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sábado, 28 de maio de 2016

Babel (Visconde de Mauá - Distrito de Resende - RJ) - 30/04/2016

A gente sabe que a coisa mais importante em um restaurante é a comida, mas é difícil falar do Babel - nome que vem da mistura de etnias do casal de chefs - sem falar da estradinha de terra que leva até lá. Estivemos ali para um jantar, e em dado momento falei pra Chris, "não é possível que vai ter um restaurante por aqui". Mas tinha. A estrada realmente não é das melhores, e de noite é um breu só, mas dá para chegar de carro de passeio, embora alguns pedaços do trecho de 4 km tragam dificuldades a neófitos na arte de dirigir na terra. O restaurante fica em uma região chamada Vale do Pavão, e pertence ao distrito de Mauá, que por sua vez pertence ao município de Resende (RJ).

No meio da estrada escura tinha um restaurante

Diz-se que a vista da serra que se descortina do restaurante é muito bonita, mas infelizmente à noite não deu para perceber. Fica a dica a quem quiser visitar, para ir de dia. O salão tem formato quadrado, e as paredes são todas de vidro, justamente para que não se perca o visual que perdemos por ser de noite ( eu já disse isso?). A cozinha também tem uma janela de vidro, e dá para ver os cozinheiros trabalhando. Apesar de o salão ser pequeno, há uma boa distância entre as mesas. O que perdemos em visual ganhamos em clima, já que a lareira estava acesa, amenizando um pouco o friozinho da região. Pena que as cadeiras não eram muito confortáveis. É importante fazer reserva, já que o lugar é pequeno, e mais importante ainda é comparecer depois de feita a reserva. Na noite em que lá estivemos havia uma mesa reservada para quatro pessoas, e elas não compareceram, o que, convenhamos, é uma puta sacanagem.

A lareira, a Chris, a cozinha à direita

O caixotinho de vidro

Sempre é gostoso começar a noite gastronômica com um mimo, e isso deveria ser praxe em restaurantes de alta gastronomia. Aí, mesmo que paguemos caro no final, a gente pensa "poxa, mas teve aquela cortesia". Tá, não funciona se o resto da noite for um desastre. No Babel a gente recebeu uma colherzinha cada (meio parecida com a do programa The Taste), com queijo, tomate e manjericão. Delicado e bem gostoso.

O mimo ao estilo The Taste

Para as entradas o cardápio lista opções para comer sozinho e opções para compartilhar. Escolhemos uma para compartilhar, mais precisamente o queijo brie à milanesa com molho picante de goiabada  (R$ 42). Embora não constasse na descrição, também vieram fatias de pão frito. Não gostamos muito da apresentação, pareceu que uma criança tinha montado o prato tentando deixar bonitinho - sem sucesso. O brie e o pão frito estavam bons, mas o tal molho picante de goiabada não picou a gente. Se o cardápio descreve o molho como "picante" e o sujeito pede assim mesmo, porque ter medo de o deixar picante de fato? Acabou ficando sem graça.

Exagerei, ou é meio amontoadinho?

Para os pratos principais o cardápio lista nove opções, todas elas com nomes que remetem a cenários e paisagens da região, como "Alcantilado", "Agulhas Negras" e "Vale do Pavão". Não sabemos se é uma regra, mas na noite em que lá estivemos também havia um prato adicional, que não constava no cardápio. Nenhum prato custa menos de sessenta reais. Há também opção de menu-degustação, por R$ 185 por pessoa.

Chris escolheu o Santa Clara (filé de truta salmonada com arroz negro e pupunha ao molho de limão siciliano e crisp de alho poró, R$ 68). Apresentação trivial, com o crisp de alho poró por cima do filé, este por cima do arroz, e o molho por baixo de tudo. Chris achou o molho de limão muito forte, mas quando dava uma garfada sem ele a comida ficava muito seca. Ela também experimentou o arroz sozinho, e achou meio sem graça. O crisp de alho poró estava bom e deu crocância ao prato, mas foi insuficiente para convencer a Chris.

