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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Matisse (Campinas - SP) - 17/09/2016


Na única noite em que sairíamos para jantar durante nossa curta estadia em Campinas, buscamos um restaurante que fosse perto de nosso hotel, mas que também tivesse alguma referência. As pesquisas nos levaram ao Matisse, que fica dentro do hotel Royal Palm Residence (não, não era onde estávamos hospedados) e ganhou o prêmio da revista Veja em 2014 como a melhor comida "variada" de Campinas. De fato era bem perto de nosso hotel, e em menos de cinco minutos de carro já estávamos lá. Agora, se é a melhor comida "variada" de Campinas, seja lá o que isso significa, só o texto aí abaixo dirá. Ou não.

O fotógrafo não caprichou na foto. Contratemos outro, pois.

Deixamos o carro com o manobrista do hotel (ato que depois nos custou dezessete reais) e subimos a pequena escada que dá acesso à recepção, em frente, e ao restaurante, à direita, direção que tomamos. Uma grande porta de madeira dá acesso ao Matisse, e nos acomodamos bem pertinho dela, e ao lado de uma parede de vidro que nos deu acesso ao mundo lá fora. Lá dentro, não há muita coisa que remeta ao famoso pintor francês que inspirou o nome do lugar, a não ser um quadro na parede, que pode ou não ser a reprodução de uma obra dele. Em minhas pesquisas na internet não encontrei nenhum igual, embora o estilo seja parecido. O cardápio também é bem colorido, e o francês era famoso pelo uso de cores. Mas falta uma explicação maior sobre o porquê do nome, até mesmo no próprio menu. Gostamos da iluminação, nem clara nem escura demais, e das cadeiras, bem confortáveis. Desgostamos da florzinha de plástico no vasinho sobre as mesas, de gosto duvidoso.

O gosto duvidoso, a Chris e o Matisse-ou-não ao fundo

O mais comum é nós dividirmos uma entrada, mas como todas eram muito leves, resolvemos pedir duas, uma para cada, para não ter briga (embora tenhamos acabado dividindo as duas. Ou quase isso. Ok, eu confesso, dividimos uma, e a outra eu comi inteira).

São apenas seis opções, e Chris ficou com o tabule de quinoa com tomate, pimentão, pepino, cebola roxa, hortelã e salsinha (R$ 19). Já vem temperado, mas Chris achou que faltou um pouquinho de sal. Também achou um pouco aguado. A apresentação veio bem simples, com o tabule enformado em círculo, com folhas de alface a lhe ladear.

Aqui ele já tava meio destruído, porque foi dividido em dois

Eu escolhi o ceviche de tilápia marinada no limão, com pimentão, laranja e cebola, regada com azeite e sal (R$ 25). Além do descrito no cardápio, o prato vinha com pedacinhos de manga, servidos ao lado para não murcharem, e folhas verdes. Gostei da acidez, que para meu gosto estava na medida certa, e também gostei da mistura com a manga. Os pedaços de pimentão estavam cortados um pouco grandes. Não sou um especialista em ceviches, e não comi muitas vezes, mas no geral achei agradável.

Cê viste o ceviche?

Como um bom restaurante de comida "variada", o cardápio tem de tudo: carnes e aves; pescados e frutos do mar; risotos; massas, divididos desta forma. O cardápio, como já dito, é bem colorido, e usa etiquetas ao lado de alguns pratos para indicar se ele é "novo" ou "+ pedido". Vale dizer que quase todos os pratos tem uma das etiquetas, o que indica que o menu foi renovado recentemente, mas manteve alguns clássicos da casa. Os pratos são todos individuais, e os preços variam bastante, indo de 45 até 89 reais. Entre os pratos que não escolhemos, chamaram a atenção o filé mignon em leito de rúcula com fettuccine (R$ 52) e os camarões grandes grelhados ao creme de abóbora cabotiã e catupiry com arroz vermelho e farofa de coco (R$ 89).

