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quinta-feira, 2 de março de 2023

Le Quintal (São José dos Campos - SP) - 24/02/2023

 


Na sexta-feira passada fomos jantar no quintal da casa de um casal que nunca tínhamos visto na vida. Sim, é possível descrever dessa maneira a sensação de visitar pela primeira vez o Le Quintal. Trata-se de um restaurante muito distante do convencional. Só funciona nas noites de sexta e sábado, sob reserva. O menu de cinco etapas é divulgado na segunda-feira, nas redes sociais. E o mais curioso: o serviço é feito nos fundos de uma residência, sem nenhuma placa ou indicativo de que se trata de um restaurante.

"Boa noite, podemos rangar aí no quintal?"

Claro que não é um quintal qualquer. A decoração é toda trabalhada, com muitos detalhes por todos os lados: objetos de palha, móveis de madeira, cortinas com estampas floridas, garrafas de vinho, lustres, flores e mais uma infinidade de coisas. Segunda a proprietária, tudo aquilo foi sendo construído com o tempo, com outras pessoas trazendo uma coisinha aqui, outra ali, para formar um mosaico bem interessante. Existem mesas de diversos tamanhos, para acomodar casais ou grupos maiores. Embora exista uma pequena parte aberta, a maioria do quintal é coberta, o que deve permitir o serviço mesmo em dias de chuva. A cozinha é aberta, sendo possível observar todo o trabalho dos cozinheiros, além de sentir os aromas das comidas antes que elas cheguem à mesa - o que é bem instigante para o paladar.

Chris embelezando ainda mais o ambiente

Fê embesteando um pouco o ambiente

Um lustre florido, no detalhe pra você

Um arranjo de vinho e rolhas

Garrafa de vinho: muito melhor que passarinho!

(vou fazer um aparte sobre o nome do estabelecimento. No Instagram, a rede social mais usada por eles, a arroba é "lequintalbistro". Acho o nome perfeito: tem uma gracinha ali com o idioma francês, que condiz com o clima descontraído da casa, além de usar o título de bistrô, que originalmente na França se referia a restaurantes menores, mais intimistas. O problema é que eles também usam, em alguns materiais de divulgação, o nome Le Quintal VIP Gourmet Club - e este também é o nome que aparece na pesquisa do Google. E aí, confesso, é um nome que quase me afastou do restaurante, porque sugere alguma sofisticação, elitização e frescurização que, definitivamente, não é o que encontramos na casa. Convenhamos que as palavras "VIP", "gourmet" e "club" não significam absolutamente nada - e, pior, dão uma ideia errada do lugar)

Antes de falar sobre a comidança, um detalhe importante: o Le Quintal não cobra rolha. Isso significa que as pessoas podem levar seus próprios vinhos de casa. Isso melhora bastante o custo-benefício. Se for em dois beberrões, nossa sugestão é levar duas garrafas de vinho, já que o serviço todo demora mais de três horas (slow food, baby!). Nós levamos só uma, e nos arrependemos. Mas, caso necessário, existe uma adega com vinhos no local, além de outras bebidas, cobradas à parte. O valor do menu de cinco etapas é de R$ 149,99 por pessoa.

A festa começou com o couvert. Pequenos pães de fabricação própria, quentinhos, acompanhados de caponata de berinjela (legalzinha), pasta de ervas (bem saborosa, feita com maionese, mas bem leve) e manteiga com mel e flor de sal (uma delícia). Essa última, inclusive, pode ser levada para casa (pagando, claro, e não é lá muito barato: R$ 15 por 50g). 

Pela ordi: caponata, manteiga e pasta. Ao fundo, os pães, por óbvio

A festa continuou com a entrada, um palmito imperial grelhado com mix de folhas e ervas, acompanhado de molho pesto. Apresentação muito xuxu, com o palmito e as folhas parecendo uma árvore. Claro que o ogro aqui não percebeu na hora, foi a Chris que chamou minha atenção para a arte no prato. Mas não me passou despercebida a textura maravilhosa do palmito, derretendo na boca, e o molho pesto bem saboroso, com pedacinhos de queijo parmesão.

