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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Jardim Secreto (Penedo - Distrito de Itatiaia - RJ) - 01/05/2016

Penedo é um distrito de Itatiaia (RJ) fundado por finlandeses nas primeiras décadas do século XX. Hoje já não são tantos os descendentes desses primeiros imigrantes que ainda vivem por ali, mas a região ainda guarda as influências do país, especialmente em seu pequeno circuito turístico, que inclui um lugar chamado Pequena Finlândia, com lojas e até a Casa do Papai Noel. Mas este não é um blog de viagem, e sim de comida, então vamos falar sobre o restaurante Jardim Secreto, onde estivemos para um almoço, e cuja gastronomia não tem nada de finlandesa.

Entrando no Jardim Secreto

Fazendo jus ao nome, a entrada do Jardim Secreto tem um pequeno jardim, e a parede possui algumas trepadeiras, dando a impressão de estarmos adentrando alguma ruína. Uma vez lá dentro a impressão se perde um pouco, já que a decoração interna não tem mais referências a jardins nem a segredos, embora as paredes de pedra dêem um certo ar medieval ao lugar. O lugar é bem arejado, com portas de vidro abertas e, ao lado do salão onde ficamos, uma pequena piscina rodeada por um jardim. Pena que a piscina não estava lá muito limpa, e a água esverdeada não nos trouxe a idéia de um jardim secreto à mente, e sim de sujeira mesmo.

As "ruínas"

Ao fundo nossa mesa, encostada na parede

A água verde

O cardápio é bem convencional esteticamente, não se aproveitando da temática da casa para fazer algo diferenciado. Na seção listada como "Entradas e saladas - Para despertar o paladar...", algumas opções triviais, como casquinha de truta (R$ 18,50) e bruscheta caprese (R$ 23). Acabamos escolhendo a opção mais criativa, o Camaranga (creme de abóbora com camarões, leite de coco, manga e catupity, R$ 23). Apresentação muito legal, com uma panelinha de ferro vermelha bem bonitinha. O cardápio ainda diz que a receita é "levemente apimentada", mas sinceramente não achamos o aviso necessário, já que a pimenta não é suficiente para amedrontar ninguém. Mas falemos dos sabores, que são o que mais importa. Ambos gostamos bastante da mistura, com o leite de coco fazendo lembrar vagamente uma moqueca e a manga dando uma adocicada interessante. O catupiry foi usado com parcimônia e não incomodou a Chris, que não é muito fã do ingrediente. Só achamos que os pedaços de manga poderiam ser menores, já que colocados na boca do tamanho em que estavam acabavam dominando a colherada. Quando a Chris resolveu cortá-los pela metade a combinação ficou mais harmoniosa.

A panelinha vermelha bonitinha do Camaranga

Para os pratos principais, o cardápio é dividido em "Carnes e aves" e "Peixes e crustáceos". Entre os peixes, a grande estrela é a truta, muito comum nos rios da região. Mas há também pirarucu e cherne. Entre as carnes, opções com cordeiro, porco, carne bovina e frango. Todos os pratos principais são para uma pessoa e custam em média R$ 60.

Chris queria um prato que trouxesse a estrela dos rios da região, por isso escolheu a truta ao molho de Champagne com risoto verde e pistaches (R$ 55). O filé de truta veio muito fininho, parecia um filé de lambari, ou de borboleta. Mas o sabor do molho de champagne era bom, e os pistaches deram uma crocância que caiu bem. Pena que o tal risoto verde acabou ficando com muito gosto de parmesão, que deve ter sido usado para finalizar - mas acabaram pesando a mão. A apresentação também não foi das melhores, com os pistaches meio jogados por cima do prato. Ah, e a Chris encontrou uma malfadada espinha, para não perder o costume.

