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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Krsna (São José dos Campos - SP) - 25/02/2024

 

       Krsna é a transliteração em alfabeto latino de uma palavra em sânscrito. O mais comum é vermos a palavra escrita como "krishna", que é a transcrição para o alfabeto latino do som da palavra em sânscrito. Aí a gente tá mais acostumado, né? Hare Krishna, e tudo mais. Trata-se de um dos deuses mais importantes do hinduísmo, religião predominante na Índia. Nada mais justo do que nomear assim um restaurante especializado em comida indiana, em pleno bairro da Vila Ema, em São José dos Campos.
 
Nem precisa tocar a campainha, a casa está aberta
     
    O Krsna só abre para almoço, todos os dias da semana. Estivemos lá em um domingo, e o lugar, se não estava lotado, também estava longe de estar às moscas. Um feito e tanto, se levarmos em conta que o Krsna fica em uma rua pacata, com pouca passagem de veículos. A entradinha singela logo nos leva a um corredor com paisagismo caprichado, e a um túnel natural. Logo após o túnel existem algumas mesas ao ar livre. À direita, mais algumas mesas do lado de fora, sob uma cobertura de madeira e vime. Nesses locais existem ventiladores para aplacar o calor - estivemos lá em um dia bem quente. Também há um salão interno, menos charmoso, mas com ar-condicionado. Nesse salão interno também existe uma pequena lojinha com produtos indianos, como o ghee (manteiga clarificada), incenso e outros quetais.

Uma paradinha pra selfie antes de entrar no túnel

E tem coach espiritual no caminho

A gente chegou a se aboletar nessa mesa...

...tiramos foto com cara de besta e tudo...

...mas depois mudamos pra uma mais perto do garçom...

...e mais pertinho da saída
 
    O Krsna trabalha com culinária indiana lacto vegetariana e vegana. Todos os dias existe apenas um combo vegetariano e um combo vegano disponíveis. Cada combo traz cinco pequenas porções de pratos diversos. O pulao (arroz que pode vir com diversas especiarias) é quase onipresente em todos os combos. As outras quatro opções podem variar entre legumes com diversos tipos de preparo, além de saladas, farofas, cuscuzes, feijões, etc. Se por um lado existe certa frustração por não poder escolher um combo qualquer entre todos os que constam no cardápio, por outro é muito bom para os indecisos, porque são apenas duas opções de escolha. O combo custa R$ 42 durante a semana e R$ 44,90 aos finais de semana. Também existe a opção de meia porção de cada prato, que eles chamam de kids (R$ 34 durante a semana e R$ 36,50 aos finais de semana). Por último, também existe a opção tali, em que são servidos os dez pratos disponíveis no dia (cinco vegetarianos e cinco veganos) em porções menores (R$ 48 durante a semana e R$ 52 aos finais de semana). Também existem algumas (poucas) opções de salgados e saladas à parte.

    Como não existe uma seção de entradas no menu, resolvemos comer a samosa assada, uma espécie de pastel tipicamente indiano. Pedimos um de tofu com shimeji e um de ricota com rúcula e tomate seco (R$ 6 cada). A primeira estava em boa temperatura, mas um pouco seca. Também faltou um pouco de tempero. A segunda tinha um sabor mais agradável, mas estava fria. 

Uma seca, outra fria, mas bonitinhas, convenhamos
 
    Para o combo principal, a Chris ficou com o vegano. Antes de falar de cada item, uma observação que vale para todos: estavam frios, o que prejudicou bastante a apreciação. O combo vegano veio com: pulao (arroz com canela), que a Chris achou que poderia estar mais condimentado; saphedo been (feijão branco com espinafre e limão siciliano), certamente o melhor dos cinco elementos, bem condimentado, com a leve acidez do limão levantando o sabor; phoolago bhee (cuscuz de couve-flor), que estava gostosinho, mas faltou mais tempero - e olha que a Chris adora cuscuz; aoloo kofta (almôndegas de batata ao sugo), cujas almondeguinhas de batata estavam bem bonitinhas, e o molho ao sugo tinha bastante sabor de tomate, mas era o elemento mais frio do combo; tabule, que também poderia estar mais temperado. Como mimo doce, o combo trazia uma colherzinha com um pedaço de bolo de chocolate, que a Chris achou bom.

