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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Osteria Limoncello (Vinhedo - SP) - 24/05/2024

 

    Fomos ao Osteria Limoncello em uma noite de sexta-feira razoavelmente fria para mim e muito fria para a Chris. No caminho até o restaurante, comentei "onde estão esses vinhedenses?". A cidade estava tranquila, com poucos carros nas ruas. Tínhamos passado o dia no Hopi Hari e estávamos bem cansados, por isso saímos um pouco mais tarde do que nosso normal. Ao chegarmos ao local, quase não conseguimos lugar, estava bem cheio. Então descobrimos: as pessoas já estavam instaladas em seus restaurantes/bares/lanchonetes. Nós é que estávamos meio atrasados.

"Opa, será que ainda dá pra gente rangar aí?"

    A Osteria fica em uma região bem tranquila, e a primeira coisa que gostamos foi da facilidade de parar o carro. Há um amplo estacionamento ao lado do restaurante, bem iluminado e sem burocracias como cancelas, portões, manobristas. É chegar e parar.

Chegar e parar, conforme foi escrito

    A fachada parece mais de uma residência, o que combina com o conceito de osteria, que originalmente eram restaurantes familiares na Itália (hoje o conceito mudou um pouco). Há uma mesinha do lado de fora, que seria nossa escolha óbvia, não fosse o razoável frio ("muito frio!", berra uma Chris imaginária no meu ouvido). Ao adentrar o salão principal o visitante se depara com um lindo fogão amarelo, com cara de vintage. As mesas disponíveis nesse primeiro salão estavam reservadas, por isso fomos para o segundo salão, mais nos fundos do restaurante. Ali a decoração não é tão caprichada, mas o lugar é assaz agradável. Como ele fica meio no alto, dá pra ver a cozinha em funcionamento lá embaixo, já que as paredes são todas de vidro. Outro ponto positivo é que a temperatura estava perfeita. 

"Muito frio!", berra a Chris de verdade

Lindo fogão amarelo com cara de vintage, não é?

"Assaz agradável", disse o escriba pernóstico

A cozinha está lá embaixo, nós aqui em cima

    As divisões do cardápio são bem italianas, como não poderia deixar de ser. Temos os antipasti e as entrati (pô, nem precisa traduzir, né?). Curiosamente, logo depois estão listados os dolci della tradizione, ou seja, as sobremesas, que normalmente ficam lá pro final do menu. Depois existem várias opções de pasta, risotti e gnocchi (massa, risoto e nhoque) e em seguida os piatti, que são considerados os pratos principais, que sempre trazem uma proteína animal (embora eu não entenda como é possível bater uma massa e depois ainda comer um outro prato). Finalizando ainda existem algumas "Sugestões da semana", que imagino serem pratos que não fazem parte do cardápio fixo.

    Como uma boa osteria, a carta de vinhos é bem fornida. Mas não estávamos com vontade de tomar vinho (tradução: estávamos pobres e não queríamos pagar os três dígitos que custavam cada vinho, no mínimo). Por sorte a casa oferecia uma boa gama de cervejas, algo não muito comum - geralmente é Heineken, Stella Artois e olhe lá. Eles tinham quase toda a linha da Cervejaria Leopoldina, com cervejas de diversos estilos. Tomamos uma Session IPA (R$ 28,00, 500ml) que combinou muito bem como nossos dois pratos - sugestão do sommelier esse mesmo aqui que vos escreve.

    De entrati escolhemos a bruschetta di carciofi (alcachofra, mostarda Dijon, rúcula no pão de azeite da casa, R$ 40). Apresentação farta, sem economizar no recheio. As folhas que vieram picadas não pareciam de rúcula, e sim de couve. De qualquer maneira, combinaram bem com o parmesão. O tempero estava mais neutro, o que não foi considerado um defeito, já que a alcachofra tem sabor delicado - e tinha alguns pedaços com um tostadinho agradável. O pão não estava tão crocante, mas também não estava molenga, o que facilitava na hora de cortar. Pena que nós dois encontramos alguns pedaços mais firmes da alcachofra, daqueles incomíveis mesmo, de ter que tirar da boca disfarçadamente pra não ficar feio.

