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quinta-feira, 21 de março de 2024

Ollivia Gastronomia (Poços de Caldas - MG) - 17/03/2024

 

    Poços de Caldas. Terra onde meus avós maternos passaram a lua de mel, lá no começo dos anos 1950. Eu e Chris não fomos exatamente passar a lua de mel, mas certamente cada viagem que fazemos serve para renovar o nosso amor (ganhei pontos agora, hein?). Ao fazer as pesquisas para saber onde faríamos um jantar para colocar aqui no blog, não teve como escapar do Ollivia Gastronomia, um dos mais tradicionais da cidade, e para onde nos rumamos em um domingo à noite - dia da semana em que, ao menos aqui em São José dos Campos, não é comum os restaurantes abrirem para o jantar.

Sempre renovando nossos votos

    O restaurante fica em uma das principais avenidas da cidade, muito movimentada. Passamos em frente a ele, e não vimos lugar para estacionar. Aí demos a volta no quarteirão e passamos em frente de novo, dessa vez mais devagar. Descobrimos que o pessoal para na calçada mesmo, tem até plaquinha solicitando que o motorista deixe espaço para os pedestres. A fachada é bem discreta, com o nome do restaurante meio escondido no meio das árvores. A entrada do salão principal chama a atenção pelo aspecto rústico-chique e pelos enormes barris de vinho que servem de decoração. Do lado de fora, mas também coberto, várias mesas ao lado do jardim, com decoração caprichada (nos sentamos ao lado de uma carroça de madeira) e belos quadros na parede. Ainda havia outro ambiente fechado, ainda mais distante daquele salão principal, e uma outra área ao ar livre, dessa vez sem cobertura, que deve funcionar mais às sextas e sábados, como um bar (foi ali que a Chris deu suas pitadas no cigarro). Ufa! É grande mesmo. Cabe bastante gente, mas em um domingo à noite tava mais pra vazio do que pra cheio.

A Chris chegando no ambiente é tão linda quanto...

...a Chris saindo do ambiente

Ajeitadin dimais, né mieso?

Distantes demais das capitais - e dos garçons

    Em geral só falo sobre o serviço mais pro final do texto. Mas sabe aquela coisa de já tirarmos a coisa ruim da frente, pra ficar depois só com a parte boa? Pois é. O serviço foi certamente a pior parte da noite. Ao chegarmos fomos apresentados ao restaurante por uma recepcionista, que nos mostrou os diversos ambientes. Escolhemos a parte externa para ficar mais fácil da Chris ir fumar, e nos sentamos. Papo vai, papo vem, papo vai e volta de novo, e nada de um cardápio chegar à mesa. Não cronometrei, mas acho que esperei uns dez minutos pra me levantar e ir eu mesmo buscar o cardápio. E durante toda a noite foi um sacrifício conseguir a atenção dos poucos garçons. A questão nos pareceu óbvia: é muito tamanho pra pouco funcionário. Aos domingos poderiam fechar parte dos ambientes, como já vimos acontecer em outros lugares. Outro problema: nossos pratos principais chegaram em um momento em que não estávamos sentados. Aí foram nos chamar, e quando chegamos à mesa estavam lá nossos pratos, mas nada de talheres. Toca esperar de novo pra eles serem trazidos. Pontos positivos: tempo de espera para entrega dos pratos foi dentro do normal e a garçonete demonstrou bom conhecimento do cardápio. Mais um detalhe: ao final a famosa "gorjeta espontânea" foi de 12%, e não dos tradicionais 10%.

    O foco do cardápio é em "cozinha italiana e contemporânea com um toque mineiro", como informa um texto logo na primeira página. São seis opções de entrada, dezoito de pratos principais e mais seis sobremesas. São muitas opções de ingredientes e proteínas, passando por berinjela, panceta, abóbora cabotiá, bacalhau, cordeiro, queijo canastra, pinhão, enfim, tem para todos os gostos, com descrições bem apetitosas. Os pratos principais são individuais, e partem de R$ 87 (pappardelle com linguiça) , podendo chegar a R$ 137 (cordeiro com aspargos).

    Principiamos a comilança com o Arancini (bolinhos "queijudos" de risoto ao pomodori recheados com muçarela e manjericão fresco, acompanhados de molho aioli, R$ 48). Vieram quatro bolinhos, que estavam bem crocantes por fora e cremosos por dentro. Não tinham grande intensidade de sabor. O molho pomodori veio por baixo dos arancinis, e o aioli por cima, mas ambos em pouca quantidade - uma pena, pois estavam muito bons e levantavam o prato. Chris também sentiu muito a falta do manjericão, que estava na descrição mas praticamente não deu as caras, o metido.
 
O endro, ou algum parente, veio, mas o manjericão ficou em casa

    Sem demorar muito, Chris escolheu para o principal o Mignon ao Melaço de Cana (medalhão de filé mignon finalizado no melaço de cana sobre cama de risoto de queijo coalho, R$ 127). Tem uma frase que eu já escrevi em tantos textos aqui nesse blog, que é só copiar e colar: Chris pediu o filé mal passado e ele veio no ponto errado. Dessa vez tentamos esconder de quem era o pedido, porque em geral quando é para homem eles fazem mesmo mal passado, mas não teve jeito. Veio ao ponto para bem passado. Mas estava saborosa, e tinha aqueles queimadinhos da frigideira, estava bonita (embora nosso foto não esteja muito boa, pedimos escusas). O risoto estava bom, com o melaço bem presente fazendo uma bela e contrastante tabelinha com o salgado do queijo coalho. Chris achou a proporção perfeita, mas o arroz passou um tiquinho do ponto.

