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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Jiló (Itacaré - BA) - 25/09/2023


 
    O poder da má fama do jiló é tão grande que eu só fui experimentá-lo já adulto. Sempre associada a algo ruim e amargo, a fruta (sim, fruta!) ficou fora do meu radar, até que a peguei sem querer em um restaurante a quilo qualquer. Depois comi em casa, empanadinho. E, se não posso dizer que sou um apaixonado, aprendi a apreciar o sabor intenso do alimento. Chris já gosta desde sempre. Então não poderíamos deixar de visitar um restaurante que teve a coragem de usá-lo como nome. O fato de ter mesinhas na calçada em frente à Praia da Coroa em Itacaré também ajudou bastante na escolha, não podemos negar.
 
O blog precisa contratar um fotógrafo melhor

    Claro que nos instalamos nas tais mesinhas na calçada, onde é permitido fumar. Mas o restaurante tem outros ambientes. Na parte de dentro, a cozinha é aberta, e existe um lounge bem em frente, com um sofá cheio de almofadas, uma rede e até uma bananeira. Subindo uma pequena escada temos mais dois ambientes, um deles com vista para a Praia da Coroa. Tudo muito caprichado e cuidadoso na decoração. As mesas e cadeiras são de madeira, mas bem confortáveis, e condizentes com o ambiente da casa e com um restaurante de frente pro mar.

Condizente, muito condizente

Dá até pra tirar um cochilo no lounge

A parte de cima

A parte de cima, com o adendo da vista pra praia

Onde a magia acontece

    Ficamos um pouco decepcionados com as opções do cardápio. Não que não houvesse descrições apetitosas - sim, havia. Mas, dentre todas as entradas, principais e sobremesas, apenas uma opção trazia jiló. Ou seja, a coragem exibida no nome do restaurante não se replica no menu. Uma pena. Isso à parte, gostamos do fato de o menu ser curto, resolvido em apenas uma página: quatro entradas, oito principais e duas sobremesas.

    Não poderíamos deixar de escolher como entrada o tal único prato que tinha jiló: chips de aipim crocantes e viciantes com vinagrete de jiló (R$ 30). Não sei se os chips chegam a ser viciantes como indica a descrição do restaurante, mas ambos adoramos, estavam sequinhos, bem salgadinhos e crocantes - embora um ou outro estivesse mais durinho. O vinagrete de jiló tava uma delícia, mas veio em proporção bem errada. Depois até nos foi dito que mandam pouco porque tem gente que não gosta e acaba sobrando, e que se tivéssemos falado poderia ser reposto. Mas já era tarde, tínhamos devorado todo o aipim, mesmo sem vinagrete. Só se mandarem aqui pra São José, será que rola?

É ou não é pitico por demais o vinagrete jilozado?

    Depois de comer muito aipim, Chris escolheu como prato principal o peixe na brasa com creme à baiana, banana da terra assada e molho lambão (R$ 89). O tal creme baiano eram bem parecido com um bobó, com o dendê bem presente. Chris achou que a banana deu uma sumida com a força do creme. O matagal de salsinha que encima o prato poderia muito bem ser coentro, que combinaria bem com o peixe. Falando nele, estava em um bom ponto, e bem temperado. A farofinha que não estava na descrição trouxe um pouco de crocância, e o molho lambão (que é tipo um vinagrete) nem aparece na foto, e também não fez muita diferença no paladar. Chris gostou, no geral, mas achou que talvez pudesse vir um pouco menos de creme.
 
Se o matagal fosse de coentro ganharia um ponto extra na nota final

    Depois de também comer muito aipim, mas não tanto quanto a Chris, escolhi o polvo grelhado com creme de espinafre, tropeirinho de feijão verde, batata corada e farofinha de pão (R$ 115). Minha única oportunidade de comer polvo é quando os pratos são individuais, porque a Chris não gosta, então quase sempre aproveito as oportunidades. O polvo estava em ótimo ponto, e muito bem temperado. O creme de espinafre estava bem delicado, e tinha a importante função de umedecer o prato. A batata também estava boa, bem salgadinha e com pedaços crocantes. A farofinha, com pedaços de bacon, combinou muito bem com o polvo. Achei que o feijãozinho foi desnecessário no conjunto.
 
Maluco, a batata parece uma cabeça de tartaruga!
 
    A sobremesa quase sempre é a parte do cardápio que os restaurantes dão menos atenção. No Jiló são apenas duas opções, e resolvemos dividir a banana na brasa com caramelo salgado, sorvete de creme e telha de cacau (R$ 34). Telhas ultra-finas, muito crocantes e saborosas. A banana tinha um leve toque da brasa, bem interessante. O caramelo salgado trazia, além do sal, uma acidez muito instigante ao prato. Sorvete agradável, acrescentando mais uma textura a um prato cheio delas. Bem legal.

Cadê o sorvete?

Achôôô!
 
    O serviço foi bem correto. Fomos atendidos quase o tempo todo por uma garçonete, que nos apresentou o cardápio, e falou também sobre algumas opções que não estavam descritas por não fazerem parte do menu fixo. Ela foi bem detalhista, e talvez até tenha falado um pouco demais, a gente ameaçava baixar a cabeça pra olhar o cardápio e ela falava mais um pouquinho. Mas é melhor pecar pelo excesso do que pela omissão. Os pratos chegaram bem rápido, o que mais demorou foi a sobremesa. Trouxeram um cinzeiro de coco pra Chris, e ela gostou tanto que depois comprou um em uma loja de artesanato. Outro ponto a se destacar é que nos foi dito que, caso quiséssemos, poderíamos acrescentar arroz aos pratos. Não aceitamos, mas achamos simpático.

