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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Deli Joy (São José dos Campos - SP) - 07/08/2018


A Avenida 9 de Julho, caminho da roça pra casa da Chris, é um dos lugares por onde mais passo em São José. Em dado ponto da avenida meu olhar à direita, sempre que o trânsito permite, me deixa com vontade de conhecer aquele lugar com paredes de vidro e visual descolado. Deli Joy, um nome que não dá muita informação sobre o tipo de comida servida, embora a frase "great food", escrita logo abaixo do nome, denuncie coisa boa - e alguma bem vinda arrogância. Finalmente decidimos conhecer o lugar, em uma fria terça feira de agosto.

A bandeira brasileira fazendo contraponto ao inglês do nome

Passando com o carro não é possível perceber a riqueza de detalhes da decoração interna. Há um cuidado com cada cantinho, inclusive o banheiro, cheio de frases espirituosas e com objetos reaproveitados, como o dispensador de sabão feito com uma garrafa de Fanta. A atmosfera geral é meio retrô, com máquinas de escrever, telefones e televisores antigos compondo o visual. Há sofás e cadeiras para casais e grupos maiores, e um mezanino onde não fomos, mas que parece bem espaçoso e com o décor seguindo o resto da casa. Meu único porém é que as músicas tocadas, embora boas, não refletiam o clima passadista da decoração. O único porém da Chris foi não haver um espaço para fumantes do lado de fora, com uma cadeira ou mesmo um cinzeiro.

A camisa do AC/DC compôs bem com o ambiente

Uma geral do ambiente, com as velharias à esquerda

Pense em alguém fanático por telefones antigos. É a Chris.

Espirituosidades

Nos acomodamos e recebemos nossos cardápios, ainda sem fazer ideia do que encontraríamos. Uma das coisas que encontramos foram muitas fotos dos pratos, o que acho meio cafona em restaurantes mais formais, mas que combina bem em uma casa como essa. Passamos os olhos pelas seis opções de porções e, virando a página, chegamos aos hambúrgueres. "Hmmm, é uma hamburgueria". Também poderíamos chamar de "sanduicheria", já que das onze opções de lanches, três não levam hamburguer. Mas continuando a folhear o menu encontramos o retumbante número de 29 opções de sobremesa! Ficou claro então que estávamos em uma "sobremeseria".

Piadas bestas à parte, as seis opções de porções já nos indicaram que a influência do local é fortemente americana, a começar pelos nomes, como "chilli fries", "meat balls" e "batata queijo bacon", que é escrita em português mas tem DNA estadunidense na veia. Nada contra a gloriosa América, diga-se (ok, algumas coisinhas contra, mas nada que se deva dizer aqui). Fomos de "Stick de frango crocante", que são tiras de frango empanadas com parmesão (R$ 36). Chegaram à mesa bastante oleosas, não só na aparência como no sabor. Dizer que tava ruim é mentira, porque era frango empanado com parmesão, né? Bem temperado, crocante, mas um pouco seco por dentro. Servido com a maionese da casa, que poderia ter um pouco mais de personalidade. 

Nós tão saudáveis, tomando suco, e esse frango cheio de óleo

Na hora do lanche, Chris optou pelo Gorg Burger (R$ 28,90, burger de 180g, queijo prato, bacon, cebola grelhada, alface, tomate, molho de gorgonzola no pão de brioche). Assim que ela escolheu eu fiz a ressalva: "cuidado, gorgonzola é muito forte, pode dominar tudo". Mas mulheres ouvem? Nem sempre, e não deveriam mesmo. Fato é que o que faltou mesmo foi gorgonzola. O molho era demasiado aguado, escorria pra todo lado, e não trazia muito o sabor do forte queijo. Talvez na intenção de não deixá-lo dominar, acabaram deixado-o ser dominado. O hambúrger, provado sozinho, carecia de um pouco de tempero, embora estivesse no ponto solicitado. As cebolas estavam boas, mas essa é a natureza delas. Nos chamou atenção a maneira como foram fatiadas, bem grossas.

Ali ó, como o molho é muito molhado

Claro que ela meteu o garfo e faca no bicho

Para mim eu pedi o Zucchini Burger (R$ 31,90, burger de 180g, abobrinha defumada, catupiry, rúcula e tomate no pão de brioche). Não resisto a abobrinhas, ainda mais defumadas, é juntar coisa boa com coisa boa pacas. E lá fui eu dar uma mordida no lanche, depois outra, mais outra, e nada de achar as abobrinhas. Não as acharia mesmo, posto que não vieram. Chamei a garçonete, que levou o lanche à cozinha, depois veio me perguntar se eu queria outro lanche ou se bastaria colocar as abobrinhas naqueles dois terços que restavam. Escolhi a segunda opção. A presença das "zucchinis" deu outro astral ao lanche, que antes delas estava bem xoxo. As notas defumadas trouxeram complexidade e um sabor fora do óbvio. Apesar disso, o hambúrger provado sozinho tinha o mesmo problema de falta de tempero apontado pela Chris.