Amore Scusamiiiii pela foto maizomenu

    Eu titubeei (palavra estranha, mas fui pesquisar e é assim mesmo que conjuga o trem), mas acabei escolhendo o Arroz com Suã e Goiaba (suã sobre cama de arroz de cebola bruleé e demi glace de goiaba com vinho branco da casa, R$ 89). O suã é um pedaço do porco que eu nunca tinha comido. Não sei se é culpa do Ollivia, mas não achei o bicho muito bonito de feição - será que dava pra miorar um cadinho? Mas a carne estava bem macia, e é bem saborosa, lembrando costela de porco (o corte fica entre a costela e o lombo). O arroz de cebola bruleé era um risoto, com sabor bem agradável de cebola, ligeiramente adocicado (mas o arroz também passou um cadinho do ponto). O demi glace veio num recipiente à parte, e estava muito líquido, poderia ser um pouco mais viscoso para "grudar" melhor na carne - o sabor era bom, uma mistura de molho de carne com tomate e leve acidez, mas a goiaba não foi encontrada. Foi engraçado: acabamos de comer e sobrou um pouco do demi glace, então eu e Chris ficamos provando, pingando o molho no garfo, pondo na boca, fechando os olhinhos, tentando achar a goiaba. Não achamos. 

Aqui o fotógrafo deixou o molho fora do quadro. Tsc tsc.

    Entre as seis sobremesas disponíveis, Chris descartou duas e me deixou escolher entre as outras quatro, magnânima que é. Eu escolhi a Esfera Romeu & Julieta, romântico que sou (panacota de queijo minas sobre cama de crumble amanteigado e finalizado na mesa com goiabada de tacho cremosa, R$ 52) (não sei se as regras gramaticais permitem abrir parênteses depois de outros parênteses, mas agora já estão abertos, apenas para comentar sobre como o Ollivia gosta da expressão "sobre cama de", apareceu três vezes nos quatro pratos que comemos). Pela descrição do prato, especialmente pelo conhecimento que tenho da palavra esfera, achei que viria isso mesmo, uma esfera, com todos esses sabores encapsulados, que explodiriam na boca. Mas veio uma panacota de textura bem firme e sabor neutro, lembrando mesmo um queijo minas fresco, "sobre cama de" um crumble bastante amanteigado, um pouco enjoativo, e com a goiabada servida por cima deles, à nossa frente. Cadê a esfera, meu pai? Outro problema foi que o garçom colocou um tanto da goiabada, aí perguntou se gostávamos de goiabada, e quando a Chris respondeu um enfático "sim", ele entendeu que era pra terminar de servir a goiabada por cima. E serviu, de modo que ela acabou dominando tudo. Por sorte, era muito boa. E o todo não foi ruim.

Na próxima chamaremos o Sebastião Salgado pras fotos

    Talvez seja uma erro nosso, mas o fato é que quando vamos a um restaurante, eu e Chris deixamos a coisa acontecer como tiver que ser. De modo que não somos de ficar pedindo pra refazer pratos, ou pra não pagar taxa de serviço, essas coisas. No Ollivia havia uma moça tocando violão e cantando. O pouco que eu pude ouvir quando cheguei, era bom. Mas do lado de fora também havia um som mecânico, que por vezes era mais alto do que o som ao vivo, porque estávamos distantes da artista. Ainda assim, veio cobrado na conta final os vinte reais por pessoa do couvert artístico - que pagamos sem reclamar, por isso a explicação anterior. Coisas pequenas como essa, aliadas ao serviço sofrível e à carne no ponto errado nos fizeram concluir que não voltaríamos ao Ollivia Gastronomia - embora eu tenha ficado com vontade de provar outros pratos do menu. Já Poços de Caldas, a cidade, pode ser que nos veja de novo: Seu Genésio e Dona Lucy, meus avós, fizeram uma ótima escolha de destino de lua de mel.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 8,5
Serviço(2): 5,5 e 5,5
Entrada (2): 7 e 6,5
Prato principal (3): 6 e 7
Sobremesa (2): 6 e 6,5
Custo-benefício(1): 5 e 5,5
Média: 6,16 e 6,70
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Av. João Pinheiro, 1135 - Centro - Poços de Caldas - Minas Gerais
Telefone:  (35) 3712-8077
Instagram: @olliviagastronomia
Facebook: @olliviagastronomia

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Pasq Cucina (São José dos Campos - SP) - 05/06/2019


São José dos Campos é infestada de restaurantes japoneses, mas quando falamos em comida italiana não são tantas as opções. Por isso recebemos com alegria a notícia de que uma nova casa especializada no assunto havia sido aberta no chiquetê bairro Aquarius. Não perdemos muito tempo e fomos visitar o local numa quarta-feira fria, antecipando em uma semana o Dia dos Namorados, já que é quase impossível comer fora na data comemorativa sem gastar uma fortuna com "jantares fechados" caríssimos. Fica a dica.

O Pasq visto de fora, com a Chris iluminada pelas chamas

O Pasq Cucina fica em uma avenida tranquila e bem arborizada. Há algumas vagas para carros em frente, e também uma rua lateral onde é possível estacionar com segurança. Nos instalamos primeiro do lado de fora, já que o acanhado salão estava lotado. Mesmo com os aquecedores, a noite estava muito fria, e pedimos para sermos realocados para a parte interna assim que possível - o que não demorou muito. Nesse pouco tempo do lado de fora deu pra perceber que a iluminação deixa um pouco a desejar. Já do lado de dentro há luz de sobra e muito conforto térmico. Ufa! Além da pequenez do salão interno, com apenas sete mesas, chama a atenção a cozinha aberta e a decoração moderna, em nada lembrando as cantinas italianas. 

O Fê bebe uma água (junto com outros ingredientes)
Chris faz pose feliz, cheia de conforto térmico

Eu certamente já falei aqui que adoro cardápios enxutos, mas pode ser que você não tenha lido, então repito: eu adoro cardápios enxutos. Em apenas uma página o Pasq entrega tudo o que tem a oferecer. Aliás, nem tudo: as pizzas, que constam no menu, ainda não estão disponíveis. São seis opções de antipasti (entradas), seis opções de primi piatti (massas e risotos), seis opções de secondi piatti (carnes, aves e peixes) e mais cinco opções de dolce (sobremesa). Os pratos principais ficam quase todos na casinha dos cinquenta reais. 

