Mostrando postagens com marcador polenta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador polenta. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Osteria Limoncello (Vinhedo - SP) - 24/05/2024

 

    Fomos ao Osteria Limoncello em uma noite de sexta-feira razoavelmente fria para mim e muito fria para a Chris. No caminho até o restaurante, comentei "onde estão esses vinhedenses?". A cidade estava tranquila, com poucos carros nas ruas. Tínhamos passado o dia no Hopi Hari e estávamos bem cansados, por isso saímos um pouco mais tarde do que nosso normal. Ao chegarmos ao local, quase não conseguimos lugar, estava bem cheio. Então descobrimos: as pessoas já estavam instaladas em seus restaurantes/bares/lanchonetes. Nós é que estávamos meio atrasados.

"Opa, será que ainda dá pra gente rangar aí?"

    A Osteria fica em uma região bem tranquila, e a primeira coisa que gostamos foi da facilidade de parar o carro. Há um amplo estacionamento ao lado do restaurante, bem iluminado e sem burocracias como cancelas, portões, manobristas. É chegar e parar.

Chegar e parar, conforme foi escrito

    A fachada parece mais de uma residência, o que combina com o conceito de osteria, que originalmente eram restaurantes familiares na Itália (hoje o conceito mudou um pouco). Há uma mesinha do lado de fora, que seria nossa escolha óbvia, não fosse o razoável frio ("muito frio!", berra uma Chris imaginária no meu ouvido). Ao adentrar o salão principal o visitante se depara com um lindo fogão amarelo, com cara de vintage. As mesas disponíveis nesse primeiro salão estavam reservadas, por isso fomos para o segundo salão, mais nos fundos do restaurante. Ali a decoração não é tão caprichada, mas o lugar é assaz agradável. Como ele fica meio no alto, dá pra ver a cozinha em funcionamento lá embaixo, já que as paredes são todas de vidro. Outro ponto positivo é que a temperatura estava perfeita. 

"Muito frio!", berra a Chris de verdade

Lindo fogão amarelo com cara de vintage, não é?

"Assaz agradável", disse o escriba pernóstico

A cozinha está lá embaixo, nós aqui em cima

    As divisões do cardápio são bem italianas, como não poderia deixar de ser. Temos os antipasti e as entrati (pô, nem precisa traduzir, né?). Curiosamente, logo depois estão listados os dolci della tradizione, ou seja, as sobremesas, que normalmente ficam lá pro final do menu. Depois existem várias opções de pasta, risotti e gnocchi (massa, risoto e nhoque) e em seguida os piatti, que são considerados os pratos principais, que sempre trazem uma proteína animal (embora eu não entenda como é possível bater uma massa e depois ainda comer um outro prato). Finalizando ainda existem algumas "Sugestões da semana", que imagino serem pratos que não fazem parte do cardápio fixo.

    Como uma boa osteria, a carta de vinhos é bem fornida. Mas não estávamos com vontade de tomar vinho (tradução: estávamos pobres e não queríamos pagar os três dígitos que custavam cada vinho, no mínimo). Por sorte a casa oferecia uma boa gama de cervejas, algo não muito comum - geralmente é Heineken, Stella Artois e olhe lá. Eles tinham quase toda a linha da Cervejaria Leopoldina, com cervejas de diversos estilos. Tomamos uma Session IPA (R$ 28,00, 500ml) que combinou muito bem como nossos dois pratos - sugestão do sommelier esse mesmo aqui que vos escreve.

    De entrati escolhemos a bruschetta di carciofi (alcachofra, mostarda Dijon, rúcula no pão de azeite da casa, R$ 40). Apresentação farta, sem economizar no recheio. As folhas que vieram picadas não pareciam de rúcula, e sim de couve. De qualquer maneira, combinaram bem com o parmesão. O tempero estava mais neutro, o que não foi considerado um defeito, já que a alcachofra tem sabor delicado - e tinha alguns pedaços com um tostadinho agradável. O pão não estava tão crocante, mas também não estava molenga, o que facilitava na hora de cortar. Pena que nós dois encontramos alguns pedaços mais firmes da alcachofra, daqueles incomíveis mesmo, de ter que tirar da boca disfarçadamente pra não ficar feio.

De falta de recheio não dá pra reclamar

    Chris escolheu um prato da seção de massas, o ravioli de brie e camarões (massa fresca recheada de brie, servida na manteiga de sálvia, tâmara, castanha do Pará e camarões médios grelhados, R$ 103). Ela ficou com muita dúvida do que escolher, mas eu achei que esse prato era a cara dela, e dei uma forcinha para ela escolhê-lo. Mas eu não sabia que viria frio. Sim, essa foi a principal crítica da Chris: o prato estava frio. Mas a combinação de sabores era realmente interessante, com os pedacinhos de tâmara e a castanha entregando dulçor, contrastando com a picância e leve amargor do brie, com a manteiga de sálvia trazendo untuosidade. E camarão, né, que segunda a Chris "até gelado é bom". 