De falta de recheio não dá pra reclamar

    Chris escolheu um prato da seção de massas, o ravioli de brie e camarões (massa fresca recheada de brie, servida na manteiga de sálvia, tâmara, castanha do Pará e camarões médios grelhados, R$ 103). Ela ficou com muita dúvida do que escolher, mas eu achei que esse prato era a cara dela, e dei uma forcinha para ela escolhê-lo. Mas eu não sabia que viria frio. Sim, essa foi a principal crítica da Chris: o prato estava frio. Mas a combinação de sabores era realmente interessante, com os pedacinhos de tâmara e a castanha entregando dulçor, contrastando com a picância e leve amargor do brie, com a manteiga de sálvia trazendo untuosidade. E camarão, né, que segunda a Chris "até gelado é bom". 

Se tivesse um microondas na mesa a Chris butava um minutinho

    Eu não resisti ao chamado da guancia veneziana (bochecha suína assada por seis horas em seu molho, servido com polenta bergamasca, R$ 99). Não entendi muito bem a apresentação, veio um prato com a guancia e molho e um outro prato com a polenta. Por que não servir empratado, meu Brasil? A guancia também veio morna-quase-fria, à semelhança do prato da Chris. O único elemento realmente quente era a polenta. Meu prato era o único que estava adjetivado no cardápio: "extremamento magra, macia e saborosa", dizia o texto, se referindo à guancia. De fato a carne estava "extremamente" desmanchando, de fato era "extremamente" magra, mas não sei se usaria o termo "extremamente" para me referir ao sabor, que era bom, sim, especialmente o molho, mas não extremamente bom. A polenta estava boa, com textura legal. Proporção errada, muita polenta pra pouco porco e pouco molho. 

Ajuda o pai, pô, emprata o trem

Fê fez o serviço, e ficou bonito, hein?

    Já que os pratos principais vieram frios, resolvemos pedir para a sobremesa o gelato de gorgonzola (sorvete de gorgonzola servido com figo Ramy da casa e nozes, R$ 42). A calda do figo Ramy se assemelha muito a melaço, e com o tempo pode se tornar um pouco enjoativa. Mas o fato é que eu pirei demais nos sabores inusitados da combinação do sorvete de gorgonzola, e a tradicional picância e salgado do queijo, com o figo e sua calda. As nozes tinham mais o propósito de trazer crocância às mordidas. Chris gostou menos que eu, e fui obrigado a comer boa parte da sobremesa sozinho. Tadinho de mim.

Quem vê mal sabe a loucura que é isso aí

    Quando fomos instalados nos fundos do restaurante já pensamos "xi, hoje vai ser daqueles dias em que o garçom dá umas sumidas". Mas que nada, não ficava nem um minuto sem aparecer alguém, e o serviço foi bem atencioso - até porque haviam outras mesas ocupadas junto com a gente. Só demoraram um pouco pra tirar nossos pratos da entrada. Não é daquele tipo de serviço muito "conversadeiro", mas os funcionários eram simpáticos na medida certa. Estranhamos um pouco a mesa sem toalha nem nada. Nossa mesa era de madeira e tava um pouquinho desgastada, quase uma mesa vintage - só que não.

    "O futuro importa, mas o presente deve ser saboreado". Essa bela frase está no site do Osteria Limoncello. Concordamos bastante com ela. E seria injusto dizer que não saboreamos boas coisas no restaurante. O que ocorreu, principalmente, foi frustração, porque nós adoramos o cardápio, e ficamos muito indecisos sobre o que pedir, justamente porque várias coisas nos chamaram a atenção. Mas algumas falhas em nossos pratos principais, somadas aos preços não muito convidativos, nos fizeram concluir que não voltaríamos ao Osteria Limoncello. O futuro importa e o presente deve ser saboreado na temperatura certa.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7,5
Serviço(2): 7 e 7
Entrada (2): 6 e 6
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 6 e 8
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 6,25 e 6,87
Voltaria?: Não e não

Serviço:

Av. Ana Lombardi Gasparini, 215 - Represa 1 - Vinhedo - São Paulo
Telefone:  (19) 4040-4514
Site: https://osterialimoncello.com/
Facebook: @osterialimoncello
Instagram: @osterialimoncello