Para a entrada escolhemos dividir o Crudo di Manzo Pasq (filé mignon fresco picado na ponta da faca com especiarias, R$ 34,90). Para quem não conhece, é uma espécie de versão italiana do francês steak tartare, e normalmente é feita com peixe (ao dizer "versão" não estou dizendo que é uma cópia, ok?). Na interpretação do Pasq o filé mignon vem com tempero bem delicado, ressaltando o sabor da carne, que estava macia e bem cortada. As fatias de pão combinaram bem, e a saladinha ao lado trouxe uma acidez vinda do tempero que em conjunto com a carne a deixou mais parecida com o prato francês, que tem mais acidez. Bem agradável.

"Crudo" é "cru", "manzo" é "vaca" e "di" é "de" mesmo

Antipasti, primi piatti, secondi piatti e dolce. Essa é a sequência tradicional das refeições à italiana. Mas diga-me, como mandar pra dentro uma paleta de cordeiro com polenta depois de comer um rigatoni à bolonhesa? Só se você tiver dois estômagos - ou o dia inteiro pra ficar comendo. Por isso resolvemos escolher apenas uma opção pra cada entre os primeiros e segundos pratos.

Chris escolheu o Risotto (tomates assados, cebolas caramelizadas e crostinis, R$ 48,90). O arroz estava no ponto, e ela adorou a presença crocante dos crostinis, que no entanto só estavam no meio do prato. Ela queria mais. Outra coisa que ela queria mais era a cebola caramelizada, que na verdade ela não conseguiu detectar. Ao experimentar o prato dela eu disse "os temperos estão bem delicados". Ela achou que isso era um eufemismo para "cadê o sal e a pimenta?". De fato, faltou um punch a mais no tempero. 

"Cebola caramelizada, cadê você, eu vim aqui pra te comer"

Eu escolhi o Carbonara (spaghetti, guanciale, ovo caipira e queijo pecorino romano, R$ 52,90), um prato tradicionalíssimo que eu nunca havia comido. O guanciale é um baconzinho feito com as bochechas do porco, que eu já tinha experimentado na Osteria Itália, mas que aqui estava muito mais saboroso, com uma consistência suave ainda que com leve crocância. Cada encontro com eles era de gemer. Mas mesmo sem eles havia muito sabor e equilíbrio nos temperos, sem nada muito agressivo. Talvez a mistura de queijo e ovo pudesse ser um pouco menos líquida e, por conseguinte, mais cremosa. Mas é um pormenor diante do prazer proporcionado.

"Pormenor diante do prazer proporcionado". Bonito isso.

As opções de sobremesa são bem tradicionais da Itália, e claro que minha cafezeira companheira não deixaria de escolher o Tiramissu (biscoito, café, zabaglione e cacau, R$ 25,90), que comemos juntos. Creme zabaglione agradável, nada enjoativo, sabor sutil de café e apresentação bonitinha. Chris disse que foi o melhor que ela já comeu - e olha que já comemos lá no Fasano do Rio. Adicionando ainda mais prazer ao dolce, tomamos um carajillo, drink espanhol feito com Licor 43® e café, seguindo sugestão do garçom.

Café com café é tipo lé com cré, não tem erro

O fechamento do Pasq provavelmente aumentaria o índice de desempregados de São José em um ponto percentual. Há funcionários de sobra, não houve economia nesse quesito. É difícil olhar pra algum lugar sem ver um deles, impecavelmente vestidos com suspensórios e gravatas borboletas. O palco da cozinha aberta também está repleto de artistas cozinheiros, acho que uns quatro ou cinco. Uma característica básica é que são todos muito novos, quase nenhum aparenta ter mais de 25 anos. Em consequência, o que lhes falta em traquejo sobra em boa vontade. Traquejo se aprende, boa vontade é mais difícil. Fomos muito bem atendidos, com simpatia e eficiência, apenas com uma leve demora na entrega dos pratos principais. 
  
Quem nos falou da existência do Pasq foi uma amiga, que acrescentou: "vocês precisam ir pra eu saber se eu vou também!". Com tanta fé depositada em nossas humildes pessoas, fazemos questão de dizer em uníssono: sim, nós recomendamos a ida ao Pasq, e ambos concordamos que faríamos uma nova visita à casa. Apesar de pequenos deslizes, especialmente no prato principal da Chris, o saldo foi bem positivo. Esperamos que o restaurante permaneça cheio como estava no dia de nossa visita. Afinal, haja cliente para manter a folha de pagamento de tanta gente...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 8
Serviço(2): 8 e 8
Entrada(2): 8 e 7,5
Prato principal(3): 6,5 e 8,5
Sobremesa(2): 9 e 8
Custo-benefício(1): 7,5 e 8
Média: 7,58 e 8,04
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:

Av. Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 355 – Jardim Aquarius - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3341-6537
Facebook: https://www.facebook.com/pasqcucina/

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Auá Gastronomia (São José dos Campos - SP) - 04/09/2018


Auá significa "gente" em tupi-guarani. Eu não precisei pesquisar essa informação, porque ela está lá, na primeira página do cardápio do restaurante, em um texto assinado pelo chef Gabriel Spaziani. No texto ele também conta um pouco de seu currículo, com passagem por restaurantes importantes, e fala da proposta da casa: mesclar os alimentos de nossa terra com aqueles trazidos pelas outras "tribos" (leia-se imigrantes) que vieram ao Brasil. A proposta parecia bem promissora.

Proposta aceita!