Se tivesse um microondas na mesa a Chris butava um minutinho

    Eu não resisti ao chamado da guancia veneziana (bochecha suína assada por seis horas em seu molho, servido com polenta bergamasca, R$ 99). Não entendi muito bem a apresentação, veio um prato com a guancia e molho e um outro prato com a polenta. Por que não servir empratado, meu Brasil? A guancia também veio morna-quase-fria, à semelhança do prato da Chris. O único elemento realmente quente era a polenta. Meu prato era o único que estava adjetivado no cardápio: "extremamento magra, macia e saborosa", dizia o texto, se referindo à guancia. De fato a carne estava "extremamente" desmanchando, de fato era "extremamente" magra, mas não sei se usaria o termo "extremamente" para me referir ao sabor, que era bom, sim, especialmente o molho, mas não extremamente bom. A polenta estava boa, com textura legal. Proporção errada, muita polenta pra pouco porco e pouco molho. 

Ajuda o pai, pô, emprata o trem

Fê fez o serviço, e ficou bonito, hein?

    Já que os pratos principais vieram frios, resolvemos pedir para a sobremesa o gelato de gorgonzola (sorvete de gorgonzola servido com figo Ramy da casa e nozes, R$ 42). A calda do figo Ramy se assemelha muito a melaço, e com o tempo pode se tornar um pouco enjoativa. Mas o fato é que eu pirei demais nos sabores inusitados da combinação do sorvete de gorgonzola, e a tradicional picância e salgado do queijo, com o figo e sua calda. As nozes tinham mais o propósito de trazer crocância às mordidas. Chris gostou menos que eu, e fui obrigado a comer boa parte da sobremesa sozinho. Tadinho de mim.

Quem vê mal sabe a loucura que é isso aí

    Quando fomos instalados nos fundos do restaurante já pensamos "xi, hoje vai ser daqueles dias em que o garçom dá umas sumidas". Mas que nada, não ficava nem um minuto sem aparecer alguém, e o serviço foi bem atencioso - até porque haviam outras mesas ocupadas junto com a gente. Só demoraram um pouco pra tirar nossos pratos da entrada. Não é daquele tipo de serviço muito "conversadeiro", mas os funcionários eram simpáticos na medida certa. Estranhamos um pouco a mesa sem toalha nem nada. Nossa mesa era de madeira e tava um pouquinho desgastada, quase uma mesa vintage - só que não.

    "O futuro importa, mas o presente deve ser saboreado". Essa bela frase está no site do Osteria Limoncello. Concordamos bastante com ela. E seria injusto dizer que não saboreamos boas coisas no restaurante. O que ocorreu, principalmente, foi frustração, porque nós adoramos o cardápio, e ficamos muito indecisos sobre o que pedir, justamente porque várias coisas nos chamaram a atenção. Mas algumas falhas em nossos pratos principais, somadas aos preços não muito convidativos, nos fizeram concluir que não voltaríamos ao Osteria Limoncello. O futuro importa e o presente deve ser saboreado na temperatura certa.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7,5
Serviço(2): 7 e 7
Entrada (2): 6 e 6
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 6 e 8
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 6,25 e 6,87
Voltaria?: Não e não

Serviço:

Av. Ana Lombardi Gasparini, 215 - Represa 1 - Vinhedo - São Paulo
Telefone:  (19) 4040-4514
Site: https://osterialimoncello.com/
Facebook: @osterialimoncello
Instagram: @osterialimoncello

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Di Paolo Grill (Bento Gonçalves - RS) - 28/04/2022

 
  

    Elas estão por todos os cantos na Serra Gaúcha. Talvez se equiparem em quantidade às casas de café colonial e às vinícolas. Estou me referindo às galeterias, restaurantes cuja especialidade é o galeto al primo canto (frango abatido jovem, com cerca de 30 dias de vida), que quase sempre vem servido com uma sequência de pratos italianos. É um clássico local, e para experimentarmos este clássico fomos a um dos restaurantes mais tradicionais, cuja matriz existe desde 1994, em Garibaldi (RS). Além da filial de Bento Gonçaves, que visitamos, existem outras, a maioria no Rio Grande do Sul, mas também em São Paulo e Santa Catarina.

Frio? Não, tá frio não, impressão sua...

    Na parte de baixo do restaurante, um pequeno empório, com produtos próprios e também de outras marcas. Subindo uma escada, algumas fotos antigas, sem muita contextualização - imaginamos que podem ser da família dos fundadores do restaurante, que chegaram ao Brasil em 1890. Ao final da escada, chega-se ao salão principal, bastante amplo e bem iluminado, onde chama a atenção a enorme adega, transparente, com diversas garrafas de vinho. Pé direito alto, lustres de palha, cadeiras confortáveis e algumas mesas redondas com sofá completam o belo ambiente.
 
