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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Donna Pinha (Santo Antônio do Pinhal - SP) - 02/11/2018


O fim do Guia Quatro Rodas foi uma grande tristeza para mim, mas ainda guardo a edição de 2015 (a última que saiu) e a utilizo para muitas coisas. Uma delas é ajudar a escolher um restaurante quando viajamos. Em Santo Antônio do Pinhal me interessei pelo Santa Truta. Tristeza: descobri que ele fechou. Alegria: descobri que ele se juntou ao restaurante Donna Pinha, e eles agora são um só! Minha modesta opinião é que o nome a prevalecer deveria ter sido Santa Truta, mas quem sou eu pra opinar, né? Fato é que na sexta-feira, Dia de Finados, eu e Chris fomos ver o que essa Donna Pinha tinha para nos dar.

"Bora donnapinhar?"

A primeira coisa que ela nos deu foi um ambiente bem iluminado, com luminárias bonitas e uma luz agradável e aconchegante, sem ser aquela coisa cegante nem aquela coisa de não saber nem quem está na sua frente. Ponto positivo também para as cadeiras confortáveis e para o salão espaçoso, contando até com uma árvore na parte de baixo. Na noite de nossa visita havia um músico com violão, que fez um bom trabalho, não incomodou. Não gostamos do fato de o banheiro ficar do lado de fora, "quase em outra cidade", como eu brinquei com a Chris. Também achamos um pouco cafona encher a parede com matérias de jornal falando do próprio restaurante. E pra variar não há do lado de fora nenhum banquinho ou cinzeiro para os fumantes, coisa que a Chris sempre observa. 

Ali atrás a árvore, ao lado o bom músico, e aqui a Chris

O Fê observando o nada, e ao fundo os cabotinos recortes de jornal

O menu das entradas inclui várias receitas com truta (casquinha, linguiça, isca) além de algumas outras opções. Durante nossa visita tava rolando também um festival de alcachofra, que trazia algumas receitas com esse ingrediente. Nossa curiosidade nos levou às casquinhas de alcachofra (R$ 16,80 a unidade). Três opções de recheio disponíveis: truta, queijo de cabra e cogumelos. 

Chris escolheu o recheio de queijo de cabra. Quando o garçom foi anotar o pedido, perguntou "de cogumelos, né?". Então a gente corrigiu dizendo que era de queijo de cabra. Mas não adiantou muito, porque acabou vindo o de cogumelos mesmo. Eles queriam que a Chris comesse esse, e pronto. Daí ela comeu, né? Não que tenha desgostado, mas achou que faltou mais tempero nos cogumelos. E apesar de inicialmente querer o queijo de cabra, ela acabou foi não gostando da crosta de queijo parmesão que veio em cima dos cogumelos e atrapalhou o sabor delicado dos fungos. 

Eu escolhi o recheio de truta. Veio de truta mesmo, legal, menos mal. Gostei, consistência cremosa, bastante sabor do peixe, sem tanta ênfase em temperos - mas considerei isso um ponto positivo. Tive o mesmo problema com a crosta, virou uma massa única, não partia de jeito nenhum. A presença do queijo em cima do recheio deixou nossas casquinhas idênticas, por isso vou colocar apenas uma foto aí abaixo. Apresentação bem bonitinha por sinal, com uma physalis, um limãozinho cravo e uma erva que parecia tomilho. Muito bacana a ideia de servir dentro da alcachofra, pudemos comer a "carninha" das pétalas e o coração da flor ao final.  

"E ao final te arrancarei o coração"

No cardápio de pratos principais, uma página inteira é dedicada às trutas (ah, se eu soubesse então o que sei agora, certamente teria escolhido uma delas). Há também massas, risotos, carnes bovina, suína e ovina, além de opções com frango e avestruz. Muita coisa, o que não costuma ser bom sinal. Quase todos os pratos são individuais, e custam em torno de R$ 60.

Eu sou muito folgado e pedi pra Chris escolher alguma coisa com truta, especialidade do lugar. Chris é muito independente e mandou meu pedido às favas. Mas escolheu um prato com outro ingrediente típico da região: o pinhão. Foi de Medalhão Donna Pinha (mignon grelhado, molho de pinhão, com arroz negro e batata sautée, R$ 68,80). Ela pediu a carne mal passada, e o ponto veio perfeito. Além disso estava muito bem temperada. Pena que o molho veio por cima dela, então toda aquela crosta do grelhado desapareceu. O molho, aliás, estava bom, mas bastante neutro, sem muita personalidade. Chris ficou fula mesmo foi com o arroz negro, que ela adora. Além de ter passado demais do ponto, estava com pouco sabor e veio com a mesma infame crosta de queijo, que nesse caso virou um "massaroco" duro que não deu pra comer. 

O arroz negro ainda não se juntou pra atrapalhar
Agora ele chegou, trazendo seu amigo queijo pra zuar o bagulho


Eu resolvi inovar e escolher uma proteína que não é muito comum encontrar em restaurantes: carne de avestruz. Escolhi o avestruz ao parfum de framboesa (grelhado e flambado, com molho de amora, R$ 69,80). A tristeza começou na chegada: o molho encharcava tudo, inclusive a carne, como aconteceu no prato da Chris. Por cima da carne um pedaço de queijo, nem gratinado nem derretido, como uma massa amorfa. A descrição do prato dizia molho de amora, mas vieram outras frutas vermelhas (framboesa e morango) além de, pasmem, o que parecia ser cereja artificial, aquela mesma feita de chuchu (é sério). Os legumes estavam ligeiramente duros, e não tinham muito tempero. A carne estava seca. E o sabor do molho, que poderia salvar tudo, era terrível. Acidez extrema e até um pouco de amargor deixaram o prato difícil de digerir. Chris experimentou e disse "algo deu muito errado aqui". Para não dizer que nada se salvou, o arroz branco que acompanhava estava bom. Triste este parágrafo. Não colho nenhum prazer em falar mal dos lugares que visitamos. Mas devo dizer que nos 55 restaurantes que estão nesse blog até hoje, e nos tantos que visitamos antes de começarmos a escrever, esse foi o pior prato principal que já comi. Indubitavelmente.  