Antes de sermos apresentados ao conceito da cozinha, fomos apresentados à beleza do salão do Auá. Espaçoso, com um bar charmoso na entrada, pé direito alto, muitas plantas, lustres, sofás nos cantos e belos móveis de madeira. Ficamos positivamente impressionados com o cuidado em cada detalhe da decoração. Há até uma salinha de espera para os dias cheios, uma espécie de mezanino, com algumas mesas e itens retrô. Chris só não gostou das cabeças de boi penduradas na parede ("será que não há outra maneira de representar o Nordeste?", ela me disse) e do fato de não haver do lado de fora algum cantinho para os fumantes, nem que seja só com uma cadeirinha e um cinzeiro, como existe em alguns lugares. De minha parte só achei um pecado que, com toda brasilidade citada no cardápio e refletida no nome e na decoração, só tenha tocado música estrangeira no alto falante. Falha de conceito.

"Faz um ar blasé enquanto eu tiro a foto"

Aconchego total

Meu, super hiper mega transada retrozada vintage e hypster essa sala de espera!

O cardápio é uma belezinha, cheio de desenhos, pequenos gracejos ("Engorda? Engorda sim e é bom demais!") e dicas do chef. Para a entrada são oito opções, como dadinho de tapioca (R$ 27) e linguiça recheada com queijo coalho (R$ 61). Escolhemos o Palmito do Norte (palmito pupunha gratinado, com queijo coalho e servido com melado de cana, R$ 27). A descrição já tinha nos interessado, mas o adendo "Único no Vale do Paraíba. Quer apostar ou experimentar logo?", um desafio até meio petulante, foi o que nos conquistou de vez. Mas marketing não é tudo. Faltava comer. E a verdade é uma só: o troço é muito bom. Primeiramente é bastante original, apesar de relativamente simples. E depois, todo o medo de o coalho ser muito forte, ou de o melado ser enjoativo se desfez à primeira garfada. Conjunto muito harmonioso, com todos os ingredientes se conversando sem ninguém se estressar com ninguém. Uma delícia. Nem precisa dizer mais nada: foi a primeira nota 10 da Chris para uma entrada.

"Mocidade Independente do Palmito do Norte, nota...dez!!"

Há muita variedade de opções no menu de pratos principais (humildemente até achamos que poderiam ser reduzidas). Os grelhados (bife ancho, bife chorizo, salmão, entre outros) tem preços variados (em torno de R$50) e quatro opções de acompanhamentos. Também é possível escolher um grelhado e um risoto ou massa da casa (nesses casos acrescenta-se mais R$ 7 ao valor). Também é possível escolher um grelhado e se servir no bufê de saladas e acepipes diversos que toma conta do centro do salão (nesse caso acrescenta-se R$ 19,90 ao valor). Fora isso há diversas opções de pratos com carnes, aves e peixes, além dos risotos e massas já citados. Para completar ainda é possível escolher o bufê de caldinhos, por R$ 32. Ufa! Uma coisa interessante é que quase todos os pratos podem ser para uma, duas ou três pessoas, com preços diferentes. Bom pra quem vai com família e quer gastar um pouco menos.

Chris fez uma opção esperta: comer um dos grelhados e ainda experimentar um risoto da casa. Por isso ela escolheu o filé mignon e como acompanhamento o risoto de alho poró (R$ 64 os dois). Ela não teve nada a reclamar da carne, que chegou no ponto solicitado (mal passado paca!) e muito bem temperada. Quanto ao risoto, infelizmente o arroz passou um pouco do ponto, não estava firme, e o sabor era apenas razoável. Quanto à telha de parmesão que acompanhava o prato, ela achou que tinha muito sabor de óleo, não curtiu. 

A Chris deixaria essa casa sem telha mesmo

Meu pedido foi um tanto arriscado. Escolhi a picanha mineira (picanha suína servida ao molho barbecue de goiaba, acompanhada de mandioca frita e arroz com castanha, R$ 54). O risco a que me referi é o uso de uma fruta tão marcante em um prato salgado. Mas pode relaxar porque deu tudo certo: o molho estava bem suave, com a dose exata de dulçor contrastando bem com o saborosa carne (que estava seca nas pontas, onde não há gordura), e o delicado arroz com castanhas trouxe frescor e crocância. Não citei as mandiocas, apesar de estarem boas e sequinhas, porque achei que elas não precisavam estar no prato. Também não vejo muito sentido em colocar um alecrim só pra enfeite (o da Chris também tinha).

O Fê deixaria essa casa sem mandioca mesmo

Embora a lista de sobremesas não exclua o quase onipresente petit gateau, é possível encontrar opções um pouco mais inusitadas, como o pudim de tapioca e o creme de manga com licor de menta (que a Chris ficou tentada a escolher). Mas não teve como não escolhermos o bolo cremoso de goiabada com sorvete romeu e julieta (R$ 24), que no cardápio vinha com uma caixa de diálogo, como numa história em quadrinhos, dizendo "o famoso petit gateau...só que brasileiro, claro!". Imaginamos um bolinho doce e cremoso, com uma calda de goiaba que escorreria ao primeiro corte, e um sorvete de queijo saboroso ao lado. Mas nossa imaginação, nesse caso, ganhou da realidade: o bolo estava com muito gosto de farinha, a calda não escorreu porque já estava no prato, e o sorvete não tinha muito gosto de queijo. Mas é preciso dizer que a calda "não escorrida" estava muito gostosa e acabou sendo a melhor coisa da sobremesa.

Faltou a calda escorrer, faltou sabor de queijo, sobrou farinha

Fomos muito bem atendidos por um rapaz e uma moça, que se alternavam e estava sempre atentos. Ela, muito simpática, nos explicou todo o funcionamento da casa, com as opções de bufê e caldinhos. Ele, sempre solícito, não parava de passar entre as mesas em vistoria, para saber se estava tudo certo. Sem falar nada nem invadir, apenas para mostrar que estava presente. Quando terminamos nossa entrada ele veio recolher os pratos e perguntou se queríamos outra cerveja (tínhamos tomado uma Cauim da Colorado). Eu disse que queria uma Indica, também da Colorado, mas só quando viessem os pratos principais. Honestamente não imaginei que ele fosse lembrar nem de trazer a cerveja, muito menos de qual exatamente queríamos, mas me surpreendi quando, cerca de vinte minutos depois, nossos pratos chegaram junto com a cerveja solicitada. Falando em tempo, também não há do que reclamar nem de demora nem de pressa na entrega dos pedidos.