    Talvez haja uma explicação para o restaurante se chamar Jiló e usar tão pouco jiló nas receitas. Não chegamos a questionar. É possível que antes houvesse mais opções, mas o dia a dia tenha mostrado que elas não faziam sucesso, e aos poucos o jiló foi desaparecendo do Jiló. Se for algo nesse sentido, é compreensível, já que conceito não paga as contas de ninguém. Independentemente disso, a boa comida, o bom atendimento e o maravilhoso ambiente me fizeram concluir que eu faria uma nova visita ao Jiló. Já a Chris entendeu que o menu não trazia outras opções que ela tenha ficado com vontade, e concluiu que não retornaria. Ficaram faltando algumas praias para conhecermos em Itacaré. Quem sabe um dia, caso voltemos, eu a convença a dar mais uma chance ao Jiló. Mesmo sem muito jiló.
 
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 7 e 8
Entrada (2): 7,5 e 6,5
Prato principal (3): 7,5 e 8,5
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 6,5 e 7
Média: 7,41 e 7,70
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Av. Antonio Athanásio dos Santos, 25 - Centro - Itacaré - Bahia
Telefone:  (73) 99955-7273
Instagram: @jilorestaurante
Facebook: @JiloRestaurante

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Edo Zushi (São José dos Campos - SP) - RETORNO - 01/08/2023

 


    Ao final de todos os nossos textos de restaurantes aqui no blog, sempre respondemos à pergunta "voltaria?", cuja resposta não atesta necessariamente a qualidade do restaurante, mas sim se há algo nele que nos faria voltar. Às vezes é o ambiente incrível, ou um prato específico que nos maravilhou, ou mesmo opções do cardápio que não pudemos pedir, mas ficamos com vontade. Na hipótese de a resposta ser negativa, os motivos também podem ser variados. No caso do Edo Zushi, que nós visitamos em 2014 (em texto que pode ser lido aqui), ambos respondemos que não voltaríamos, e os motivos apontados foram estes: "todos os problemas de atendimento, mais a "muvuca" que se formou, mais o fator "preço" nos levam à conclusão de que não voltaríamos ao Edo Zushi". Acontece que meu irmão estava com vontade de visitar o lugar, então decidimos deixar de lado nossa "promessa" de não voltar, e fizemos uma segunda visita, dessa vez na agradável companhia do senhor Carlos Augusto, vulgo Boto.

Vulgo Boto, Fidalga Chris e Plebe Fê

    Em relação à fachada e ambiente, as coisas permanecem bem parecidas. Lagos com carpas, sofás, mesas de madeira e um lindo e grande aquário, que fica no salão principal, onde ficamos da primeira vez. Dessa vez decidimos ficar no antessalão (se existe antessala, deve existir antessalão), que estava vazio em uma noite de terça-feira. Assim que sentamos recebemos o cardápio, o que já traz uma mudança em relação à visita anterior: a casa aparentemente abandonou o sistema de bufê, ao menos no jantar. Outra coisa importante de saber é que a casa NÃO TRABALHA COM RODÍZIO. Perdão pela indelicadeza da caixa alta, mas existe uma aviso enorme, logo na entrada, com essa informação, e mesmo assim teve gente que entrou querendo saber se tinha rodízio. 
 
Chris e Fê vão papar

Chris e Boto vão papar

Chris e Boto vão papar por outro ângulo

Fê e Boto Brabo vão papar

    Outra benvinda mudança é que agora o restaurante oferece um mimo aos clientes, o missoshiro, que é uma sopinha de missô, ótima para abrir o apetite. Estava gostosinha que só, muito bem temperada, e não vem cobrada ao final. Ou seja, não precisa ficar com medo, pode aceitar.
 
Vem ni mim sem medo

    O cardápio vem à mesa plastificado, com apenas duas páginas. De um lado os combinados da casa, além do que eles chamam de "aperitivos favoritos", todos com fotos. Do outro lado as entradas frias, entradas quentes, sushis, sashimis, pratos quentes, temakis, etc, sem fotos. Visualmente ele não combina muito com o ambiente - e com os preços - da casa, é um tanto tosco. Eu, que não sou um grande fã de menus virtuais, no caso do Edo acho que seria interessante, pela quantidade de opções diferentes, muitas vezes desconhecidas da maioria das pessoas. Sem preocupação de espaço, daria para colocar fotos de todas as opções, além de ser mais fácil incluir os produtos sazonais, que não estão disponíveis o ano todo. Réxitéguificaadica.