Não é dado aos ogros perceber a sutileza

A terceira etapa do banquete foi o risoto de limão siciliano coroado por queijo grana padano. Eu faço esse prato de maneira bem regular, e a Chris disse que o meu é melhor - mas existe a possibilidade de ela estar sendo enganada pelo poder do amor. Eu, que sou menos suspeito, achei o risoto muito aromático, e com sabor bem intenso do limão. Talvez um toque a mais de sal e pimenta, aquele famoso punch, caísse bem. 

Sem o poder do amor não é a mesma coisa

Calma que a festa ainda não acabou. Na quarta etapa tivemos o filé alto ao molho de mostarda, escoltado por legumes grelhados. Aqui houve um pequeno problema, porque os legumes chegaram um pouco frios. Mas estavam gostosos e com textura boa (acho que o tomate poderia estar mais chamuscadinho). O filé estava muito bem temperado, e o ponto veio correto (o meu ao ponto e o da Chris mal passado). Molho de mostarda muito bom, nada agressivo, combinando tanto com o filé quanto com os legumes.
 
Aliando boniteza com sabor
 
Para finalizar o refestelo, tivemos o cheesecake com calda quente de goiabada cascão. Aqui mais um pequeno problema de temperatura, já que a calda não estava quente, e não fez contraste com o cheesecake, que estava bem gelado. No entanto, em relação aos sabores, ambos gostamos bastante do equilibrio entre o salgado e o doce.

Eles são muito bons de desenhinhos, não é mesmo?
 
Em relação ao serviço, importante começar falando sobre o processo de reserva. Em nossa experiência, foi bastante tranquilo: uma mensagem de Whatsapp, rapidamente respondida, e pronto, nossa reserva estava feita. A orientação é chegar a partir das 20:30. Nós chegamos alguns minutinhos antes disso, mas já fomos atendidos, e já havia um casal lá dentro. A entrada na casa é feita por um corredor lateral, que leva até o quintal, ao fundo. O atendimento é feito por dois jovens garçons, ambos eficientes e simpáticos. . Além disso, os proprietários passam em todas as mesas, conversando, fazendo algumas brincadeiras e falando sobre os pratos. É algo bastante pessoal, e diferente do usual. A água é cortesia, e a garrafa é reposta sempre que chega ao fim. Se podemos fazer duas pequenas críticas, são estas: não nos foram apresentadas as outras opções de bebida além da água - e do vinho que levamos; não perguntaram o ponto desejado da carne. Chris é que, antes de prepararem, chamou o garçom e disse que queria a dela mal passada. Pelo que entendemos, o padrão é fazer a carne ao ponto. Portanto, caso queira sangue, peça!

Em relação ao tempo de entrega dos pratos, é preciso ter em mente que a proposta é de slow food levada ao paroxismo. Talvez a comunicação do restaurante devesse ser mais clara em relação a isso no momento da reserva. Chegamos às 20:30 e saímos perto da meia-noite. Para nós não houve problema, foram três horas e meia bastante agradáveis, mas entendemos que há pessoas que podem se incomodar. Em nossa visita, a maior demora se deu entre o primeiro e o segundo prato - creio que demorou perto de uma hora entre um e outro. Existe um pouco de flexibilidade em relação aos couverts, que são servidos à medida que as pessoas vão chegando, mas a partir da entrada, todos os pratos saem da cozinha ao mesmo tempo. É compreensível, já que não se trata de uma cozinha industrial cheia de funcionários, então os pratos são todos montados e servidos juntos (talvez por isso haja alguns problemas de temperatura eventuais).

 
Linha de produção das boas

A família Le Quintal, fazendo o que sabe

Em algum momento de nossa refeição, Chris chegou a dizer que iria dar nota dez em todos os quesitos (acho que ela estava empolgada com o carnaval). Depois ela acabou por fazer algumas modulações. Mas o fato é que a experiência de jantar no Le Quintal é das melhores que tivemos aqui em São José. É comida muito bem apresentada, com ótimos ingredientes e muito bem temperada - além do atendimento intimista e eficiente. Em relação às receitas, o Le Quintal não tem foco na criatividade, não tenta recriar a roda, nem usa técnicas mirabolantes, mas faz muito bem feito aquilo que se propõe. Além disso, pelo fato de não cobrar rolha nem os 10% de serviço, acaba tendo um custo-benefício, se não maravilhoso, ao menos satisfatório. Por tudo isso, eu e Chris concordamos que faríamos uma segunda visita ao Le Quintal. E desta vez não estaríamos mais comendo no quintal da casa de dois completos desconhecidos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
 