O verdão

Eu estava mais afim de um porco, e adorei o nome do prato que escolhi: leitoa embrigada (R$ 65). O cardápio descreve o prato como leitoa desossada confit, servida com mix de batatas assadas, cogumelo Porto Bello grelhado e molho de cachaça com mel de engenho. Mas o garçom me avisou que eles estavam sem a leitoa desossada, e se eu me importava em substituí-la por um prime rib suíno (corte mais conhecido por sua versão bovina). Aceitei, meio a contragosto. Talvez devesse ter mudado o pedido, já que o corte de prime rib suíno, embora saboroso, estava muito seco por dentro. O mix de batatas estava bom, e o cogumelo Porto Bello grelhado ficou meio perdido, parecia que tinha caído ali de paraquedas. Poderiam vir alguns pedaços a mais. Mas o tal molho de cachaça com mel acabou meio que salvando a pátria. Estava muito bom, e acabou compensando um pouco a secura da carne.

Aquilo à direita é o "um" cogumelo que veio

Como ainda tínhamos que viajar de volta para São José dos Campos, ficamos só na base do suquinho. Ambos escolhemos suco de limão, que não estava lá dos melhores.

Para a sobremesa são apenas cinco opções, e achamos mais atraente a pera cozida em vinho branco com especiarias, acompanhada de creme de mascarpone e pistaches (R$ 23). Descrição bonita, sabor medíocre. Em geral a gente reclama que uma sobremesa é "doce demais", mascarando os elementos do prato. Aqui a crítica é que a sobremesa é "doce de menos". Os pistaches, que poderiam ser interessantes por conta do contraste doce/salgado, acabaram não acrescentando muita coisa, a não ser crocância. Definitivamente, não nos agradou.

Mas até que veio bonitinha

Estivemos no restaurante em um domingo à tarde, e ele estava bem cheio. Apesar disso, o serviço não deixou a desejar, embora também não tenha sido encantador. Entre os garçons, havia um que se destacava mais pela atenção dispensada, sempre prestando atenção a detalhes - como a falta de gelo - ou mesmo para levar um cinzeiro para a Chris quando ela foi fumar perto da piscina. Houve uma certa demora para a entrega dos pratos principais, quando chegamos até a brincar entre nós que iríamos acabar jantando. Quando meu prato chegou descobri que o tempo foi perdido cozinhando demais minha carne. Houve também um pequeno problema quando chegamos, já que escolhemos uma mesa mais próxima à porta, e fomos "expulsos" por um garçom que disse que aquela mesa já estava ocupada. Ele o fez com educação, mas mesmo assim é meio chato, já que não havia nada na mesa que indicasse a tal "ocupação", que acabou de fato ocorrendo pouco depois, por uma família.

Minha mãe já havia estado no Jardim Secreto, e foi ela que nos recomendou a experiência. Mas talvez os segredos que lhe foram contados tenham sido melhores do que os nossos. Não que nossa experiência tenha sido ruim, mas alguns defeitos no prato principal e na sobremesa prejudicaram um pouco a apreciação final. Por conta disso, e dos preços não tão amigáveis, chegamos à conclusão de que não voltaríamos ao Jardim Secreto. Mas isso não significa que tenhamos nos arrependido de ter ido pela primeira vez. Descobrimos alguns segredos, como o Camaranga e o molho de cachaça e mel, que valeram a pena ser descobertos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 7 e 7,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 6,5
Média: 6,33 e 6,70
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida das Três Cachoeiras, 3899 - Distrito de Penedo - Itatiaia - RJ
Telefone: (24) 3351-2516
Site: http://www.restaurantejardimsecreto.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/JardimSecretoRestaurante/?fref=ts






quarta-feira, 6 de abril de 2016

Kraftwerk (Joaçaba - SC) - 06/03/2016

Uma das precursoras da música eletrônica, a banda Kraftwerk (que significa "usina de energia") influenciou meio mundo com seus ritmos baseados em sintetizadores e suas letras minimalistas. A Chris adora o grupo, e talvez por isso não tenha se importado quando eu sugeri que rodássemos quase quarenta quilômetros para sair da cidade de Treze Tílias, onde estávamos hospedados, para almoçarmos no restaurante homônimo à banda, no município de Joaçaba. Claro que aproveitamos para também conhecer um pouquinho a cidade, que tem uma linda estátua no alto de um morro em homenagem a Frei Bruno, religioso que fez fama na região e que está em processo de beatificação pela igreja católica.