Sem contextualizar, só nos resta imaginar
Chris aqui, adega acolá

    Estávamos ali para a sequência, e foi ela que escolhemos (R$ 98,00 por pessoa). A casa de Bento Gonçaves se chama Di Paolo Grill, e não Galeto Di Paolo, que é o mais comum nas outras casas da marca. Isso porque existe a opção de escolher uma sequência que traz, além do galeto, alguns outros grelhados, como picanha e cordeiro (esta custa R$ 139,00 por pessoa). Mas optamos pela tradicional, que já é bem suficiente para qualquer comilão: começa com a sopa de capeletti, pouco depois chega o radicci (almeirão) com bacon, mix de folhas e salada de batata com maionese. Depois vem o galeto, polenta na chapa, polenta frita e queijo a dorê. Em seguida, um rodízio de massas, em que o cliente pode brincar à vontade, escolhendo entre seis tipos de massas e dez tipos de molho. Para finalizar, sagu com creme e pudim de leite condensado. Convenhamos, quem precisa de picanha?

    Comecemos pelo começo. O cappelletti in brodo (ou seja, no caldo) vem em boa quantidade - embora tenhamos achado os cappellettis muito pequeninos. Também estavam pequeninos no sabor, sem muita potência, e não havia noz moscada para acompanhar, que vai muito bem com esse prato. A massa estava um pouco dura, e com gosto de farinha. Ressalte-se que minha família tem uma receita bem tradicional de cappelletti, então tanto eu quanto a Chris temos uma nota de corte alta para a receita. Não me culpe, DiPaolo, a culpa é das minhas tias, da minha mãe e dos meus avós antes delas. 

A culpa é das tias

    Quanto às saladas, o bacon que acompanha o radicci estava bem crocante. A salada de batata com maionese tinha sabor suave, pendendo mais para a batata do que para a maionese. E o que podemos dizer das folhas verdes é que estavam verdes e viçosas. Não há muito mais o que dizer de folhas verdes, né?
 
Veja como eram verdes as folhas verdes
 
    O galeto, a grande estrela da sequência, estava realmente muito bom, com casca crocante e interior macio, e bem saboroso. A polenta frita estava boa, a feita na chapa, nem tanto, um pouco sem graça. Os bolinhos de queijo estavam bem crocantes, mas não sei se combinam muito nesta sequência. Talvez como uma porção, pra comer tomando uma breja, eles caíssem melhor.

A grande estrela
As coadjuvantes

Os intrusos

    Na hora das massas, cada um de nós fez duas combinações, depois dividimos mais uma. As porções são pequenas, realmente dá para pedir mais de uma, mesmo para comilões moderados como nós.

    Chris começou com nhoque + molho de manteiga e sálvia. Ela não curtiu muito o sabor da gordura, achou que não parecia manteiga, e achou a massa um pouco farinhenta, mais uma vez. Depois ela escolheu o penne integral + molho nocciolli (requeijão, creme de leite, chester defumado, nozes e condimentos). Ela adorou o molho, conseguiu sentir todos os ingredientes, mas o penne estava um pouco duro, faltou um tiquinho a mais de cozimento.
 
Nhoque, manteiga (será?) e sálvia

O nocciolli, conhece?
 
    Eu comecei com espaguete + molho tradicional (molho de tomate com moela e condimentos). Gostei, molho muito saboroso, bastante gosto de tomate e levemente apimentado. Depois fui de nero bianco (espaguete com tinta de lula) + molho funghi (cogumelos secos). Sabor bem intenso, com bastante gosto de cogumelo.

Tradicionalzão

Diferentão

    Por fim, dividimos um talharim + molho pesto. O consenso foi de que não estava ruim, mas o molho estava muito líquido e gorduroso, e ficou quase todo no fundo do prato. Faltou ser mais pedaçudo.
 
Quidê o pesto que tava aqui? Foi pro fundo do prato
 
    Pedimos as duas opções disponíveis para sobremesa, para dividirmos. O sagu com creme é feito com vinho doce, e tem um gosto forte de quentão. Sobrou caldo, faltou sagu e faltou creme. O pudim de leite condensado já vem sabotado pela apresentação, em um pote fundo. Podia ter um pouco mais de açúcar para nosso gosto.
 
São João, São João, acende a fogueira no meu coração!

Podia por em outro pote o pudim

    O serviço é bem rápido. Acho que não passou nem cinco minutos entre dizermos "Queremos a sequência de galeto!" e o capeletti estar na mesa. O mesmo aconteceu no restante da refeição. A brigada de garçons é grande, e o tempo todo alguém vem perguntar se queremos reposição de algum item. Quando começamos a pedir o rodízio de massas, deu-se o mesmo: comida servida a jato, e, assim que terminávamos, já tinha alguém querendo saber se gostaríamos de outra massa. Tudo que eu disse pode ser encarado como elogio ao serviço. Mas não há muito tempo para pensar na vida. E às vezes é bom pensar na vida. Né?