    Camarão sempre é uma boa maneira de começar qualquer coisa, então escolhemos um dos "aperitivos favoritos", o Spicy Rock Shrimp & Shimeji (tempurá de camarão e shimeji negro envoltos em molhos especial levemente picante, R$ 44,90). É preciso primeiro dizer que veio mais shimeji do que camarão, o que não é exatamente um problema. Acho até que shimeji fica melhor no tempurá do que o camarão (talvez a Chris discorde de mim). Mas o fato é que estava uma delícia, com o "levemente picante" da descrição sendo levado a sério, o que significa que não estava agressivo, não escondeu o sabor dos ingredientes. Além disso, estava muito crocante. Esse coisinho branco/transparente que aparece na foto abaixo é um salgadinho comestível, embora pareça isopor. Foi totalmente ingerido também, junto ao delicioso shoyu que fica disponível na mesa. 

Tempurá com coisinho branco

    Em relação ao shoyu que fica na mesa, vale apontar que é possível pedir outros molhos, que também não são cobrados. Quer dizer, não sei se é possível pedir "outros molhos", assim no plural, mas sei que a Chris pediu tarê, que ela adora, e ele veio. Talvez outros também venham, caso solicitados.

    Para o prato principal, decidimos escolher um dos combinados. Quase todos eles tem versões para uma e duas pessoas. Como já tínhamos comido o missoshiro e uma entrada, achamos que um combinado para duas pessoas seria suficiente para nos satisfazer (e de fato, foi). São nove tipos diferentes de combinados, mas eu e meu irmão encasquetamos que queríamos comer ouriço-do-mar, que nunca tínhamos comido. Por conta disso, nossas opções caíram para duas. Uma delas custava R$ 499,90. A outra custava R$ 329,90. Claro que escolhemos essa mais baratinha, quase o preço de um PF.

    O nome do nosso combinado era Tokujo Gold + Mini Carpaccio Branco (50 peças mais carpaccio, R$ 329,90). O primeiro a chegar à mesa foi o mini carpaccio branco, com o peixe encimado por um tantinho de bottarga (ovas de tainha), gergelim e cebolinha. Uma delícia, com a bottarga trazendo um salgadinho muitíssimo benvindo. Pena que vieram só cinco, e como somos todos muito educadinhos, ficou um pedacinho esperando para ser comido até quase o fim da noite, o famoso "deixa-que-eu-deixo".

Um pra você, um pra mim, outro pra mim, mais dois pra mim

    Nosso combinado Tokujo Gold (Tokujo, pelo que pesquisei agora, significa "Ninja Alto Especial", quem é fã de Naruto já deve saber) veio com treze qualidades diferentes de itens, a maioria em duplas, alguns em quintetos e dois em octetos. Antes de falar sobre cada um, vamos lembrar os conceitos: niguiri é aquele compridinho, de arroz compactado com o ingrediente por cima, sem alga; hossomaki é o sushi com a alga por fora; uramaki é o sushi invertido, com a alga por dentro; gunkan é aquele em que o recheio fica por cima, e não no meio; e sashimi é a fatia fina do peixe ou fruto do mar. Pois bem, começando pelos octetos: oito hossomakis de atum e oito harumakis de salmão. Quintetos: cinco sashimis de atum, cinco sashimis de salmão, cinco sashimis de pargo e cinco sashimis de polvo. Duplas: dois gunkans de uni (ouriço-do-mar) com ovas de salmão, dois niguiris de polvo, dois niguiris de vieira, dois niguiris de atum, dois niguiris de camarão, dois niguiris de robalo e dois niguiris de salmão. Além disso, vem também um pouco de wasabi (tempero em pasta tipicamente japonês), salsa crespa, chuchu em tiras finas e shiso (erva que lembra hortelã).

    O que temos para julgar quando quase tudo o que comemos está cru e sem tempero? A apresentação, o cuidado nos cortes e, principalmente, a qualidade dos ingredientes. E a verdade é que não há muito o que reclamar de nenhum desses três quesitos. Estava tudo muito fresco, brilhante, nenhum ingrediente com aquela aparência "cansada" - um problema que acomete muitos restaurantes japoneses. O pargo com um toque de limão foi um dos destaques. O atum estava incrível, e nos perguntamos como pode o tal do atum bluefin (que fazia parte do combinado que custava quinhentos mangos) ser ainda melhor do que isso. Chris adorou o niguiri de camarão, obviamente, já que é tiete do crustáceo. O sashimi de polvo, que nunca tínhamos comido, foi uma agradável surpresa, com sua textura firme, e muito gosto de mar (Chris não comeu, porque o amor que dedica aos crustáceos encontra sua antítese no que tange aos moluscos). Os hossomakis e uramakis estavam muito bem montados, não se despedaçavam quando eram pinçados com os hashis. Os niguiris estavam perfeitos também. E o desejado ouriço-do-mar, que eu e meu irmão tanto queríamos comer, ainda permanece uma incógnita. Ambos sentimos um pouco de amargor, e gosto de mar. Mas acho que precisamos de mais provas para chegar a um conclusão definitiva sobre o bichinho - que Chris abdicou de experimentar em nosso benefício, já que só havia duas unidades. 
 
Uma imagem bonita, mas pode doer (no bolso)

Nem assim pro Sméagol parar de olhar pro anel (na camiseta, pô)

    Da outra vez que visitamos o Edo, só havia uma opção de sobremesa. Ficamos muito satisfeitos em saber que esse número dobrou: agora são duas! Como uma delas era apenas "gelato da casa", escolhemos o Brownie Chocoretto com Gelato da Casa (duas bolas de sorvete da casa, uma de chocolate e uma de baunilha, com cobertura de chocolate sobre brownie, R$ 35,90). Não é lá das mais criativas, mas não dá pra negar que estava bom, sorvete muito cremoso, brownie saboroso, boa combinação de sabores.