A ponte que leva ao restaurante

O restaurante fica na saída da cidade, instalado em uma pequena usina hidrelétrica ainda em funcionamento (por isso o nome Kraftwerk). Embora sua entrada seja discreta, seu salão todo envidraçado tem vista privilegiada para o Rio do Peixe, que aliás é bem agitado neste trecho. Nos sentamos junto às janelas, e é uma pena que as vigas de madeira fiquem bem na altura dos olhos de quem está sentado, atrapalhando um pouco a visão. Ainda assim, não é todo dia que se tem uma refeição em um restaurante com vista para um rio. Achamos as mesas muito próximas umas às outras. Também há mesas do lado de fora do salão, mas estas infelizmente já estavam ocupadas. Aliás, fizemos a visita em um domingo, e o lugar estava bem cheio. Chris se incomodou um pouco com as mulheres todas emperequetadas como se estissem num jantar de gala, enquanto ela estava vestida mais informalmente, como aliás parecia mais adequado ao ambiente.

O Rio do Peixe (porque do passarinho é que não podia ser)

Para abrir os caminhos, nos foi trazido um pequeno couvert, composto de torradinhas com patê e algumas uvas (?!). Macaco velho, perguntei se era cortesia, e após a afirmativa degustamos o agrado, que era aprazível.

A raposa e as uvas

Para as entradas propriamente ditas, e pagas, não havia nada muito diferente, então pedimos os croquetes de salmão à milanesa (R$ 35), acompanhados de dois chopps (350ml, R$ 11 cada). Consistência boa dos croquetes, cremosos e molhadinhos (isto está ficando um pouco erótico, não?), mas faltou um pouco mais de sabor, ou ao menos de um molho gostoso para acompanhar. Para piorar encontramos duas espinhas, uma pra cada, para ficar democrático. Espinha em bolinho é sacanagem. Mas adoramos os espremedores de limão individuais, uma ótima sacada para evitar a sujeirada que um limão é capaz de fazer no contribuinte, especialmente se ele for assim, digamos, eu.

É a cara de alguém que come e não se lambuza

Chris escolheu como prato principal o filé de côngrio rosa com legumes e batata souté (R$ 59). A apresentação em um prato escuro salientou bem o colorido das cenouras fatiadas, do brócolis e das batatas. "Enfeitando" o prato, como se fosse uma vela de um barco, ainda havia chip de algum legume que não conseguimos indentificar, porque não tinha gosto de nada. Aliás, o vaticínio da Chris foi sem rodeios: "Tá tudo meio sem graça", ela disse. O pedaço de peixe, generoso, só ganhou graça quando a Chris chegou na parte em que havia um pouquinho de um molho espesso de alho. Foi pouco para convencê-la. Ah, sim, espinhas de peixe também fizeram parte da experiência.

"Rimas de ventos e velas, vida que vem, que vai"

Eu escolhi o salmão grelhado ao molho de caviar e dry martini sobre espaguete (R$ 67). Isso mesmo, o molho era feito de ovas de peixe junto com o famoso drinque do James Bond. O sabor agressivo me assustou um pouco no início, mas depois até que peguei gosto pela coisa. O molho verde-claro, com o adendo de pedaços de manga nos cantos, encimados por tomate, tudo sobre um prato negro formaram um quadro meio kitsch. Aliás, as mangas fizeram um contraponto interessante ao molho. Ao final gostei do prato, embora tenha achado a porção farta demais, talvez um só filé de salmão fosse suficiente.

"Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores"

Como eu ainda teria uma viagem de volta dirigindo, paramos com o choppinho durante as refeições, e apostamos nos sucos. Chris foi de clorofila (eu também não sabia que isso existia) e eu de limonada suíça (R$ 9 cada), ambos muito bem feitinhos.

Limonada suíça, clorofila e outras coisas estranhas

Para a sobremesa escolhemos o strudel com sorvete de nozes e chantili (R$ 13). Apresentação divertida, com um catavento sobre o sorvete e alguns confeitos coloridos sobre o chantili. Mas a rapidez com que chegou, e a consistência murcha da torta de maçã, levam a crer que foi esquentado no microondas. Para piorar estava muito quente. Com modo irônico ligado, eu daria a dica para colocar uns 30 segundos a menos no micro. O sabor também não encantou, perfazendo então uma sobremesa pífia. Só o sorvete de nozes se salvou, e a apresentação.