    Comer à vontade por R$ 98,00 não é nada barato, embora não chegue a ser um absurdo. Se soubéssemos antes o que sabemos agora, talvez pulássemos o cappelletti, e partíssemos logo pro galeto e pro rodízio de massas, provando mais opções de combinações. Mas aí não teríamos a experiência completa da sequência tão tradicional da serra gaúcha. E viajar, no fim das contas, é acumular experiências diferentes. Sabedores disso, ambos concordamos que uma vez foi suficiente, e não repetiríamos a dose no Galeto Grill. Pelo menos temos o consolo de saber que, todo fim de ano, poderemos comer um cappelletti bom de verdade. Sem galeto. Não se pode ter tudo.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 8
Serviço(2): 7 e 7
Entrada (consideramos o capeletti e as saladas) (2): 5 e 6
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 4 e 4
Custo-benefício(1): 6 e 6,5
Média: 5,58 e 6,45
Voltaria?: Não e não

Serviço:

Rodovia BR-470/Km 217 – Bento Gonçaves - Rio Grande do Sul
Telefone: (54) 3453.1099|(54) 99975-2573
Site: https://dipaolo.com.br/
Facebook: @amodipaolo
Instagram: @amodipaolo

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Catalina (Santos - SP) - 24/08/2017



Era caso de ter perguntado pra algum funcionário. Agora estou aqui a começar a escrever o texto sobre o restaurante Catalina, sem saber porque ele tem esse nome. Descobri que é uma região do estado americano do Arizona. Também é o nome de um conjunto habitacional em Belém do Pará. E também pode ser nome de gente, como uma variação de Catarina. Como a chef e proprietária se chama Vera Corrêa de Castro, só se for homenagem pra alguém. Mas o fato importante para começar esse texto é que adoramos a fachada cheia de verde e as mesinhas dispostas na varanda. Localizado no gostoso bairro do Gonzaga, nada melhor do que ficar do lado de fora para ver a vida passando.


"Viver é afinar um instrumento/ De dentro pra fora...

...de fora pra dentro"

Antes mesmo de recebermos o cardápio já fomos mimados com duas taças de espumante - uma excelente maneira de dizer boa noite. Claro que nos instalamos nas mesas externas, mas fomos dar uma sapeada na parte de dentro, que embora pequena tem as mesas dispostas com boa distância entre elas. Paredes de tijolos à vista e na decoração algumas obras de arte amealhadas pela proprietária em suas viagens. Chama a atenção uma colombina em papel machê decorando uma das mesas internas, comprada de um artista em Ilhabela. A casa também conta com um salão no primeiro andar, com música ao vivo aos finais de semana. E as torneiras do banheiro são demais!

Mima qui nóis gama!

Parece uma casa, não é?

A torneira legal pacaceta

Há bastante tempo decidimos não pedir salada como entrada. Em geral elas são pouco inventivas e acabam não demonstrando nenhum predicado da cozinha do lugar. Nos sobraram, então, quatro opções de entrada: carpaccio de carne; tartar de salmão e abobrinhas; casquinha de abadejo;  polenta com shitake e gorgonzola ao gratin. Chris deixou a escolha nas minhas mãos e optei pela polenta (R$ 38), fã de gorgonzola que sou. Apresentação bonita, em um prato fundo, com o amarelo brilhante e os cogumelos queimadinhos contrastando. Gostamos do conjunto, mas sem a presença do queijo e do shitake a polenta estava sem sal. Já os cogumelos estavam deliciosos, dava pra sentir o gostinho de queimado da panela.

A polenta e seus amiguinhos

Para os pratos principais o cardápio se divide entre "Massas", "Cozinha do mar" e "Cozinha da terra". Havia também pratos extras, presos com um clip ao menu, com a alcunha de "Sugestão da chefa". Os pratos são individuais, e os preços variam dos 42 reais do mezza luna (massa recheada de gorgonzola e pera) até os 97 reais do carré Casablanca (carré de cordeiro com risoto de brie e damasco). As opções são fartas e variadas, abarcando boa parte da riqueza da cozinha mediterrânea.

Antes de nossos pratos principais recebemos mais um pequeno mimo da cozinha, uma salada de folhas verdes com um molhinho de mostarda. A mostarda do molho poderia ser mais sutil um bocadinho, mas gostamos do mimo.

"Mais mimo? Qui ceis tão querendo cum nóis, meu?"

Chris resolveu enfiar o pé na Itália (já que o país é uma bota...desculpe, foi inevitável!), e escolheu o risoto di zucca e gamberi (R$ 68). Se seu italiano não está em dia, este blog traduz pra você: risoto de abóbora e camarão. Não sabemos o que mais chamou a atenção de cara: a quantidade absurda de comida ou a beleza da apresentação. Acho que as duas coisas ao mesmo tempo. Uma boa quantidade de risoto, mais as duas metades de uma mini-moranga encimadas por mais risoto e mais camarão, apresentados sobre uma belíssima, e gigante, travessa azul. Aquela louça, estamos certos, não tinha uma etiqueta escrito "prato" quando foi comprada. A abóbora tinha um queimadinho gostoso por baixo, e uma textura agradável. Cada ingrediente, em separado, estava muito saboroso, e o conjunto harmonioso. Os camarões estavam no ponto certo, e o risoto cozinhou um pouco a mais. Mas o excesso acabou sendo um defeito, e Chris não conseguiu comer tudo. 