É...bem...então...como tá o tempo?

Essa cara é de quem não comeu e não gostou

Escolhemos uma das sobremesas do festival de alcachofra (embora não contivesse alcachofra). Foi o bolo de lavanda e limão siciliano com calda de papoula e sorvete de creme, R$ 22,80). A calda me pareceu ser de hibisco, que também é chamado de papoula em alguns lugares. Apresentação bem bacana, com uma colherzinha charmosa contendo a calda. Bolo macio, bem aromático, com um pouco de acidez do limão. Um pouco seco sozinho, mas combinado com o sorvete e com o molho ganhava novas texturas. O molho trazia um certo dulçor frutado interessante. O bolo poderia estar um pouco mais quentinho, pra trazer aquele contraste de temperatura de um petit gateau, inspiração óbvia para a sobremesa. 

Essa foto meio oblíqua, cês gostaram?

Uma das coisas mais positivas sobre o serviço certamente foi a grande quantidade de garçons sempre à vista com suas roupas vermelhas. Apesar disso, em alguns momentos era um pouco complicado conseguir a atenção de um deles. Houve o erro já citado em relação à entrada da Chris, que certamente pesou contra. Também estranhamos o fato de terminarmos nossa cerveja e não nos terem oferecido outra (não queríamos mesmo, tá?). Mas de maneira geral os jovens funcionários demonstraram atenção e cuidado. 

É possível alegar que não fizemos as melhores escolhas diante da quantidade de opções do cardápio. Mas ao mesmo tempo é difícil ser condescendente com isso, já que tudo que está disponível tem que ser bem feito. Por isso sempre preferimos menus mais enxutos - embora isso não seja uma garantia de qualidade, é um bom indicativo de que há critério para se colocar algo à disposição dos clientes. E o fato é que meu prato principal foi o principal responsável por ambos termos decidido que não retornaríamos ao Donna Pinha. Apesar de alguns acertos tanto nas entradas quanto no prato da Chris e na sobremesa, não é razoável que um restaurante sirva aquilo que me foi servido. Com o perdão pelo excesso de morbidez, no Dia de Finados esse prato representou a morte das expectativas que nós nutríamos com o restaurante indicado pelo falecido Guia Quatro Rodas.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 8
Serviço(2): 7,5 e 7
Entrada(2): 6 e 7,5
Prato principal(3): 6,5 e 2
Sobremesa(2): 8 e 7
Custo-benefício(1): 6,5 e 5
Média: 6,75 e 5,83
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida Antônio Joaquim de Oliveira, 647 – Centro - Santo Antônio do Pinhal - São Paulo
Telefone: (12) 3666-2669
Site: http://donnapinha.com.br/
Facebook: https://pt-br.facebook.com/DonnaPinha/

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Jardim Secreto (Penedo - Distrito de Itatiaia - RJ) - 01/05/2016

Penedo é um distrito de Itatiaia (RJ) fundado por finlandeses nas primeiras décadas do século XX. Hoje já não são tantos os descendentes desses primeiros imigrantes que ainda vivem por ali, mas a região ainda guarda as influências do país, especialmente em seu pequeno circuito turístico, que inclui um lugar chamado Pequena Finlândia, com lojas e até a Casa do Papai Noel. Mas este não é um blog de viagem, e sim de comida, então vamos falar sobre o restaurante Jardim Secreto, onde estivemos para um almoço, e cuja gastronomia não tem nada de finlandesa.

Entrando no Jardim Secreto

Fazendo jus ao nome, a entrada do Jardim Secreto tem um pequeno jardim, e a parede possui algumas trepadeiras, dando a impressão de estarmos adentrando alguma ruína. Uma vez lá dentro a impressão se perde um pouco, já que a decoração interna não tem mais referências a jardins nem a segredos, embora as paredes de pedra dêem um certo ar medieval ao lugar. O lugar é bem arejado, com portas de vidro abertas e, ao lado do salão onde ficamos, uma pequena piscina rodeada por um jardim. Pena que a piscina não estava lá muito limpa, e a água esverdeada não nos trouxe a idéia de um jardim secreto à mente, e sim de sujeira mesmo.

As "ruínas"

Ao fundo nossa mesa, encostada na parede

A água verde

O cardápio é bem convencional esteticamente, não se aproveitando da temática da casa para fazer algo diferenciado. Na seção listada como "Entradas e saladas - Para despertar o paladar...", algumas opções triviais, como casquinha de truta (R$ 18,50) e bruscheta caprese (R$ 23). Acabamos escolhendo a opção mais criativa, o Camaranga (creme de abóbora com camarões, leite de coco, manga e catupity, R$ 23). Apresentação muito legal, com uma panelinha de ferro vermelha bem bonitinha. O cardápio ainda diz que a receita é "levemente apimentada", mas sinceramente não achamos o aviso necessário, já que a pimenta não é suficiente para amedrontar ninguém. Mas falemos dos sabores, que são o que mais importa. Ambos gostamos bastante da mistura, com o leite de coco fazendo lembrar vagamente uma moqueca e a manga dando uma adocicada interessante. O catupiry foi usado com parcimônia e não incomodou a Chris, que não é muito fã do ingrediente. Só achamos que os pedaços de manga poderiam ser menores, já que colocados na boca do tamanho em que estavam acabavam dominando a colherada. Quando a Chris resolveu cortá-los pela metade a combinação ficou mais harmoniosa.