Murcho e sem gosto, mas bonito

O serviço não teve grandes problemas, mas também não encantou. Todavia, mesmo com o salão cheio, conseguiu se manter atento durante toda nossa refeição. Houve uma diferença de alguns minutos entre a entrega do meu prato principal e o da Chris, o que me fez, como bom cavalheiro que sou, ficar olhando para o meu prato sem poder comer, à espera de que o dela chegasse. Também se esqueceram de trazer o meu garfo. Ao pedirmos para o garçom tirar uma foto ele tirou quatro! Não sei se isso conta a favor ou contra.

Com pratos principais girando em torno de sessenta reais, dificilmente um casal sai do Kraftwerk sem gastar ao menos duzentos reais, para uma refeição completa. E a verdade é que, em nossa experiência, a relação custo-benefício não foi das melhores. Nenhuma das três etapas da refeição nos satisfez plenamente, e mesmo com o serviço competente e a bela vista, ambos concluímos que não voltaríamos ao restaurante. Que Frei Bruno nos perdoe.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7,5
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 5 e 6
Prato principal(3): 4 e 7
Sobremesa(2): 4 e 4
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 5,08 e 6,33
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rodovia SC-303, Km 1 - Joaçaba - Santa Catarina
Telefone: (49) 3521-2626
Site: http://www.kraftwerkrestaurant.com.br/
Facebook: https://pt-br.facebook.com/KraftwerkRestaurante





terça-feira, 7 de julho de 2015

Quisoque Philosofy (São José dos Campos - SP) - 30/06/2015

Quando minha mãe me perguntou onde iríamos jantar, respondi "num restaurante vegetariano". Em verdade eu estava enganado: o Quiosque Philosofy é um restaurante de comida orgânica, o que é bem diferente. Aqui existem proteínas animais, a diferença é a forma como eles são criados, soltos, sem grande interferência humana, e se alimentando de pasto e não de ração. No caso dos vegetais, são cultivados sem uso de produtos químicos, controladores de praga ou coisa parecida.

A bela e rústica fachada

Do lado de fora, uma fachada rústica, com muito verde, tijolinhos à vista e lampiões. Lá dentro, ambiente charmoso, onde chamam a atenção alguns objetos vintage, como uma geladeirinha vermelha e um telefone verde daqueles bem antigos. Há também muitas plantas. O teto não tem forro, então vemos as telhas e a estrutura do telhado. A parede próxima de onde nos sentamos era feita de bambu. Em um quadro negro, a frase "O orgânico transcende o nada! Nada mais é que voltar às raízes. Simples assim!", dando uma boa, e poética, idéia da proposta do lugar. Como nem tudo é perfeito, achei as cadeiras um pouco desconfortáveis, e uma das paredes tinha algumas falhas na pintura.

Chris caminhando, com a geladeirinha vintage ao fundo

Há apenas três opções de entradas. Escolhemos o garlic bread, massa integral crocante assada ao alho e óleo (R$ 19,90). Para acompanhar há 6 opções de antepastos, das quais o cliente pode escolher três. Fomos de pesto, pasta de tahine e queijo branco. Pedimos duas long neck Stella Artois para fazer companhia. Depois de alguma demora, a entrada finalmente chegou, com um visual apetitoso e um cheiro delicioso. E o sabor correspondeu à estética. A massa estava torradinha e muito crocante, e nem precisava dos antepastos para ser ingerida com prazer. Mas para ajudar o pesto estava uma delícia, e o queijinho branco e a pasta de tahine também não fizeram feio. Chris estava no celular com a irmã, mas com sua mão livre não parou de comer. Fez bem, porque se bobeasse eu comeria tudo.

Bonita e gostosa

Entre os pratos principais, há poucas e simples opções no cardápio fixo (bife orgânico à cavalo, massa integral ao sugo, etc), além de algumas saladas, sanduíches e pizzas. Mas o restaurante oferece um menu variável, que muda toda semana, com outras opções mais inventivas, além do menu degustação (R$ 98,60) em que o cliente pode experimentar vários pratos em sequência. Eu e Chris acabamos escolhendo pratos que estavam neste menu variável.

