explicando o nome do lugar: calle é "rua" em espanhol, e 54 é o DDI da Argentina. O restaurante tem três unidades na cidade de São Paulo e apenas essa fora da capital. 

Chegando pra abalar na Rua 54

Dentro de um shopping, não dá pra exigir grandes coisas do ambiente. Mas é certo que o Calle 54 se diferencia dos restaurantes comumente encontrados nesses lugares. Espaçoso, com alguns sofás estofados, uma boa brigada de garçons, fica evidente que não estamos em um fast food - muito embora a confusão típica de um shopping esteja logo ali ao lado.

A confusão de um shopping de um lado...

...e uma cara de besta do outro lado.

Não resistimos ao couvert, que se chama La Recoleta (um dos bairros mais famosos da capital argentina) e vem com pães ao molho chimichurri na parrilla (a grelha deles) e matambrito (uma carne enrolada e assada) com limão siciliano (R$ 9). Matambrito é um apelido carinhoso para matambre, que é a junção das palavras "matar" e "fome" em castelhano. Uma comida originalmente criada para matar a fome de trabalhadores, com um corte de carne normalmente descartado pela "nobreza". A versão do Calle 54 estava absolutamente deliciosa, bem temperada e derretendo na boca. Para completar, pedimos também o choripán (R$ 9,00), uma espécie de pão com linguiça. Este estava apenas correto, não trouxe exclamações a nenhum de nós. O molho chimichurri que o acompanhava deu uma animada no sabor.

Muy rico matambrito!

Muy pobre choripán!

Para os pratos principais o cardápio, recheado de fotos, lista em destaque todos os cortes de carne oferecidos, com as nomenclaturas utilizadas na Argentina e a "tradução" em português, quando necessário. É o caso, por exemplo, da tapa de cuadril, que nós conhecemos como picanha, ou do lomo, que é o nosso filé mignon. Ao escolher essas carnes o cliente tem direito aos acompanhamentos do dia, escolhidos pelo chef, além de um molho à parte. Alguns cortes tem duas opções de tamanho (260g e 320g). Para quem não gosta de churrasco, há também algumas poucas opções com peixe, frango e hamburguer.

Chris queria uma carne com bastante sangue, e pediu o baby beef (260g, R$ 56,90), acompanhado de molho chimichurri. Ela pediu ao ponto para menos, mas foi bem clara com o garçom sobre o fato de que queria a seiva escorrendo (sim, ela tem um quê transilvânico). De fato a carne veio no ponto pedido, mas sem o sangue que ela gostaria. Problemas com o corte escolhido, talvez, ou com a forma de cocção. Mas estava saborosa e macia, embora não muito bonita. O molho, o mesmo que já tínhamos comido com o choripán, estava gostoso.

"Se eles querem meu sangue, terão o meu sangue nem no fim"

Eu escolhi o ojo de bife (miolo da parte dianteira do contra filé, 260g, R$ 63,90) ao ponto. Não sou fresco com carne, e embora prefira ao ponto, não ligo de comer mal passada ou ao ponto pra menos. Sorte a minha, porque minha carne veio mais mal passada que a da Chris. Erro feio. Também não estava nada bonita, meio branquela, muito fina e com bastante nervo. Dito tudo isso, estava saborosa e macia - exceto, claro, nos nervos duros. Escolhi o molho de mostarda em grãos, bem agradável.

Ponto errado, fina, branquela, com nervos, mas gostosa

Nossos acompanhamentos foram iguais e já estão incluídos no preço do corte citado acima. O sistema é de rodízio, ou seja, o garçom passa na mesa servindo, o que é bom por evitar o desperdício. Os únicos que ficam na mesa são o vinagrete (bonzinho) e a farofa (muito boa). No dia de nossa visita tivemos arroz italiano (com tomate seco e azeitonas, bem temperado e no ponto certo), camponata de legumes (pimentão, abobrinha, berinjela e cebola, achamos que não combinou muito com a carne), polenta frita (okeizinha) e por último mas não menos importante, um creme de batata doce (textura agradabilíssima, sabor delicado, uma nota dez se comêssemos só ele).