Óia aí um pedacinho do cardápio

Chris até que não sofreu muito para escolher desta vez (em geral ela fica em dúvida entre algumas opções). Foi de Filé Barolo (R$ 56), um daqueles com a etiqueta de "+ pedido". É um filé mignon grelhado, servido em molho de vinho barolo com champignon e bacon, acompanhado de risoto de vinho espumante. Como de praxe, ela pediu mal passado. Fizemos questão de dizer à garçonete que, sim, a Chris é uma mulher, mas gosta MESMO de carne mal passada. Talvez não devêssemos ser tão enfáticos. A carne veio...como chama aquilo, quando não assa? Ah, isso mesmo, crua. Pois é, crua. Bem diferente de mal passado. A sorte é que a Chris gosta mesmo de carne, ou teria mandado devolver. Para piorar, ela achou o risoto sem graça, não sentiu a acidez que o espumante deveria dar. Só o molho se salvou, bem saboroso, e amenizando a "sem-gracice" do risoto.

Se foto tivesse som você ouviria um "muuuuuuu"

Eu tive um pouco de dificuldade em escolher, e só defini quando a garçonete já estava à mesa, tirando o pedido da Chris. Optei pelo lombo de cordeiro grelhado ao molho de pimenta-cumarim com purê de banana-da-terra (R$ 65). Para combinar com a escolha "no susto", tomei um susto ao perceber o quanto a carne estava dura. Havia algum problema com o responsável pelas carnes naquela noite. A minha passou demais, a da Chris passou de menos. Outro susto foi a ardência da pimenta-cumarim (que é mais conhecida como cumari ou comari), que eu não conhecia, e acabou desequilibrando o prato. Deveria ter sido usada em bem menos quantidade. O purê de banana-da-terra amenizou, pero no mucho, este problema.

Se foto tivesse gosto você pegaria um copo d´água

Nós somos bonitos pracas, mas a florzinha não é legal mesmo, né?


Depois das decepções com o prato principal, era hora de tentar adoçar a vida com uma boa sobremesa. Escolhemos a sugestiva Sinfonia de Chocolate (R$ 21), uma terrine de chocolate ao leite e chocolate branco acompanhada de mousse de chocolate florentine com morangos. Achamos um pouco difícil concatenar na colher todos os elementos da sobremesa. Ambos achamos que a terrine estava dura demais, e Chris achou o todo muito doce. Mas eu gostei bastante do sabor da terrine, e morango e chocolate é uma combinação clássica que funciona. Não foi de todo ruim, mas não salvou a noite, como era nossa expectativa.

Uma sinfonia com alguns desafinos

Por falar em salvar a noite, talvez a garçonete que nos atendeu seja a grande responsável pela avaliação do Matisse não ser uma das piores de todas aqui no blog. Ela se mostrou atenciosa, simpática e bem informada, deixando-nos bem à vontade e atendendo no tom exato que gostamos, sem muitas firulas mas sem ser desleixada. Ponto positivo também para a cozinha em relação ao tempo de entrega dos pratos, sempre perfeito. O fato de o restaurante estar relativamente vazio certamente contribuiu para estes pontos positivos, mas ainda assim é digno de nota, porque ficou bem acima da média. Uma curiosidade é que a conta, ao invés de apresentar os 10% ao final, como é de praxe, traz a expressão "gorjeta espontânea" no extrato, junto com os pratos, como se fosse mais um deles. A explicação da garçonete é que muitos executivos comem ali, e precisam da nota fiscal completa, para serem ressarcidos posteriormente, então eles deram esse "jeitinho" bem brasileiro. Ficou bem-humorado. Eu curti.

Tá ali, ó, "gorjeta espontânea", que legal, né, meu?

Nossas entradas foram acompanhadas de duas long neck Stella Artois (R$ 13 cada), e para os pratos principais pedimos duas cervejas belgas Leffe Radieufe (330ml, R$ 25 cada), uma Belgian Strong Dark Ale de sabor levemente adocicado que se deu muito bem com nossas refeições, especialmente com a pimenta do meu prato, cuja ardência ela ajudou a arrefecer.