Chris escolheu o Especial do Chef, que vinha com arroz negro, molho de maracujá e salmão, acompanhado de salada (R$ 51,90). A parte do "acompanhado de salada" não rolou muito, a não ser que se considerasse como salada os tufinhos de cenoura e beterraba que enfeitavam o prato. O arroz estava sem sal, e o salmão veio um pouco cru, quase um sashimi. O molho de maracujá era um pouco doce demais. Apesar de tantos defeitos, Chris achou que o todo, na hora em que se colocava tudo junto na boca, não estava tão ruim. A apresentação também era bonita, e a quantidade suficiente para satisfazer sem exagero.

Satisfez, com ressalvas

Eu escolhi o risoto de frutas vermelhas com filé de Saint Peter (R$ 49,90). Assim como em outros pratos do cardápio, neste aqui o grelhado é opcional, e pode ser escolhido entre carne, peixe e frango, com um acréscimo de dez reais no preço final. Em termos de quantidade achei um pouco exagerado, tanto que eu não consegui terminar de comer, enquanto a Chris comeu o dela todo. O peixe estava no ponto certo, mas talvez pudesse ter um pouco mais de sal, para compensar o risoto doce de frutas vermelhas. Este estava interessante, embora o arroz, sem as frutas vermelhas, não tivesse muito gosto. O queijo ralado que veio por cima não resolveu este problema da falta de sal. Aliás, poderia ser substituído por algum ingrediente com alguma crocância. O prato também veio com os tufinhos de cenoura e beterraba de enfeite, o que reforça a tese de que, de fato, esqueceram a salada da Chris. Aliás, pensando em retrospecto, deveríamos ter reclamado. Que dois bestas!

Eu e Woody Allen prontos pro rango

Para a sobremesa também escolhemos um opção que estava no cardápio variável. Um cheesecake de doce de leite e tâmara com calda de framboesa (R$ 11,90). Ainda bem que pedimos um só: o pedaço é gigante! Enfiei a primeira colher na boca achando que seria muito enjoativo, mas me surpreendi com o sabor. Chris no fim das contas acabou achando doce demais, embora tenha comido bastante. Eu, no fim das contas, acabei achando seco demais, acho que a calda de framboesa estava mais para uma geléia. Mas ambos gostamos do sabor, que, no fim das contas (e chega de repetir a expressão) é o que mais importa.

Comemos em dois e ainda sobrou

Falta falar de um item muito importante no cardápio do restaurante: os sucos. São muitas e muitas opções, separados por temas como hangover cures - ou seja, curas para ressaca -, detox, sucos vivos, entre outros. Deve ter pra mais de vinte opções de sucos, um mais diferente que o outro. Me lembro até de um que vinha com biomassa de banana verde! Claro que não poderíamos ir embora sem experimentar algum. Chris pediu o Mundaka (espinafre, maçã, beterraba e cenoura, R$ 10,90). Ela gostou, muito embora tenha achado que a beterraba dominou tudo. Mas ela gosta de beterraba, então valeu. Eu pedi o Kriyá (limão, mel e manjericão, R$ 9,90). Não consegui encontrar o sabor do mel, mas a mistura de manjericão e limão estava muito boa e bem equilibrada.

Nós dois, super naturebas

Durante o tempo que estivemos no local, apenas mais dois clientes entraram no estabelecimento. Deste modo, o serviço esteve quase todo voltado só para nós, e foi bastante satisfatório. Funcionários simpáticos na medida certa, sem demonstrarem enfado. Tiraram algumas dúvidas que tínhamos sobre o cardápio, sem escarnecer de nossa ignorância ao perguntarmos em uníssono "o que é bife orgânico?".

Ainda em relação ao serviço, tivemos um probleminha com o tempo de entrega dos pratos. A entrada demorou bastante para chegar, mesmo se tratando de algo simples - embora delicioso. Até aí tudo bem, já que não estávamos com pressa, e tomávamos nossa cervejinha. O problema foi que o prato principal, que já estava previamente solicitado, chegou muito rápido, quando ainda nem tínhamos terminado direito de comer a entrada. Isto acabou sendo um problema, já que ainda nem tínhamos escolhido o suco para acompanhar nossas refeições, coisa que iríamos fazer no tempo entre a entrada e o prato principal - e as opções eram muitas, como já foi dito.