A panelinha vermelha bonitinha do Camaranga

Para os pratos principais, o cardápio é dividido em "Carnes e aves" e "Peixes e crustáceos". Entre os peixes, a grande estrela é a truta, muito comum nos rios da região. Mas há também pirarucu e cherne. Entre as carnes, opções com cordeiro, porco, carne bovina e frango. Todos os pratos principais são para uma pessoa e custam em média R$ 60.

Chris queria um prato que trouxesse a estrela dos rios da região, por isso escolheu a truta ao molho de Champagne com risoto verde e pistaches (R$ 55). O filé de truta veio muito fininho, parecia um filé de lambari, ou de borboleta. Mas o sabor do molho de champagne era bom, e os pistaches deram uma crocância que caiu bem. Pena que o tal risoto verde acabou ficando com muito gosto de parmesão, que deve ter sido usado para finalizar - mas acabaram pesando a mão. A apresentação também não foi das melhores, com os pistaches meio jogados por cima do prato. Ah, e a Chris encontrou uma malfadada espinha, para não perder o costume.

O verdão

Eu estava mais afim de um porco, e adorei o nome do prato que escolhi: leitoa embrigada (R$ 65). O cardápio descreve o prato como leitoa desossada confit, servida com mix de batatas assadas, cogumelo Porto Bello grelhado e molho de cachaça com mel de engenho. Mas o garçom me avisou que eles estavam sem a leitoa desossada, e se eu me importava em substituí-la por um prime rib suíno (corte mais conhecido por sua versão bovina). Aceitei, meio a contragosto. Talvez devesse ter mudado o pedido, já que o corte de prime rib suíno, embora saboroso, estava muito seco por dentro. O mix de batatas estava bom, e o cogumelo Porto Bello grelhado ficou meio perdido, parecia que tinha caído ali de paraquedas. Poderiam vir alguns pedaços a mais. Mas o tal molho de cachaça com mel acabou meio que salvando a pátria. Estava muito bom, e acabou compensando um pouco a secura da carne.

Aquilo à direita é o "um" cogumelo que veio

Como ainda tínhamos que viajar de volta para São José dos Campos, ficamos só na base do suquinho. Ambos escolhemos suco de limão, que não estava lá dos melhores.

Para a sobremesa são apenas cinco opções, e achamos mais atraente a pera cozida em vinho branco com especiarias, acompanhada de creme de mascarpone e pistaches (R$ 23). Descrição bonita, sabor medíocre. Em geral a gente reclama que uma sobremesa é "doce demais", mascarando os elementos do prato. Aqui a crítica é que a sobremesa é "doce de menos". Os pistaches, que poderiam ser interessantes por conta do contraste doce/salgado, acabaram não acrescentando muita coisa, a não ser crocância. Definitivamente, não nos agradou.

Mas até que veio bonitinha

Estivemos no restaurante em um domingo à tarde, e ele estava bem cheio. Apesar disso, o serviço não deixou a desejar, embora também não tenha sido encantador. Entre os garçons, havia um que se destacava mais pela atenção dispensada, sempre prestando atenção a detalhes - como a falta de gelo - ou mesmo para levar um cinzeiro para a Chris quando ela foi fumar perto da piscina. Houve uma certa demora para a entrega dos pratos principais, quando chegamos até a brincar entre nós que iríamos acabar jantando. Quando meu prato chegou descobri que o tempo foi perdido cozinhando demais minha carne. Houve também um pequeno problema quando chegamos, já que escolhemos uma mesa mais próxima à porta, e fomos "expulsos" por um garçom que disse que aquela mesa já estava ocupada. Ele o fez com educação, mas mesmo assim é meio chato, já que não havia nada na mesa que indicasse a tal "ocupação", que acabou de fato ocorrendo pouco depois, por uma família.

Minha mãe já havia estado no Jardim Secreto, e foi ela que nos recomendou a experiência. Mas talvez os segredos que lhe foram contados tenham sido melhores do que os nossos. Não que nossa experiência tenha sido ruim, mas alguns defeitos no prato principal e na sobremesa prejudicaram um pouco a apreciação final. Por conta disso, e dos preços não tão amigáveis, chegamos à conclusão de que não voltaríamos ao Jardim Secreto. Mas isso não significa que tenhamos nos arrependido de ter ido pela primeira vez. Descobrimos alguns segredos, como o Camaranga e o molho de cachaça e mel, que valeram a pena ser descobertos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 7 e 7,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 6,5
Média: 6,33 e 6,70
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida das Três Cachoeiras, 3899 - Distrito de Penedo - Itatiaia - RJ
Telefone: (24) 3351-2516
Site: http://www.restaurantejardimsecreto.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/JardimSecretoRestaurante/?fref=ts






sábado, 28 de maio de 2016

Babel (Visconde de Mauá - Distrito de Resende - RJ) - 30/04/2016

A gente sabe que a coisa mais importante em um restaurante é a comida, mas é difícil falar do Babel - nome que vem da mistura de etnias do casal de chefs - sem falar da estradinha de terra que leva até lá. Estivemos ali para um jantar, e em dado momento falei pra Chris, "não é possível que vai ter um restaurante por aqui". Mas tinha. A estrada realmente não é das melhores, e de noite é um breu só, mas dá para chegar de carro de passeio, embora alguns pedaços do trecho de 4 km tragam dificuldades a neófitos na arte de dirigir na terra. O restaurante fica em uma região chamada Vale do Pavão, e pertence ao distrito de Mauá, que por sua vez pertence ao município de Resende (RJ).

