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sábado, 21 de março de 2020

Fim da Trilha (Ilha do Mel, Paranaguá - PR) - 02/03/2020


Era nosso primeiro dia de caminhadas pelas trilhas da Ilha do Mel, e de repente nos deparamos com uma entrada bonita. Era o Fim da Trilha, uma pousada e restaurante sobre o qual eu tinha ouvido falar, e no qual queria fazer uma refeição. Ainda era dia, não estávamos com fome, entramos pra dar uma olhada no cardápio e ver se abriria naquela segundona. Fomos muito bem recepcionados, e avisados de que, sim, o restaurante abriria naquela noite. Pra completar o Marcelo (que não sabemos se é dono ou funcionário) nos levou até uma foto gigante da ilha para fazer umas fotos da gente na frente dela, como se estivéssemos pairando sobre a paisagem. O resultado é bem legal, dá um bizu aí:

Poderosos

Evidente que, com tudo isso, voltamos à noite para uma refeição. O restaurante não tava muito cheio. Tinha, deixa eu lembrar...acho que éramos nós dois e quem mais mesmo? Ah, sim, os funcionários. Era isso. Em uma noite chuvosa de segunda-feira (aliás, a essa altura já estávamos enferrujados no Paraná), fizemos a refeição romanticamente sozinhos. Ambiente agradável, todo envidraçado, uma inteligente decisão que permite que a paisagem ao redor faça parte da decoração - não é à beira-mar, mas é à beira-mato. As cadeiras não são muito confortáveis. Até combinam com o clima de praia, mas pelos preços cobrados, não exorbitantes mas acima da média da ilha, deveria haver um cadinho mais de conforto. Só há um banheiro, unissex. 

A mesinha ali atrás provavelmente seria a escolha, chuva não houvesse

Esse cidadão chato reclamou de conforto, o esnobe

Estamos em uma ilha, então por óbvio boa parte do cardápio é focada em frutos do mar. Para começar, escolhemos o siri gratinado (R$ 30). É complicado trabalhar com siri, porque o sabor dele é muito delicado, então não dá pra forçar no tempero. Há que se ter um equilíbrio, que infelizmente o Fim da Trilha não alcançou. Quando voltamos pra casa e tentamos nos lembrar do gosto, só nos veio a palavra "água" à mente. Por sorte havia um limãozinho (só um quarto!), que cai muitíssimo bem com siri. Quanto às casquinhas, não tem jeito, siri sempre vem com elas, faz parte do pacote.

Faltam três quartos de limão pra formar um limão, né?

São seis divisões no menu, para os pratos principais: paellas, moquecas, camarões, peixes, mignons e "risoto e massas", que estão juntos. Chris, como quase não gosta de risoto, e menos ainda de camarão, pediu risoto de camarão (R$ 70). Era mentira que ela não gostava, só pra constar. Então, ela pediu, e veio, mas não veio legal. O arroz tinha passado do ponto, havia galhos de tomilho (ou outra erva natural que não pode te prejudicar, mas às vezes prejudica) aos montes, faltou um pouco de tempero e poderiam ter vindo mais alguns camarõezinhos. Uau, com tudo isso acabo achando que a nota final dela foi bem condescendente. 

Mas quanta condescendência, menina!

De minha parte fui de paella valenciana (R$ 65). Chegou bonita, brilhante, colorida, e com um camarãozão por cima - o que, convenhamos, seria capaz de embelezar qualquer coisa. A paella valenciana traz, além dos frutos do mar, carne de porco e de frango. Servida na panelinha, bonitinha. Com os frutos do mar tava tudo ok, maravilha. Já o porco e o frango ou vieram secos ou vieram com pedaços de cartilagem incomíveis. Sim, vá lá, originalmente a paella era um prato de camponeses, e se colocava no arroz o que se tinha à mão. Mas isso não deve significar que no meu prato no ano da graça de 2020 devem vir pedaços incomíveis de carne. De resto, estava úmida e bem temperada, embora eu aceitasse uma porradinha a mais de picância.

Achei os outros três quartos do limão!

Desconsiderando "sorvete com calda" como sobremesa, são apenas duas opções: brownie e flambê (bananas salteadas na manteiga, canela e açúcar, flambadas na cachaça, servida com sorvete, R$ 25). Escolhemos essa última. No que tem de óbvio e pouco imaginativo, a nota seria zero. Mas como sorvete e banana são duas coisas que combinam muito bem, e como a cachaça estava bem inserida, sem aparecer demais, mas anunciando sua presença, não fomos tão cruéis. Mas é impressionante a incapacidade dos restaurantes - e aqui não é privilégio do Fim da Trilha - de pensarem em sobremesas um pouco mais criativas. 