Apesar de alguns problemas com os pratos principais e com o serviço, tanto eu como a Chris concordamos que o Quiosque Philosofy mereceria uma segunda visita. O custo benefício foi bastante razoável, e sentimos muito carinho e cuidado em todos os aspectos, do ambiente ao serviço. Chris ficou com vontade de experimentar outros itens do cardápio, especialmente alguns sucos, e eu gostei bastante da idéia do cardápio que varia semanalmente,  fornecenedo assim uma excelente desculpa para um retorno. Além do mais, ambos acabamos pedindo peixe, e ficamos sem saber qual a diferença, na prática, entre um bife orgânico e um comum. Pronto, já temos mais de uma desculpa para voltar. Agora é só escolher uma data.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 7 e 7,5
Entrada(2): 8 e 8,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 7 e 8
Média: 7,16 e 7,66
Voltaria?: Sim e sim



Serviço:
Rua Fagundes Varela, 141 - Vila Betânia - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3921-9224
Site: http://www.quiosquephilosofy.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/qphilosofy?fref=ts




sábado, 16 de maio de 2015

Al Badah (São José dos Campos - SP) - 12/05/2015

Confesso, ela foi tirada na saída, não na chegada

Me mudei para São José dos Campos em 1990, mesmo ano em que foi fundado o Al Badah, restaurante especializado em comida árabe. Durante estes vinte e cinco anos em que eu e o restaurante "moramos" na mesma cidade, eu sempre pensei em nós dois como forasteiros. Achava que o Al Badah era uma rede estilo Habib´s, que não nasceu na cidade, assim como eu. Talvez eu pensasse isso pelo fato de haver um Al Badah em cada shopping de São José, o que normalmente caracteriza uma rede dessas com centenas de estabelecimentos pelo país. Só recentemente descobri que, ao contrário de mim, o Al Badah é joseense da gema.

Foi também por conta desta descoberta que eu e Chris nos dirigimos à matriz da rede, na Vila Ema, para um jantar. Eu já tinha comido as esfihas da casa em algum momento da minha juventude, e Chris também já tinha estado por ali para almoço com colegas de trabalho. Mas era a primeira vez que estávamos ali para um jantar, podendo apreciar mais "seriamente" a cozinha do lugar.

Essa sim foi na chegada

O ambiente é bem simples, mas agradável. Todo aberto nas laterais, embora em uma noite razoavelmente fria quase todos os toldos estivessem abaixados. No sentamos ao lado do único que estava levantado, para pouco depois um mala reclamar do frio (porque não sentou em outro lugar, cara pálida?) e fazer o garçom abaixar o toldo. Na decoração, alguns lustres meio arabescos, quadros com recortes de jornal sobre o lugar (um chavão irresistível, aparentemente) além de outros quadros com castelos árabes e coisas do tipo. Móveis de madeira, com a cadeira estofada, e muita luz. A entrada da cozinha fica aberta, e acima da porta há um convite para entrar e conhecê-la. Banheiro limpíssimo, com um Listerine® tamanho família (que se mostraria útil mais tarde) e copinhos de plástico para o bochecho, além de luminária em estilo árabe.

Chris das arábias, e um pouco do ambiente do lugar

Iniciamos os trabalhos com uma porção de seis falaféis, que são bolinhos à base de grão de bico com semente de gergelim (R$ 23,50). Vem acompanhado de vinagrete e molho tahine. O vinagrete não tinha absolutamente tempero nenhum, era apenas um monte de cebola e tomate picadinhos. Tudo bem que adoramos cebola e tomate, mas cadê o vinagre do vinagrete? Um salzinho também não faria mal. Os bolinhos são um pouco secos, mas estavam saborosos. O molho tahine estava muito "molhado", precisava de mais consistência. Quando colocado por cima dos bolinhos ele simplesmente escorria, fazendo os bolinhos continuarem secos.