Não é à toa que o prato principal é o quesito que tem mais peso quando calculamos a média final de nossas notas aqui no blog. Como o nome já diz, é ele a razão principal de irmos a um restaurante. É por ele que vamos comer fora, e é quase sempre por ele que ficamos com vontade de retornar a algum estabelecimento. Infelizmente para o Matisse, e para nós, ambos os nossos pratos principais tiveram graves defeitos, que nos fizeram concluir que não voltaríamos ao lugar. Uma pena que nossa experiência não tenha sido tão boa quanto à daquele crítico da Veja que o elegeu como o melhor restaurante de comida variada de Campinas em 2014. Ou será que dois anos fizeram tão mal ao Matisse?

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 8 e 9
Entrada(2): 6 e 7
Prato principal(3): 4 e 5,5
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 5,91 e 6,87
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Conceição, 450 - Centro - Campinas - São Paulo
Telefone: (19) 2117-4203
Site: http://restaurantematisse.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Matisse-The-Royal-Palm-Residence/254945024564014?fref=ts (não oficial)









domingo, 3 de abril de 2016

Pequeno Bosque (São Joaquim - SC) - 03/03/2016


Apesar do nome, o restaurante Pequeno Bosque fica na área central de São Joaquim, em uma rua que concentra as principais opções gastronômicas da pequena cidade da serra catarinense. Mas o nome não é indevido. A entrada do restaurante tem jardinagem caprichada, com direito até a um pequeno lago com carpas, além de um barril de vinho, jorrando não exatamente vinho, mas um líquido com a mesma cor. Chamam atenção também as grandes paredes envidraçadas e a bela porta de madeira.

Chris procurando duendes no pequeno bosque

"Por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento". Não, o famoso ditado que minha mãe sempre repete não se aplica ao Pequeno Bosque. Mas o interior do restaurante não tem o mesmo charme de seu exterior, isto é certo. No entanto o salão amplo e a iluminação agradável fazem do local um belo ambiente para uma noite gastronômica. Nas mesas, garrafas de vinho vazias servindo de vaso para delicadas flores trazem romantismo sem serem muito piegas. Nos instalamos pertinho da parede, em confortáveis cadeiras estofadas.

Fê procurando duendes dentro do pequeno bosque

São Joaquim é conhecida pelo frio, mas a noite estava agradável para os padrões serranos. Pedimos duas long neck de Stella Artois (R$ 8 cada), que vieram bem geladinhas para acompanhar nossa entrada: carpaccio de maçã (rúcula, maçã fatiada, iogurte natural, azeite balsâmico e queijo parmesão, R$ 23). São Joaquim também é conhecida pela produção de maçãs, por isso elas ainda vão aparecer muito neste texto, inclusive nos pratos principais. Achamos muito suave a combinação da fruta com a rúcula. Esta verdura vai bem com um ingrediente mais adocicado, como acontece com a famosa pizza em que ela entra junto com o tomate seco. Nosso estranhamento inicial se transformou em agradável surpresa. Também adoramos o azeite de alho presente entre os temperos opcionais à mesa.

Prontos para a primeira maçã da noite

Carne de maçã com rúcula

Para nossos pratos principais, tentamos sair um pouco do óbvio, como sempre fazemos, por isso escolhemos receitas que tinham maçã como um dos ingredientes. Não é em todo lugar que se encontra esta particularidade. Os pratos todos são individuais, e ficam em uma média de R$ 50. A lista de opções não é muito extensa, o que nos parece sempre uma boa coisa.

Chris escolheu a Truta Bosque (truta empanada no pinhão, guarnecida com risoto de maçã e gorgonzola, R$ 41). Apresentação apenas bonitinha. Chris começou a comer e gostar bastante, mas depois se deparou com a pergunta: onde está o gorgonzola? O queijo, de sabor forte, não foi sentido por ela. Como estava na descrição do prato, ela encarou isto como um defeito. Outro problema foi que o empanado da truta estava um pouco queimado em alguns pontos, tipo quando a gente frita muitos bifes à milanesa no mesmo óleo, sabe? Mas apesar dos problemas, estava saboroso, e bem crocante.