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Cantina da Nena (São José dos Campos - SP) - 31/05/2016

O que falar de um restaurante que é mais velho do que eu? A Cantina da Nena foi fundada em março de 1980, e eu fui fundado no mesmo ano, mas em setembro. No mercado dos restaurantes, chegar a esta marca é para pouquíssimos (no mercado dos homens não é tão raro). Não há joseense que não conheça a cantina, que é sinônimo de tradição em comida italiana na cidade - e tem uma filial em cada um dos três shoppings centers locais. Todos reconhecem de imediato sua logomarca, com a Gioconda em sua pose tradicional, mas com uma tacinha de vinho nas mãos. O termo cantina está ligado a estabelecimentos rústicos na Itália, que inicialmente serviam militares e marinheiros. Claro que hoje o uso da palavra mudou, e qualquer escola, por exemplo, tem sua cantina. De qualquer forma, em geral quando se aplica a um restaurante ele se refere a um lugar de comida simples e farta. Não deixa de ser a cara da Cantina da Nena.



Em uma terça-feira, chegamos por volta das 20h30, e o restaurante estava com duas mesas ocupadas. O salão é grande, e as mesas são bem próximas umas às outras. As toalhas vermelhas e as paredes brancas e verdes indicam bem que estamos em terreno italiano. Nas paredes há alguns quadros de arte abstrata, cujas molduras também são vermelhas, formando uma bonita composição. Como já dito, cantinas não são restaurantes sofisticados, de modo que as cadeiras e mesas são simples. O ambiente é climatizado, e as janelas tem vista para a Rua Luís Jacinto, uma das mais animadas de São José. 

Estamos chegando para mangiare

Antes mesmo de olharmos as entradas pedimos uma cerveja Budweiser (600ml, R$ 9,90). Vale dizer que o cardápio estava desatualizado nesse quesito, e o que constava lá não era o que estava disponível na cozinha. Mas o simpático garçom nos falou as opções, e trouxe a Bud bem geladinha - ou melhor, "as" Buds, já que acabamos tomando duas.

Para iniciarmos as conversas bem italianamente, e acompanhar nossa cervejinha, pedimos as brusquetas de muçarela de búfala (seis unidades, R$ 25,50). Seis unidades é unidade demais, e quando elas chegaram já sabíamos que não iríamos comer tudo, sob o risco de não aguentarmos chegar aos pratos principais (mas pedimos para embrulhar as duas que sobraram, que bobos não somos). A Chris já comentou de cara que podiam ter colocado umas folhinhas de manjericão por cima, para dar uma refrescada e uma cor. Concordei com ela, e ambos também concordamos que a torrada não estava crocante. Mas o sabor estava razoável, com o molho de tomate dando uma adocicada no gosto forte da muçarela de búfala.

Até hoje acho estanho escrever "muçarela"

Deixamos a cerveja de lado, e para acompanhar nossos pratos principais pedimos um vinho chileno Ventisquero Reserva Carménère 2013 (375ml, R$ 38). O preço está bastante justo, já que este vinho custa quase isso em adegas e lojas especializadas.

Para escolher o prato principal as opções são infinitas. Hipérbole à parte, vejamos: são seis tipos de sopa, quatro sabores de risoto, sete tipos de lasanha, três de rondeli e quatro de caneloni, além de várias opções com carne, frango e peixe. Mas isso não é nada perto da quantidade de combinações que podem ser feitas com as massas artesanais da casa. São dezesseis tipos de massa (!!!) e mais treze sabores de molho (!!) que você pode combinar do jeito que quiser. Uma calculadora simples resolve: só aí são 208 opções de prato principal. É ou não é quase infinito? Tá, não é. Mas vale a hipérbole.

De segunda à quarta, no jantar, a Nena tem a opção do Festival de Massas (R$ 43), que é uma espécie de rodízio, onde o cliente tem um cardápio pré-selecionado, da qual ele pode comer tudo, em pequenas porções. Os pratos só vem à mesa quando solicitados. Neste caso são seis tipos de massa e seis sabores de molho, que podem ser combinados à vontade, além de quatro opções de lasanha. Chris achou que era uma boa maneira de conhecer mais pratos da casa de uma vez, e fez esta opção.