Damos notas para vários quesitos mas o que nos faz decidir se voltaríamos ou não para um restaurante é, quase sempre, a qualidade da cozinha. Sendo assim, por mais que o espaço seja lindo e que o atendimento tenha sido ótimo, foi a maravilhosa entrada que fez com que ambos concordássemos que poderíamos voltar ao Auá - mesmo com os pratos principais tendo alguns problemas e a sobremesa tendo sido decepcionante. Nada mais justo, já que de certa maneira a entrada que escolhemos simboliza a proposta do Auá: palmito pupunha diretamente dos índios da Amazônia e gratinado à moda dos franceses, servido sobre queijo coalho dos sertanejos nordestinos, com melado de cana-de-açúcar, planta originária da Ásia. Nada mais "auá" do que isso.


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8,5
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 10 e 8
Prato principal(3): 7 e 8
Sobremesa(2): 5 e 6
Custo-benefício(1): 7 e 8
Média: 7,66 e 7,91
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua Madre Paula de São José, 318 – Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3942-1197
Facebook: https://www.facebook.com/AuaGastronomia

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Risoteria Villa Lobos (São José dos Campos - SP) - 09/08/2016



"Vamos comer um arrozinho?". O singelo e simples convite ficaria muito mais ostentoso e sofisticado se fosse substituído por um "vamos comer um risoto?", não é mesmo? Mas é só impressão, já que risoto em italiano quer dizer literalmente "arrozinho". Até pouco tempo atrás, no mesmo local da Risoteria Villa Lobos, funcionava o Bistrô Espaço CDC, cujo nome nunca me chamou muito a atenção. A casa fica numa rua por onde passo quase todo dia, e quando notei a mudança de nome já fiquei bem mais animado. Chris, que também adora um "arrozinho", não se fez de difícil e me acompanhou com prazer. Como é possível ver na foto abaixo, ao lado do restaurante funciona uma boutique de vinhos que, segundo um dos garçons, vende vinhos com bons preços, já que os produtos são comprados diretamente dos produtores.

Felizes antes de comer

Ainda do lado de fora do restaurante, antes da entrada do salão principal, nos chamou a atenção o belo telhado verde, feito de plantas, com algumas mesinhas altas, que são usadas pelos clientes em espera quando o restaurante está cheio. Mas também nos serviu direitinho para sentarmos nos momentos em que a Chris precisava sair para fumar. Do lado de dentro, ambiente despojado, com cadeiras coloridas e confortáveis, e belos quadros nas paredes. Um deles, colado à nossa mesa, mostrava uma mulher meditando em meio a prédios em uma grande cidade. A imagem dá a dica: relaxe e aproveite a comida!

O despojado e colorido e a complicada e perfeitinha

Chris sob o telhado verde

De posse dos coloridos e bonitos cardápios, começamos a dar uma olhada nas entradas disponíveis. Para molhar a boca pedimos duas long neck da Stella Artois (R$ 7,90 cada, 275ml), que vieram em um baldinho com gelo. Acabamos tomando cinco, porque né, tava ali, geladinha, enfim. Entre as opções de entrada, algumas saladas, brusquetas e o palmito pupunha assado com vinagrete e alcaparras (R$ 39), que foi o que pedimos. Enfeitando o palmito vieram o que acreditamos serem mini-folhas de beterraba, que ficaram bem charmosas. Aliás, adoramos a apresentação, elegante e colorida (já usei o adjetivo algumas vezes neste texto). Uma pena que o vinagrete, que dava um contraste perfeito ao sabor forte do pupunha, veio em pouquíssima quantidade. Também poderiam ter caprichado mais nas alcaparras, vieram só umas duas ou três. Mas o palmito estava gostoso e bem macio, fácil de comer.

Quidê o vinagrete que era pra estar aqui?

Para os pratos principais a estrela é a feijoad...mentira, mentira, claro que tem risoto de monte para escolher. São doze no total, dividos entre "vegetarianos", "tradicionais" e "especiais". Em todos eles há a possibilidade de pedir arroz integral no lugar do arroz de risoto. Os preços, para porções individuais, começam em R$ 49 e vão até R$ 89. Há também uma seção do cardápio chamada "especialidades da casa", onde há cinco opções, sendo que três delas também envolvem risoto. Ou seja, tem "arrozinho" para todos os gostos. E é difícil escolher, porque as opções são todas muito apetitosas. Há, por exemplo, o risoto de paio, que é quase uma feijoada em forma de risoto. Acho que nunca nos demoramos tanto para decidir o que comer, e acabamos fazendo um sistema engenhoso de sorteio para chegar a uma decisão, depois que cada um de nós conseguiu reduzir a quatro as possibilidades de escolha.

Chris acabou ficando com um prato da seção "especialidades da casa". O sorteado foi o filé de robalo grelhado, servido com risoto de arroz negro, abobrinha, uvas passas douradas e espuma de capim santo (R$ 89). O cheiro e o sabor forte do robalo não a agradaram, e acabei concordando com ela que estavam mesmo um pouco desagradáveis. Algo deveria ter sido feito, provavelmente na hora de temperar o peixe, para retirar um pouco essa "maresia". Mas ela gostou tanto do risoto, com o agridoce dado pelas uvas passas douradas, e com a cremosidade conferida pela espuma de capim santo, que acabou relevando um pouco o defeito no item principal de seu prato. Para colorir de verde, algumas folhas (pareciam ser de baby agrião) que também serviram para dar alguma crocância ao prato.