 
A apresentação é bonita, e os talheres também!

    Meu combo principal foi o vegetariano. Também estava com a maioria dos elementos em temperatura abaixo do que deveria - um eufemismo para "frio". Vamos aos itens: pulao (arroz integral com quinoa), correto, bem cozido; dahl (feijão azuki, vegetais e ricota), assim como no combo da Chris, aqui também o feijão foi o melhor, muito bem temperado, com bastante quiabo, bastante caldo, uma delícia; sabji (brócolis oriental com vinagre de arroz), outro que estava interessante, com uma acidez bem presente; bikharana (farofa de alho poró), tímida demais, basicamente só a farinha de milho, o alho poró sequer mandou lembranças; maionese de cenoura, que era uma saladinha de batata com folhas, e a maionese por cima, que estava bonita na cor, mas sem graça de tudo no sabor. Meu mimo doce era um creme de limão, assaz agradável.

Dois elementos bem legais, dois bobos, e um neutro

    Embora não façamos avaliação de bebidas, devemos deixar registrado que gostamos de tudo que bebemos, desde os lassis, bebidas indianas à base de iogurte, até os sucos e kombuchas.

    Em um final de semana, com menos funcionários, o serviço acaba ficando um pouco prejudicado para quem se senta do lado de fora. Havia apenas um garçom, que por vezes ficava um tempo sem aparecer na nossa mesa. Por exemplo, recebemos nossas samosas, e o garçom se retirou. Ficamos olhando para elas, as samosas, ali bonitinhas, crocantinhas, por uns cinco minutos, sem um guardanapo à vista para pegá-las. E ficamos tentando chamar a atenção do rapaz, que passava lá dentro do salão e não nos via. Até que ele veio e nos avisou que o guardanapo estava dentro do saquinho onde estavam os talheres. Um problema bobo, que seria rapidamente resolvido se houvesse alguém por ali. Os pratos foram servidos bem rapidamente, talvez até demais - lembra que estava tudo meio frio? Pois é. Também achamos que poderia haver à mesa mais alguma opção de tempero além da pimenta malagueta.   

    Picância. Condimento. Intensidade. No imaginário da culinária indiana, são palavras como essas que vem à mente. Sentimos falta delas em nossa experiência no Krsna. Trata-se de um lugar que tanto eu como a Chris já tínhamos visitado anteriormente. Em que pese o fato de que das outras vezes nossas anteninhas de avaliação não estivessem ligadas, fato é que foram experiências bem melhores do que esta. Chris não conseguiu perdoar a frieza dos elementos, e por isso decidiu que não faria uma nova visita ao lugar. Eu ainda daria mais uma chance, já que gostei de alguns itens de meu combo, e fiquei com vontade de provar diversos pratos de outros combos. Mas é preciso elevar a temperatura, em todos os sentidos. Senão não há hare krishna e hare rama que resolva.


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7,5
Serviço(2): 5 e 5
Entrada (2): 5 e 4
Prato principal (3): 5 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6,5
Média: 5,4 e 6,05
Voltaria?: Não e sim

Serviço:

R. Justino Cobra, 265 - Vila Ema, São José dos Campos - São Paulo
Telefone:  (12) 3911-3784
Instagram: @krsnarestaurante

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Matisse (Campinas - SP) - 17/09/2016


Na única noite em que sairíamos para jantar durante nossa curta estadia em Campinas, buscamos um restaurante que fosse perto de nosso hotel, mas que também tivesse alguma referência. As pesquisas nos levaram ao Matisse, que fica dentro do hotel Royal Palm Residence (não, não era onde estávamos hospedados) e ganhou o prêmio da revista Veja em 2014 como a melhor comida "variada" de Campinas. De fato era bem perto de nosso hotel, e em menos de cinco minutos de carro já estávamos lá. Agora, se é a melhor comida "variada" de Campinas, seja lá o que isso significa, só o texto aí abaixo dirá. Ou não.

O fotógrafo não caprichou na foto. Contratemos outro, pois.