Ela começou com um básico nhoque à bolonhesa. Quando chegou, eu achei que tinha muito nhoque para pouco molho. Chris achou que estava tudo meio sem graça, faltou mais tempero. Sentiu falta de novo do manjericão, que ela adora. E disse que a massa de nhoque feita pela minha mãe é melhor (e ela nem pode ser acusada de puxa-saco, porque minha mãe não estava presente, e eu juro que ela não me pediu para escrever isso).

Tá com cara de xoxinho, não tá?

Em seguida ela pediu o talharim à putanesca, que é um molho complicado por ter muitos ingredientes fortes (alcaparras, azeitonas, alho, aliche). Apesar disso, Chris também sentiu o mesmo problema do bolonhesa, e achou um pouco sem graça, embora tenha gostado mais do que o anterior (até porque este tinha manjericão!).

Seria ridículo ficar fazendo piadinhas com o nome do prato

Para finalizar a comilança a Chris pediu o ravióli de massa verde (recheado com ricota) e molho à moda da cantina (creme de leite, tomate e gorgonzola). Os raviólis vieram afogados no molho, quase como uma sopa. O problema é que o molho era um pouco enjoativo, o que estragou o prato. Eu também provei, e ambos ficamos com saudades do molho de gorgonzola da minha mãe (olha ela aí de novo). Mas a Chris comeu o ravióli em separado e achou bom.

Vai uma sopinha?

Eu resolvi não optar pelo festival de massas, e pedi a lasanha de berinjela, abobrinha e ricota (R$ 32). Por cima das camadas de berinjela e abobrinha há uma camada de massa artesanal da casa. Sabores muito bons, com a colherada bem suculenta e molhada, enchendo a boca. A escolha da ricota é adequada, por ser um queijo mais fraco, que não mascara o sabor dos legumes. Não é nada que mude o mundo, mas é uma excelente opção para vegetarianos ou simplesmente amantes de berinjela, como eu. A porção é bem servida, adequada para uma pessoa.

As berinjelas e seu amante

As opções de sobremesa são bem básicas, então resolvemos escolher a mais básica delas: creme de papaya com cassis (R$ 14,50). Esta é uma sobremesa tipicamente brasileira, e é praticamente onipresente nos cardápios dos restaurantes do país. Apesar disso, nem eu nem a Chris nunca tínhamos provado a danada. Achamos que era uma boa oportunidade. O creme vem servido num pote de sorvete, e o garçom trouxe a garrafa de licor de cassis à mesa, e colocou um pouquinho do líquido sobre o creme. Ambos gostamos, embora não tenhamos medida de comparação. Chris gostou mais do que eu, e até achou que o garçom poderia ter colocado um pouquinho mais de licor.

Chris e o papaya com cassis (sou muito bom de rima)

O serviço é conduzido por dois garçons (e ambos aparecem na foto aí acima), que parecem ser bem antigos de casa. Atendem com naturalidade e segurança, e não parecem engessados, tem liberdade de atuação. Por exemplo, eu e Chris sempre experimentamos os pratos um do outro, mas nesta ocasião ela estava fazendo parte do Festival de Massas, que é uma espécie de rodízio, então perguntei ao garçom se haveria problema de eu provar os pratos que ela receberia. Ele respondeu, bem-humorado: "pode ficar tranquilo, o garçom é cego e mudo". Mas o serviço não ficou livre de problemas. Houve uma confusão no pedido de nossa entrada, que não tinha sido anotado por um dos garçons. E a Chris recebeu o primeiro prato de seu Festival de Massas muito antes de minha lasanha chegar. A justificativa de que os pratos do festival saem mais rápidos não colou muito. Mas a simpatia do atendimento pesa mais do que estes pequenos problemas.