Bom que a foto não tem o cheiro da maresia

Meu sorteio acabou resultando na escolha do clássico risoto caprese, com muçarela de búfala, tomate cereja, pesto de manjericão e farofa de nozes (R$ 59). Embora eu goste de pedir pratos diferentes quando vou a restaurantes, também é bom comer um clássico bem feito. Mas, antes de falar se ele estava mesmo bem feito, falemos do prato. Ou do vaso, para ser mais preciso. Sério, nunca vi um prato tão fundo assim. Confesso que dificultou um pouco para "montar" as garfadas, principalmente quando o risoto foi chegando ao fim. Também ficava difícil apoiar os talheres nos momentos em que eu ia dar uma bicada na bebida.

Prato fundo. Muito fundo. Mas fundo pracas.

Apesar deste pequeno (e profundo) problema, o risoto estava delicioso, além de muito bem apresentado, com uma grande "bola" de muçarela no centro do prato, que foi se derretendo aos poucos, a farofa de nozes dando crocância por cima, o pesto nos cantos e mini-folhas de beterraba (ou não) fazendo uma graça por cima. Algumas garfadas vinham com os tomates cerejas que estavam entremeados no arroz, e estas eram as melhores. A profundidade do prato causou outro problema: a porção veio grande demais. Foi difícil chegar ao fim, o que só foi possível porque estava muito bom. E porque eu sou um glutão.

Veja a foto anterior para saber o tanto de risoto que o rapaz comeu

Relaxados e prontos para comer

Embora o restaurante fique ao lado de uma boutique de vinhos, combinamos nossos pratos principais com uma cerveja do estilo witbier chamada Schloss, da Cervejaria Dortmund, de Serra Negra (SP). A garrafa de 500 ml custou R$ 29. Entre as cervejas especiais, a maioria das opções é da Cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto.

Para finalizar a refeição o menu lista cinco opções de sobremesa, das quais escolhemos a panna cotta de baunilha fresca, servida ao coulis de caqui e canela com praliné de castanha do pará (R$ 24,90). Não gostamos muito do copo em que ela veio servida, não era muito próprio para compartilharmos. Também achamos que o coulis de caqui, que é um molho, veio em pouca quantidade. Se ele fosse ruim não sentiríamos falta, mas estava muito bom. As castanhas em praliné (cristalizadas com açúcar) também poderiam vir mais fartas. O que salvou foi que a panna cotta, por si só, foi a melhor que já comemos, com uma consistência perfeita e ótimo sabor.

Coulis, praliné, panna cotta, é frescura demais, né?

A brigada de garçons é bastante jovem, o que não significa que seja desinformada ou desinteressada. Não é preconceito, mas às vezes ambas as características são vistas em funcionários jovens de restaurantes. O salão estava relativamente vazio, o que facilitou o serviço em termos de atenção dispensada à nossa mesa. Mas é de se destacar, por exemplo, a solicitude demonstrada nas vezes em que saímos para a Chris fumar. Tínhamos sempre a companhia constante de um dos garçons, que nos deixava informado sobre a chegada de nossos pratos, e vinha verificar se estava tudo bem. Todos tinham boas informações sobre o cardápio, e se mostraram solidários e prestativos quando nos mostramos em dúvida sobre o que pedir. Outro dado interessante foi a presença do chef Tércio Raddatz em nossa mesa, para saber o que tínhamos achado de nossa comida.

O que se pede de uma churrascaria é boa carne, de uma pizzaria é boa pizza. Em uma risoteria, claro, esperamos bons risotos, de preferência melhores do que aqueles que fazemos em casa. Eu me aventuro nessa arte de vez em quando, e a Chris sempre me elogia muito (com sinceridade, espera-se). Mas meus esforços não chegam no mesmo patamar dos risotos feitos por quem é especializado no prato. A Risoteria Villa Lobos faz jus ao nome, e entrega o que promete. Os preços, como deu para perceber, não são dos mais baratos, mas a relação custo-benefício acaba sendo boa, por conta da qualidade da comida. Às quartas-feiras há uma promoção especial que oferece um menu completo com preço mais acessível, mas o próprio garçom não sabe até quando isso durará, porque a promoção depende de uma parceria com uma empresa que já avisou que não vai continuar no projeto. Mesmo sem promoção, eu e Chris concordamos que, devido aos vários risotos que ficamos com vontade de provar, voltaríamos ao restaurante em uma próxima oportunidade. Agora, todas as vezes que eu passar pela Avenida Heitor Villa Lobos vou olhar para o restaurante e pensar "hmmmm, que tal comer um arrozinho?".

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 9 e 8
Serviço(2): 8 e 8
Entrada(2): 7 e 6,5
Prato principal(3): 8 e 8,5
Sobremesa(2): 8 e 7
Custo-benefício(1): 8 e 7
Média: 8 e 7,62
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Avenida Heitor Villa Lobos, 841 - Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3922-0505
Site: http://www.vlobos.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/risoteriavlobos/?fref=ts





terça-feira, 3 de novembro de 2015

Chinese House (São José dos Campos - SP) - 29/10/2015

Lig Lig e China in Box. Estas eram minhas duas referências em culinária chinesa. Para quem não sabe, são duas redes especializadas em comida chinesa para entrega em casa, presentes em quase todo o Brasil. Dias atrás, caminhando com a Chris perto do apê dela, passamos por este belo restaurante, chamado Chinese House, com dois leões de bronze tomando conta de sua entrada. Nada como caminhar para encontrar coisas que não vemos quando passamos correndo dentro de nossas máquinas motorizadas. Na hora já falei para ela que poderíamos visitar o restaurante em breve, nem que fosse só para tirar uma foto com os leões. E foi o que fizemos. Mas é claro que não ficamos só na fotografia.

Chris e os leões protegendo a entrada

Do lado de dentro a decoração também remete à China, a começar pela enorme estátua de Buda nos fundos. Chamam atenção também as belas luminárias (porra, não tiramos foto delas!) e alguns quadros com pinturas chinesas. Até mesmo os pratos e travessas tem desenhos bonitinhos retratanto um sábio chinês rodeado por uma corça, uma criança e uma mulher. Já as toalhas de mesa pareciam mais uma homenagem ao Fluminense, como bem lembrou a Chris.

