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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Cozinha do Parador (Lumiar, distrito de Nova Friburgo - RJ) - 28/03/2019

Perrengue pra chegar a um restaurante. Já tínhamos passado por isso na visita ao Babel, em Visconde de Mauá, que tinha uma estradinha de terra dura de passar. No caso da Cozinha do Parador a estradinha de terra até era boa, mas chovia e a falta de iluminação artificial e de indicações nos deixou às vezes sem saber pra onde ir. Mas chegamos sãos e salvos ao restaurante, que fica dentro da Pousada Parador Lumiar.

Fachada da pousada, e Chris como um vulto na escuridão

Um aparte: a gente sempre leva nossa câmera fotográfica (lembra, um artefato usado pra tirar fotos antes do celular?) quando vamos a algum restaurante que vai entrar aqui no blog, porque ela traz uma qualidade melhor, especialmente em ambientes com pouca luz. Mas nesse dia a máquina não estava querendo funcionar, de modo que as fotos foram feitas com celular, um pouco fora do padrão que gostamos.

Um silêncio absoluto reinava na pousada quando chegamos. Apenas uma pessoa na recepção, que nos indicou o restaurante, também tranquilo, com música ambiente bem baixinha. Éramos os únicos habitantes daquele reino, que se assemelhava a uma cozinha de fazenda. Ambiente escuro demais para o meu gosto, mas com um charme rústico. De dia deve ser mais bonito, com a mata e as montanhas ao redor, e o paisagismo da pousada. 

Fê e seu reino visto de dentro
Fê e seu reino visto de fora


A primeira alegria da noite foram os biscoitos de polvilho com ervas frescas que a casa oferece como cortesia. A água também fica disponível sem qualquer custo. A princípio foi uma alegria meio nervosa, porque sabendo que a pousada tem diárias que chegam a quatro dígitos, imaginamos que os valores dos pratos compensariam os "mimos" oferecidos.

"Sei sei, me dão isso pra depois me enfiar a adaga"

Para as entradas a Cozinha Parador apresenta seis opções de saladas, todas nomeadas em homenagem à PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) como "Capuchinha", "Beldroega" e "Vinagreira". Ponto negativo: as tais plantas não fazem parte dos ingredientes das saladas. Uma pena. Escolhemos a "Dente-de-leão" (mix de folhas com abobrinha crocante, muçarela de búfala e palmito grelhado, R$ 28). Tempero bem ácido, mas agradável, especialmente porque havia o contraponto do palmito e da muçarela, mais suaves. O palmito, que se prometia grelhado, veio quase cru. Adoramos as abobrinhas, fatiadas finamente, e bem crocantes. 

"É, se tá escuro tira a foto com flash, né cara?"

Nosso temor em relação aos preços dos pratos principais foi infundado. Foi reconfortante notar que quase todos custavam perto de cinquenta reais. Há opções para todos os gostos, desde mignon e carne seca até galeto, nhoque de beterraba, cremes e fondues. Nenhum deles chega aos três dígitos, sendo o mais perto disso o fondue de carne bovina, por R$ 98. O cardápio infantil, com pratos a partir de R$ 18, tem mais opções do que costumamos ver por aí.

Chris foi de medalhão de mignon com queijo gruyère ao molho de vitela ao vinho com mousseline de cará-moela e fricassê de funghi fresco (R$ 58). Um monte de coisa, então vamos por partes. A carne veio mal passada como ela queria, mas como era uma peça alta, alguns pedaços estavam crus. A mousseline tinha textura agradável, mas faltou tempero. Molho saboroso, que misturado ao fricassê de cogumelos foi a melhor coisa do prato.

"Mas flash é deselegante, fica uma coisa cafona, sem sutileza, olha isso"

Eu não resisti à menção à cerveja e escolhi a costela suína e crisp de tomilho com feijão azuki e bacon ao molho de cerveja black IPA (R$ 43). Embora eu tenha achado interessante o crisp de tomilho, a sensação de comer os galhinhos crocantes é um pouco estranha. O porco estava macio e saboroso, mas não consegui pegar uma característica da cerveja, nem mesmo no aroma. O feijão azuki estava com um defeito que achei que nunca fosse apontar: excesso de bacon. Roubou o sabor e deixou tudo muito untuoso.  