É pouco, qualquer coisa como as flores ali que são da mesma cor

Num dianta fazer charme que não vai dar conta

Eu escolhi o prato de que mais tinha tido referências em sites e blogs, enquanto pesquisava sobre o Catalina: o Cordeiro Imperial (cordeiro ao forno com grão de bico, feijão branco, ervilha torta e shitake, R$ 68 - a harmonia do casal é tanta que só agora percebi que escolhemos pratos com o mesmo preço). Quanto à apresentação e quantidade de comida, replique-se tudo que foi dito sobre o prato da Chris. Quanto às qualidades gastronômicas, o cordeiro estava macio, com a parte de fora trazendo um queimadinho delicioso (é o terceiro elogio que faço aos "queimadinhos", o que leva a crer que seja uma característica da chef). O molho tinha boa textura e sabor, e até poderia vir em mais quantidade. As ervilhas tortas estavam amargas, não me agradaram - embora tenham papel importante na apresentação. O grão de bico e o feijão eram saborizados pelo molho, e ajudavam a dar crocância ao prato. A junção de sabores me causou estranheza a princípio, mas depois me acostumei e me esbaldei. Até comi quase inteiro o gigantesco pedaço da perna do cordeiro.

Cordeirinho gordo esse!

"Vou fazer o possível"

Aí chegamos ao grande problema dos restaurantes brasileiros (como se conhecêssemos os de fora): as sobremesas. É quase sempre a mesma ladainha, sem inventividade alguma. Tentamos sempre escolher o que de mais diferente há, e no caso escolhemos o salaminho de chocolate à Catalina (com amêndoas e sorvete de creme, R$ 18). Acabo de ver a foto do cardápio, e notei que bobeamos em não reclamar do fato de que a descrição do prato trazia "calda de frutas vermelhas", mas o que recebemos foi cobertura de chocolate mesmo. Caldas à parte, a sobremesa não estava ruim, o salaminho é como se fosse um biscoito de chocolate recheado com amêndoas, e o sorvete de creme era um sorvete de creme, sabe? Então era bom, mas nada de mais.

"Cadê nossa calda de frutas vermelhas?"

O serviço talvez tenha sido o ponto alto da noite, juntamente com o ambiente - a começar pelo efusivo boa noite representado pelas duas tacinhas de espumante. Tentamos não nos deixar levar pelo afago, e manter a seriedade de nossa avaliação. Mas o fato é que o garçom que nos atendeu era simpático, prestativo e sabia aguardar nossas demoradas indefinições sem pressionar, mas também sem nos abandonar. Adoramos quando esse equilíbrio acontece. O tempo da cozinha para a entrega dos pratos também foi sempre perfeito, ajudado pelo fato de o restaurante estar bem tranquilo.

Ao fim da experiência, ambos concordamos que a mistura de bom atendimento, ambiente agradável e comida farta nos faria retornar ao Catalina. Provavelmente em uma segunda oportunidade nem pediríamos entrada, para dar conta de comer todo o prato principal. Também dispensaríamos a sobremesa. É isso: se aconchegar em uma mesinha na varanda, com um prato principal pra cada um. Se possível com uma garrafa inteira daquele espumante de cortesia...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7,5
Serviço(2): 9 e 8
Entrada(2): 6 e 6
Prato principal(3): 7,5 e 7
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 7 e 6,5
Média: 7,12 e 6,70
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua José Caballero, 36 - Gonzaga - Santos - São Paulo
Telefone: (13) 3284-3626
Site: http://www.restaurantecatalina.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/RestauranteCatalina/


sábado, 28 de maio de 2016

Babel (Visconde de Mauá - Distrito de Resende - RJ) - 30/04/2016

A gente sabe que a coisa mais importante em um restaurante é a comida, mas é difícil falar do Babel - nome que vem da mistura de etnias do casal de chefs - sem falar da estradinha de terra que leva até lá. Estivemos ali para um jantar, e em dado momento falei pra Chris, "não é possível que vai ter um restaurante por aqui". Mas tinha. A estrada realmente não é das melhores, e de noite é um breu só, mas dá para chegar de carro de passeio, embora alguns pedaços do trecho de 4 km tragam dificuldades a neófitos na arte de dirigir na terra. O restaurante fica em uma região chamada Vale do Pavão, e pertence ao distrito de Mauá, que por sua vez pertence ao município de Resende (RJ).

No meio da estrada escura tinha um restaurante

Diz-se que a vista da serra que se descortina do restaurante é muito bonita, mas infelizmente à noite não deu para perceber. Fica a dica a quem quiser visitar, para ir de dia. O salão tem formato quadrado, e as paredes são todas de vidro, justamente para que não se perca o visual que perdemos por ser de noite ( eu já disse isso?). A cozinha também tem uma janela de vidro, e dá para ver os cozinheiros trabalhando. Apesar de o salão ser pequeno, há uma boa distância entre as mesas. O que perdemos em visual ganhamos em clima, já que a lareira estava acesa, amenizando um pouco o friozinho da região. Pena que as cadeiras não eram muito confortáveis. É importante fazer reserva, já que o lugar é pequeno, e mais importante ainda é comparecer depois de feita a reserva. Na noite em que lá estivemos havia uma mesa reservada para quatro pessoas, e elas não compareceram, o que, convenhamos, é uma puta sacanagem.