Eu aceitaria suborno e daria dez em tudo em troca da receita do creme de batata doce

Na hora do refestelo adocicado, aquelas coisas de sempre (petit gateau, creme de mamão, pudim) e a diferentinha torta banoffe (R$ 14,90), que pedimos. Banana passada na parrilla, envolta em biscoito, com doce de leite argentino e o desnecessário chantili por cima. Apesar da presença do desnecessário (eu tenho birra com chantili, perdoem-me os que gostam), o doce estava gostoso, com a banana e o biscoito dando um equilíbrio ao dulçor bem pronunciado do doce de leite. Também achamos que a apresentação poderia ser mais caprichada, o copinho deu uma escondida em tudo. Ah, faltou dizer que o preço do doce incluía também um simpático cafezinho, que a Chris adorou.

Sobrou copo (e chantili!)

O simpático e a simpática


Antes de falar do serviço, falarei de uma estupidez de minha parte que acabou custando um bom dinheiro. Vi a máquina de chopp da Heineken, e pedi um pra cada, mas recebi de volta o famoso "tem, mas acabou". O próprio garçom me ofereceu a Cauim, a gostosa pilsen da cervejaria Colorado, que já conhecíamos. Pedimos uma garrafa de 600ml, e quando ela acabou eu pedi outra só pra mim, já que a Chris não queria mais. Tudo isso sem perguntar o preço. Sei que a Cauim custa, no mercado, no máximo R$ 15. Pois o Calle 54 vende a glamorosos R$ 32,90. Um acinte. Pedir sem ver o preço é uma estupidez, mas vendê-la por esse valor é quase uma extorsão, que é, convenhamos, pecado maior do que a estupidez.

O serviço no Calle 54, em nossa visita, ganhou nota dez em simpatia, mas pecou bastante na agilidade e atenção. Ficamos muito tempo esperando, por exemplo, a nossa Cauim superfaturada, que vimos parada no balcão por um bom tempo até que alguém resolvesse nos trazer. Também ficamos muito tempo com os pratos sujos da entrada e do couvert parados na nossa frente, sem que ninguém se dignasse a retirar. Como ponto positivo podemos citar o fato de que o rodízio dos acompanhamentos funcionou direitinho, com a reposição sendo feita com agilidade. Também vale ressaltar, como já citado, a simpatia dos atendentes, criando um clima informal condizente com a casa.

Ao final da refeição estávamos parcialmente satisfeitos, e o que mais pesou na hora de decidir se voltaríamos ou não ao Calle 54 talvez tenha sido o custo-benefício. Inflacionada também pela cerveja, a conta ficou muito alta para o que recebemos de volta. E ambos decidimos que não voltaríamos ao lugar. Uma pena. Chris adorou, por exemplo, o mimo que veio junto com seu suco de abacaxi: um mini-pregador com um bilhetinho que dizia "Nunca deixa que o seu medo seja maior que a sua fé". Um conselho que vale também para o restaurante, com dois adendos: fé, atenção no ponto da carne e um preço justo pela Colorado, hermanos!

O bilhetinho e o suquinho que não ganhou nota, mas tava bom

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6,5
Serviço(2): 6 e 6,5
Couvert(2): 8 e 8
Entrada(2): 5 e 6
Prato principal(3): 6,5 e 6
Sobremesa(2): 6,5 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 6,25 e 6,57
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Av. São João, 2200, Loja 126, Colinas Shopping – Jardim das Colinas - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3941-5222
Site: http://www.calle54.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/calle54sjc/

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Outback (São José dos Campos - SP) - 08/11/2016


Por boa parte da minha vida eu achei que o restaurante Outback fosse australiano. Só recentemente descobri que a rede tem origem nos Estados Unidos e homenageia, em seu nome e em sua decoração, a região homônima da Austrália. Americanos são mesmo bons nesse negócio de ganhar dinheiro. Hoje já existem 83 lojas só no Brasil. E garanto que, se você estiver lendo isso de noite, todas elas estarão cheias de gente neste momento. Aliás, é comum ter que esperar para conseguir uma mesa. Eu e Chris já fomos preparados para isso, mas como chegamos cedo, por volta das 19 horas, conseguimos uma imediatamente. Às 21 horas, quando saímos do restaurante e tiramos a foto abaixo, já havia bastante gente esperando por um lugar.

Essa é a entrada na hora da nossa saída, entendeu?