E o pote, gente, que lindeza, dá ganas cleptomaníacas na pessoa

    Um dos principais problemas em nossa outra visita foi o serviço, confuso e demorado em alguns momentos. Não tivemos esse problema agora. Garçonetes muito novas (acho que nenhuma viu o Brasil ser campeão do mundo de futebol), simpáticas, solícitas e com as explicações bem decoradinhas. Meu irmão perguntou pra uma delas se ela tinha comido determinada coisa, e a resposta foi não. Penso que, ao contratar, não custa nada fazer as moças experimentarem os principais produtos, para falarem sobre eles com mais propriedade, né? Havia um funcionário mais experiente para as dúvidas mais complexas - que sempre surgem com aqueles nomezinhos complicados, ou mesmo pra saber o que era cada coisa em nosso "bandejão".

    Outro dos principais problemas em nossa outra visita foi o preço. Esse, lamento dizer, permanece sendo um problema. Sim, é tudo de alta qualidade, sim, é tudo gostoso, sim, é tudo bonito. Mas a bandeja para três pessoas custa 330 pedaços da alma - e nem escolhemos a mais cara. Quando a gente compara com outros lugares em que já estivemos, notamos que é um nível acima, mas não para tanto. E acho que esse foi o principal motivo que fez eu e Chris decidirmos - pela segunda vez - que não voltaríamos ao Edo Zushi. E dessa vez a gente tem (quase) certeza de que é definitivo.
 
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 8
Serviço(2): 8 e 7
Entrada (2): 6 e 7
Prato principal (3): 6 e 8
Sobremesa(2): 5 e 6
Custo-benefício(1): 4 e 5
Média: 6,16 e 7,08
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Santa Elza, 250 - Vila Adyana - São José dos Campos - São Paulo
Obs: fica na rua do Gogó da Ema, virando à direita na Av. Adhemar de Barros
Telefone: (12) - 3911-5772 - Whatsapp (12) 98841-5135
Site: http://www.edozushi.com.br/
Facebook: @edozushi
Instagram: @edo_zushi

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Mar del Plata (Santos - SP) - 25/08/2017



Estávamos hospedados na praia de José Menino, e rodamos oito quilômetros pela bela orla santista para chegar ao Mar del Plata, que fica na Ponta da Praia. Instalado em meio a prédios residenciais, o restaurante se destaca na paisagem com suas janelas de vidro que deixam entrever seu salão. Em frente, cargueiros gigantes passam pra lá e pra cá no movimentado Porto de Santos. A casa está no mesmo lugar desde 1992, e esses 25 anos serviram para torná-la uma das mais tradicionais mesas da cidade.

Eu adorei o salão, bem iluminado, com os móveis e objetos em tons claros, espelhos em todas as paredes, fazendo o lugar parecer maior do que é, mas sem perder a sensação de intimidade. Para realçar ainda mais essa característica, confortáveis sofás encostados às paredes - onde, claro, nos acomodamos. Chris também gostou, mas não tanto quanto eu. Acho que é tão raro encontrar um salão bem iluminado que me deixei levar pela empolgação. Segundo o site, houve uma grande reforma em 2010, e sete anos depois é incrível como tudo parece novo.

Incrível como parece novo (o lugar, não o rapaz)

Ói nóis lá no espelho lá lonjão, ó lá!

Quase todas as opções de entrada são aquelas porções típicas que se encontra em bons quiosques de praia: isca de peixe, camarão à paulista, marisco ao vinagrete, lula ao alho e óleo, entre outras. Como não tínhamos areia sob nossos pés nem sol sobre nossas cabeças, optamos por algo mais singelo: casquinhas.

Chris escolheu a casquinha de siri especial (R$ 19). Não sabemos o porquê do adjetivo "especial", já que não havia a casquinha "não-especial". Fato é que a Chris achou a casquinha gostosa, com bastante gosto de siri. Outro ponto positivo é que não foram encontrados aqueles pedacinhos da casca do siri, que são bem desagradáveis. Mas ela achou que faltou uma porradinha a mais no tempero.

Uma porradinha cairia bem

Para mim a pedida foi o coquilles del mar (R$ 21), assim meio afrancesado, meio espanholado, mas que nada mais era do que a casquinha com vários frutos do mar (polvo, lula e camarão). Estava bonita, cremosa, saborosa e com todos os ingredientes no ponto certo. Não há muito mais o que pedir de uma casquinha.

Não posso pedir nada mais de você, coquille del mar
  
Sempre critico cardápios muito extensos, porque acho muito difícil que um restaurante possa manter a qualidade e a excelência em uma quantidade muito grande de pratos. No Mar del Plata as opções passam de oitenta, sendo que a maioria, claro, é focada em frutos do mar. Ainda bem que não tivemos que escolher, pois já fomos ao lugar sabendo o que escolheríamos: a meca santista, o prato típico da cidade.