Ambiente (2): 7 e 8
Serviço (2): 9 e 9
Couvert (1): 7 e 7
Entrada (2): 9,5 e 8
Prato principal 1 (3): 7,5 e 7
Prato principal 2 (3): 9 e 8
Sobremesa (2): 7 e 7
Custo-benefício (1): 8 e 8
Média: 8,09 e 7,75
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
 
R. Francisco Bráulio Filho, 90 - Jardim das Industrias - São José dos Campos - SP
Telefone:(12) 98119-6311 (Whatsapp para reservas)
Instagram: @lequintalbistro

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Deli Joy (São José dos Campos - SP) - 07/08/2018


A Avenida 9 de Julho, caminho da roça pra casa da Chris, é um dos lugares por onde mais passo em São José. Em dado ponto da avenida meu olhar à direita, sempre que o trânsito permite, me deixa com vontade de conhecer aquele lugar com paredes de vidro e visual descolado. Deli Joy, um nome que não dá muita informação sobre o tipo de comida servida, embora a frase "great food", escrita logo abaixo do nome, denuncie coisa boa - e alguma bem vinda arrogância. Finalmente decidimos conhecer o lugar, em uma fria terça feira de agosto.

A bandeira brasileira fazendo contraponto ao inglês do nome

Passando com o carro não é possível perceber a riqueza de detalhes da decoração interna. Há um cuidado com cada cantinho, inclusive o banheiro, cheio de frases espirituosas e com objetos reaproveitados, como o dispensador de sabão feito com uma garrafa de Fanta. A atmosfera geral é meio retrô, com máquinas de escrever, telefones e televisores antigos compondo o visual. Há sofás e cadeiras para casais e grupos maiores, e um mezanino onde não fomos, mas que parece bem espaçoso e com o décor seguindo o resto da casa. Meu único porém é que as músicas tocadas, embora boas, não refletiam o clima passadista da decoração. O único porém da Chris foi não haver um espaço para fumantes do lado de fora, com uma cadeira ou mesmo um cinzeiro.

A camisa do AC/DC compôs bem com o ambiente

Uma geral do ambiente, com as velharias à esquerda

Pense em alguém fanático por telefones antigos. É a Chris.

Espirituosidades

Nos acomodamos e recebemos nossos cardápios, ainda sem fazer ideia do que encontraríamos. Uma das coisas que encontramos foram muitas fotos dos pratos, o que acho meio cafona em restaurantes mais formais, mas que combina bem em uma casa como essa. Passamos os olhos pelas seis opções de porções e, virando a página, chegamos aos hambúrgueres. "Hmmm, é uma hamburgueria". Também poderíamos chamar de "sanduicheria", já que das onze opções de lanches, três não levam hamburguer. Mas continuando a folhear o menu encontramos o retumbante número de 29 opções de sobremesa! Ficou claro então que estávamos em uma "sobremeseria".

Piadas bestas à parte, as seis opções de porções já nos indicaram que a influência do local é fortemente americana, a começar pelos nomes, como "chilli fries", "meat balls" e "batata queijo bacon", que é escrita em português mas tem DNA estadunidense na veia. Nada contra a gloriosa América, diga-se (ok, algumas coisinhas contra, mas nada que se deva dizer aqui). Fomos de "Stick de frango crocante", que são tiras de frango empanadas com parmesão (R$ 36). Chegaram à mesa bastante oleosas, não só na aparência como no sabor. Dizer que tava ruim é mentira, porque era frango empanado com parmesão, né? Bem temperado, crocante, mas um pouco seco por dentro. Servido com a maionese da casa, que poderia ter um pouco mais de personalidade. 

Nós tão saudáveis, tomando suco, e esse frango cheio de óleo

Na hora do lanche, Chris optou pelo Gorg Burger (R$ 28,90, burger de 180g, queijo prato, bacon, cebola grelhada, alface, tomate, molho de gorgonzola no pão de brioche). Assim que ela escolheu eu fiz a ressalva: "cuidado, gorgonzola é muito forte, pode dominar tudo". Mas mulheres ouvem? Nem sempre, e não deveriam mesmo. Fato é que o que faltou mesmo foi gorgonzola. O molho era demasiado aguado, escorria pra todo lado, e não trazia muito o sabor do forte queijo. Talvez na intenção de não deixá-lo dominar, acabaram deixado-o ser dominado. O hambúrger, provado sozinho, carecia de um pouco de tempero, embora estivesse no ponto solicitado. As cebolas estavam boas, mas essa é a natureza delas. Nos chamou atenção a maneira como foram fatiadas, bem grossas.