Meio queimadinho, mas bom

Eu fui de pato assado ao molho de maçã, com purê de batata e maçã caramelada (R$ 58). É maçã que não acaba mais! Apresentação mais caprichada, com um prato preto, ressaltando o purê e as pétalas de flor que enfeitavam o prato (e que eu também comi) mas escondendo um pouco o pato, que é mais escuro (desafio trava-língua: pato no prato preto). A coxa de pato estava macia e deliciosa, harmonizando muito bem com a calda de maçã, que não dominava o sabor, como era meu medo. A maçã caramelizada estava meio difícil de cortar, e o purê carecia de mais pegada, embora sua consistência estivesse legal. O todo foi harmonioso.

Prato no pato petro

Prontos pra mais maçã


Harmonizamos nossa refeição com meia garrafa (375ml) de um vinho Miolo Seleção 2013 branco, das uvas chardonnay e viognier (R$ 18). Não pedimos vinho sempre que comemos fora, entre outros motivos, porque encarece muito (somos pobrinhos, gente). Mas este estava quase de graça, perto do que se costuma ver.

Para a sobremesa escolhemos um doce feito com uma fruta vermelha chamada maçã, conhece? Foi a maçã chatelayne (R$ 20), que se consiste na maçã (sério?) assada com calda de doce de leite com abacaxi. Quando chegou deu medo de ser muito doce, por conta do doce-de-leite. Mas que nada, estava uma delícia, com os pedacinhos de abacaxi dando acidez, e com o complemento do chocolate em pó nos cantos do prato, formando colheradas de gemer. Devoramos rapidamente, sem dó.

E pra finalizar, uma maçãzinha

Simpatia e solicitude foram as marcas do serviço, que sanou nossas dúvidas sobre o cardápio, e esteve sempre atento. Uma das dúvidas era em relação ao tal do frescal, que aparecia no cardápio, e que não sabíamos o que era. O garçom nos explicou que é o equivalente à carne de sol, muito comum no Nordeste. Aconteceu um fato curioso em relação ao serviço: a Chris aceitou o café que lhe foi oferecido, e já estávamos esperando a cobrança na conta, mas ela não veio. Ficamos felizes, porque a praxe é sempre cobrar o cafezinho. Pois bem, fomos embora, e Chris deu nota 8 ao serviço, também por conta disso. No dia seguinte acabamos retornando ao restaurante, não só porque gostamos mas também por falta de opção na cidade, e Chris aceitou o café ao final, que desta vez veio cobrado na conta. Peninha. Descobrimos que tinha sido uma distração a não cobrança na noite anterior, e a Chris, implacavelmente, baixou 0,5 na nota final do serviço.

Sempre deixo o final do texto para dizer se Chris e eu voltaríamos ao restaurante em questão. Acreditamos que a vontade de voltar seja uma boa maneira de dizer se a experiência geral valeu a pena, seja por qual aspecto for. Neste caso deixemos o futuro do pretérito de lado, e usemos o pretérito perfeito: nós voltamos ao Pequeno Bosque na noite seguinte, como já foi dito anteriormente. A experiência vale a pena. Cobrando ou não o cafezinho...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7,5 e 8,5
Serviço(2): 7,5 e 8,5
Entrada(2): 7,5 e 8
Prato principal(3): 7 e 8
Sobremesa(2): 8,5 e 9
Custo-benefício(1): 8 e 8,5
Média: 7,58 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim
 

Serviço:
Rua Major Jacinto Goulart, 212 - Centro - São Joaquim - Santa Catarina
Telefone: (49) 3233-3318
Site: http://www.serracatarinense.com/pequenobosque/
Facebook: https://www.facebook.com/Restaurante-Pequeno-Bosque-1699304970284361/