No meio da estrada escura tinha um restaurante

Diz-se que a vista da serra que se descortina do restaurante é muito bonita, mas infelizmente à noite não deu para perceber. Fica a dica a quem quiser visitar, para ir de dia. O salão tem formato quadrado, e as paredes são todas de vidro, justamente para que não se perca o visual que perdemos por ser de noite ( eu já disse isso?). A cozinha também tem uma janela de vidro, e dá para ver os cozinheiros trabalhando. Apesar de o salão ser pequeno, há uma boa distância entre as mesas. O que perdemos em visual ganhamos em clima, já que a lareira estava acesa, amenizando um pouco o friozinho da região. Pena que as cadeiras não eram muito confortáveis. É importante fazer reserva, já que o lugar é pequeno, e mais importante ainda é comparecer depois de feita a reserva. Na noite em que lá estivemos havia uma mesa reservada para quatro pessoas, e elas não compareceram, o que, convenhamos, é uma puta sacanagem.

A lareira, a Chris, a cozinha à direita

O caixotinho de vidro

Sempre é gostoso começar a noite gastronômica com um mimo, e isso deveria ser praxe em restaurantes de alta gastronomia. Aí, mesmo que paguemos caro no final, a gente pensa "poxa, mas teve aquela cortesia". Tá, não funciona se o resto da noite for um desastre. No Babel a gente recebeu uma colherzinha cada (meio parecida com a do programa The Taste), com queijo, tomate e manjericão. Delicado e bem gostoso.

O mimo ao estilo The Taste

Para as entradas o cardápio lista opções para comer sozinho e opções para compartilhar. Escolhemos uma para compartilhar, mais precisamente o queijo brie à milanesa com molho picante de goiabada  (R$ 42). Embora não constasse na descrição, também vieram fatias de pão frito. Não gostamos muito da apresentação, pareceu que uma criança tinha montado o prato tentando deixar bonitinho - sem sucesso. O brie e o pão frito estavam bons, mas o tal molho picante de goiabada não picou a gente. Se o cardápio descreve o molho como "picante" e o sujeito pede assim mesmo, porque ter medo de o deixar picante de fato? Acabou ficando sem graça.

Exagerei, ou é meio amontoadinho?

Para os pratos principais o cardápio lista nove opções, todas elas com nomes que remetem a cenários e paisagens da região, como "Alcantilado", "Agulhas Negras" e "Vale do Pavão". Não sabemos se é uma regra, mas na noite em que lá estivemos também havia um prato adicional, que não constava no cardápio. Nenhum prato custa menos de sessenta reais. Há também opção de menu-degustação, por R$ 185 por pessoa.

Chris escolheu o Santa Clara (filé de truta salmonada com arroz negro e pupunha ao molho de limão siciliano e crisp de alho poró, R$ 68). Apresentação trivial, com o crisp de alho poró por cima do filé, este por cima do arroz, e o molho por baixo de tudo. Chris achou o molho de limão muito forte, mas quando dava uma garfada sem ele a comida ficava muito seca. Ela também experimentou o arroz sozinho, e achou meio sem graça. O crisp de alho poró estava bom e deu crocância ao prato, mas foi insuficiente para convencer a Chris.

Uma sombra (de dúvida) sobre o prato

Minha escolha foi o Alcantilado (stinco de cordeiro ao mel e especiarias com polenta trufada e lascas de cebola assadas, R$ 80). Apresentação bem pobrezinha, achei que faltou uma corzinha, para dar uma embelezadinha. As cebolas assadas estavam na descrição do prato, mas achei que houve um problema de proporção, já que vieram poucas, e acabaram muito rapidamente. A polenta e o cordeiro  ficaram sem esta companhia tão agradável em boa parte da refeição. Nunca tinha comido stinco, que vem a ser a canela do cordeiro. A carne estava macia, soltando do osso, e tinha bom sabor, com o molho de mel não o deixando muito adocicado (Chris provou e não concordou com esta afirmação). A polenta também estava gostosa. Mas achei que, além de mais cor e mais cebola, também faltou um pouco de molho, a comida acabou ficando seca. Mas, como dito, os sabores eram bons.

Mais cor e mais cebola, por favor

Para a sobremesa escolhemos o Mix de Sobremesas da Chef Dani Keiko (tiramissu, mousse de maracujá, torta de chocolate e creme brulê, R$ 33). Depois de três pratos com apresentações fracas, gostamos muito dessa aqui, especialmente por conta dos recipientes usados para acomodar os doces. O tiramissu, por exemplo, veio em uma canequinha de café. Quanto aos sabores, eu gostei da torta, do mousse e do brulê, e achei o tiramissu meio sem graça. Chris gostou do brulê, mas não se afeiçoou muito das outras.

Bonitinho demais da conta

Acompanhamos a refeição com cerveja. Tomamos uma Therezópolis Gold (600ml, R$ 19,70) e uma long neck de uma pilsen local, chamada Serra Gelada (R$ 16,50). Ambas vieram geladinhas, e no caso da Therezópolis o copo utilizado tinha a marca da cervejaria.