Uma sombra (de dúvida) sobre o prato

Minha escolha foi o Alcantilado (stinco de cordeiro ao mel e especiarias com polenta trufada e lascas de cebola assadas, R$ 80). Apresentação bem pobrezinha, achei que faltou uma corzinha, para dar uma embelezadinha. As cebolas assadas estavam na descrição do prato, mas achei que houve um problema de proporção, já que vieram poucas, e acabaram muito rapidamente. A polenta e o cordeiro  ficaram sem esta companhia tão agradável em boa parte da refeição. Nunca tinha comido stinco, que vem a ser a canela do cordeiro. A carne estava macia, soltando do osso, e tinha bom sabor, com o molho de mel não o deixando muito adocicado (Chris provou e não concordou com esta afirmação). A polenta também estava gostosa. Mas achei que, além de mais cor e mais cebola, também faltou um pouco de molho, a comida acabou ficando seca. Mas, como dito, os sabores eram bons.

Mais cor e mais cebola, por favor

Para a sobremesa escolhemos o Mix de Sobremesas da Chef Dani Keiko (tiramissu, mousse de maracujá, torta de chocolate e creme brulê, R$ 33). Depois de três pratos com apresentações fracas, gostamos muito dessa aqui, especialmente por conta dos recipientes usados para acomodar os doces. O tiramissu, por exemplo, veio em uma canequinha de café. Quanto aos sabores, eu gostei da torta, do mousse e do brulê, e achei o tiramissu meio sem graça. Chris gostou do brulê, mas não se afeiçoou muito das outras.

Bonitinho demais da conta

Acompanhamos a refeição com cerveja. Tomamos uma Therezópolis Gold (600ml, R$ 19,70) e uma long neck de uma pilsen local, chamada Serra Gelada (R$ 16,50). Ambas vieram geladinhas, e no caso da Therezópolis o copo utilizado tinha a marca da cervejaria.

O serviço foi correto. O salão bem pequeno facilita a vida dos dois garçons, um homem e uma mulher, que se mantiveram atentos. Os pratos chegaram rápido, e até podemos dizer que, no caso do prato principal, chegaram rápido demais. A gente mal havia acabado de degustar a entrada. A retirada das louças e talheres sujos passou pelo "teste do cigarro", que se consiste na equipe retirar os pratos enquanto a gente sai pra Chris fumar. Um detalhe curioso é que não foi oferecido café ao final da refeição, o que é praxe em qualquer restaurante. Por outro lado, o banheiro tinha um sabonete de café. Deve ser pra compensar. Outro detalhe importante é que o restaurante não aceita nenhum cartão para pagamento. O cliente pode pagar com dinheiro, cheque ou fazer uma transferência bancária posterior, cujos dados já são entregues junto com a conta ao final.

Tivemos uma noite agradável, mas que não nos encantou gastronomicamente. Como deu para perceber, os preços também não são o que se pode chamar de amigáveis. O cardápio tem opções interessantes, e muitas delas nos chamaram a atenção antes de fazermos nosso pedido, mas a degustação em si se mostrou um pouco decepcionante. Ambos achamos que poderia ser interessante visitar o restaurante de dia, com a vista da serra, mas nossa experiência noturna nos levou à conclusão de que não voltaríamos ao Babel. E a estrada cheia de buracos é a menos culpada por essa decisão.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 6 e 6,5
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 4 e 7,5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,25 e 6,91
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Estrada do Vale do Pavão, sem número - Distrito de Visconde de Mauá - Resende - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 99999-8121/99977-0152
Site: http://www.babelrestaurante.com/
Facebook: https://www.facebook.com/babelviscondedemaua/?fref=ts



quarta-feira, 15 de abril de 2015

Dona Irene (Teresópolis -RJ) - 01/03/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de algumas semanas da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  

Um banquete seguindo o ritual utilizado pela aristocracia da Rússia até 1917, ano em que a Revolução Russa derrubou o regime dos czares. Impossível comer isto no Brasil, certo? Na verdade não. É exatamente esta a proposta do restaurante Dona Irene, fundado em 1964 em Teresópolis, por um casal de siberianos, hoje já falecidos, que no Brasil adotou os nomes de Miguel e Irene.

A entrada da casa, literalmente

Não há placas indicativas na rua para você saber que chegou. Apenas um grande portão fechado, com um interfone. Claro que não achamos de primeira, embora tenhamos passado bem em frente. Uma vez lá dentro, a impressão inicial é de estar na casa de alguém, e não em um restaurante. E de fato se trata da casa de José Hisbello Campos e Maria Emilia, que conviveram com Miguel e Irene, e hoje comandam o restaurante, ela na cozinha, e ele como uma espécie de "relações públicas". Fomos acomodados em uma mesa bem pertinho do jardim. Embora fosse do lado de dentro da casa, havia uma portinha colada à nossa mesa, por onde saíamos quando a Chris queria fumar. E isso aconteceu algumas vezes, já que a refeição completa durou quase três horas.