Ali ó, como o molho é muito molhado

Claro que ela meteu o garfo e faca no bicho

Para mim eu pedi o Zucchini Burger (R$ 31,90, burger de 180g, abobrinha defumada, catupiry, rúcula e tomate no pão de brioche). Não resisto a abobrinhas, ainda mais defumadas, é juntar coisa boa com coisa boa pacas. E lá fui eu dar uma mordida no lanche, depois outra, mais outra, e nada de achar as abobrinhas. Não as acharia mesmo, posto que não vieram. Chamei a garçonete, que levou o lanche à cozinha, depois veio me perguntar se eu queria outro lanche ou se bastaria colocar as abobrinhas naqueles dois terços que restavam. Escolhi a segunda opção. A presença das "zucchinis" deu outro astral ao lanche, que antes delas estava bem xoxo. As notas defumadas trouxeram complexidade e um sabor fora do óbvio. Apesar disso, o hambúrger provado sozinho tinha o mesmo problema de falta de tempero apontado pela Chris.

O Estranho Caso do Hambúrguer de Abobrinha Sem Abobrinha, by Raymond Chandler

Eu meti a boca, garfo e faca que nada

Ambos os lanches vieram acompanhados de batatinhas rústicas (boas, sequinhas) e a mesma maionese da entrada - além de catchup e mostarda da Heinz que também já tinham sido trazidos à mesa durante a entrada.

Como recém formado sommelier de cervejas pelo Senac (pô, eu tinha que meter essa marra em algum lugar do texto!) senti muita falta de cervejas especiais para acompanhar os hambúrgueres. Até existe um cardápio só com cervejas da Dama Bier, mas elas estavam em falta. O famoso "tem, mas acabou". Meio difícil entender, já que há um distribuidor da Dama Bier em São José, não muito longe do Deli Joy. Uma pena.

Era chegada a hora de escolher entre as nababescas 29 opções de sobremesa. Bem, na verdade nossas escolhas ficaram reduzidas, já que boa parte das sobremesas levava sorvete, e a Chris não estava nem um pouco afim de sorvete naquele frio ártico (botei a culpa nela mas também não tava muito querendo sorvete não). Acabamos ficando entre duas opções de cheesecake, um de frutas vermelhas (R$ 10,90) e um de ovomaltine (R$ 16,90). Seguindo sugestão da simpática garçonete, optamos pelo último (só agora vi a diferença de preço entre os dois, mas sou um crédulo e acho que ela foi sincera). Apresentação bonita, em um prato com as mesmas cores da sobremesa. A descrição do cardápio indicava creme crocante de ovomaltine e morango, mas veio também uma ganache de chocolate branco por cima, que atrapalhou um pouco a experiência da Chris, que não gosta de chocolate branco. Afora isso, o conjunto estava harmonioso, embora sem a acidez do morango o resultado fosse um pouco enjoativo.

Prato feito sob encomenda pra sobremesa

O atendimento é feito por jovens meninas, e é bastante informal, dentro do esperado pela concepção da casa. Em dado momento o lugar chegou a encher um pouquinho, mas não houve demora significativa na entrega dos pratos nem para termos atenção de alguma delas, exceto em momentos pontuais. O problema maior relacionado ao serviço foi o meu sanduíche ter vindo sem as abobrinhas. Mesmo com a correção posterior, claro que foi uma falha grave. Também pesou um pouco a falta de aviso no cardápio sobre a ganache de chocolate branco no cheesecake. Basicamente foram esses dois problemas que fizeram nossas notas de serviço darem uma despencada. 

Antes de se chamar Deli Joy o restaurante tinha o nome de Delícias do Vale e ficava em outra localidade. Eu, que gosto das coisas em português, acho que o atual nome combina mais com a proposta da casa - embora dê a falsa impressão de se tratar de uma delicatessen, que de maneira geral é mais focada em produtos finos, diferenciados e exóticos. Mas o restaurante tem conceito, uma bela decoração e é muito agradável. Chris, por não ter gostado de seu sanduíche e não ter se apaixonado perdidamente por nada do que comemos, disse que não voltaria. Eu, que gostei do meu lanche, voltaria no verão para experimentar uma das lindas sobremesas com sorvete. E até comeria um lanche - desde que tivesse uma boa cerveja IPA para acompanhar.