A lareira, a Chris, a cozinha à direita

O caixotinho de vidro

Sempre é gostoso começar a noite gastronômica com um mimo, e isso deveria ser praxe em restaurantes de alta gastronomia. Aí, mesmo que paguemos caro no final, a gente pensa "poxa, mas teve aquela cortesia". Tá, não funciona se o resto da noite for um desastre. No Babel a gente recebeu uma colherzinha cada (meio parecida com a do programa The Taste), com queijo, tomate e manjericão. Delicado e bem gostoso.

O mimo ao estilo The Taste

Para as entradas o cardápio lista opções para comer sozinho e opções para compartilhar. Escolhemos uma para compartilhar, mais precisamente o queijo brie à milanesa com molho picante de goiabada  (R$ 42). Embora não constasse na descrição, também vieram fatias de pão frito. Não gostamos muito da apresentação, pareceu que uma criança tinha montado o prato tentando deixar bonitinho - sem sucesso. O brie e o pão frito estavam bons, mas o tal molho picante de goiabada não picou a gente. Se o cardápio descreve o molho como "picante" e o sujeito pede assim mesmo, porque ter medo de o deixar picante de fato? Acabou ficando sem graça.

Exagerei, ou é meio amontoadinho?

Para os pratos principais o cardápio lista nove opções, todas elas com nomes que remetem a cenários e paisagens da região, como "Alcantilado", "Agulhas Negras" e "Vale do Pavão". Não sabemos se é uma regra, mas na noite em que lá estivemos também havia um prato adicional, que não constava no cardápio. Nenhum prato custa menos de sessenta reais. Há também opção de menu-degustação, por R$ 185 por pessoa.

Chris escolheu o Santa Clara (filé de truta salmonada com arroz negro e pupunha ao molho de limão siciliano e crisp de alho poró, R$ 68). Apresentação trivial, com o crisp de alho poró por cima do filé, este por cima do arroz, e o molho por baixo de tudo. Chris achou o molho de limão muito forte, mas quando dava uma garfada sem ele a comida ficava muito seca. Ela também experimentou o arroz sozinho, e achou meio sem graça. O crisp de alho poró estava bom e deu crocância ao prato, mas foi insuficiente para convencer a Chris.

Uma sombra (de dúvida) sobre o prato

Minha escolha foi o Alcantilado (stinco de cordeiro ao mel e especiarias com polenta trufada e lascas de cebola assadas, R$ 80). Apresentação bem pobrezinha, achei que faltou uma corzinha, para dar uma embelezadinha. As cebolas assadas estavam na descrição do prato, mas achei que houve um problema de proporção, já que vieram poucas, e acabaram muito rapidamente. A polenta e o cordeiro  ficaram sem esta companhia tão agradável em boa parte da refeição. Nunca tinha comido stinco, que vem a ser a canela do cordeiro. A carne estava macia, soltando do osso, e tinha bom sabor, com o molho de mel não o deixando muito adocicado (Chris provou e não concordou com esta afirmação). A polenta também estava gostosa. Mas achei que, além de mais cor e mais cebola, também faltou um pouco de molho, a comida acabou ficando seca. Mas, como dito, os sabores eram bons.

Mais cor e mais cebola, por favor

Para a sobremesa escolhemos o Mix de Sobremesas da Chef Dani Keiko (tiramissu, mousse de maracujá, torta de chocolate e creme brulê, R$ 33). Depois de três pratos com apresentações fracas, gostamos muito dessa aqui, especialmente por conta dos recipientes usados para acomodar os doces. O tiramissu, por exemplo, veio em uma canequinha de café. Quanto aos sabores, eu gostei da torta, do mousse e do brulê, e achei o tiramissu meio sem graça. Chris gostou do brulê, mas não se afeiçoou muito das outras.

Bonitinho demais da conta

Acompanhamos a refeição com cerveja. Tomamos uma Therezópolis Gold (600ml, R$ 19,70) e uma long neck de uma pilsen local, chamada Serra Gelada (R$ 16,50). Ambas vieram geladinhas, e no caso da Therezópolis o copo utilizado tinha a marca da cervejaria.

O serviço foi correto. O salão bem pequeno facilita a vida dos dois garçons, um homem e uma mulher, que se mantiveram atentos. Os pratos chegaram rápido, e até podemos dizer que, no caso do prato principal, chegaram rápido demais. A gente mal havia acabado de degustar a entrada. A retirada das louças e talheres sujos passou pelo "teste do cigarro", que se consiste na equipe retirar os pratos enquanto a gente sai pra Chris fumar. Um detalhe curioso é que não foi oferecido café ao final da refeição, o que é praxe em qualquer restaurante. Por outro lado, o banheiro tinha um sabonete de café. Deve ser pra compensar. Outro detalhe importante é que o restaurante não aceita nenhum cartão para pagamento. O cliente pode pagar com dinheiro, cheque ou fazer uma transferência bancária posterior, cujos dados já são entregues junto com a conta ao final.