O careca e o cabeludo, quem é mais barrigudo?

Toalha do Flu

Pedimos uma cerveja Original (R$ 10,00) e rapidamente escolhemos uma entrada. Não havia muitas opções. Entre os já conhecidos rolinhos primavera, pepino azedo à moda chinesa e outros quetais não muito apetitosos, ficamos com os Wang Tung fritos (R$ 30,00, doze unidades). São pastéis de carne suína, bem parecidos com os guiozá japoneses. Estavam saborosos e crocantes, embora um pouco molhados de óleo. Mas acompanharam muito bem nossa cervejinha.

Wang tung mung chung lung

Já para os de pratos principais, a situação é totalmente oposta. O cardápio lista dezenas de opções. Sem eufemismos: o cardápio é uma zona. A começar pela decisão de colocar, nas páginas da esquerda, a descrição do prato em português e inglês (sem preço), e nas páginas da direita a descrição em chinês com o preço. Então para saber o valor de algum prato o cliente tem que olhar o número do prato no lado esquerdo e então procurar este número no lado direito. A não ser que ele saiba ler chinês. Complicado. Ademais, como já dito, são muitas opções, praticamente uma para cada habitante da China. Outro detalhe: para saber se um prato está disponível ou não, é necessário ver se há o preço especificado. Se não tiver o preço é porque não tem o prato. Então você olha do lado esquerdo, acha a descrição legal, aí vai lá pro lado direito e descobre que, como diz o comercial, certas coisas não tem preço. E não estão disponíveis! Chato.

Com a ajuda do garçom, acabamos escolhendo o peixe com legumes (R$ 41,00) e o risoto de camarão (R$ 21,00). Essa combinação serve fartamente duas pessoas. Os tais legumes que acompanham o peixe são: brócolis, couve-flor, pimentão, cebola, cenoura e broto de bambu. O risoto é na verdade o arroz chop suey acrescido de alguns camarões médios. Nada muito saboroso. Para dizer a verdade, faltou uma boa dose de tempero, tanto no arroz quanto no peixe com legumes. É certo que à mesa havia molho shoyu e sal, mas achamos que a comida já poderia vir mais temperada. Chris se ressentiu mais do que eu dessa falta de sabor.

Prontos pro crime

Um close do rango

Na hora das sobremesas mais uma vez o menu é bastante enxuto. Apenas algumas opções de frutas caramelizadas, e coisas parecidas. Acabamos escolhendo abacaxis e maçãs caramelizados (R$ 20,00). Vieram dois pedaços de cada fruta, bonitos, brilhantes e crocantes. O sabor das frutas acaba sumindo um pouco no meio de tanto açúcar, mal dá para saber qual é uma e qual é outra. Mas até que estava razoável, embora pouquíssimo inventivo.

Bonitos, brilhantes, crocantes e...bonzinhos

Durante boa parte de nossa refeição tivemos o restaurante só para nós. Ainda assim demorou um certo tempo para um dos dois garçons perceberem que estávamos com alguma dificuldade com o cardápio. Afora este pequeno deslize, fomos muito bem atendidos, com simpatia, alguma graça e bastante conhecimento sobre as opções da casa. O tempo de espera também foi apropriado entre os pratos, não deixando grandes intervalos e nem servindo tudo muito rapidamente.

Chris ficou bastante incomodada com a falta de "graça" na comida, e disse que não faria uma segunda visita ao Chinese House. Eu, embora também tenha tido minhas restrições, achei que a relação custo-benefício faria valer a pena outra refeição por ali.

Lig Lig, China in Box e Chinese House. Agora são três nossas referências em culinária chinesa. Mas ainda falta muito para ela nos conquistar de vez.


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7,5
Serviço(2): 8 e 7,5
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 5 e 6
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6,41 e 6,58
Voltaria?: Não e sim


Serviço:
Avenida São João, 171 - Jardim Esplanada II - São José dos Campos - SP
Telefone: (12)3921-8532
Facebook: https://www.facebook.com/RestauranteChineseHouse/?ref=ts&fref=ts





quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Confraria do Sabor (Campos do Jordão - SP) - 22/08/2015

"Se fosse para me indicar um restaurante em Campos do Jordão, sem ser o seu, qual você indicaria?". Foi isso que perguntei ao Jorge, proprietário do Libertango, quando saíamos de seu restaurante. Ele respondeu sem pestanejar: "Confraria do sabor". Eu já tinha uma boa referência do lugar por conta dos relatos de minha mãe, que já havia estado ali. De modo que fizemos nossa reserva para o sábado à noite, e lá chegamos às oito em ponto.

Chegando às oito em ponto

Do lado de fora o lugar se assemelha a uma residência, com paredes pintadas de amarelo, algumas árvores e um portão. Por dentro, não é que o lugar seja desagradável. Longe disso. Mas o ambiente não tem nenhum charme especial. Há uma lareira, ao lado da qual fomos instalados em uma mesinha redonda, e grandes espelhos nas paredes. Meia luz, mesas de diversos tamanhos, e uma boa distância entre elas, proporcionando privacidade. Tivemos um problema que atrapalhou um pouco nossa apreciação do ambiente: uma confraternização de alguma empresa, com direito a discurso em pé e tudo. Sorte que não tinha microfone. Mas as palmas rolaram, especialmente quando o chefe falou. Em seu discurso, me lembro bem, constavam as expressões "vai vim" e "nova novidade". Atrapalhou um pouco, mas não podemos dizer que é culpa do restaurante.