No ano de 2005 um concurso promovido pela prefeitura, em conjunto com a Unisantos (Universidade Católica de Santos), escolheu os ingredientes que mais representam Santos. Deu meca, banana e palmito pupunha na cabeça. A partir dessa eleição o chef Rodrigo Anunciato criou o prato, que traz dois filés de meca, risoto de palmito com cenoura ralada e farofa de banana com bacon. Claro que é mais legal quando um prato espontaneamente se torna a cara de uma cidade ou região, mas acho válida a iniciativa da prefeitura, que certamente é boa para o turismo. Hoje a meca de fato se tornou uma tradição da cidade, e é servida em vários restaurantes.

No restaurante Mar del Plata a versão "inteira" custa R$ 189. Segundo o garçom ela serve até três pessoas, por isso escolhemos a versão "meia" (R$ 158, numa matemática que não faz muito sentido, mesmo se levarmos em conta que restaurantes costumam cobrar 70% do valor nas versões "meia", o que daria R$ 132,30). A refeição vem em uma travessa, que é servida pelo garçom nos pratos dos clientes. Como pedimos a versão reduzida, ganhamos apenas uma camarãozão, que foi dividido em dois. Mesquinharia, né? O peixe estava gostoso, embora pudesse se valer de um pouco mais de sal. Tem consistência bem firme, e quando é cortado chega a parecer um peito de frango. O arroz estava soltinho e saboroso, com o palmito pupunha bem macio. A farofa estava agradável, molhadinha pela presença da banana e também pela gordura do bacon. Mas é inegável que o prato é seco. Falta umidade, que a farofa não é capaz de proporcionar - aliás, muito ao contrário. Talvez se o risoto fosse feito com arroz arbóreo o resultado seria melhor. Mas ao final eu gostei, achei que houve mais qualidades do que defeitos, ao contrário da Chris. 

Tudo tão farto e um camarãozão só, poxa

Dois ícones de Santos: a meca santista e ao fundo as muretas brancas

O ideal seria pularmos esse parágrafo referente às sobremesas, mas não podemos, em nome do bom jornalismo. Dentre as opções disponíveis, perguntamos ao garçom quais eram efetivamente feitas no restaurante. Apenas duas, ele nos disse: o manjar e o pudim de leite (esquecemos de anotar o preço, mas custam em torno de R$ 10 cada). Chris ficou com o manjar, que foi feito com cravo, o que a desagradou bastante. Embora seja até comum o manjar ser feito com cravo, ela achou que a calda estava com gosto excessivo da iguaria, o que atrapalhou a apreciação. Eu fiquei com o pudim de leite que estava, para ser direto, medíocre. Até que veio com bastante calda, mas o pudim em si carecia de doçura.

Não chegou a ser um manjar dos deuses

Como direi? Medíocre

Os garçons, aparentemente, tem bastante tempo de casa. Isso às vezes se reflete em conhecimento do cardápio, jogo de cintura e agilidade. Noutras em um certo relaxamento, como se o jogo já estivesse ganho, ou tivesse perdido a graça. Tanto as qualidades quanto os defeitos de uma brigada antiga estão presentes no serviço do Mar del Plata. O garçom que esteve conosco na maior parte do tempo parecia tão à vontade na sua função que chegava a parecer desinteressado em alguns momentos. Mas não tivemos problemas maiores em relação ao tempo de espera entre os pratos nem demora para sermos atendidos - até porque éramos os únicos comilões durante boa parte da noite.

Imagine pedir um prato unitário, composto de arroz com palmito e cenoura, farofa de banana e bacon, dois filés de peixe e meio camarão por R$ 78. Caro, né? Pois dividindo o valor do prato pra dois, esse é o preço que se paga pela meca santista no Mar del Plata. A relação custo-benefício sai bastante machucada, mesmo sendo a meca um peixe relativamente caro. Talvez estando em três, ou até quatro, e pedindo o prato completo por R$ 189, essa relação pode melhorar. Mas não foi nosso caso. Esse foi o principal motivo de ambos concordarmos que não voltaríamos ao Mar del Plata. Como bons turistas que somos, realizamos nossa "obrigação" de comer o prato símbolo da cidade, e não nos arrependemos. Foi bom enquanto durou, meca santista. Um dia, quem sabe, voltamos a nos encontrar. 

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6,5 e 8
Serviço(2): 6 e 6,5
Entrada(2): 6,5 e 8
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 4 e 4
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,33 e 6,66
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Av. Alm. Saldanha da Gama, 137 - Ponta da Praia - Santos - São Paulo
Telefone: (13) 3261-4253
Site: http://restaurantemardelplata.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/restaurantemardelplata/

terça-feira, 20 de junho de 2017

Villa Velha (São José dos Campos - SP) - 14/06/2017


O que dizer de um restaurante que existe desde 1968? Antes de mais nada, parabéns!!! Exclamações são deselegantes em um texto, reza alguma cartilha, mas são inevitáveis ao falar de um estabelecimento que atinge essa marca. O Villa Velha pode ser considerado uma instituição joseense. É, certamente, o restaurante mais tradicional da cidade. Fica no centro antigo, em uma região que não tem tantos restaurantes afora aqueles destinados aos trabalhadores, que só abrem em horário de almoço. Portanto é ainda mais digna de aplausos sua longevidade, por estar longe do "circuito gourmet" de São José dos Campos.
 