O serviço foi correto. O salão bem pequeno facilita a vida dos dois garçons, um homem e uma mulher, que se mantiveram atentos. Os pratos chegaram rápido, e até podemos dizer que, no caso do prato principal, chegaram rápido demais. A gente mal havia acabado de degustar a entrada. A retirada das louças e talheres sujos passou pelo "teste do cigarro", que se consiste na equipe retirar os pratos enquanto a gente sai pra Chris fumar. Um detalhe curioso é que não foi oferecido café ao final da refeição, o que é praxe em qualquer restaurante. Por outro lado, o banheiro tinha um sabonete de café. Deve ser pra compensar. Outro detalhe importante é que o restaurante não aceita nenhum cartão para pagamento. O cliente pode pagar com dinheiro, cheque ou fazer uma transferência bancária posterior, cujos dados já são entregues junto com a conta ao final.

Tivemos uma noite agradável, mas que não nos encantou gastronomicamente. Como deu para perceber, os preços também não são o que se pode chamar de amigáveis. O cardápio tem opções interessantes, e muitas delas nos chamaram a atenção antes de fazermos nosso pedido, mas a degustação em si se mostrou um pouco decepcionante. Ambos achamos que poderia ser interessante visitar o restaurante de dia, com a vista da serra, mas nossa experiência noturna nos levou à conclusão de que não voltaríamos ao Babel. E a estrada cheia de buracos é a menos culpada por essa decisão.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 6 e 6,5
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 4 e 7,5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,25 e 6,91
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Estrada do Vale do Pavão, sem número - Distrito de Visconde de Mauá - Resende - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 99999-8121/99977-0152
Site: http://www.babelrestaurante.com/
Facebook: https://www.facebook.com/babelviscondedemaua/?fref=ts



domingo, 3 de abril de 2016

Pequeno Bosque (São Joaquim - SC) - 03/03/2016


Apesar do nome, o restaurante Pequeno Bosque fica na área central de São Joaquim, em uma rua que concentra as principais opções gastronômicas da pequena cidade da serra catarinense. Mas o nome não é indevido. A entrada do restaurante tem jardinagem caprichada, com direito até a um pequeno lago com carpas, além de um barril de vinho, jorrando não exatamente vinho, mas um líquido com a mesma cor. Chamam atenção também as grandes paredes envidraçadas e a bela porta de madeira.

Chris procurando duendes no pequeno bosque

"Por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento". Não, o famoso ditado que minha mãe sempre repete não se aplica ao Pequeno Bosque. Mas o interior do restaurante não tem o mesmo charme de seu exterior, isto é certo. No entanto o salão amplo e a iluminação agradável fazem do local um belo ambiente para uma noite gastronômica. Nas mesas, garrafas de vinho vazias servindo de vaso para delicadas flores trazem romantismo sem serem muito piegas. Nos instalamos pertinho da parede, em confortáveis cadeiras estofadas.

Fê procurando duendes dentro do pequeno bosque

São Joaquim é conhecida pelo frio, mas a noite estava agradável para os padrões serranos. Pedimos duas long neck de Stella Artois (R$ 8 cada), que vieram bem geladinhas para acompanhar nossa entrada: carpaccio de maçã (rúcula, maçã fatiada, iogurte natural, azeite balsâmico e queijo parmesão, R$ 23). São Joaquim também é conhecida pela produção de maçãs, por isso elas ainda vão aparecer muito neste texto, inclusive nos pratos principais. Achamos muito suave a combinação da fruta com a rúcula. Esta verdura vai bem com um ingrediente mais adocicado, como acontece com a famosa pizza em que ela entra junto com o tomate seco. Nosso estranhamento inicial se transformou em agradável surpresa. Também adoramos o azeite de alho presente entre os temperos opcionais à mesa.

Prontos para a primeira maçã da noite

Carne de maçã com rúcula

Para nossos pratos principais, tentamos sair um pouco do óbvio, como sempre fazemos, por isso escolhemos receitas que tinham maçã como um dos ingredientes. Não é em todo lugar que se encontra esta particularidade. Os pratos todos são individuais, e ficam em uma média de R$ 50. A lista de opções não é muito extensa, o que nos parece sempre uma boa coisa.

Chris escolheu a Truta Bosque (truta empanada no pinhão, guarnecida com risoto de maçã e gorgonzola, R$ 41). Apresentação apenas bonitinha. Chris começou a comer e gostar bastante, mas depois se deparou com a pergunta: onde está o gorgonzola? O queijo, de sabor forte, não foi sentido por ela. Como estava na descrição do prato, ela encarou isto como um defeito. Outro problema foi que o empanado da truta estava um pouco queimado em alguns pontos, tipo quando a gente frita muitos bifes à milanesa no mesmo óleo, sabe? Mas apesar dos problemas, estava saboroso, e bem crocante.

Meio queimadinho, mas bom

Eu fui de pato assado ao molho de maçã, com purê de batata e maçã caramelada (R$ 58). É maçã que não acaba mais! Apresentação mais caprichada, com um prato preto, ressaltando o purê e as pétalas de flor que enfeitavam o prato (e que eu também comi) mas escondendo um pouco o pato, que é mais escuro (desafio trava-língua: pato no prato preto). A coxa de pato estava macia e deliciosa, harmonizando muito bem com a calda de maçã, que não dominava o sabor, como era meu medo. A maçã caramelizada estava meio difícil de cortar, e o purê carecia de mais pegada, embora sua consistência estivesse legal. O todo foi harmonioso.

Prato no pato petro

Prontos pra mais maçã


Harmonizamos nossa refeição com meia garrafa (375ml) de um vinho Miolo Seleção 2013 branco, das uvas chardonnay e viognier (R$ 18). Não pedimos vinho sempre que comemos fora, entre outros motivos, porque encarece muito (somos pobrinhos, gente). Mas este estava quase de graça, perto do que se costuma ver.