Chris lê o cardápio antes da galerinha da "nova novidade" chegar

Para a entrada escolhemos o souflet de alcachofra (R$ 34,10). Pedimos um para dividir, e gostei do fato de eles terem trazido em duas porções separadas. Até fiquei com medo de cobrarem duas no final, mas isto não aconteceu. Pena que o cuidado ao servir não se refletiu na qualidade do prato. Em primeiro lugar, elas não estavam padronizadas. A da Chris estava mais "cheinha" e tostadinha por cima, e a minha veio mais murcha e branquela. Ambas grudaram um pouco na forminha. A alcachofra, como bem disse a Chris, ficou passeando por Campos do Jordão, porque seu sabor não foi muito sentido. O souflet até estava saboroso, mas o gosto do queijo prevalecia. Quanto ao molho shoyu, que acompanhava o prato, não era diferente daqueles que compramos em qualquer mercado.

Muchiba

Há cerca de quinze opções de pratos principais, e ficamos com vontade de pedir quase todos eles. Isso é um excelente sinal. A descrição dos pratos era apetitosa e criativa, como por exemplo a costeleta suína com risoto de damasco e gorgonzola e molho de mel (R$ 74,60) ou o filé mignon grelhado com lâmina de foie gras, vinho Marsala, risoto de cogumelo Paris e cebolinha grelhada (R$ 97,10). Este último quase foi pedido pela Chris, que acabou fazendo sorteio para decidir qual prato pediria.

Prontinhos pro cime

Sorteio efetuado, Chris pediu a truta em vinho chardonnay, nhoque de mandioquinha na manteiga com folha de mostarda e molho de gengibre (R$ 72,80). Apresentação bem simples, com o nhoque meio amontoado ao lado do peixe. Ela deu a primeira garfada na truta e achou boa. Depois experimentou o nhoque. Acho que antes mesmo de fazer qualquer comentário ela me ofereceu um pouco deste último. Dizer que não tinha gosto seria mentira, porque tinha sim: era gosto de mandioquinha com farinha. Faltou uma boa dose de sal, e mais capricho no tempero de um modo geral. Comentamos depois que quem precisava brilhar ali era mesmo o nhoque, porque é difícil errar numa truta. Infelizmente o nhoque não brilhou e o peixe ficou sozinho pra carregar o prato. Um mano da quebrada diria "firmeza, truta!".

Faltou. Ah, faltou. Faltou mesmo.

Depois de muito pensar no que pedir, acabei escolhendo o ossobuco de cordeiro no seu molho, com risoto de açafrão, cebola caramelada e anchova (R$ 75,50). Você não leu errado, e eu não escrevi errado: anchova junto com cordeiro. Foi justamente esta ousadia que acabou me fazendo escolher este prato. Nunca tinha visto a combinação em cardápio nenhum. Por anchova entenda-se aliche, aquele peixe que normalmente é feito na salmoura, muito utilizado para pizzas. A apresentação veio bacana, com o ossobuco por sobre o risoto e o molho por baixo. Demorei para encontrar o pedacinho de anchova em cima do cordeiro. O garçom sugeriu que eu comesse os dois juntos para harmonizar. Experimentei, mas achei que não fez muito sentido. Chris achou o mesmo. Comentei com ela que se eles confiassem mesmo na combinação teriam colocado pelo menos dois filezinhos. O pedacinho que veio só deu pra duas garfadas, uma pra mim outra pra Chris. Mas o sabor geral estava bom, e a carne do cordeiro estava soltando do osso, e bastante macia.

Bem mais bonito e gostoso que o da Chris

Na hora de adoçar a boca, o problema de sempre. Quase nunca os restaurantes investem em opções criativas para esta parte do cardápio. Basta notar que aqui no blog é este momento que normalmente derruba a média dos restaurantes. Como aqui a média já não estava muito alta, este risco foi minimizado. No meio dos indefectíveis petit gateau, sorvete e frutas da estação, resolvemos pedir a tarte Tartin de maçã com sorvete de gengibre (R$ 18,80). Tarte Tartin é uma torta famosa na França, criada pelas irmãs Tartin. Dizem que nasceu de um erro, quando uma das irmãs colocou as maçãs no forno sem a massa, e acabou acrescentado-a depois que as maçãs já estavam caramelizadas, invertendo o ritual normal de um torta. Ou seja, é uma torta ao contrário, mas que tem as frutas e a massa em união umbilical. Não era o caso da nossa, que era uma cestinha de massa folhada com as maças caramelizadas dentro. Mas a massa estava leve e crocante, e as maçãs saborosas.

Cestinha de massa folhada com maça caramelizada e sorvete. Este é o nome.

Não há muito o que dizer sobre o serviço. Esteve correto o tempo todo, mas não encantou em momento algum. Um homem, que parecia ser o dono ou gerente, vinha a toda hora perguntar se estava tudo bem (tá, "toda hora" quer dizer umas três vezes), e eu não vejo muito sentido nisso. É o mesmo que cumprimentar alguém na rua, perguntar se está tudo bem e querer que a pessoa seja sincera: "Olha, pra falar a verdade não tá tudo bem não, minha vó tá com a unha encravada, meu gato tá soltando pelo e minha esposa tá de chico". O tempo de espera entre os pratos foi perfeito, e a prontidão para perceber que queríamos algo também foi de se elogiar.

Infelizmente tivemos problemas com a entrada, e o prato principal não agradou totalmente a nenhum dos dois. Foi uma pena, porque ficamos apaixonados pelas sugestões apresentadas no cardápio, conforme já explanei. Por conta dos defeitos encontrados, nós dois concordamos que não voltaríamos ao Confraria do Sabor. A relação custo-benefício também acabou destruída pelas inconsistências nos pratos, já que os preços não são dos mais baratos. Lembrando da reunião da empresa que tivemos que presenciar, eu diria: menos confraria e mais sabor, por favor!


AAVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 5 e 5
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 6 e 6,5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,41 e 6,33
Voltaria?: Não e não



Serviço:
Avenida Doutor Vitor Godinho, 191 - Vila Capivari - Campos do Jordão - SP
Telefone: (12) 3663-6550
Site: http://www.confrariadosabor.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/AmicciDalVino/info