O Estranho Caso do Hambúrguer de Abobrinha Sem Abobrinha, by Raymond Chandler

Eu meti a boca, garfo e faca que nada

Ambos os lanches vieram acompanhados de batatinhas rústicas (boas, sequinhas) e a mesma maionese da entrada - além de catchup e mostarda da Heinz que também já tinham sido trazidos à mesa durante a entrada.

Como recém formado sommelier de cervejas pelo Senac (pô, eu tinha que meter essa marra em algum lugar do texto!) senti muita falta de cervejas especiais para acompanhar os hambúrgueres. Até existe um cardápio só com cervejas da Dama Bier, mas elas estavam em falta. O famoso "tem, mas acabou". Meio difícil entender, já que há um distribuidor da Dama Bier em São José, não muito longe do Deli Joy. Uma pena.

Era chegada a hora de escolher entre as nababescas 29 opções de sobremesa. Bem, na verdade nossas escolhas ficaram reduzidas, já que boa parte das sobremesas levava sorvete, e a Chris não estava nem um pouco afim de sorvete naquele frio ártico (botei a culpa nela mas também não tava muito querendo sorvete não). Acabamos ficando entre duas opções de cheesecake, um de frutas vermelhas (R$ 10,90) e um de ovomaltine (R$ 16,90). Seguindo sugestão da simpática garçonete, optamos pelo último (só agora vi a diferença de preço entre os dois, mas sou um crédulo e acho que ela foi sincera). Apresentação bonita, em um prato com as mesmas cores da sobremesa. A descrição do cardápio indicava creme crocante de ovomaltine e morango, mas veio também uma ganache de chocolate branco por cima, que atrapalhou um pouco a experiência da Chris, que não gosta de chocolate branco. Afora isso, o conjunto estava harmonioso, embora sem a acidez do morango o resultado fosse um pouco enjoativo.

Prato feito sob encomenda pra sobremesa

O atendimento é feito por jovens meninas, e é bastante informal, dentro do esperado pela concepção da casa. Em dado momento o lugar chegou a encher um pouquinho, mas não houve demora significativa na entrega dos pratos nem para termos atenção de alguma delas, exceto em momentos pontuais. O problema maior relacionado ao serviço foi o meu sanduíche ter vindo sem as abobrinhas. Mesmo com a correção posterior, claro que foi uma falha grave. Também pesou um pouco a falta de aviso no cardápio sobre a ganache de chocolate branco no cheesecake. Basicamente foram esses dois problemas que fizeram nossas notas de serviço darem uma despencada. 

Antes de se chamar Deli Joy o restaurante tinha o nome de Delícias do Vale e ficava em outra localidade. Eu, que gosto das coisas em português, acho que o atual nome combina mais com a proposta da casa - embora dê a falsa impressão de se tratar de uma delicatessen, que de maneira geral é mais focada em produtos finos, diferenciados e exóticos. Mas o restaurante tem conceito, uma bela decoração e é muito agradável. Chris, por não ter gostado de seu sanduíche e não ter se apaixonado perdidamente por nada do que comemos, disse que não voltaria. Eu, que gostei do meu lanche, voltaria no verão para experimentar uma das lindas sobremesas com sorvete. E até comeria um lanche - desde que tivesse uma boa cerveja IPA para acompanhar.

Até pra trazer a dolorosa rola um conceito, vês?

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8,5 e 9,5
Serviço(2): 6 e 6,5
Entrada(2): 5 e 6
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6 e 7
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Avenida Nove de Julho, 747 – Vila Adyana - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3346-1002
Facebook: https://www.facebook.com/delijoybr
Instagram: https://www.instagram.com/delijoybr/?hl=pt-br

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Voilà! Bistrot (Paraty - RJ) - 12/12/2015

Embora eu nunca tenha ido à França, já li mais de uma vez que por lá os bistrôs são restaurantes pequenos, com comidas e bebidas a preços acessíveis. Bem, certamente não é o que se vê no Brasil. Tanto que quando eu disse à Chris que, em nossa visita a Paraty, iríamos ao restaurante Voilà! Bistrot, ela já me disse algo como "ixi, lá vem você com seus restaurantes carões". E ela não estava errada.