Até pra trazer a dolorosa rola um conceito, vês?

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8,5 e 9,5
Serviço(2): 6 e 6,5
Entrada(2): 5 e 6
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6 e 7
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Avenida Nove de Julho, 747 – Vila Adyana - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3346-1002
Facebook: https://www.facebook.com/delijoybr
Instagram: https://www.instagram.com/delijoybr/?hl=pt-br

terça-feira, 7 de julho de 2015

Quisoque Philosofy (São José dos Campos - SP) - 30/06/2015

Quando minha mãe me perguntou onde iríamos jantar, respondi "num restaurante vegetariano". Em verdade eu estava enganado: o Quiosque Philosofy é um restaurante de comida orgânica, o que é bem diferente. Aqui existem proteínas animais, a diferença é a forma como eles são criados, soltos, sem grande interferência humana, e se alimentando de pasto e não de ração. No caso dos vegetais, são cultivados sem uso de produtos químicos, controladores de praga ou coisa parecida.

A bela e rústica fachada

Do lado de fora, uma fachada rústica, com muito verde, tijolinhos à vista e lampiões. Lá dentro, ambiente charmoso, onde chamam a atenção alguns objetos vintage, como uma geladeirinha vermelha e um telefone verde daqueles bem antigos. Há também muitas plantas. O teto não tem forro, então vemos as telhas e a estrutura do telhado. A parede próxima de onde nos sentamos era feita de bambu. Em um quadro negro, a frase "O orgânico transcende o nada! Nada mais é que voltar às raízes. Simples assim!", dando uma boa, e poética, idéia da proposta do lugar. Como nem tudo é perfeito, achei as cadeiras um pouco desconfortáveis, e uma das paredes tinha algumas falhas na pintura.

Chris caminhando, com a geladeirinha vintage ao fundo

Há apenas três opções de entradas. Escolhemos o garlic bread, massa integral crocante assada ao alho e óleo (R$ 19,90). Para acompanhar há 6 opções de antepastos, das quais o cliente pode escolher três. Fomos de pesto, pasta de tahine e queijo branco. Pedimos duas long neck Stella Artois para fazer companhia. Depois de alguma demora, a entrada finalmente chegou, com um visual apetitoso e um cheiro delicioso. E o sabor correspondeu à estética. A massa estava torradinha e muito crocante, e nem precisava dos antepastos para ser ingerida com prazer. Mas para ajudar o pesto estava uma delícia, e o queijinho branco e a pasta de tahine também não fizeram feio. Chris estava no celular com a irmã, mas com sua mão livre não parou de comer. Fez bem, porque se bobeasse eu comeria tudo.

Bonita e gostosa

Entre os pratos principais, há poucas e simples opções no cardápio fixo (bife orgânico à cavalo, massa integral ao sugo, etc), além de algumas saladas, sanduíches e pizzas. Mas o restaurante oferece um menu variável, que muda toda semana, com outras opções mais inventivas, além do menu degustação (R$ 98,60) em que o cliente pode experimentar vários pratos em sequência. Eu e Chris acabamos escolhendo pratos que estavam neste menu variável.

Chris escolheu o Especial do Chef, que vinha com arroz negro, molho de maracujá e salmão, acompanhado de salada (R$ 51,90). A parte do "acompanhado de salada" não rolou muito, a não ser que se considerasse como salada os tufinhos de cenoura e beterraba que enfeitavam o prato. O arroz estava sem sal, e o salmão veio um pouco cru, quase um sashimi. O molho de maracujá era um pouco doce demais. Apesar de tantos defeitos, Chris achou que o todo, na hora em que se colocava tudo junto na boca, não estava tão ruim. A apresentação também era bonita, e a quantidade suficiente para satisfazer sem exagero.