Não tem erro, mas também não tem muito acerto

Conforme já dito, estávamos só nós dois no restaurante, o que facilitou o serviço. De maneira geral fomos bem atendidos, mas poderia nos ter sido informado que havia uma opção fora do cardápio, que só depois vimos escrita em uma lousa. E olha que haveria a chance de a Chris pedir o prato, já que unia risoto e peixe grelhado. Os tempos de espera para a entrada e sobremesa foram curtos, só demorando um pouco mais na entrega do principal - mas uma demora já prevista no menu, portanto não dá pra reclamar.

Acho que meu texto transparece a decepção que tivemos com o restaurante. Animados com nossa recepção durante a tarde, criamos uma expectativa que a cozinha não foi capaz de corresponder. Pratos com problemas no tempero (o que, vá lá, é gosto pessoal) e ponto (aí não tem muito o que dizer), além de uma falta de criatividade aliada a preços não tão amigáveis nos fizeram concordar que não faríamos uma nova visita ao Fim da Trilha - e parece que o próprio nome do restaurante já estava querendo nos avisar disso. 

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 7 e 6,5
Entrada (2): 6 e 5,5
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 5,5 e 5
Média: 6,12 e 6,20
Voltaria?: Não e não

Serviço:

Trilha da Gruta (Vila de Encantadas) – Ilha do Mel - Paranaguá - Paraná
Telefone: (41) - 3426-9017/3426-9106
Site: https://fimdatrilha.com.br/
Facebook: https://pt-br.facebook.com/pousadafimdatrilha/
Instagram: @fimdatrilha

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Catalina (Santos - SP) - 24/08/2017



Era caso de ter perguntado pra algum funcionário. Agora estou aqui a começar a escrever o texto sobre o restaurante Catalina, sem saber porque ele tem esse nome. Descobri que é uma região do estado americano do Arizona. Também é o nome de um conjunto habitacional em Belém do Pará. E também pode ser nome de gente, como uma variação de Catarina. Como a chef e proprietária se chama Vera Corrêa de Castro, só se for homenagem pra alguém. Mas o fato importante para começar esse texto é que adoramos a fachada cheia de verde e as mesinhas dispostas na varanda. Localizado no gostoso bairro do Gonzaga, nada melhor do que ficar do lado de fora para ver a vida passando.


"Viver é afinar um instrumento/ De dentro pra fora...

...de fora pra dentro"

Antes mesmo de recebermos o cardápio já fomos mimados com duas taças de espumante - uma excelente maneira de dizer boa noite. Claro que nos instalamos nas mesas externas, mas fomos dar uma sapeada na parte de dentro, que embora pequena tem as mesas dispostas com boa distância entre elas. Paredes de tijolos à vista e na decoração algumas obras de arte amealhadas pela proprietária em suas viagens. Chama a atenção uma colombina em papel machê decorando uma das mesas internas, comprada de um artista em Ilhabela. A casa também conta com um salão no primeiro andar, com música ao vivo aos finais de semana. E as torneiras do banheiro são demais!

Mima qui nóis gama!

Parece uma casa, não é?

A torneira legal pacaceta

Há bastante tempo decidimos não pedir salada como entrada. Em geral elas são pouco inventivas e acabam não demonstrando nenhum predicado da cozinha do lugar. Nos sobraram, então, quatro opções de entrada: carpaccio de carne; tartar de salmão e abobrinhas; casquinha de abadejo;  polenta com shitake e gorgonzola ao gratin. Chris deixou a escolha nas minhas mãos e optei pela polenta (R$ 38), fã de gorgonzola que sou. Apresentação bonita, em um prato fundo, com o amarelo brilhante e os cogumelos queimadinhos contrastando. Gostamos do conjunto, mas sem a presença do queijo e do shitake a polenta estava sem sal. Já os cogumelos estavam deliciosos, dava pra sentir o gostinho de queimado da panela.

A polenta e seus amiguinhos

Para os pratos principais o cardápio se divide entre "Massas", "Cozinha do mar" e "Cozinha da terra". Havia também pratos extras, presos com um clip ao menu, com a alcunha de "Sugestão da chefa". Os pratos são individuais, e os preços variam dos 42 reais do mezza luna (massa recheada de gorgonzola e pera) até os 97 reais do carré Casablanca (carré de cordeiro com risoto de brie e damasco). As opções são fartas e variadas, abarcando boa parte da riqueza da cozinha mediterrânea.

Antes de nossos pratos principais recebemos mais um pequeno mimo da cozinha, uma salada de folhas verdes com um molhinho de mostarda. A mostarda do molho poderia ser mais sutil um bocadinho, mas gostamos do mimo.