Fomos acomodados em uma mesa no canto, bem pertinho do banheiro, com sofá de um lado e cadeiras do outro. Prontamente tivemos a visita do garçom Leonardo, que se apresentou e disse que nos serviria naquela noite. Esse contato pessoal do garçom com o cliente é uma tradição da rede. O restaurante tem ambiente à meia-luz, e o salão é bastante amplo, com belas fotos de paisagens australianas nas paredes. Mas quando eu disse que a iluminação é branda, não imagine um jantar romântico. A atmosfera é muito mais de bar, com as pessoas falando alto, muitas delas turbinadas pela promoção chamada Billabong Hour, em que as bebidas alcoólicas são servidas pela metade do preço (de segunda à sexta, das 17 às 20 horas). Em resumo: o lugar é barulhento, e é bom saber disso antes de ir.

À meia-luz, mas sem clima de romance

Nosso cafofo no Outback, e no quadro uma foto de um coração australiano

A primeira atitude de Leonardo foi nos trazer o couvert, um pão australiano servido com manteiga e com faca (veja a foto e entenda). Trata-se de um agrado do Outback, que não é cobrado, e ajuda a dar uma amenizada na fome, especialmente para quem teve que esperar por uma mesa. Não era nosso caso, mas estávamos com fome e devoramos rapidamente o gostoso pãozinho com manteiga.

Ai, quanta violência...

Existem oito opções de aperitivos no cardápio, algumas delas bem interessantes, como o Gold Coast Coconut Shrimp (camarões empanados com coco ralado e molho Marmelade, R$ 46,95). Mas para nós já estava claro o que iríamos pedir: a famosa e icônica Bloomin` Onion (R$ 45,45). Para quem não sabe, trata-se de uma cebola grandona empanada, servida com as pétalas abertas e com um molho picante. O dono de um steak house em New Jersey (EUA) diz ter inventado o prato na década de 1970 (assim diz o Wikipédia em inglês), mas certamente foi o Outback que o popularizou. Um canal de vídeos no You Tube chamado "Ana Maria Brogui" ensina a fazer o prato (clique aqui para ver), e eu já me arrisquei algumas vezes a tentar reproduzir. Não ficaram ruins minhas tentativas, mas nem se comparam à versão original, em que as pétalas de cebola se soltam facilmente, o empanado é crocante e não se esfarela, e o molho é picante na medida certa. Aliás, quem não gosta de pimenta não deve se aventurar, já que o próprio empanado também possui alguma ardência, mesmo sem o uso do molho.

A Chris sorri porque finalmente vai experimentar a cebola bem feita

Embora seja comumente lembrado como um lugar para tomar chopp com os amigos e se entupir de porções e afins, o Outback é, sim, um restaurante, e seu cardápio prova isso. Há opções de massas, peixes, frangos, sopas, saladas e, claro, os famosos steaks que são a marca da casa. Existe uma seção do cardápio chamada "Favoritos para compartilhar", mas fora isso todas as opções são individuais . Os pratos de massa estão entre os mais baratos, custando menos de R$ 50 cada. Os peixes e frangos também são opções mais em conta, sendo o mais caro o South American Salmon (salmão com molho Remoulade, R$ 55,95). Todas as opções de proteína permitem ao cliente escolher um acompanhamento, entre dez disponíveis. Também é possível escolher acompanhamentos extra, por R$ 23,95 cada. Entre os acompanhamentos há diversos tipos de arrozes, além de batatas fritas, purês e legumes. Uma coisa curiosa é que vários dos nomes dos pratos fazem referências à Austrália, usando de termos geográficos (golden coast), da fauna (wallaby), do cinema (the mad max), entre outros.

Para ficarmos com a especialidade da casa, eu e Chris acabamos optando por steaks. Na página dedicada a eles no menu, há também as opções de ponto da carne disponíveis: bem passada, ponto para bem passada, ao ponto, ponto para mal passada e mal passada. Ao lado de cada opção há uma foto e um pequena descrição das características de cada ponto. Muito instrutivo e útil.

Sou forçado a confessar que não fui eu que tirei esta foto, peguei da internet

No dia de nossa visita, cada pedido de steak dava direito a uma balsamic green salad, cujo nome bonito se traduz em folhinhas de alface, com tomate e cebola, temperados com vinagre balsâmico. Esse mimo não é algo permanente, tanto que estava indicado com um adesivo colado no cardápio. Sendo assim, iniciamos nossa refeição com as simpáticas saladinhas.