Satisfez, com ressalvas

Eu escolhi o risoto de frutas vermelhas com filé de Saint Peter (R$ 49,90). Assim como em outros pratos do cardápio, neste aqui o grelhado é opcional, e pode ser escolhido entre carne, peixe e frango, com um acréscimo de dez reais no preço final. Em termos de quantidade achei um pouco exagerado, tanto que eu não consegui terminar de comer, enquanto a Chris comeu o dela todo. O peixe estava no ponto certo, mas talvez pudesse ter um pouco mais de sal, para compensar o risoto doce de frutas vermelhas. Este estava interessante, embora o arroz, sem as frutas vermelhas, não tivesse muito gosto. O queijo ralado que veio por cima não resolveu este problema da falta de sal. Aliás, poderia ser substituído por algum ingrediente com alguma crocância. O prato também veio com os tufinhos de cenoura e beterraba de enfeite, o que reforça a tese de que, de fato, esqueceram a salada da Chris. Aliás, pensando em retrospecto, deveríamos ter reclamado. Que dois bestas!

Eu e Woody Allen prontos pro rango

Para a sobremesa também escolhemos um opção que estava no cardápio variável. Um cheesecake de doce de leite e tâmara com calda de framboesa (R$ 11,90). Ainda bem que pedimos um só: o pedaço é gigante! Enfiei a primeira colher na boca achando que seria muito enjoativo, mas me surpreendi com o sabor. Chris no fim das contas acabou achando doce demais, embora tenha comido bastante. Eu, no fim das contas, acabei achando seco demais, acho que a calda de framboesa estava mais para uma geléia. Mas ambos gostamos do sabor, que, no fim das contas (e chega de repetir a expressão) é o que mais importa.

Comemos em dois e ainda sobrou

Falta falar de um item muito importante no cardápio do restaurante: os sucos. São muitas e muitas opções, separados por temas como hangover cures - ou seja, curas para ressaca -, detox, sucos vivos, entre outros. Deve ter pra mais de vinte opções de sucos, um mais diferente que o outro. Me lembro até de um que vinha com biomassa de banana verde! Claro que não poderíamos ir embora sem experimentar algum. Chris pediu o Mundaka (espinafre, maçã, beterraba e cenoura, R$ 10,90). Ela gostou, muito embora tenha achado que a beterraba dominou tudo. Mas ela gosta de beterraba, então valeu. Eu pedi o Kriyá (limão, mel e manjericão, R$ 9,90). Não consegui encontrar o sabor do mel, mas a mistura de manjericão e limão estava muito boa e bem equilibrada.

Nós dois, super naturebas

Durante o tempo que estivemos no local, apenas mais dois clientes entraram no estabelecimento. Deste modo, o serviço esteve quase todo voltado só para nós, e foi bastante satisfatório. Funcionários simpáticos na medida certa, sem demonstrarem enfado. Tiraram algumas dúvidas que tínhamos sobre o cardápio, sem escarnecer de nossa ignorância ao perguntarmos em uníssono "o que é bife orgânico?".

Ainda em relação ao serviço, tivemos um probleminha com o tempo de entrega dos pratos. A entrada demorou bastante para chegar, mesmo se tratando de algo simples - embora delicioso. Até aí tudo bem, já que não estávamos com pressa, e tomávamos nossa cervejinha. O problema foi que o prato principal, que já estava previamente solicitado, chegou muito rápido, quando ainda nem tínhamos terminado direito de comer a entrada. Isto acabou sendo um problema, já que ainda nem tínhamos escolhido o suco para acompanhar nossas refeições, coisa que iríamos fazer no tempo entre a entrada e o prato principal - e as opções eram muitas, como já foi dito.

Apesar de alguns problemas com os pratos principais e com o serviço, tanto eu como a Chris concordamos que o Quiosque Philosofy mereceria uma segunda visita. O custo benefício foi bastante razoável, e sentimos muito carinho e cuidado em todos os aspectos, do ambiente ao serviço. Chris ficou com vontade de experimentar outros itens do cardápio, especialmente alguns sucos, e eu gostei bastante da idéia do cardápio que varia semanalmente,  fornecenedo assim uma excelente desculpa para um retorno. Além do mais, ambos acabamos pedindo peixe, e ficamos sem saber qual a diferença, na prática, entre um bife orgânico e um comum. Pronto, já temos mais de uma desculpa para voltar. Agora é só escolher uma data.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 7 e 7,5
Entrada(2): 8 e 8,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 7 e 8
Média: 7,16 e 7,66
Voltaria?: Sim e sim



Serviço:
Rua Fagundes Varela, 141 - Vila Betânia - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3921-9224
Site: http://www.quiosquephilosofy.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/qphilosofy?fref=ts