Desculpe, Senhor Bacon, prometo nunca mais reclamar de ti

Para adoçar a vida escolhemos a roulade de biscoff (enrolado com café, cacau, biscoito, creme inglês acompanhado de coulis de frutas vermelhas com capim limão, R$ 26). Apresentação simples e elegante. Achei bem agradável, com o café bem sutil (Chris queria menos sutileza) e alguma crocância em algumas mordidas, quando vinha o biscoito. O coulis complementava bem os sabores, mas achei que veio pouco. E hortelã, um chavão pra trazer frescor a doces, é chavão porque funciona. Eu gostei bastante, e achei até que poderia vir mais. Chris não se empolgou tanto.

Roulade de biscoff, puta nome chique

O garçom foi praticamente nosso mordomo durante toda a noite. Outro casal só apareceu quando já estávamos pagando a conta. Claro que o serviço acabou sendo quase perfeito. Não obstante, já aconteceu outras vezes de estarmos sozinhos e mesmo assim sermos mal atendidos, portanto ponto para a casa. O rapaz era bem novo, um pouco travado, com alguma formalidade excessiva, mas eficiente. Os pratos chegaram rápido, e a cerveja estava em boa temperatura. Não há muito do que reclamar.

Perceba que não fomos muito enfáticos nos elogios aos pratos principais, que são normalmente o que nos faz voltar a um restaurante. Mas mesmo assim ambos concordamos que o Cozinha Parador mereceria um retorno. Talvez tenha sido um dos melhores custo-benefícios desde que começamos o blog. Um prato com um medalhão de mignon como o da Chris dificilmente fica abaixo de oitenta reais em nossas experiências prévias. E o meu, com ingredientes mais baratos porém diferenciados, não sai por menos de sessenta reais em geral. Os preços, aliado à vontade que ficamos de provar outros pratos (como o risoto de papada suína ou a tortelline de urtiga) foram os fatores decisivos dessa decisão - e que esse retorno, se vier, seja num dia ensolarado para podermos apreciar o ambiente e enxergar melhor o que comemos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 6
Serviço(2): 8 e 8
Entrada(2): 7 e 8
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 6 e 8
Custo-benefício(1): 7 e 8
Média: 6,75 e 7,29
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Estrada do Amargoso, s/n – Boa Esperança - Lumiar (Distrito de Nova Friburgo) - Rio de Janeiro
Telefone: (22) 2542 4777 / 2542 4774
Whatsapp: (22) 99279 8282
Site: http://paradorlumiar.com/gastronomia
Facebook (da pousada): https://pt-br.facebook.com/ParadorLumiar/

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Alcobaça (Petrópolis - RJ) - 03/03/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de algumas semanas da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  


(Fonte: Site da pousada)



A foto acima é do início do século XX, e mostra o casarão onde hoje funciona a Pousada Alcobaça, e também o restaurante Alcobaça. O nome da pousada vem das pedras da Alcobaça e da Alcobacinha, que podem ser vistas do jardim. Sim, mas o que é alcobaça? Vem a ser um lenço usado antigamente especialmente por quem cheirava rapé (tabaco em pó), "para limpar a secreção nasal provocada pela inalação da substância". As aspas são pra deixar claro que eu colei as informações da Wikipédia. Agora, porque as pedras foram nomeadas em homenagem ao lenço é coisa que me foge à compreensão. Mas pra que tudo isso, se o assunto aqui é comida, não é mesmo? Talvez pra dizer que o lugar é bonito e histórico, embora eu e Chris não tenhamos tido acesso a toda essa beleza, porque visitamos o restô à noite.

Escuridão na entradinha da pousada

Fomos muito bem recebidos por um funcionário da pousada, que nos encaminhou à recepção, onde houve um pequeno mal entendido, porque a recepcionista achou que tínhamos uma reserva para um quarto, e não para uma mesa. Resolvido o problema, fomos encaminhados ao pequeno salão, com cerca de cinco mesas. Há um clima de fazenda gostoso, caracterizado pelos móveis, pelo jardim do lado de fora e, claro, pelo cardápio, focado em pratos caseiros e bem brasileiros. O atendimento bem informal também contribuiu para nos sentirmos na casa da vovó.

Decidimos pedir um couvert ao invés de uma entrada, porque não estávamos com tanta fome, e sabíamos que o prato principal seria bem servido, pelo estilo do restaurante. Vieram pães e torradas, com manteiga e patê de trutas. Não coloquei o preço, porque o couvert não é cobrado. Mas também é bem simples, embora o patê de trutas estivesse bem gostoso. Mas é fato que se fosse cobrado talvez nossa nota final fosse um pouquinho pior.