Em 1968 nenhum de nós dois ainda frequentava restaurantes. Mas de minha parte posso dizer que entrar no Villa Velha é como entrar nos lugares em que ia com meus pais e meu irmão na década de 1980. Não me entendam mal, está tudo recém pintado, limpo, bem iluminado, com pé direito alto e salão amplo. Mas é um lugar que entrega sua idade à primeira vista - a começar pela cabecinha branca de sua brigada de garçons. Mas a idade passa também pela própria arquitetura do prédio, pelos armários onde são guardadas as louças, pelos quadros (todos à venda) que enfeitam as paredes e pela grande cozinha aberta. Nada disso é defeito, e acho que até casa muito bem com a comida servida por ali. O ponto negativo fica por conta dos banheiros, antigos, com cara de mal cuidados e com louças quebradas. 

Antiquado? Vintage? Clássico?

Para iniciarmos a noite enquanto tomávamos nossa Serramalte geladinha (600 ml, R$ 13), pedimos o couvert (R$ 18), composto de torradinhas, pão francês, pão de queijo, azeitonas, patê de aliche e patê de ricota. Até entendemos o pão francês não ser fresquinho, mas é imperdoável o pão de queijo vir frio, quase gelado. O patê de aliche estava bom, mas tinha textura de maionese. O patê de ricota estava sem graça como todo bom patê de ricota deve ser. E as azeitonas já nasceram boas, né? Na conta o couvert só veio cobrado uma vez, o que não sei se é praxe ou se foi alguma falha.

Põe no microondas o pão de queijo, catzo!

Aumente essa foto pra ver como tava essa cerveja

Resolvemos pedir também uma entradinha antes de partirmos para o prato principal. Escolhemos o creme de aspargos (R$ 35), que veio servido numa terrina prateada. Boa quantidade, dava para nós dois nos satisfazermos sem precisar pedir outro prato. Mas seguramos nossa vontade de comer todo o creme, que estava uma delícia, com o sabor dos aspargos presente, mas suave, muito bem temperado e com textura agradável. Ficou a dúvida se, caso não tivesse nos sobrado alguns pães e torradas do couvert, eles nos seriam servido com o creme. Esperamos que sim, porque creme com pão é uma pura (pura, viu?) combinação. 

A terrina e a pura combinação

O Villa Velha se apresenta, na placa que ostenta em sua fachada, como um restaurante de "cozinha internacional e churrascaria". Isso se reflete no cardápio, com a seção dedicada à cozinha internacional abarcando uma extensa gama de pratos clássicos de diversas culinárias, desde o strogonoff até o steak poivre, passando pelo espaguete à bolonhesa e pelo filé à cubana. Entre os churrascos há opções com camarão, frango, pintado, lombo e alguns espetos. Todos os pratos servem duas pessoas - ou quase todos.

Apesar de tantas opções, não tem jeito: na primeira vez que se vai ao Villa Velha, é imperativo que se peça o famoso pintado na brasa. Não era nossa primeira vez, mas como agora estávamos fazendo uma "visita oficial", com vistas a publicar a experiência aqui no blog, não poderíamos deixar de comer novamente o mais célebre prato da casa. Prova da deferência que lhe é destinada é o fato de que é o único prato que conta com opção individual no cardápio. Pintado ali é coisa séria, e observar as outras mesas é ver um desfile de pedaços do peixe passando pra cá e pra lá em espetos. Se o Villa Velha é uma instituição joseense, seu pintado na brasa é uma instituição do Villa Velha. Os peixes chegam semanalmente do Mato Grosso do Sul, segundo me informou o garçom. 

A pintadaiada na cozinha, direto do MS

Como já tínhamos comido couvert e entrada, acabamos optando por pedir a porção individual do prato (R$ 80, com molho tártaro e arroz à grega). São três pedaços de peixe, e quantidade de arroz e molho que foram suficientes para a nossa fome. O arroz veio soltinho, com uma coloração levemente amarelada, e saboroso. O tártaro da casa é bem pedaçudo e de sabor forte, equilibrando a doçura das uvas passas presentes no arroz. O peixe chegou à mesa com uma leve crosta, mas macio por dentro. Sua cor amarelada se deve provavelmente a alguma manteiga usada para assá-lo, o que o deixa um pouco gorduroso. Chris apertou o peixe com o garfo e a gordura escorreu pelo prato. O trio, quando experimentado junto, é bastante saboroso e equilibrado, mas o peixe sozinho carecia de um pouco mais de tempero. Ufa, difícil julgar um clássico, mas, como sempre, tentamos ser o mais justo possível. 

Notem que o pão de queijo frio foi ficando na mesa

"Crose" do "crássico"

Entre as sobremesas há algumas opções de doces caseiros e sorvetes, mas nada muito criativo, por isso acabamos optando pelo pudim de leite (R$ 9). Não é algo que possa ficar ruim nem com muito esforço, mas é certo que poderia ter bem mais calda. Eu também particularmente prefiro uma textura mais aerada. Mas podemos dizer que foi um trivial bem feito.

Trivial, mas bem feitinho, esse rapaz

Em uma quarta-feira de véspera de feriado, o restaurante estava bem vazio, com apenas alguns pares de mesas ocupados. Fomos atendidos o tempo todo por um dos cabecinhas brancas citados no começo do texto. Atendimento atencioso, demonstrando um óbvio conhecimento de todo o cardápio e sem evidenciar nenhum enfado com a função, mesmo já exercendo-a há tanto tempo - o que é de se louvar. À parte alguma demora para retirada dos pratos, não há o que reclamar do serviço. Graças à orientação do garçom em relação ao momento certo de fazer os pedidos, os tempos de espera entre as etapas foram sempre perfeitos.