Tivemos uma noite agradável, mas que não nos encantou gastronomicamente. Como deu para perceber, os preços também não são o que se pode chamar de amigáveis. O cardápio tem opções interessantes, e muitas delas nos chamaram a atenção antes de fazermos nosso pedido, mas a degustação em si se mostrou um pouco decepcionante. Ambos achamos que poderia ser interessante visitar o restaurante de dia, com a vista da serra, mas nossa experiência noturna nos levou à conclusão de que não voltaríamos ao Babel. E a estrada cheia de buracos é a menos culpada por essa decisão.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 6 e 6,5
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 4 e 7,5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,25 e 6,91
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Estrada do Vale do Pavão, sem número - Distrito de Visconde de Mauá - Resende - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 99999-8121/99977-0152
Site: http://www.babelrestaurante.com/
Facebook: https://www.facebook.com/babelviscondedemaua/?fref=ts



sábado, 14 de fevereiro de 2015

Le Palmier (São José dos Campos - SP) - 12/02/2015

A Palmeira. Bonito nome para um restaurante. Em francês fica ainda mais bonito: Le Palmier. Talvez combinasse mais com um restaurante na praia, mas este aqui fica no epicentro da Vila Ema, bairro central de São José dos Campos, mais precisamente dentro do Boulevard Vila Ema, um shopping que se autointitula o "mais chique de São José dos Campos" em sua página oficial. E de fato é chique: chegamos ao estacionamento e fomos recepcionados pelo serviço de vallet. Sempre bom não ter que manobrar o carro.


Entradinha do restaurante, na saída do elevador

Pegamos o elevador e nos dirigimos ao mezanino, como eles chamam o andar mais alto do prédio, onde fica o restaurante. Ambiente sofisticado, com mesas quadradas, cadeiras estofadas, piso de madeira, grandes janelas de vidro. Todo mundo muito chique, de garços a clientes. A Chris também. Eu, de bermuda jeans e camiseta de Roraima. Mas ao menos estava de tênis, pra não me sentir mal. O ambiente principal tem formato de "U", com a cozinha ficando no meio. Achei interessante. Bastante espaçoso também. Já estávamos preocupados com a pitadinha no cigarro da Chris, com medo de termos que descer o elevador pra ela poder fumar. Mas há uma varanda com acesso fácil, e com uma vista bacana para o bairro.

Chris e uma geral do ambiente

A vista bonita da varanda

Começamos os trabalhos com uma Heineken long neck (R$ 8,50), pra poder pensar melhor. Veio bem gelada. Dispensamos o "Couvert do chef", que pela descrição do garçom nos pareceu uma mixórdia louca. O cardápio é bem enxuto, o que me agrada. Para entradas, apenas 7 opções, mas bem variadas entre si. Ficamos com o origami de queijo de cabra com castanhas do pará e melaço de cana (R$ 36,00). Apresentação muito legal: uma cestinha feita com massa japonesa de arroz, e dentro dela as bolinhas de queijo de cabra, as castanhas quebradas e um pouco de melaço por cima. Ah, e sentimos um pouco de pimenta também. Pimenta esta que aparecerá mais à frente neste relato, e não de forma muito feliz. Mas nós adoramos a entrada. Não sabíamos direito como comer, mas a Chris com sua praticidade pegou com a mão e "nhac". Fiz o mesmo. Acho que é o melhor jeito, de fato. Talvez o único. Sabor bem delicado, e o toque do melaço caiu muito bem. Pena que vieram cinco. Sacanagem. Cinco não é número divisível, né? Quer dizer, só vai dar certo se tiver cinco pessoas à mesa. Dois casais e uma vela. Sei lá. Porra, põe número par, caceta! Nem vou dizer quem comeu uma a mais...


O bonitinho origami

Embora o nome do restaurante seja em francês, as opções de pratos principais são bem variadas. As divisões no cardápio são: massas; risotos; peixes e carnes. Entre os típicos franceses, há os onipresentes confit de canard e carré de cordeiro. Pequenas incongruências, ou deslizes: em risotos havia uma opção "arroz com açafrão e frutos do mar", o que me parece a descrição de uma paella, que não é bem um risoto. E nos "peixes" há muitos pratos sem a presença de nenhum peixe, já que polvos, lulas e camarões, na última vez em que chequei, eram crustáceos e moluscos. Custava colocar "frutos do mar"? Mas nada disso importa muito, porque eu e Chris partimos mesmo é pras carnes!

Este é o oitavo texto de restaurantes no blog, e acho que a terceira vez que a Chris pede filé mignon. Vai gostar de um sanguinho assim lá na Transilvânia. Desta vez ela pediu um medalhão de filé ao molho poivre acompanhado de risoto de favas (R$ 72,00). Quando eu disse a ela "mas medalhão de novo, meu anjo?", ela respondeu "é por causa do risoto de favas". Sei, sei. Apresentação bem simples, sem muita imaginação. Como de praxe, ela pediu mal-passado. E como não é de praxe, acertaram! Veio mesmo beeem vermelhinho, do jeito que tem que ser. E o risoto também estava bem interessante. Com tudo isso, Chris começou a refeição felicíssima. Sua alegria começou a se transformar em pimenta, com o passar do tempo. Os grãos de pimenta estavam inteiros, e eram muitos. Dominaram e contaminaram todo o prato, segundo seu relato. De fato acho que era muito pimenta pra um só ser ingerir. Tirem a prova aí abaixo. Por conta disso, a partir de um certo ponto ela deixou de sentir o gosto das outras coisas.