Falaféis, cebolas e eu

O cardápio conta com muitas opções de enchimento de barriga. Esfihas, kibes, kebabs e sanduíches feitos no pão sírio, entre outros, pra quem só está afim de um lanchinho. Pra quem quer mais sustância, há os grelhados e os kebabs no prato como opções. O menu é bem ilustrado, muito colorido, com fotos de quase todos os pratos. Isso ajuda bastante a escolher, para quem não está familiarizado com os nomes dos degustes. Pena que nossos falaféis não estavam tão bonitos quanto na foto, como pode ser comprovado abaixo.

"Efeito Big Mac": a foto é mais bonita do que a realidade

Todos os grelhados vem acompanhados de arroz sírio, salada Al Badah (alface, cenoura, beterraba, muçarela, molho rosé e nozes) e vinagrete, que servem duas pessoas, com opção de meia porção, para uma pessoa. Chris pediu a meia porção da kafta (R$ 24,90). O prato chegou sem a salada, e o garçom nos informou que a meia porção não possuía este acompanhamento. Isto não está claro no cardápio. Chris pediu a salada à parte. Achou a comida com gosto muito forte de limão. O arroz sírio (que é preparado com macarrão "cabelo de anjo") não disse muito a que veio. O vinagrete veio tão sem tempero quanto o que acompanhava os falaféis. Mas a kafta estava gostosa, e a porção era bem generosa. Apresentação simples, embora a salada tenha vindo numa bonita taça.

A kafta não é boa de feição, né?

Eu pedi o kebab de cordeiro no prato (R$ 33,50). Muitíssimo bem servido, com as tiras de cordeiro, salada de alface, tomate e abobrinha frita, além de homus (pasta de grão de bico) e coalhada. À parte, em outro pratinho, um pedaço de pão sírio e 3 molhos: tahine, de hortelã e de limão. Ufa! A carne estava bem temperada, adorei as abobrinhas fritas, finamente cortadas, e também gostei do homus. Não comi tudo porque era muito coisa, não porque estivesse ruim ou enjoativo. Talvez se não tivéssemos comido os falaféis...

Dá até pra dividir em dois em tempos de vacas magras

Embora os docinhos sírios sejam famosos, pedimos uma sobremesa chamada malabie (R$ 9,90), uma manjar árabe feito com leite condensado, com calda de caramelo, castanhas de caju e uma ameixa seca. Bonita e saborosa no início, mas depois ficou um sabor amargo, provavelmente por conta das castanhas que não deviam estar muito boas. Melhor mudar o fornecedor, porque atrapalhou totalmente a experiência. Lembra do Listerine®? Pois é...

Peninha, viu?

Durante toda a refeição tomamos três sucos Al Badah (R$ 6,40 cada), feitos com uva e acerola, uma combinação que nunca tínhamos visto. Inusitada, mas gostosa.

Os funcionários se mostraram solícitos e presentes durante todo o tempo. Nenhum dos pratos pedidos demorou muito a sair, mas também não vieram rápidos a ponto de acharmos que já estivessem previamente prontos. O ponto negativo principal foi a demora em limpar as mesas, mesmo bem depois de já termos terminado de comer. Isto aconteceu especialmente com a entrada. Outro problema foi o fato de o cardápio não informar que somente a porção inteira dos grelhados traz o acompanhamento da salada.

Não se trata de alta grastronomia. É um lugar para se fazer uma refeição honesta com um preço honesto. Em um dia de calor, com todos os toldos levantados, deve ser ainda mais agradável o ambiente, bem pertinho de uma das avenidas mais bonitas de São José, a 9 de Julho. Talvez por conta disso eu tenha chegado à conclusão de que voltaria ao Al Badah. Já a Chris acha que não valeria a pena um retorno. Mas uma coisa nenhum de nós dois discute: o Al Badah é um clássico joseense, e um grande exemplo de que um empreendimento sério e bem cuidado pode durar mais de vinte anos mantendo a qualidade, mesmo em uma mundo volátil como o dos restaurantes, em que isso é cada vez mais raro.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 6,5
Entrada(2): 6 e 6
Prato principal(3): 6,5 e 7
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 7,5
Média: 5,95 e 6,45
Voltaria?: Não e sim


Serviço:
Rua Serimbura, 15 - Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3923-2454
Site: http://www.albadah.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Al-Badah/179521248760275?fref=ts