Curioso que, mesmo não dando notas tão altas para os pratos, ambos concordamos que voltaríamos ao Vila Velha em uma outra oportunidade. Chris disse que o faria porque ficou com vontade de experimentar outros pratos do cardápio além do pintado na brasa. De minha parte, acho que é coisa do signo de virgem, respeitoso demais das tradições. Eu jamais poderia dizer não a uma instituição joseense. Ao menos não ao tipo de instituição que faz boa comida há quase cinquenta anos.


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 5 e 7
Serviço(2): 8 e 8
Couvert(2): 5 e 5
Entrada(2): 7 e 7,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6,14 e 6,78
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Praça Cândido Dias Castejon, 27 - Centro - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3923-2200
Site: http://www.restaurantevillavelha.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/restaurantevillavelha/

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Kasato Sushi (São José dos Campos - SP) - 31/01/2017


Há cerca de dois anos eu e Chris, à época neófitos no quesito "comida japonesa", visitamos o Edo Zushi , em São José dos Campos. Passamos a gostar da coisa, e nesse meio tempo fomos algumas vezes à restaurantes de shopping, daqueles a quilo, de comida japonesa. Mas já estava na hora de voltarmos a visitar uma casa especializada no assunto para uma refeição mais séria, e não apenas para uma boquinha antes de ver um filme no cinema. Seguindo indicações de alguns amigos, escolhemos para isso o Kasato Sushi (que também tem unidade em São Caetano do Sul), localizado numa bela avenida joseense, a Anchieta, que já teve, se bem me lembro, dois outros restaurantes presentes aqui no blog.

Tem dia que parece noite, mas tem noite que parece dia

A fachada do lugar, como se pode ver acima, é bonitinha, tem aquelas paredes bonitas com água escorrendo, e uma pichaçãozinha no muro (deixa o Dória ver). Para entrar é preciso passar pelo torii, aquele tradicional portão japonês, vermelho, com duas traves horizontais e duas traves verticais. Esses portões, no Japão, assinalam a entrada ou a proximidade de um santuário (tá tudo no Wikipédia, gente, cadê que eu sei tudo isso?). Do lado de dentro, mesas e cadeiras de madeira e dois salões, um onde fica a cozinha aberta, e outro com um bonito aquário. Escolhemos ficar perto dos peixes, para que eles nos testemunhassem enquanto devorávamos seus irmãos ainda crus (juro que tô escrevendo essa coisa horrível agora, mas não pensamos nisso na hora). Do lado de fora há uma bela área, que infelizmente não conta com mesas, o que é um desperdício, já que o restaurante fica em uma região muito bonita.

Onde estaríamos sentados, se cadeiras houvessem


Tem gente ainda mais cruel que a gente, comendo ao lado deles, óia só

Para começar a conversa, um mimo da parte do restaurante: um ceviche bem temperado de tilápia. Além de bem temperado estava cheio de cebola, então é claro que a gente gostou muito. Para acompanhar o ceviche pedimos uma cerveja Paulistânia (R$ 16,90), que veio bem geladinha e em copo próprio da cervejaria.

Os primeiros peixes ingeridos da noite

Depois de animarmos nossos paladares com o ceviche, partimos para escolher nossa entrada. Entre shimejis puxados na manteiga, lulas a dorê e rolinhos primavera, acabamos ficando com a porção de guioza (oito unidades, R$ 16,50). Guioza (pronuncia-se "guiô-zá") são os pastéizinhos, normalmente de carne e legumes, que vieram da China, chegaram ao Japão e se espalharam pelo mundo. Pedimos quatro fritos e quatro feitos no vapor, para sentir a diferença. Claro que os fritos são muito melhores. Aliás, os feitos no vapor tinham gosto de massa crua. Quanto ao sabor do recheio, apenas razoável. Apresentação bem bonita, com o prato cheio de fatias de laranja e, mais sensacional de tudo, a molheira em que veio o molho shoyu também feito com casca de laranja. Não me pergunte como, veja a foto e tente reproduzir em casa.

É fácil, basta pegar a laranja e mandar um abracadabra

Confessamo-nos culpados: ainda temos muitas dificuldades para entender os cardápios japoneses. Aquele monte de nomezinho diferente ainda não entrou, definitivamente, em nossas cabeças. E o cardápio do Kasato é pródigo em opções. Sushis, sashimis, makisushis, temakis, teppanyakis, enfim, é coisa que não acaba mais. Tem a opção de rodízio também, mas queríamos pedir algo do cardápio, até para ver como seria a apresentação. Acabamos optando pelo Combinado Kasato Especial 2 (36 unidades de sashimis e sushis de peixes e frutos do mar, R$ 64,90). Vamos explicar melhor o que está nos parênteses (se você é expert em comida japonesa, basta ver a foto abaixo, e pode pular para o próximo parágrafo). São dezoito sashimis (fatias de peixe cru), sendo seis de salmão, seis de atum e seis de peixe-prego. Entre os suhis, são doze niguiris (arroz prensado com uma fatia de peixe cru ou outro ingrediente por cima), sendo uma par de cada peixe citado anteriormente, mais um par de polvo, um de camarão e um de kani (imitação de carne de caranguejo prensada), além de sete hosomakis (arroz enrolado com alga, geralmente com apenas um recheio, que no nosso caso era salmão) e quatro uramakis (o sushi invertido, em que a alga, ao invés de ficar do lado de fora, faz parte do recheio). Se contei bem, são 41 itens, e não 36 conforme estava no cardápio. Mas acho que não é caso de voltar lá para reclamar, né? Mas só porque somos muito bonzinhos.