Balsamiquinha greenzinha saladinha

Entre os steaks, Chris escolheu o The Outback Special® (miolo de alcatra de 325g na chapa, com tempero Outback, R$ 61,95). Chris pediu ao ponto para mal passada, e como acompanhamento ela escolheu o harvest brown rice (arroz integral com lentilha e castanha). O ponto da carne veio perfeito e, embora isso pareça obrigação, é uma raridade em nossas experiências gastronômicas. Chris gostou muito do arroz, levemente adocicado, que fez um bom contraponto à carne, com tempero ligeiramente picante. Pena que a carne tinha alguns pedaços bem "nervosos", o que prejudicou um pouco a experiência.

Carne ligeiramente nervosa

Minha escolha foi o The Porterhouse (corte de t-bone com cerca de 500g, na chapa, R$ 71,95). Como acompanhamento escolhi as homemade golden potatoes, uma batata grande, cozida e depois frita, servida com casca e cortada em quatro pedaços. A batata estava uma delícia, crocante e com tempero suave. O t-bone tem uma pequena parte de filé mignon e uma parte maior de contra filé. Infelizmente a parte do contra filé tinha, assim como na carne da Chris, pedaços com bastante nervo. Tirem as crianças da sala e me perdoem o palavreado forte, mas eu tive que regurgitar um naco que já estava na minha boca, porque estava impossível mastigar (acho que a Chris nem viu, e se viu, fingiu que não viu). Também achei que ela chegou à mesa um pouco fria. Isso posto, a carne estava com tempero agradável, e a parte de filé mignon estava bem macia - mas aí é moleza, né?

As batatas ganharam do t-bone

Não tinha muitas esperanças em relação à sobremesa no Outback. Achava que seriam opções genéricas, daquelas bem básicas. Mas até que a casa me surpreendeu, apresentando cinco opções que tentam fugir do óbvio, ao menos na descrição, como a Lajotinha Magma Cake (R$ 18) que, citando ipsis litteris o cardápio, é um "intenso bolo quente de chocolate com pedaços de Lajotinha Kopenhagen, servido com sorvete de baunilha, morango e nossa calda de caramelo". Convenhamos, parece a descrição de um petit gateau, não? Acabamos pedindo o "Chocolate Thunder From Down Under" (eles são bons para dar nome!), que é um brownie encimado por sorvete de baunilha e chantilly, com calda e raspas de chocolate (R$ 27,95). A porção é generosa, e mesmo já estando bem satisfeitos conseguimos comer tudo, já que estava uma delícia. Não sou grande fã de chantilly, e tive medo de a mistura ficar enjoativa, mas a proporção de doçura foi perfeita.


Taí o "trovão de chocolate de lá de baixo"

Não há outra palavra para descrever o serviço do Outback: impressionante. Com o salão gigante abarrotado de gente, parecia que só eu e Chris estávamos no restaurante. Leonardo, o garçom responsável por nossa mesa, estava por perto o tempo todo, e muitas vezes se antecipando às nossas demandas, como no momento em que trouxe mais molho picante enquanto comíamos nossa cebola de entrada. Também se mostrou atencioso quando veio avisar que a Billabong Hour, que dá desconto no preço das bebidas alcoólicas das 17 às 20 horas, estava para acabar. Outro ponto a favor do serviço são os pequenos agrados, como o couvert de cortesia e a saladinha antes dos pratos principais (embora o preço cobrado justifique os "presentes"). Digno de nota, ainda, o fato de nossas carnes terem sido servidas exatamente no ponto em que desejávamos. E, para terminar os elogios, o tempo de espera entre cada prato foi perfeito, o que nos fez imaginar a loucura que deve ser a cozinha do lugar. Mas uma loucura repleta de organização, certamente. Ao final não demos nota máxima para o serviço, provavelmente porque o treinamento dos garçons, que certamente é de excelência, talvez os faça perder um pouco da espontaneidade e da "magia", que é aquele algo a mais que transforma uma nota 9 em nota 10.

Acompanhamos as nossa refeições com alguns chopps Brahma que, graças à citada Billabong Hour, saíram por R$ 4,97 a caneca de 340ml (o preço normal é R$ 9,95). Há também uma pequena carta de vinhos e algumas opções de cervejas long neck nacionais e importadas.