O couvert bem simples, e Chris mostrando o cardápio

Para o prato principal, o cardápio é bem curioso. Ele lista apenas uma pequena descrição (mignon ao molho madeira, truta ao alho poró, etc), e o preço de cada um deles, e diz que os acompanhamentos não são cobrados. Mas não há uma lista de acompanhamentos para serem escolhidos, é o garçom quem os sugere, de acordo com a escolha do prato principal. Todas as escolhas, conforme já dito, são tipicamente brasileiras, não há nada muito sofisticado nem "fresco". Na foto anterior, que mostra nosso couvert, dá pra ver o menu inteiro na mão da Chris, e perceber como ele é sucinto.

Prontos pra comilança

Chris, que não resiste a um bifinho, escolheu o mignon acebolado com batatinhas assadas (R$ 72,00). Seus acompanhamentos foram arroz, feijão e farofa de ovo. Ela não gostou muito do fato de virem medalhões, e não bifes, e também julgou faltar um pouco de sal na carne. Mesmo com esses senões, comeu que se regalou, e não parava de repetir, mesmo já estando farta. Ficou até passando meio mal depois. Adorou o sabor caseiro dos acompanhamentos.

Os medalhões, que Chris preferia que fossem bifões

Eu fui de frango caipira com polenta frita (R$ 68,00), e solicitei os mesmos acompanhamentos da Chris, seguindo a sugestão do garçom. A cozinha deve ter agradecido por não ter que fazer um monte de coisas diferentes. Será que o fato de o garçom sugerir os mesmo acompanhamentos denotaria uma certa preguiça? Não sei. Meu frango estava saboroso e suculento, e as polentas vieram cortadas em cubos grandes, e estavam bem crocantes. Assim como a Chris, também adorei os acompanhamentos, gostinho de comida da vó. E o prato era bem farto, tanto que não dei conta de todo meu frango.

O suculento frango caipira

Para a sobremesa pedimos o Custódio (R$ 20,00). "Má que catzo é Custódio?", deves estar a perguntar. Também não sabíamos, não se envergonhe. Tivemos que pedir ajuda ao garçom, que gentilmente nos explicou tratar-se de um pudim de leite sem leite condensado. Sabor delicado, nada enjoativo, mas né, um pudim de leite e ponto. Sinceramente, não fez tanta diferença no paladar o fato de não usar leite condensado. Mas estava gostoso.

O Seu Custódio, conhece?

Houve um detalhe em nossa visita que vale a pena citar a título de curiosidade, embora não mude em nada a avaliação do lugar. É que durante toda a noite apenas uma mesa, fora a nossa, esteve ocupada. Eram dois homens e uma mulher, e o papo deles era meio brabo, e nos deixou entretido durante todo o tempo. Inclusive eu e Chris mal conversamos nesta noite, parecíamos um casal que já não se curte, porque estávamos atentos ao papo alheio. Entre os assuntos, a suposta homossexualidade do filho da mulher, uma herança a ser disputada e a bi-polaridade de um deles. Foi divertido. Ah, vai dizer que você nunca ouviu a conversa da mesa ao lado?

Voltando ao que importa, O atendimento foi todo feito por um único garçom, de maneira bem informal, o que condiz bem com a proposta da casa. Na hora de escolher os acompanhamentos eu estava bem indeciso, sem saber o que fazer, e ele foi paciente e atencioso. Quando saímos para o jardim pra Chris fumar ele foi lá nos levar um cinzeiro. E estava sempre com um sorriso no rosto. Inclusive ao atender a tal mesa ao lado, que tinha um cliente bem, digamos, "criterioso", cheio de pedidos especiais e chatices.

Apesar dos muitos pontos positivos, eu e Chris concordamos que não voltaríamos ao Alcobaça. E o motivo é um só: por mais que seja uma comida muito gostosa, é um pouco demais cobrar 72 paus por arroz, feijão, farofa e bife acebolado, e 20 mangos por um pudim de leite. Talvez se saíssemos de lá dizendo que era o melhor arroz com feijão de nossa vidas, e o pudim mais espetacular que já provamos, o preço poderia compensar. Mas nem foi este o caso. Sendo assim, com o custo-benefício prejudicado, não saímos plenamente satisfeitos. Mesmo com todo o "entretenimento" proporcionado pelos nossos companheiros de salão...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 10 e 7
Serviço(2): 9 e 8
Couvert(2): 6 e 6
Prato principal(3): 7 e 7,5
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 7,33 e 7,04 
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Agostinho Goulão, 298 - Corrêas - Petrópolis - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 2221-1240
Site da pousada: http://www.pousadadaalcobaca.com.br/index.htm