Para a sobremesa escolhemos um doce feito com uma fruta vermelha chamada maçã, conhece? Foi a maçã chatelayne (R$ 20), que se consiste na maçã (sério?) assada com calda de doce de leite com abacaxi. Quando chegou deu medo de ser muito doce, por conta do doce-de-leite. Mas que nada, estava uma delícia, com os pedacinhos de abacaxi dando acidez, e com o complemento do chocolate em pó nos cantos do prato, formando colheradas de gemer. Devoramos rapidamente, sem dó.

E pra finalizar, uma maçãzinha

Simpatia e solicitude foram as marcas do serviço, que sanou nossas dúvidas sobre o cardápio, e esteve sempre atento. Uma das dúvidas era em relação ao tal do frescal, que aparecia no cardápio, e que não sabíamos o que era. O garçom nos explicou que é o equivalente à carne de sol, muito comum no Nordeste. Aconteceu um fato curioso em relação ao serviço: a Chris aceitou o café que lhe foi oferecido, e já estávamos esperando a cobrança na conta, mas ela não veio. Ficamos felizes, porque a praxe é sempre cobrar o cafezinho. Pois bem, fomos embora, e Chris deu nota 8 ao serviço, também por conta disso. No dia seguinte acabamos retornando ao restaurante, não só porque gostamos mas também por falta de opção na cidade, e Chris aceitou o café ao final, que desta vez veio cobrado na conta. Peninha. Descobrimos que tinha sido uma distração a não cobrança na noite anterior, e a Chris, implacavelmente, baixou 0,5 na nota final do serviço.

Sempre deixo o final do texto para dizer se Chris e eu voltaríamos ao restaurante em questão. Acreditamos que a vontade de voltar seja uma boa maneira de dizer se a experiência geral valeu a pena, seja por qual aspecto for. Neste caso deixemos o futuro do pretérito de lado, e usemos o pretérito perfeito: nós voltamos ao Pequeno Bosque na noite seguinte, como já foi dito anteriormente. A experiência vale a pena. Cobrando ou não o cafezinho...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7,5 e 8,5
Serviço(2): 7,5 e 8,5
Entrada(2): 7,5 e 8
Prato principal(3): 7 e 8
Sobremesa(2): 8,5 e 9
Custo-benefício(1): 8 e 8,5
Média: 7,58 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim
 

Serviço:
Rua Major Jacinto Goulart, 212 - Centro - São Joaquim - Santa Catarina
Telefone: (49) 3233-3318
Site: http://www.serracatarinense.com/pequenobosque/
Facebook: https://www.facebook.com/Restaurante-Pequeno-Bosque-1699304970284361/




quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Trutas Mariser (Distrito de São Francisco Xavier - SP) - 12/10/2015


O nome não é bom. Não sei nem direito como pronunciar, se com som de "s" ou com som de "z". Mas acabamos escolhendo o Trutas Mariser para almoçar em nosso passeio "bate-e-volta" a São Francisco Xavier, o belo distrito de São José dos Campos, na última segunda-feira, feriado nacional. A escolha não se deu apenas por ele ficar bem na praça central do distrito, mas principalmente pelo belo deck com vista para as montanhas que o restaurante oferece a seus sortudos clientes. A fachada é bem simples, como pode ser visto na foto acima.

Belo visual

Nos instalamos no deck, que conta com cerca de dez mesas. Há muitos vasos com plantas, que fazem uma bela harmonia com a vista da região. Os móveis são simples, de madeira, e a decoração também não é sofisticada, o que combina bem com a proposta da casa. É tudo muito agradável e sem frescura. Para coroar o clime de interior, fomos visitados por uma galinha, que ciscou bastante por entre as mesas até ser enxotada por Dona Marina, cozinheira e dona do restaurante.

Galo e galinha

Depois de alguma demora nos foi trazido o cardápio, que conta com pouquíssimas opções de entrada. No meio das óbvias porções de batata frita e de queijo, claro que ficamos com a truta defumada cortada em lascas, com azeite, molho de ervas, castanha de caju e sal (R$ 18,00). Apresentação razoável, em uma travessa em formato de peixe, com alguns pedaços de torrada ao lado. Sabor bem agradável, com tempero suave, o que para a Chris não é elogio. Mas ela gostou tanto quanto eu. Valorizou bastante o sabor da truta defumada. Pena termos encontrado algumas espinhas, o que se mostraria recorrente durante o restante da refeição. Harmonizamos com duas cervejas Black Princess Gold de 600ml (R$ 12,00 cada).

Trutinha defumada e cervejinha gelada

Para o prato principal o menu apresenta doze opções de receitas com trutas, além de algumas receitas sazonais (também com trutas), que infelizmente não estavam disponíveis. Ou seja, o lugar faz jus a seu nome, e decidiu se especializar no famoso peixe ao invés de ficar tentando abraçar o mundo. Todas as opções vem acompanhadas de salada exótica (é assim que está no cardápio) e arroz branco, servem uma pessoa e custam em média R$ 43.

Fizemos nossos pedidos, e a tal salada exótica chegou primeiro. Consiste-se em alface, couve, cenoura, beterraba, batata, abobrinha, morango, manga, ameixa e uva. Parece uma zona, né? Detalhe interessante: a salada já vem temperada. Gosto da idéia, afinal vou a um restaurante para me submeter às idéias de outro cozinheiro, caso contrário ficaria em casa. Mas acho que poderia ser diponibilizado ao menos sal, azeite e vinagre à parte, para aqueles que quiserem acertar o tempero. Apesar disso, e da miscelânea de ingredientes, a salada estava bem gostosa, com tempero suave, o que parece ser uma marca do lugar.