Gostamos da apresentação, embora devamos ressaltar que não temos tanta base para comparação. O combinado veio servido naqueles típicos barcos japoneses, com direito a legumes (chuchu, nabo e cenoura) em tiras, e laranja e pepino cortados cheios de estilo para enfeitar. Grudado à laranja veio um naquinho de wasabi, o famoso tempero verde japonês. É bem pouco para o tanto de comida, mas por sorte nós não gostamos muito dele (nada pessoal). Não há opções de molho, apenas o tradicional shoyu. Achamos que faltou algo mais artesanal, talvez um molho agridoce, feito pelo próprio restaurante, e não comprado pronto. Mas o fato é que comemos tudinho, foram 41 itens degustados, provavelmente com 21 para mim e 20 para a Chris - porque ficou um sashimi de peixe-prego ao final que ela me fez engolir.

Eu comi a imensa maioria disso tudo aí

Esta é a foto para os experts verem e já saberem tudo que tem aí no barquinho

Não esperávamos muito das sobremesas japonesas, já que no badalado (e já citado) Edo Zushi tínhamos comido banana com sorvete (pfff), que era a única opção. No Kasato havia aquelas batidas escolhas que ainda tô pra ver faltarem em restaurantes populares brasileiros: creme de papaya, petit gateau e frutas da estação. Mas também havia duas promissoras alternativas: tempurá de banana e tempurá de sorvete. Escolhemos o segundo (R$ 17,90), ou melhor dizendo, a Chris escolheu enquanto eu estava no banheiro, já que ela ficou curiosíssima quando a garçonete disse que o sorvete era frito em uma massa feita com sucrilhos, mas não derretia! Aí atiçou a criança que mora dentro dela. Apresentação muito bonita, com o tempurá já partido em dois, coberto com desenhinhos de caramelo, e fatias de laranja (de novo, tal qual na entrada, parece ser uma obsessão do cozinheiro) com fatias bem finas de morango por cima das laranjas. À primeira colherada achamos que a massa tinha um sabor muito forte de laranja. Depois essa impressão diminuiu um pouco, e acabamos achando bem interessante, embora eu tenha gostado mais do que a Chris.

É bonitinha mesmo, né?

Claro que, além das cervejas, não poderíamos ir embora sem tomar alguma bebida feita com saquê, o destilado típico japonês. Tomamos a sakerinha de morango (R$ 19), feita com sakê brasileiro. O metido aqui até queria o importado, mas estava em falta. Veio bem bonitona, e estava com álcool bem pronunciado, não era daquelas que parecem um suquinho, como normalmente acontece com os drinks feitos com sakê.


É ou não é bem bonitona? Eu acho LINDA!


Lembra que eu escrevi que o cardápio, para nós, é um pouco confuso? Pois então, o fato é que os garçons, todos muito jovens, não ajudaram muito a desfazer nossas dúvidas. Nas vezes em que fizemos perguntas sentimos que eles estavam um pouco inseguros para respondê-las. Em dado momento um perguntou pro outro, "é isso mesmo, né?", como se não soubesse muito bem o que estava falando. Mas foram todos atenciosos, sempre se preocupando se nos faltava alguma coisa. A cozinha entregou os pratos sempre com agilidade, mesmo com o restaurante enchendo um pouco no decorrer da noite. Aliás, ficamos impressionados com a quantidade de joseenses jantando fora em plena terça-feira. Sinal do cartaz que a culinária do Japão tem na cidade, que possui inúmeros restaurantes dessa especialidade.

Embora nada tenha nos desagradado de todo, concluímos que não haveria motivos para um retorno ao Kasato Sushi. Uma das razões é que ainda há dezenas, literalmente, de restaurantes japoneses para visitarmos em São José, e o Kasato não nos apresentou nada tão memorável que nos fizesse voltar a ele ao invés de conhecer um lugar novo. O conceito de sagrado é relativo, e depende de cada um. Talvez, para nós, não tenhamos de fato adentrado um lugar sagrado quando passamos por aquele torii, o famoso portão japonês. Mas certamente adentramos um lugar ótimo para se fazer uma boa refeição por preços honestos. E, às vezes, isso está mais perto do sagrado do que se pode imaginar.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 6,5
Serviço(2): 6,5 e 6,5
Entrada(2): 6 e 5
Prato principal(3): 7 e 7
Sobremesa(2): 6,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 8 e 7,5
Média: 6,75 e 6,62
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida Anchieta, 117 - Jardim Esplanada - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3204-7323
Site: http://www.kasatosushi.com.br

Facebook: https://www.facebook.com/pages/Kasato-Sushi/111179555700217