Ao final eu considerei que o custo-benefício da Cantina da Nena é bastante satisfatório. Dá para um casal se alimentar bem por menos de cem reais - sem pedir vinho, claro. Isso para mim significa que o lugar passa no "critério McDonald´s". Explica-se: para um casal comer no McDonald´s vai gastar no mínimo cinquenta reais, então quando um bom restaurante fica um pouco acima disso eu considero que tem bom custo-benefício. Portanto eu concluí que voltaria à cantina. Já a Chris teve muitos problemas com seu Festival de Massas, e acha que não valeria a pena um retorno. Ela se decepcionou com o fato de uma casa especializada em massas não tê-la satisfeito justamente neste quesito. Não posso culpá-la. Quando der vontade de comer massas, melhor chamá-la para um almoço de domingo com minha mãe.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 8 e 7,5
Entrada(2): 5,5 e 6
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 7,5 e 6
Custo-benefício(1): 6 e 7,5
Média: 6,66 e 6,79
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Rua Luís Jacinto, 260 - Centro - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3943-7296
Site: http://www.cantinadanena.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/cantinadanena/?fref=ts




domingo, 2 de agosto de 2015

Amicci (São José dos Campos - SP) - 28/07/2015

Embora o nome do restaurante seja apenas Amicci, este vem acompanhado, tanto no próprio restaurante como no site, do slogan "Dal vino al caffè", que em italiano significa "do vinho ao café". Não conhecia o lugar, e foi passeando a pé pela aprazível Avenida Anchieta, onde ele se localiza, que o avistei pela primeira vez. Era fim de tarde, e ele estava aberto, embora sem clientes. Seu cardápio estava exposto, e eu parei para dar uma olhadinha. Gostei do que li, e naquela mesmo noite eu e Chris o visitamos para um jantar.

A fachada, com a varandinha onde nos instalamos

Na parte interna há duas salas separadas. Uma delas estava abrigando um evento de degustação, e tinha uma daquelas mesas gigantes. Não sei se é sempre assim. No outro ambiente, cerca de sete mesas dispostas em um salão bem decorado, com um bar e uma estante com alguns produtos italianos à venda. Gostei da disposição das mesas, bem separadas umas das outras. Mas é claro que eu e Chris não resistimos a nos instalar na agradável varanda, com vista para o banhado. Mesas e cadeiras (não muito confortáveis) de madeira, cada uma com um pequeno toldo. Luz bem baixa, aliás baixa demais, prejudicando inclusive enxergar o que se está comendo. Também ficamos um pouco irritados porque, mesmo sendo totalmente ao ar livre, separado da cozinha, e com uma porta de vidro separando dos outros ambientes, não era permitido fumar ali. Aliás os restaurantes e bares andam muito chatos em relação ao cigarro - e é um não fumante falando -, mas enfim, isto é assunto para discussão em outro fórum.

Esta é a Chris e esta é a vista

O cardápio, como se pode antecipar pelo nome e slogan do lugar, é focado em cozinha italiana. Há algumas opções de entradas clássicas (como carpaccios), mas eu e Chris resolvemos apostar nas bruschettas. São 14 opções de sabores, com preços que começam em sete reais e vão até perto dos vinte.

Chris escolheu a Toscana (pão italiano, azeite, calabresa defumada, cebola confitada no vinho, azeitonas pretas e orégano, R$ 7,60), e não se deu muito bem. Achou a combinação muito seca, parecia que estava comendo um pão com linguiça sem molho nenhum. Ela gostou muito das cebolas confitadas no vinho, mas estas vieram em pouco quantidade.

Eu fui de San Gervasio (pão italiano, azeite, tomate fresco, berinjela e queijo gorgonzola, R$ 7,90), e me dei um pouco melhor. A minha estava bastante cremosa e saborosa. Mesmo o gorgonzola, que é um queijo bem forte, não roubou a cena como se poderia prever, deixando espaço também para a berinjela brilhar. O pão estava bem crocante.

Nós e as bruschettas

Para o prato principal, o cardápio é bem enxuto, o que é um bom sinal. Apesar de poucas opções, são todas bastante apetitosas e instigantes, ao menos no papel. Há massas, carnes, risotos, peixes e frutos do mar, quase sempre com uma pegada italiana. Os pratos são individuais, e ficam entre quarenta e oitenta reais.