A exótica

A escolha da Chris foi a truta à la mulata, flambada na cachaça e servida com lascas de abóbora cabotiã, brócolis, castanha de caju e flores de tomate regados com uma calda de caramelo com cravo da Índia (R$ 43,00). Ufa, bastante coisa. Mas no paladar não ficou tão confuso, embora a apresentação não seja grandes coisas. Chris adorou as abóboras, e elogiou de forma geral a combinação de sabores. A truta estava bem temperada, embora muitas espinhas tenham surgido. A calda de caramelo, que deixou Chris com medo de adoçar demais o prato, na verdade não teve este efeito, e harmonizou bem com a truta.

À la mulata

Minha opção foi a truta tropical, servida com fibra de bananeira, azeite, ervas finas, uva passa, pimenta doce e shitake (R$ 43,00). Curioso - e descobri isso apenas vendo a foto do cardápio agora - que a "tradução" em inglês para este prato, escrita no cardápio, é truta Eleanor Rigby. Para quem não sabe é o nome de uma música dos Beatles, minha banda preferida. Vai saber o motivo da homenagem. Fato é que, na minha primeira garfada, senti uma festa na minha boca, e isto me alegrou mais do que a canção, que aliás não é das mais animadas. Muita harmonia nos sabores, embora, mais uma vez, a apresentação não tenha sido muito bonita. Vieram até uns moranguinhos que não constavam na descrição do prato, mas também caíram bem. As espinhas é que não caíram assim tão bem.

Eleanor Rigby


Trout "Eleanor Rigby"

Para a sobremesa, as opções são mínimas. Acabamos escolhendo a pera em calda com gengibre (R$ 4,00), que era o que de mais diferente havia no cardápio. Não era ruim, mas simples demais e pouco elaborada para chamar a atenção.

Perinha comunzinha

Conforme já dito anteriormente, o serviço demorou um pouco em alguns momentos. Havia apenas um garçom, que tinha que atender às três mesas que estavam ocupadas, e ainda finalizar os pratos, coisa que o vi fazendo em uma das vezes em que saímos para a Chris fumar. Dona Marina apareceu no salão em algumas ocasiões, e se mostrou bastante simpática e divertida, inclusive na hora de enxotar a galinha. Ela também pediu desculpas quando viu a quantidade de espinhas separadas ao lado de nossos pratos, dizendo "a cegueta aqui não viu as espinhas". O garçom citado não parecia estar de muito bom humor, embora tenha sido protocolarmente educado na maior parte do tempo.

Penso agora que o estranho nome do restaurante talvez tenha a ver com o nome de sua dona, Marina, que pode ser casada com um Sérgio, ou coisa assim. Nome à parte, o ambiente despojado e com bela vista, a comida bem temperada (embora com apresentação pobre) e uma boa relação custo-benefício, me fizeram concluir que eu voltaria ao restaurante em outra oportunidade. Já a Chris achou que não tem mais nada ali que ela gostaria de experimentar, e por isso concluiu que não voltaria. Mas acho que ela também concorda que nossa experiência, de maneira geral, foi bastante agradável. Com espinha e tudo.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7,5
Serviço(2): 7 e 6,5
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 8 e 8
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 7 e 7,5
Média: 6,91 e 6,95
Voltaria?: Não e sim



Serviço:
Rua Ezequiel Alves Graciano, 16 - Centro - Distrito de São Francisco xavier - SP
Telefone: (12) 39261422 - (12) 8132-9710
Facebook: https://www.facebook.com/resttrutasmariser









quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Confraria do Sabor (Campos do Jordão - SP) - 22/08/2015

"Se fosse para me indicar um restaurante em Campos do Jordão, sem ser o seu, qual você indicaria?". Foi isso que perguntei ao Jorge, proprietário do Libertango, quando saíamos de seu restaurante. Ele respondeu sem pestanejar: "Confraria do sabor". Eu já tinha uma boa referência do lugar por conta dos relatos de minha mãe, que já havia estado ali. De modo que fizemos nossa reserva para o sábado à noite, e lá chegamos às oito em ponto.

Chegando às oito em ponto

Do lado de fora o lugar se assemelha a uma residência, com paredes pintadas de amarelo, algumas árvores e um portão. Por dentro, não é que o lugar seja desagradável. Longe disso. Mas o ambiente não tem nenhum charme especial. Há uma lareira, ao lado da qual fomos instalados em uma mesinha redonda, e grandes espelhos nas paredes. Meia luz, mesas de diversos tamanhos, e uma boa distância entre elas, proporcionando privacidade. Tivemos um problema que atrapalhou um pouco nossa apreciação do ambiente: uma confraternização de alguma empresa, com direito a discurso em pé e tudo. Sorte que não tinha microfone. Mas as palmas rolaram, especialmente quando o chefe falou. Em seu discurso, me lembro bem, constavam as expressões "vai vim" e "nova novidade". Atrapalhou um pouco, mas não podemos dizer que é culpa do restaurante.

Chris lê o cardápio antes da galerinha da "nova novidade" chegar

Para a entrada escolhemos o souflet de alcachofra (R$ 34,10). Pedimos um para dividir, e gostei do fato de eles terem trazido em duas porções separadas. Até fiquei com medo de cobrarem duas no final, mas isto não aconteceu. Pena que o cuidado ao servir não se refletiu na qualidade do prato. Em primeiro lugar, elas não estavam padronizadas. A da Chris estava mais "cheinha" e tostadinha por cima, e a minha veio mais murcha e branquela. Ambas grudaram um pouco na forminha. A alcachofra, como bem disse a Chris, ficou passeando por Campos do Jordão, porque seu sabor não foi muito sentido. O souflet até estava saboroso, mas o gosto do queijo prevalecia. Quanto ao molho shoyu, que acompanhava o prato, não era diferente daqueles que compramos em qualquer mercado.