Esse já foi

Os preços do Outback não são exatamente baratos, mas ao final da refeição consideramos o custo-benefício bom, uma vez que as porções são bastante fartas e a qualidade da comida é satisfatória. Saímos de lá com couvert, três chopps de 340ml cada um, entrada, prato principal, sobremesa e uma água no bucho, e foi baseado nisso tudo que demos nossa nota nesse quesito. Na hora de responder à pergunta sobre se voltaríamos ou não ao restaurante, ambos concordamos que é um excelente lugar para tomar chopp e comer aperitivos, exatamente o que a maioria das pessoas faz, e que voltaríamos para algo assim. Não é espanto notar, portanto, que as notas referentes aos pratos principais estão entre as piores, tanto na minha avaliação quanto na da Chris. Mas voltar para comer aquele cebola e tomar um chopinho...só se for agora!

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 6
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 8 e 8
Prato principal(3): 7 e 6,5
Sobremesa(2): 7 e 8
Custo-benefício(1): 8 e 7
Média: 7,58 e 7,37
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Centervale Shopping - Avenida Deputado Benedito Matarazzo, 9403 - Jd. Oswaldo Cruz - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3911-3220
Site: https://www.outback.com.br/home/
Facebook: https://www.facebook.com/OutbackSteakhouseSaoJosedosCampos/









quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Libertango (Campos do Jordão - SP) - 21/08/2015

A escolha não foi por acaso. O Libertango é um dos três únicos restaurantes de Campos do Jordão agraciados com uma estrela no Guia 4 Rodas 2015. Embora não sejamos escravos da publicação, sempre a levamos em conta na hora de escolher um restaurante na cidade que estamos visitando. A especialidade do Libertango é comida argentina, e isto já toca um sininho na mente: carne, carne, carne! Numa sexta-feira agradável (para mim e não para a Chris) na serra paulista, com termômetros em torno de 11 graus, chegamos ao local às 20h20, vinte minutos atrasados em relação à nossa reserva, mas ainda a tempo de fazermos uso dela.

Ói nóis aí antes de entrar no restô

Do lado de fora o Libertango acompanha o charme de onde está instalado, a Vila Capivari, epicentro da badalação em Campos do Jordão. Sua fachada tem flores nas janelas, e é toda pintada de azul e vermelho. No logotipo do restaurante temos, claro, um casal dançando tango. Lá dentro, ambiente acanhado e fervilhante. Quase todas as mesas estavam ocupadas. Ainda assim há uma distância razoável entre elas, dentro do que é possível. Nas paredes, muitos quadros remetendo à Argentina, e alguns orgulhosos certificados de cozinha acima da média do Guia 4 Rodas. Cortinas e teto vermelhos dão "quentura" à decoração, contrastando com o frio jordanense. Para nossa sorte, fomos instalados em uma mesa bem ao lado da parrilla, a grelha em que os argentinos fazem o seu churrasco. Assim pudemos acompanhar toda a habilidade dos parrilleros em administrar tantas carnes ao mesmo tempo, tendo que saber exatamente quando tirá-las para que o ponto esteja do jeito que o cliente pediu. Nem sempre é possível, como restou provado ao longo da noite.

Um pouquinho do fervilhante e quente interior

Entre as opções de entrada, muitas delas envolvem a linguiça argentina. Pedimos o chorizo Piazzola (linguiça argentina com calda de vinho e maçã verde, R$ 19,90), que faz homenagem ao compositor argentino Astor Piazzola. A apresentação não é das mais lindas do mundo, trazendo dois pedaços de linguiça semi mergulhados na calda de vinho, com alguns pedaços de maçã, e ao lado uma cesta com pães e grissinis. As linguiças eram um pouco resistentes ao corte, mas deliciosas. As maçãs fizeram um bom contraste. Já a calda de vinho foi o ponto alto do prato. Chris não conseguia parar de passar o pão no pratinho, mesmo depois que a linguiça já tinha terminado. Pediu até a receita para o garçom que, gentilmente, negou. Gostou tanto que exigiu que a calda permanecesse na mesa mesmo depois que o prato principal já tinha chegado. Por vezes já reclamamos de restaurantes cujos garçons não retiram da mesa os utensílios depois de utilizados, mas neste caso o pedido, ou ultimato, para que isto acontecesse, foi nosso.