Chris escolheu o medalhão de mignon ao molho de espinafre e gorgonzola com risoto malbec (R$ 56,00). O que mais a interessou na descrição foi o risoto malbec. Mal sabia ela que este seria o único item a se salvar no prato. A carne, que ela pediu mal passada, veio no ponto errado. As pontas estavam bem passadas, e o miolo estava cru. Até cogitamos em pedir a substituição, mas desistimos pensando no quanto iria demorar. Boa parte da carne acabou ficando no prato. Chris achou o creme de espinafre sem tempero. Mas adorou o risoto de vinho, que eu também tive a oportunidade de experimentar. De fato, muito interessante.

Podia ser só o risoto!

Eu não resisti ao pato - e isto não tem nada a ver com o atacante homônimo que joga no meu time. No caso aqui eu fui de magret de pato com chutney de frutas vermelhas, com risoto de alho-poró (R$ 64,90). Deixando uma coisa bem clara: não era um chutney. Era um molho, e dos mais ralos. No escuro não dava pra ver direito, mas quando tirei a foto com flash notei que meu prato parecia estar nadando em sangue. Na verdade era o suposto chutney. Dito isto, devo dizer que os sabores estavam bem equilibrados, e o pato estava quase todo no ponto certo. O risoto também estava bom, com a presença do alho-poró na medida certa.



O pato pateta

Embora o vinho esteja presente no slogan do restaurante, acabamos optando por tomar cerveja durante toda a refeição. Escolhemos uma marca joseense, chamada Three Lions. Tomamos uma session ale e uma red ale da marca, ambas por R$ 18. Cervejas muito boas, e que acompanharam bem nossos pratos.

Para as sobremesas o menu dispõe de sete opções, quase todas bem clássicas (papaya com creme de cassis, petit gateau, tiramisù), e todas custando entre quinze e vinte reais.

Chris tinha comido tiramisù apenas uma vez, e foi no Fasano Al Mare, no Rio de Janeiro. Naquela oportunidade ela tinha gostado muito da sobremesa, embora não tenha sentido muito a presença de café. Resolveu experimentar novamente o doce (R$ 18,50). Quando ele chegou - meu Deus! -  que coisa linda. De comer com os olhos, tinha até o desenho do garfo e da faca moldados no cacau em pó, no fundo do prato. Mas era uma torta gelada, basicamente. Sem gosto de café, e pior, sem graça nenhuma, parecia que ela estava comendo gelo.

Bonito e ordinário

Eu fugi do tradicional e escolhi o crepe de Nutella® com purê de banana da terra e sorvete de creme (R$ 15,90). Lindíssimo também. Temos que parabenizar o responsável pela estética das sobremesas, porque em poucos lugares as vi tão bonitas. Meu crepe não decepcionou tanto quanto o tiramisù da Chris. Estava bem interessante, embora eu tenha sentido falta de algum elemento mais líquido. Talvez porque o purê de banana da terra seja muito seco, e precise de algo para balancear esta secura. Havia apenas um pouco de calda de maracujá por cima dele e um pouco de calda de chocolate sobre o crepe.

Bonito e gostoso

O serviço tirou nota dez em simpatia. Mas pecou em alguns outros aspectos. Vamos a eles.

Quando eu disse que queria tomar uma cerveja, um deles me pediu que o acompanhasse até a adega, para que eu mesmo escolhesse. Gostei daquilo. Ele me mostrou a cerveja joseense Three Lions, nos estilos session ale e red ale. Eu perguntei se havia outros estilos, e ele disse que tinha a lager e a IPA, que não estavam ali expostas. Pedi uma lager, mas ele nos serviu a session ale. Só notei quando ele já tinha saído, e acabamos bebendo. Pouco depois, falei com outro garçom sobre o acontecido, e ele falou que não havia a lager daquela marca. Ainda em relação às cervejas, um dos garçons nos ofereceu uma com sabor de chocolate, da marca Baden Baden (da qual somos fãs, fabricada em Campos do Jordão) para acompanhar nossas sobremesas. Pois bem, aceitamos, e ele nos trouxe de fato uma cerveja de chocolate, mas da marca Insana, fabricada no Paraná. A impressão que deu, nos dois casos, é que o garçom achou melhor trazer qualquer coisa do que simplesmente dizer que tinha se enganado na informação prestada.