Deixamos o carro com o manobrista do hotel (ato que depois nos custou dezessete reais) e subimos a pequena escada que dá acesso à recepção, em frente, e ao restaurante, à direita, direção que tomamos. Uma grande porta de madeira dá acesso ao Matisse, e nos acomodamos bem pertinho dela, e ao lado de uma parede de vidro que nos deu acesso ao mundo lá fora. Lá dentro, não há muita coisa que remeta ao famoso pintor francês que inspirou o nome do lugar, a não ser um quadro na parede, que pode ou não ser a reprodução de uma obra dele. Em minhas pesquisas na internet não encontrei nenhum igual, embora o estilo seja parecido. O cardápio também é bem colorido, e o francês era famoso pelo uso de cores. Mas falta uma explicação maior sobre o porquê do nome, até mesmo no próprio menu. Gostamos da iluminação, nem clara nem escura demais, e das cadeiras, bem confortáveis. Desgostamos da florzinha de plástico no vasinho sobre as mesas, de gosto duvidoso.

O gosto duvidoso, a Chris e o Matisse-ou-não ao fundo

O mais comum é nós dividirmos uma entrada, mas como todas eram muito leves, resolvemos pedir duas, uma para cada, para não ter briga (embora tenhamos acabado dividindo as duas. Ou quase isso. Ok, eu confesso, dividimos uma, e a outra eu comi inteira).

São apenas seis opções, e Chris ficou com o tabule de quinoa com tomate, pimentão, pepino, cebola roxa, hortelã e salsinha (R$ 19). Já vem temperado, mas Chris achou que faltou um pouquinho de sal. Também achou um pouco aguado. A apresentação veio bem simples, com o tabule enformado em círculo, com folhas de alface a lhe ladear.

Aqui ele já tava meio destruído, porque foi dividido em dois

Eu escolhi o ceviche de tilápia marinada no limão, com pimentão, laranja e cebola, regada com azeite e sal (R$ 25). Além do descrito no cardápio, o prato vinha com pedacinhos de manga, servidos ao lado para não murcharem, e folhas verdes. Gostei da acidez, que para meu gosto estava na medida certa, e também gostei da mistura com a manga. Os pedaços de pimentão estavam cortados um pouco grandes. Não sou um especialista em ceviches, e não comi muitas vezes, mas no geral achei agradável.

Cê viste o ceviche?

Como um bom restaurante de comida "variada", o cardápio tem de tudo: carnes e aves; pescados e frutos do mar; risotos; massas, divididos desta forma. O cardápio, como já dito, é bem colorido, e usa etiquetas ao lado de alguns pratos para indicar se ele é "novo" ou "+ pedido". Vale dizer que quase todos os pratos tem uma das etiquetas, o que indica que o menu foi renovado recentemente, mas manteve alguns clássicos da casa. Os pratos são todos individuais, e os preços variam bastante, indo de 45 até 89 reais. Entre os pratos que não escolhemos, chamaram a atenção o filé mignon em leito de rúcula com fettuccine (R$ 52) e os camarões grandes grelhados ao creme de abóbora cabotiã e catupiry com arroz vermelho e farofa de coco (R$ 89).

Óia aí um pedacinho do cardápio

Chris até que não sofreu muito para escolher desta vez (em geral ela fica em dúvida entre algumas opções). Foi de Filé Barolo (R$ 56), um daqueles com a etiqueta de "+ pedido". É um filé mignon grelhado, servido em molho de vinho barolo com champignon e bacon, acompanhado de risoto de vinho espumante. Como de praxe, ela pediu mal passado. Fizemos questão de dizer à garçonete que, sim, a Chris é uma mulher, mas gosta MESMO de carne mal passada. Talvez não devêssemos ser tão enfáticos. A carne veio...como chama aquilo, quando não assa? Ah, isso mesmo, crua. Pois é, crua. Bem diferente de mal passado. A sorte é que a Chris gosta mesmo de carne, ou teria mandado devolver. Para piorar, ela achou o risoto sem graça, não sentiu a acidez que o espumante deveria dar. Só o molho se salvou, bem saboroso, e amenizando a "sem-gracice" do risoto.