Olhando assim ninguém diz, mas tava uma delícia

Ao abrir-se o colorido cardápio, tem-se ao centro, em destaque, o carro-chefe da casa: as carnes de novillo, assim em castelhano mesmo (aliás, todo o cardápio é trilíngue, escrito primeiramente em castelhano e depois traduzido para português e inglês). São seis os tipos de carne listados: bife de chorizo (corte alto de contrafilé), ojo de bife (entrecôte), vacio (fraldinha), tapa de cuadril (picanha), corazon de cuadril (alcatra) e asado de tira (costela). Dentre estas seis opções há duas subopções, hombre e mujer, que são diferentes em tamanho (400g e 300g respectivamente) e, obviamente, em preço. Estes variam entre R$ 69,90 e R$ 85,90. Há também explicações sobre os pontos de carne possíveis, facilitando a vida de quem é leigo no assunto. Uma vez escolhida a carne há várias opções de acompanhamentos que o cliente pode optar, entre alguns tipos de arroz, batatas, purês, legumes, farofa, etc. Estes custam em média 25 reais. A casa sugere que se escolha ao menos dois para servir bem duas pessoas.

Para a escolha da carne tivemos a ajuda do garçom e também de Jorge, que estava comandando as parrillas, e depois descobrimos ser o dono do restaurante. Chris queria uma carne sem gordura e malpassada. Lhe foi sugerido o corazon de cuadril (R$ 69,90, na versão mujer). Eu ouvi de Jorge a frase "por favor, peça o ojo de bife", e não resisti ao seu apelo (R$ 85,90, na versão hombre). Curiosamente, percebo agora que Chris escolheu a carne mais barata da casa, e eu a mais cara. Sou mesmo um perdulário. Para acompanhamento, pedimos o pure de zapallo con gorgonzola (purê de abóbora com gorgonzola, R$ 30,90) e a farofa (R$ 15,90).

Pouco antes das carnes chegarem à mesa, uma surpresa: seis antepastos para acompanhar a refeição. São eles: pimentão sem pele, salsa creole (uma espécie de vinagrete picante), molho barbecue defumado, patê de gorgonzola, chutney de morango e mirtilo e chutney de manga com gengibre. À exceção do pimentão, um pouco sem tempero, todos os outros estavam muito bons, e acompanharam muito bem a refeição. A idéia de não citar este "mimo" no cardápio é genial, porque ficamos agradavelmente surpreendidos. O purê de abóbora com gorgonzola estava delicioso. Bem cremoso, e com sabor equilibrado, o que é complicado em se tratando de um queijo tão forte. A farofa também estava boa, mais pra úmida do que pra crocante, mas com um bom sabor.

Nossa mesa e os parrilleros trabalhando ao fundo


O garçom trouxe a carne da Chris, e imediatamente ela ouviu de Jorge, que comandava a parrilla: "Se sua carne passou um pouquinho, por favor me diga, que eu refaço com o maior carinho". De fato a carne havia passado um pouco do ponto desejado, que era o malpassado. É sempre complicada essa opção de refazer o pedido, até porque meu prato já estava ali, e isto acarretaria em comermos em momentos separados. Por conta disso Chris optou por comer a carne daquele jeito mesmo. Mas faltou um pouco do sangue que ela tanto gosta. Jorge confessou, em conversa que tivemos depois da refeição, que é difícil imaginar que uma mulher queira a carne sangrando. Ele disse, talvez exagerando um pouco, que em cada mil mulheres apenas uma gosta de carne malpassada. Ainda assim, Chris achou o tempero muito bom (é usado apenas sal), e adorou os acompanhamentos, ficando especialmente impressionada com o purê.

"Má...má...má, quidê o sangue?"

Já a minha carne estava excepcional. O corte ojo de bife é bastante comum na Argentina, mas quase desconhecido no Brasil. É muito macio, e tem uma gordurinha deliciosa no meio da peça. Pedi ao ponto, e ele veio correto. Também gostei muito de todos os acompanhamentos, e foi uma delícia ficar brincando de comer um pedaço de carne com cada um dos antepastos, e também com o purê e a farofa. Também experimentei com o molho da entrada, que a Chris insistiu que ficasse na mesa, e deu muito certo. Tanto no meu caso quanto no da Chris, a altura do bife, sua maciez e tamanho são os grandes diferenciais em relação às carnes que comemos no dia a dia. Tanto que a primeira coisa que disse para minha mãe quando lhe contava sobre a experiência foi algo como "mãe, o que a gente come não é carne, aquilo sim é carne!". Nem preciso dizer mais nada: é a primeira nota dez em prato principal desde que começamos o blog. Simplesmente não encontrei do que falar mal.