Outro problema grave foi a demora para retirada dos pratos sujos. Terminamos nossas bruschettas de entrada e saímos até a calçada para a Chris fumar. Ali ficamos por cerca de dez minutos. Voltamos e os pratos sujos permaneciam na mesa. Ainda ficamos conversando um bom tempo, o garçom veio buscar nossa garrafa de cerveja e trazer outra, e nada de tirá-los. Só quando chegaram os pratos principais é que eles, finalmente, perceberam que não daria para serví-los sem retirar os que já estavam lá. E eles se foram, depois de ficarem quase meia hora na mesa, vazios e solitários.

Quanto ao custo benefício, claro que ele depende, principalmente, da qualidade dos pratos. Como a Chris não deu muita sorte nesta noite, para ela esse quesito ficou bem aquém do desejado. Para mim, nem tanto. Achei os preços razoáveis. Como minhas escolhas em prato principal e sobremesa também foram mais felizes, eu cheguei a conclusão que voltaria ao Amicci, já que fiquei interessado em alguns dos outros pratos disponíveis. Chris, obviamente, não voltaria, já que não curte carne crua nem torta de gelo. Em uma noite de experiências tão contrastantes, valeu conhecer a cerveja feita em São José dos Campos, que nunca tínhamos tomado. Pelo menos neste aspecto eu e Chris concordamos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 6 e 6
Entrada(2): 5 e 7
Prato principal(3): 6 e 8
Sobremesa(2): 2 e 7
Custo-benefício(1): 4 e 7
Média: 5,16 e 7,08
Voltaria?: Não e sim



Serviço:
Avenida Anchieta, 225 - Jardim Esplanada - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3923-9048
Site: http://www.amiccidalvino.com.br/index.html
Facebook: https://www.facebook.com/AmicciDalVino/info












quarta-feira, 10 de junho de 2015

La DOC Gastronomia (Sorocaba - SP) - 30/05/2015

DOC. Denominazione di origine controllata. A sigla italiana é usada para certificar produtos agrícolas diversos. É como um atestado de qualidade. O restaurante sorocabano de cozinha italiana La DOC Gastronomia, ao usar  tal sigla em seu nome, está nos dizendo, provavelmente,  que só usa ingredientes de qualidade em suas receitas. Em nossa viagem para Sorocaba teríamos apenas uma noite para jantar fora, por isso escolhemos o único estabelecimento da cidade que tem uma estrela no Guia 4 rodas, publicação que sempre usamos para nos guiar em nossas andanças pelo Brasil.

Quando se entra no lugar, a primeira coisa que chama a atenção é o pé direito alto, bem acima dos padrões normais. A impressão é a melhor possível, claustrofobia zero. Outro diferencial é uma pequena árvore no meio do salão. Restaurantes chiques adoram um lusco-fusco, mas aqui a iluminação, embora suave, é bastante farta, o que muito me agrada. Em uma das laterais, parede com tijolinhos à vista, completando o agradável ambiente. Mas uma coisa desagradou: a sinalização que indica qual banheiro é masculino e qual é feminino é discreta demais, ficando difícil de se verificar de longe qual é qual. Ou seja, para quem não enxerga muito bem, só dá para saber chegando bem pertinho, e neste momento você tem cinquenta por cento de chances de estar na porta do lugar errado.

Isso sim é um pé direito!

Escolhemos uma entrada bem italiana, as bruschettas com presunto, queijo e folhas verdes (R$ 39,00). Devo dizer que já comemos bruschettas melhores feitas em casa por minha mãe. Mas aí é covardia. Vou melhorar (ou piorar): eu mesmo já fiz bruschettas melhores. O pão estava bem crocante, e o todo não estava ruim, mas não era nada mais do que presunto, queijo e folhas verdes por cima de uma torrada. Esperava algo mais elaborado, pelo preço e pelo local em que estávamos.

Não conquistou

No quesito "prato principal", claro que o forte do cardápio são as receitas italianas. Aliás, todos os pratos vem com o nome em italiano, e logo abaixo a "tradução" em português. Muitas opções de massas diversas, mas também carnes e frutos do mar. E também massas misturadas com carnes ou com frutos do mar. Várias alternativas que aguçam o paladar, portanto foi daqueles dias em que demoramos um pouquinho a escolher nossas refeições. Os pratos são todos individuais, e custam em média sessenta reais.