"Mais mimo? Qui ceis tão querendo cum nóis, meu?"

Chris resolveu enfiar o pé na Itália (já que o país é uma bota...desculpe, foi inevitável!), e escolheu o risoto di zucca e gamberi (R$ 68). Se seu italiano não está em dia, este blog traduz pra você: risoto de abóbora e camarão. Não sabemos o que mais chamou a atenção de cara: a quantidade absurda de comida ou a beleza da apresentação. Acho que as duas coisas ao mesmo tempo. Uma boa quantidade de risoto, mais as duas metades de uma mini-moranga encimadas por mais risoto e mais camarão, apresentados sobre uma belíssima, e gigante, travessa azul. Aquela louça, estamos certos, não tinha uma etiqueta escrito "prato" quando foi comprada. A abóbora tinha um queimadinho gostoso por baixo, e uma textura agradável. Cada ingrediente, em separado, estava muito saboroso, e o conjunto harmonioso. Os camarões estavam no ponto certo, e o risoto cozinhou um pouco a mais. Mas o excesso acabou sendo um defeito, e Chris não conseguiu comer tudo. 

É pouco, qualquer coisa como as flores ali que são da mesma cor

Num dianta fazer charme que não vai dar conta

Eu escolhi o prato de que mais tinha tido referências em sites e blogs, enquanto pesquisava sobre o Catalina: o Cordeiro Imperial (cordeiro ao forno com grão de bico, feijão branco, ervilha torta e shitake, R$ 68 - a harmonia do casal é tanta que só agora percebi que escolhemos pratos com o mesmo preço). Quanto à apresentação e quantidade de comida, replique-se tudo que foi dito sobre o prato da Chris. Quanto às qualidades gastronômicas, o cordeiro estava macio, com a parte de fora trazendo um queimadinho delicioso (é o terceiro elogio que faço aos "queimadinhos", o que leva a crer que seja uma característica da chef). O molho tinha boa textura e sabor, e até poderia vir em mais quantidade. As ervilhas tortas estavam amargas, não me agradaram - embora tenham papel importante na apresentação. O grão de bico e o feijão eram saborizados pelo molho, e ajudavam a dar crocância ao prato. A junção de sabores me causou estranheza a princípio, mas depois me acostumei e me esbaldei. Até comi quase inteiro o gigantesco pedaço da perna do cordeiro.

Cordeirinho gordo esse!

"Vou fazer o possível"

Aí chegamos ao grande problema dos restaurantes brasileiros (como se conhecêssemos os de fora): as sobremesas. É quase sempre a mesma ladainha, sem inventividade alguma. Tentamos sempre escolher o que de mais diferente há, e no caso escolhemos o salaminho de chocolate à Catalina (com amêndoas e sorvete de creme, R$ 18). Acabo de ver a foto do cardápio, e notei que bobeamos em não reclamar do fato de que a descrição do prato trazia "calda de frutas vermelhas", mas o que recebemos foi cobertura de chocolate mesmo. Caldas à parte, a sobremesa não estava ruim, o salaminho é como se fosse um biscoito de chocolate recheado com amêndoas, e o sorvete de creme era um sorvete de creme, sabe? Então era bom, mas nada de mais.

"Cadê nossa calda de frutas vermelhas?"

O serviço talvez tenha sido o ponto alto da noite, juntamente com o ambiente - a começar pelo efusivo boa noite representado pelas duas tacinhas de espumante. Tentamos não nos deixar levar pelo afago, e manter a seriedade de nossa avaliação. Mas o fato é que o garçom que nos atendeu era simpático, prestativo e sabia aguardar nossas demoradas indefinições sem pressionar, mas também sem nos abandonar. Adoramos quando esse equilíbrio acontece. O tempo da cozinha para a entrega dos pratos também foi sempre perfeito, ajudado pelo fato de o restaurante estar bem tranquilo.

Ao fim da experiência, ambos concordamos que a mistura de bom atendimento, ambiente agradável e comida farta nos faria retornar ao Catalina. Provavelmente em uma segunda oportunidade nem pediríamos entrada, para dar conta de comer todo o prato principal. Também dispensaríamos a sobremesa. É isso: se aconchegar em uma mesinha na varanda, com um prato principal pra cada um. Se possível com uma garrafa inteira daquele espumante de cortesia...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7,5
Serviço(2): 9 e 8
Entrada(2): 6 e 6
Prato principal(3): 7,5 e 7
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 7 e 6,5
Média: 7,12 e 6,70
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua José Caballero, 36 - Gonzaga - Santos - São Paulo
Telefone: (13) 3284-3626
Site: http://www.restaurantecatalina.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/RestauranteCatalina/