Se olhar bem a foto capaz de dar pra sentir o gosto...

Para as sobremesas, há os clássicos alfajores argentinos, e mais uma meia dúzia de opções. Um dos garçons, empolgadíssimo, praticamente nos obrigou a pedir a panqueque de dulce de leche (R$ 24,90), que ele achava a melhor da casa. Aceitamos a sugestão. Embora o nome em castelhano seja panqueque, na verdade é uma massa de crepe recheada com doce de leite argentino, com uma bola de sorvete de creme ao lado. Um prato pouco elaborado, na verdade. A massa, quando comida em separado, carecia de um pouco mais de sabor. Mas a mistura era gostosa, embora não fosse de gemer.

Los borrachos e la panqueque

Harmonizamos nossa refeição com três cervejas da marca Campos do Jordão que, descobrimos depois, tem esse nome mas não é fabricada na cidade. Começamos com uma lager (R$ 23,90), depois tomamos uma weizenbock (R$ 24,90) e por fim uma ale feita com pinhão (R$ 24,90), embora o gosto deste não tenha ficado muito evidente na receita. O restaurante também conta com uma carta de cervejas importadas e uma de vinhos.

O serviço foi um caso à parte. É normal em restaurantes você ter alguns funcionários dedicados, prestativos e simpáticos e outros meio preguiçosos e desinteressados. Mas aqui todos que nos atenderam se mostraram atenciosos e, principalmente, conhecedores daquilo com que trabalham. Mesmo com o restaurante cheio, Viniciús, um dos garçons, dedicou um bom tempo a nos explicar o funcionamento do cardápio, e também em dar algumas sugestões, demonstrando saber do que estava falando. Espantados descobrimos depois que ele tinha apenas uma semana de casa. Também descobrimos posteriormente que o simpático rapaz que nos sugeriu a sobremesa tinha apenas dezessete anos. Pois trabalha melhor que muita gente grande por aí. Como também tivemos contato com o proprietário Jorge, pudemos notar que a dedicação e a preocupação com o cliente partem dele, e se irradiam por toda sua equipe. Não há bom time sem um bom capitão. Só no finalzinho da noite, quando precisávamos que as garrafas vazias que levaríamos (eu coleciono rótulos!) fossem embaladas é que o serviço demorou um pouquinho, e acabamos nos levantando com as garrafas na mão. Mas mesmo este vacilo foi compensado quando saíamos, já que o jovem garçom de dezessete anos nos viu saindo e prontamente providenciou uma embalagem.

Normalmente quando chega a hora de responder à pergunta sobre se eu voltaria ou não a um restaurante eu sempre penso se ficou alguma coisa no cardápio que eu gostaria de experimentar. Mas desta vez falei para a Chris que eu voltaria até mesmo para comer exatamente a mesma coisa que comi. Ela também disse que voltaria, mesmo que não tenham acertado o ponto de sua carne. Quem sabe numa próxima vez o sangue venha em quantidades mais generosas, do jeito que ela gosta. Como deu para perceber, não se trata de uma refeição barata, mas em nenhum momento a gente se sentiu enganado, por conta da qualidade da comida apresentada, do serviço e do ambiente.

Em nome da transparência, devo dizer que conversamos por cerca de uma hora com o proprietário Jorge, depois de já terminada nossa refeição, quando ele saboreava um charuto do lado de fora do restaurante. Acrescento que isto não mudou em nada nossa apreciação do lugar, em relação aos pontos positivos e negativos e às notas aí abaixo. No meio da conversa, Jorge disse, sem medo de soar hipócrita, que amava seus clientes. Ele explicou que tinha seis netos, e os clientes representavam o seu ganha pão. Nem precisava explicar tanto. O amor pode ser percebido na primeira garfada.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 9 e 9,5
Entrada(2): 9 e 8,5
Prato principal(3): 8 e 10
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 7 e 8,5
Média: 7,91 e 8,54
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Av.  José  Manoel  Gonçalves,  160 - Vila Capivari -  Campos do Jordão - SP
Telefone: (12) 3663-6218
Site: http://www.libertango.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/libertango.restaurante?fref=ts