Chris e seu cigarrinho, com nossa mesinha ao fundo, à esquerda

O ambiente é agradável, com bastante luz. Cadeiras de madeira estofadas, alguns quadros na parede, e garçonetes vestidas com roupas típicas da Rússia. Ao lado da nossa mesa uma lareira, que obviamente não estava acesa na hora do almoço de domingo, mas que deve aquecer as noites de inverno por ali. Nas salas da casa, aquelas que não possuem mesas para refeição, um decoração cheia de classe, e claro, muitas Matrioskas, as bonequinhas típicas da Rússia.

Decoração classuda, e a estante cheia de matrioskas acima

Conforme escrevi, a proposta da casa é servir um banquete russo, que é composto por quatro etapas: Zakuskis (espécie de couvert bem caprichado, com várias entradas frias), entradas quentes, prato principal e sobremesa. De tudo isso, o cliente tem a opção de escolher apenas o prato principal e a sobremesa, sendo que o primeiro já deve ser escolhido no momento da reserva. Dito isto, resta claro que é obrigatório fazer reserva. Outra coisa obrigatória é levar dinheiro ou cheque, já que o lugar não aceita nenhum tipo de cartão. O preço é fixo, R$ 130,00 por pessoa pelo banquete completo, não importando o prato escolhido. Fomos salvos por uma folhinha de cheque da Chris, ou estaríamos lavando louça russa até agora.

Depois de estarmos sentados por algum tempo, chegaram os zakuskis. E põe zakuski nisso, viu? Era coisa que não acabava mais. Mas eu vou ter a pachorra de escrever tudo aqui: mousse de alho, creme de ricota, salada russa, ovos de codorna, patê de berinjela, alho poró com maçã (estranhou? Uma delícia!), sashimi de salmão, raiz forte com gema de ovo, arenque defumado com maionese, ovo cozido com atum, salada germânica (beterraba com abacaxi), espetinho de tomate com queijo de cabra, patê de berinjela com azeitona e patê de fígado de frango, além de pães e torradas. A mulher desandou a colocar cumbucas em nossa mesa e não parava mais. E tudo, tudinho, estava uma delícia. Não demos conta de acabar com tudo, posto que se o fizéssemos iríamos embora sem comer as outras etapas. E a Chris ainda teve a manha de tirar um ponto na nota final (acabamos classificando os zakuskis como couvert) porque vieram poucos tipos de pães e torradas. Cara de pau, né?

Nós e os zakuskis
Um close nos zakuskis

O início foi muito promissor, e as expectativas subiram bastante. Ao mesmo tempo estávamos um pouco preocupados com nosso estômagos. Eles aguentariam até o fim? Começaram as entradas quentes, que são divididas em duas partes. Primeiro veio a sopa borscht (à base de beterraba) e os piroskis, deliciosos e delicados pastéis de carne. A sopa é tomada em uma chícara, como se fosse um chá. Eu gostei muito, e acabei tomando um pouco da parte da Chris, que não gostou, achou sem graça.

A sopa que a Chris achou uma borscht, e os piroskis, sobre os quais não farei piada

Ainda dentro das entradas quentes, na sequência vieram asinhas de frango gratinadas, abobrinha aos quatro queijos e berinjela com queijo. Mesmo a abobrinha aos quatro queijos estava com sabor bem equilibrado, nada enjoativo. A berinjela também estava muito boa. Não entendemos bem as asinhas de frango, achamos que não combinaram muito. Essa segunda parte das entradas quentes varia de dia para dia, e podem incluir panquecas de camarão ou suflê de berinjela.

Mais um pouquinho de entradas, porque até agora tava muito mixo, né?

Para o prato principal há sete opções, que constam no site do restaurante, para que o cliente possa escolher na hora de fazer a reserva. Todos eles estão bem detalhados no site, e são obviamente típicos da culinária russa.