Muchiba

Há cerca de quinze opções de pratos principais, e ficamos com vontade de pedir quase todos eles. Isso é um excelente sinal. A descrição dos pratos era apetitosa e criativa, como por exemplo a costeleta suína com risoto de damasco e gorgonzola e molho de mel (R$ 74,60) ou o filé mignon grelhado com lâmina de foie gras, vinho Marsala, risoto de cogumelo Paris e cebolinha grelhada (R$ 97,10). Este último quase foi pedido pela Chris, que acabou fazendo sorteio para decidir qual prato pediria.

Prontinhos pro cime

Sorteio efetuado, Chris pediu a truta em vinho chardonnay, nhoque de mandioquinha na manteiga com folha de mostarda e molho de gengibre (R$ 72,80). Apresentação bem simples, com o nhoque meio amontoado ao lado do peixe. Ela deu a primeira garfada na truta e achou boa. Depois experimentou o nhoque. Acho que antes mesmo de fazer qualquer comentário ela me ofereceu um pouco deste último. Dizer que não tinha gosto seria mentira, porque tinha sim: era gosto de mandioquinha com farinha. Faltou uma boa dose de sal, e mais capricho no tempero de um modo geral. Comentamos depois que quem precisava brilhar ali era mesmo o nhoque, porque é difícil errar numa truta. Infelizmente o nhoque não brilhou e o peixe ficou sozinho pra carregar o prato. Um mano da quebrada diria "firmeza, truta!".

Faltou. Ah, faltou. Faltou mesmo.

Depois de muito pensar no que pedir, acabei escolhendo o ossobuco de cordeiro no seu molho, com risoto de açafrão, cebola caramelada e anchova (R$ 75,50). Você não leu errado, e eu não escrevi errado: anchova junto com cordeiro. Foi justamente esta ousadia que acabou me fazendo escolher este prato. Nunca tinha visto a combinação em cardápio nenhum. Por anchova entenda-se aliche, aquele peixe que normalmente é feito na salmoura, muito utilizado para pizzas. A apresentação veio bacana, com o ossobuco por sobre o risoto e o molho por baixo. Demorei para encontrar o pedacinho de anchova em cima do cordeiro. O garçom sugeriu que eu comesse os dois juntos para harmonizar. Experimentei, mas achei que não fez muito sentido. Chris achou o mesmo. Comentei com ela que se eles confiassem mesmo na combinação teriam colocado pelo menos dois filezinhos. O pedacinho que veio só deu pra duas garfadas, uma pra mim outra pra Chris. Mas o sabor geral estava bom, e a carne do cordeiro estava soltando do osso, e bastante macia.

Bem mais bonito e gostoso que o da Chris

Na hora de adoçar a boca, o problema de sempre. Quase nunca os restaurantes investem em opções criativas para esta parte do cardápio. Basta notar que aqui no blog é este momento que normalmente derruba a média dos restaurantes. Como aqui a média já não estava muito alta, este risco foi minimizado. No meio dos indefectíveis petit gateau, sorvete e frutas da estação, resolvemos pedir a tarte Tartin de maçã com sorvete de gengibre (R$ 18,80). Tarte Tartin é uma torta famosa na França, criada pelas irmãs Tartin. Dizem que nasceu de um erro, quando uma das irmãs colocou as maçãs no forno sem a massa, e acabou acrescentado-a depois que as maçãs já estavam caramelizadas, invertendo o ritual normal de um torta. Ou seja, é uma torta ao contrário, mas que tem as frutas e a massa em união umbilical. Não era o caso da nossa, que era uma cestinha de massa folhada com as maças caramelizadas dentro. Mas a massa estava leve e crocante, e as maçãs saborosas.

Cestinha de massa folhada com maça caramelizada e sorvete. Este é o nome.

Não há muito o que dizer sobre o serviço. Esteve correto o tempo todo, mas não encantou em momento algum. Um homem, que parecia ser o dono ou gerente, vinha a toda hora perguntar se estava tudo bem (tá, "toda hora" quer dizer umas três vezes), e eu não vejo muito sentido nisso. É o mesmo que cumprimentar alguém na rua, perguntar se está tudo bem e querer que a pessoa seja sincera: "Olha, pra falar a verdade não tá tudo bem não, minha vó tá com a unha encravada, meu gato tá soltando pelo e minha esposa tá de chico". O tempo de espera entre os pratos foi perfeito, e a prontidão para perceber que queríamos algo também foi de se elogiar.

Infelizmente tivemos problemas com a entrada, e o prato principal não agradou totalmente a nenhum dos dois. Foi uma pena, porque ficamos apaixonados pelas sugestões apresentadas no cardápio, conforme já explanei. Por conta dos defeitos encontrados, nós dois concordamos que não voltaríamos ao Confraria do Sabor. A relação custo-benefício também acabou destruída pelas inconsistências nos pratos, já que os preços não são dos mais baratos. Lembrando da reunião da empresa que tivemos que presenciar, eu diria: menos confraria e mais sabor, por favor!


AAVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 5 e 5
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 6 e 6,5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,41 e 6,33
Voltaria?: Não e não



Serviço:
Avenida Doutor Vitor Godinho, 191 - Vila Capivari - Campos do Jordão - SP
Telefone: (12) 3663-6550
Site: http://www.confrariadosabor.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/AmicciDalVino/info