Se foto tivesse som você ouviria um "muuuuuuu"

Eu tive um pouco de dificuldade em escolher, e só defini quando a garçonete já estava à mesa, tirando o pedido da Chris. Optei pelo lombo de cordeiro grelhado ao molho de pimenta-cumarim com purê de banana-da-terra (R$ 65). Para combinar com a escolha "no susto", tomei um susto ao perceber o quanto a carne estava dura. Havia algum problema com o responsável pelas carnes naquela noite. A minha passou demais, a da Chris passou de menos. Outro susto foi a ardência da pimenta-cumarim (que é mais conhecida como cumari ou comari), que eu não conhecia, e acabou desequilibrando o prato. Deveria ter sido usada em bem menos quantidade. O purê de banana-da-terra amenizou, pero no mucho, este problema.

Se foto tivesse gosto você pegaria um copo d´água

Nós somos bonitos pracas, mas a florzinha não é legal mesmo, né?


Depois das decepções com o prato principal, era hora de tentar adoçar a vida com uma boa sobremesa. Escolhemos a sugestiva Sinfonia de Chocolate (R$ 21), uma terrine de chocolate ao leite e chocolate branco acompanhada de mousse de chocolate florentine com morangos. Achamos um pouco difícil concatenar na colher todos os elementos da sobremesa. Ambos achamos que a terrine estava dura demais, e Chris achou o todo muito doce. Mas eu gostei bastante do sabor da terrine, e morango e chocolate é uma combinação clássica que funciona. Não foi de todo ruim, mas não salvou a noite, como era nossa expectativa.

Uma sinfonia com alguns desafinos

Por falar em salvar a noite, talvez a garçonete que nos atendeu seja a grande responsável pela avaliação do Matisse não ser uma das piores de todas aqui no blog. Ela se mostrou atenciosa, simpática e bem informada, deixando-nos bem à vontade e atendendo no tom exato que gostamos, sem muitas firulas mas sem ser desleixada. Ponto positivo também para a cozinha em relação ao tempo de entrega dos pratos, sempre perfeito. O fato de o restaurante estar relativamente vazio certamente contribuiu para estes pontos positivos, mas ainda assim é digno de nota, porque ficou bem acima da média. Uma curiosidade é que a conta, ao invés de apresentar os 10% ao final, como é de praxe, traz a expressão "gorjeta espontânea" no extrato, junto com os pratos, como se fosse mais um deles. A explicação da garçonete é que muitos executivos comem ali, e precisam da nota fiscal completa, para serem ressarcidos posteriormente, então eles deram esse "jeitinho" bem brasileiro. Ficou bem-humorado. Eu curti.

Tá ali, ó, "gorjeta espontânea", que legal, né, meu?

Nossas entradas foram acompanhadas de duas long neck Stella Artois (R$ 13 cada), e para os pratos principais pedimos duas cervejas belgas Leffe Radieufe (330ml, R$ 25 cada), uma Belgian Strong Dark Ale de sabor levemente adocicado que se deu muito bem com nossas refeições, especialmente com a pimenta do meu prato, cuja ardência ela ajudou a arrefecer.

Não é à toa que o prato principal é o quesito que tem mais peso quando calculamos a média final de nossas notas aqui no blog. Como o nome já diz, é ele a razão principal de irmos a um restaurante. É por ele que vamos comer fora, e é quase sempre por ele que ficamos com vontade de retornar a algum estabelecimento. Infelizmente para o Matisse, e para nós, ambos os nossos pratos principais tiveram graves defeitos, que nos fizeram concluir que não voltaríamos ao lugar. Uma pena que nossa experiência não tenha sido tão boa quanto à daquele crítico da Veja que o elegeu como o melhor restaurante de comida variada de Campinas em 2014. Ou será que dois anos fizeram tão mal ao Matisse?

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 8 e 9
Entrada(2): 6 e 7
Prato principal(3): 4 e 5,5
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 5,91 e 6,87
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Conceição, 450 - Centro - Campinas - São Paulo
Telefone: (19) 2117-4203
Site: http://restaurantematisse.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Matisse-The-Royal-Palm-Residence/254945024564014?fref=ts (não oficial)