O Voilà! tem a seu favor o fato de ter uma estrela no Guia Quatro Rodas. Muito embora eu acabe de descobrir, para minha imensa tristeza, que o guia deixará de existir no ano que vem, por enquanto ainda é uma chancela respeitada. Tanto que em geral os restaurantes fazem questão de exibir a certificação de maneira bem visível aos clientes. O restaurante, ou "bistrô', fica dentro da Pousada Caminho do Ouro, e chegamos lá em um sábado chuvoso, por volta de oito da noite.

Não conta pra ninguém, mas esta foto é de quando saíamos

Quando entramos o pianista tocava Pink Floyd, o que nos arrancou sorrisos de aprovação. Mas o ambiente é bastante intimista. Na verdade eu usei o termo "opressivo" ao conversar com a Chris a respeito. Poucas mesas, todas muito próximas umas às outras. Não fosse o som do piano abafando os diálogos e poderíamos ouvir até as respirações dos outros convivas. Decoração sóbria, paredes de pedra, janelas de vidro com cortinas entreabertas, meia-luz e mesa tão pequena que por vezes foi difícil conciliar todos os talheres, pratos e afins. Fomos instalados ao lado da bela adega, malgrado o fato de que não optamos pelo vinho nesta noite.

Chris e o piano man

Fê e o resto do bistrô

A bela adega (e o fim da sobremesa,  mas né?, dane-se a continuidade)

O cardápio lista todas as suas opções por ordem de preço, do mais barato ao mais caro. Curioso. Para as entradas, os preços começam em 25 e vão até 48 reais, para as opções individuais. Há também a terrine de foie gras, para duas pessoas, por 98 reais. Acabamos optando por dividir uma das opções individuais, e fomos de salada medieval (folhas, linguicinha de javali, carne seca suiça, torradinhas ao alho e molho do chef, R$ 38). Aqui já houve um problema na hora de servir, por conta do tamanho da mesa. Como a salada é individual, a garçonete colocou a salada para mim, inteirinha em um prato especial, e pôs um pratinho para a Chris se servir. Não gostamos, e pedimos pra ela trazer outro pratinho, deixando a salada no meio de nós. mesmo apertando um pouco as coisas. Quanto à salada, nada de mais, as combinações de sabores não trouxeram muita alegria, embora os ingredientes fossem bons. A tal carne seca suíça, que desconhecíamos, é um embutido bastante salgado, mas saboroso. A linguicinha também era boa, assim como as torradinhas, embora algumas destas tenham vindo torradas demais, com gosto de queimado. O molho do chef, que poderia dar um "tchans" na coisa toda, não acrescentou muito.

A medieval, e a Chris

Para os pratos principais o cardápio só lista opções para duas pessoas, fazendo a ressalva de que, em caso de pedido individual, será cobrado 70% do valor do prato. Pois bem, claro que acabamos escolhendo apenas um, para não pagar, no fim das contas, 40% a mais no valor total. Os preços vão de 140 a 180 reais, e o foco é, obviamente, a culinária francesa, com opções como o peito de pato e molho de framboesa e batatas gratinadas à francesa (R$ 160) e filé mignon ao molho de Roquefort e nozes com nhoque de batata do chef (R$ 140). Acabamos ficando em dúvida entre estas duas opções e o lombo de javali ao vinho tinto e groselha, purê de batata doce ao cassis e maçãs caramelizadas (R$ 170). Acabamos optando por este último, depois de um sorteio rápido. Devo ressaltar que minha opção venceu, embora eu não costume dar sorte em sorteios.

A apresentação estava bonita, com o purê de lado, e os pedaços de lombo intercalados com as maçãs sobre o molho de vinho tinto e groselha. O javali, que nunca tínhamos experimentado (exceto na versão "linguiça"), não difere tanto assim do porco ao qual estamos acostumados, com sabor um pouco mais forte. Os pedaços vieram com bastante gordura, que a Chris não aprecia muito, mas eu adoro. Com a luz fraca, ela acabou tendo que comer, já que não conseguia enxergá-las. Diga-se que o problema da Chris com a gordura é tanto de consistência quanto de sabor, o que já prejudicou bastante sua apreciação da receita. O purê de batata doce estava (atenção para a semântica), na opinião dos dois, meio sem graça. Mas para mim ele casou bem com o restante dos elementos, e eu gostei da "garfada" final. Já a Chris achou tudo muito adocicado. De fato, há muitos elementos doces no prato (cassis, groselha, maçãs), que prejudicam um pouco a harmonia. A proporção também não foi perfeita, já que o purê acabou sobrando no prato dos dois, quando todo o resto já tinha sido "finalizado".