Chris escolheu o podjarka, feito com escalopinhos de filé mignon e de frango, molho de ervas, champignons e batatas "noisette", tudo flambado e gratinado. Havia cerca de três escalopinhos de cada tipo, e ela comeu apenas um de cada, o suficiente para descobrir que eram sem graça. Ela achou que faltou emoção ao prato. Ficou decepcionada.


Chris e sua podjarka sem graça

Com algumas opções bem diferentes e desconhecidas, é de se estranhar que eu tenha pedido o popularíssimo strogonoff. A explicação é que trata-se de meu prato preferido, e eu precisava experimentá-lo diretamente da fonte. E na fonte ele é bem diferente do modo como o fazemos em casa. Pra começar é menos "colorido", e tem menos molho. Dá pra notar bastante cebola, além do creme de leite. Se tem tomate é bem pouco, já que não há cor vermelha. O sabor é bem adocicado. Eu gostei, embora ache que o "abrasileirado" seja melhor, quando bem feitinho. Veio acompanhado de batatinhas fritas onduladas e arroz branco.

O strogogostosinho

Para a sobremesa, recebemos um pequeno cardápio, com descrição e foto das opções. Pena que umas duas ou três delas estavam indisponíveis, inclusive a charlotte, um doce "crássico" da minha família, que eu gostaria de comer em um restaurante. Pena. Mas cada um de nós tinha direito a uma sobremesa, então pedimos a taça russa (suspiro, creme gelado e framboesas) e o supremo de nozes com chocolate (sorvete de creme sob uma massa de nozes coberto com chocolate). Ambas deliciosas. Foi um refestelo só, mesmo estando ambos bem cheios. Se viessem mais duas, acho que comeríamos tranquilamente. Em se tratando de doces, isso é um elogio tanto, já que a "doçura" em excesso tende a enjoar. Mas os sabores eram bem equilibrados e delicados.

Hmmmm...esses foram memoráveis

Faltou dizer uma coisa interessante: o restaurante produz uma vodka artesanal, chamada Nazdaróvia, com receita russa, e disponibiliza doses à vontade durante a refeição. Como eu ainda tinha que dirigir de volta à Petrópolis, tomei só uma. Vem bem geladinha, e é uma delícia.

Se eu não fosse dirigir teria pedido pra deixarem a garrafa

Quanto ao serviço, podemos dizer que as garçonetes são bem esforçadas, embora não exalem simpatia natural, parecem um pouco tensas. Dá pra perceber a dificuldade com que elas recitam todos os nomes das 14 entradas frias, o que deveria acontecer com mais naturalidade. O senhor José Hisbello, que eu disse no começo ser uma espécie de "relações públicas", veio à nossa mesa durante os zakuskis, e ficou conversando por bons 10 minutos. Ou, melhor dizendo, "monologando", já que o homem fala bastante. Mas foi interessante e simpático, com seus suspensórios e seu jeito de avô bonzinho.

Tivemos um pouco de problemas em relação ao tempo de espera entre as etapas da refeição. Sabíamos que o banquete russo seria demorado, mas um casal que chegou cerca de vinte minutos depois de nós foi aos poucos nos alcançando, e chegou ao ponto de receber seus pratos principais antes da gente. Ficamos um pouco chateados com isso. Ainda bem que estávamos tomando nossa cerveja Theresópolis (R$ 12,00), bem ali pertinho de onde ela é feita, e estávamos tranquilos e de férias.

Não fui checar, mas talvez seja uma das primeiras vezes em que eu e Chris divergimos sobre a questão de voltar ou não ao restaurante. E tudo por causa do prato principal. Chris não gostou nadinha do dela, e isso certamente atrapalhou sua experiência, fazendo ela dizer que não voltaria ao restaurante. Eu achei o prato principal o elo mais fraco da refeição, mas não cheguei a desgostar, por isso disse que poderia voltar em outra oportunidade. Quem sabe consigo convencê-la a darmos mais uma chance ao banquete dos czares? Nem que pra isso eu tenha que dar uma de Ivã, O Terrível. E ela que não me venha bancar a Catarina, a Grande...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 7 e 7
Couvert(2): 9 e 10
Entrada(2): 8 e 8,5
Prato principal(3): 4 e 7
Sobremesa(2): 9 e 8
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 7 e 7,78
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Rua Tenente Luiz Meirelles, 1800 - Bom Retiro - Teresópolis - Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2742-2901/2643-3813
Site: http://www.donairene.com.br/index.html
Facebook:
Dona Irene