Chris ainda feliz com seu prato

As pimentas que ela julgou exageradas. Isso porque várias já tinham sido ingeridas!

Eu apostei em um ossobuco de vitela com polenta de sêmola de trigo ao molho de vinho do porto (R$ 68,00). Fiz ossobuco duas vezes em casa, e achei muito bom. Mas nunca havia comido em um restaurante, feito por um chef profissional. Quando os pratos chegaram, eu e Chris demos uma garfada no prato um do outro, como de costume. Primeiro comentário dela: "o ossobuco que você fez em casa é melhor". Um doce, né? Não posso concordar totalmente com ela, por pura modéstia. Mas notei alguns problemas. Em primeiro lugar alguns pedaços da carne não estavam muito macios. Ossobuco tem que cozinhar bastante, porque a carne é bem dura. Em um restaurante, como não há muito tempo pra isso, talvez ele esteja pré-cozido, ou talvez seja feito na panela de pressão. De qualquer dos modos, faltou um pouco de tempo de cozimento. E o tutano? Judiação. Pra quem não sabe, é uma substância, bem gordurosa, que fica no meio dos ossos. É uma das coisas mais saborosas que já pus na boca. Mas não encontrei a tal em nenhum dos meus dois pedaços de carne. Talvez tenham se esvaído no cozimento, mas o chef poderia ter o cuidado de deixá-lo ali. Uma pena. A apresentação também era simples, com a polenta por baixo, os ossobucos com o molho por cima, junto com um pouco de alho-poró frito. Apesar das reticências, o molho estava bem saboroso, o que ajudou a salvá-lo.

Fê e seu prato bem servido

Antes de falar da sobremesa, vale dizer que os pratos vieram bem fartos. Tanto que eu e Chris acabamos não conseguindo comer tudo. Dá muito bem pra ficar satisfeito comendo só o prato principal, sem entrada nem sobremesa. Faltou dizer que acompanhamos tudo com um vinho Alamos Malbec 2013 (R$ 66,00), que harmonizou bem com ambas as refeições. Vale dizer que o preço é bem honesto, porque acabo de vê-lo na internet por R$ 50,00.  

Na hora de adoçar a boca depois da refeição, apenas seis opções, o que me parece perfeito. Mas não teve nem conversa: Chris arbitrariamente decidiu pelo crème anglaise com whisky e farofa de macadâmia (R$ 26,00). Tudo por causa da macadâmia, que ela adora. Apresentação bonita, com o belo toque da physalis, uma frutinha que eu nunca tinha visto na vida, que veio acompanhada de sua flor. Parecia só um enfeite, mas quando eu peguei a flor, descobri a frutinha grudada nela. Redondinha, amarelinha, do tamanho de uma uva, e com sabor azedinho, que lembra acerola. Quando ao crème anglaise, achamos que era apenas um sorvete de creme com nome afrescalhado. A farofinha de macadâmia combinou muito bem, e o whisky estava bem sutil.


Chris e a sobremesa, com a florzinha de physalis

O serviço teve uma nota bastante interessante. Ele foi melhor quando o restaurante encheu. Explica-se: com o lugar vazio, o homem não saía do nosso lado. Tínhamos que conversar baixinho, se não quiséssemos que ele ouvisse tudo. Como bem pontuou a Chris, o serviço tem que ser atencioso a ponto de ver quando o cliente quer algo, mas não a ponto de ser notado o tempo todo. Mas o garçom que nos atendeu foi solícito quando eu perguntei de que era feita a cestinha que acompanhava a entrada, e com o restaurante cheio se manteve atento, com apenas alguns momentos de demora, como na hora de servir o vinho.

Quanto ao custo-benefício da casa, concordamos que deixou um pouco a desejar. Trata-se de uma refeição cara, mesmo se desconsiderarmos o vinho, que sempre encarece o preço final. E não oferece prazeres que façam valer o que cobra. Ao menos para nós não foi assim. Para comparação, podemos lembrar que na Casa do Azeite eu comi um filé au poivre por R$ 39,90, que não fazia feio frente ao que a Chris comeu aqui, e custou 33 pilas a menos. De qualquer forma trata-se de um lugar bonito, tranquilo, bom para um jantar romântico. Eu e Chris já tivemos o nosso. E aquele serviço de vallet que me economizou uma manobra custou R$ 5,00 bem cobradinhos no final das contas...



AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 8 e 8
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 6 e 6
Média: 6,75 e 7,16
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida Heitor Villa Lobos, 821 - Vila Ema - São José dos Campos - SP (mezanino do Shopping Boulevard Vila Ema)
Telefone: (12) 3911-2778 (reservas) - 3923-6805 (eventos)
Site: http://www.lepalmier.com.br/pt 
Facebook: Le Palmier