Dois iguais, um melhor que o outro, porque gosto é gosto

Ficamos sem entender muito bem o motivo de os pratos serem todos para dois, uma vez que eles vieram servidos individualmente. Por um momento achei que o serviço não seria empratado, ou seja, que tudo seria servido numa travessa, ou coisa parecida, para que colocássemos em nossos pratos. Mas não foi o caso. Da forma como foi, dá a impressão de ser pura preguiça de fazer dois pratos diferentes para um casal, que são o público primordial do restaurante. Eu e Chris sempre gostamos de pedir pratos diferentes, para experimentarmos o máximo possível do cardápio, já que dificilmente temos a oportunidade de retornar a um restaurante. Infelizmente aqui não foi possível, o que nos deixou bem frustrados. Foi a primeira vez que nos deparamos com uma esquisitice dessas, a não ser em casos em que comemos um peixe inteiro, por exemplo, onde a opção de não "individualizar" é compreensível.

No restaurante Confraria do Sabor, em Campos do Jordão, havíamos comido de sobremesa uma tarte tartin que não era exatamente uma tarte tartin, pela descrição que eu tinha dessa famosa torta francesa. Então resolvemos pedir novamente esta receita, desta vez em um restaurante francês (R$ 20). Decerto que estava mais parecido com o que eu tinha lido sobre a torta. Veio acompanhada de creme inglês e chantilly fresca. Para coroar, uma physalis, frutinha bem gostosa que já tínhamos comido em uma sobremesa no restaurante Le Palmier, em São José dos Campos. Mas, bem, nem há muito o que comentar sobre o sabor, porque ele meio que não veio. A doçura que, segundo a Chris, sobrou no prato principal, faltou aqui. E a falta de açúcar não foi compensada por nenhum sabor extra. A torta não tinha muito gosto, para ser mais preciso. E a massa folhada, da qual já não sou muito fã, veio com um certo gosto de queimado, além de ser muito difícil de cortar. Este último problema ainda se agravou pelo fato de nos ser dado apenas garfo e colher. Faltou uma faca. Enfim, uma decepção.

A decepção

Fomos atendidos o tempo todo pela Adriana, que, pela breve conversa que tivemos na hora de irmos embora, também é proprietária do restaurante. Seu atendimento não é formal, contrastando um pouco com o ambiente do bistrô. Mas isto é um elogio. Ela foi simpática e atenciosa, embora às vezes parecesse não ter visão periférica. Ela falhou também quando pedimos uma água e ela se esqueceu de trazer, e depois quando pedimos uma long neck da Heineken para dividirmos, e ela nos trouxe duas. Em relação ao tempo de entrega dos pratos o serviço foi sempre perfeito, assim como na limpeza da mesa no decorrer das etapas. Mas consideramos que os problemas já citados dos pratos principais para duas pessoas e da falta de faca na sobremesa também pertencem ao serviço, por isso a nota final sofreu bastante.

Voilà em francês quer dizer, entre outras coisas, "aqui está". Os pratos principais no Voilà! Bistrot são servidos com abafadores que, à frente do cliente, são retirados e acompanhados da expressão "voilà!" por parte da garçonete. É carinhoso e diferente. O pianista, que nos recebeu com Pink Floyd, não saiu dessa toada a noite inteira, nos brindando - apesar de alguns errinhos casuais - com Beatles, Queen e muitas coisas boas. Apesar dessas boas intenções, de maneira geral nossa experiência acabou prejudicada, e o principal motivo foi mesmo o sabor dos pratos. O ambiente opressivo, o serviço inconstante, tudo isso seria relevado se nossas bocas pedissem mais e mais. Não pediram, e eu e Chris concordamos que também não pediríamos uma nova visita ao Voilà! Bistrot. Como diriam os franceses, nous sommes très désolés.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 6 e 6
Entrada(2): 5 e 5,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 5 e 4
Custo-benefício(1): 5 e 5
Média: 5,58 e 5,75 
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Estada Paraty-Cunha, km 4 - Ponte Branca - Paraty - RJ
Telefone: (24) 3371-6548

Site: http://www.pousadacaminhodoouro.com.br/site/bistrot
Facebook: https://www.facebook.com/Voil%C3%A0-Bistrot-Paraty-RJ-120530594812579/?fref=ts