Nosso pratos, depois de muita escolha

Chris não queria ficar longe de seu amado filé mignon, mas também queria algo tradicionalmente italiano. Por isso foi de mignon envolto com presunto cru grelhado e risoto de alcachoras (R$ 64). Quando ela experimentou os dois juntos, achou muito bom. Mas individualmente o risoto estava com excesso de sal. A carne não veio exatamente mal passada como a Chris desejava, mas chegou perto. Um pouco de alho poró frito veio por cima da carne, e deu crocância ao prato. Apresentação apenas razoável.

Chris gostou, ma non troppo

Eu, que sempre gosto de experimentar algo que nunca comi, fui de massa fina com tinta de lula, lula, polvo, camarão, rúcula e tomate cereja (R$ 66). No caso o que eu nunca tinha comido era a tal tinta de lula, que dá um sabor bem forte ao prato. Por falar em força, a comida veio quente demais, e quase queimei minha boca, que foi salva por um providencial gole de água. Se estivesse em casa eu teria cuspido de volta no prato. Mas os frutos do mar estavam no ponto certo, o tomate deu uma adocidada interessante, e o sabor estava bom. Só a rúcula que eu achei que sumiu um pouco no meio de tudo, não senti sua presença, embora tenha visto que ela estava ali.

Buono, ma ben caldo

Na hora da sobremesa, Chris queria uma à base de café (que eu não gosto) e eu queria uma que envolvia figos (que ela não gosta). A solução, claro, foi cada um pedir a sua.

Chris então escolheu a ganache de chocolate com avelãs e calda de café (R$ 24). Ela adorou os grãozinhos de café que vieram junto com o doce. Estavam bem crocantes, e eu até fui forçado a comer um. Também gostou da calda e do recheio de avelãs, mas achou a ganache, que era o principal, um pouco sem graça.

Bem da bonitinha, não?

Minha escolha foi o merengue feito em casa com figos e morango na calda de vinho (R$ 25). Não sei na casa de quem o merengue é feito, mas estava um pouco duro, deu um certo trabalho para quebrar. Mas achei a mistura muito harmoniosa, sem excesso de açúcar, e visualmente tentadora, embora um pouco bagunçada. Mas doce é para dar água na boca, não necessariamente para ser lindo. Já comi belos cupcakes que deveriam ser apenas artigo de decoração.

O "massaroco" gostoso

O serviço nos incomodou um pouco no começo, quando o restaurante estava vazio e uma turma grande de clientes foi acomodada bem ao nosso lado, tirando um pouco da nossa privacidade sem necessidade. Mas, depois que o lugar encheu um pouco, havia quase um funcionário por mesa, e sempre atentos, embora evidentemente houvesse alguns mais atentos que outros. Quando eu precisei da conta, por exemplo, apenas tive que levantar a cabeça, e um deles bem ao longe percebeu meu gesto característico de solicitação da dolorosa. Quanto esta chegou, veio com um carimbo bem grande, dizendo "Não cobramos taxa de serviço". Mas quando o garçom veio com a maquininha de cartão, soltou um "Senhor, o serviço não é obrigatório, o senhor deseja incluir?". Tá de sacanagem, né parceiro? Quero ver um cristo dizer que não. Então, quer dizer, não cobra...mas cobra.

Como eu gostei de quase tudo que comi, e também do serviço e do ambiente, achei o custo-benefício aceitável. Já a Chris, que foi mais infeliz em algumas de suas escolhas, claro que não gostou tanto assim. Também por essa mesma lógica nós divergimos sobre uma possível volta ao local. Chris não voltaria, eu sim. Mas o restaurante pode tranquilamente continuar usando o "DOC" em seu nome. Não dá para reclamar da qualidade dos ingredientes. O uso deles, aqui ou ali, é que pode ser um pouco melhorado.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8,5 e 9
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 6 e 6,5
Prato principal(3): 7,5 e 8
Sobremesa(2): 7 e 8,5
Custo-benefício(1): 6 e 7,5
Média: 7,45 e 8,12
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Rua Francisco Moron Fernandes - Parque Campolim - Sorocaba - SP
Telefone: (15) 3224-4747
Site: http://www.ladocgastronomia.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/LaDocGastronomia