Mostrando postagens com marcador ceviche. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ceviche. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Insólito Gastrobar (São José dos Campos - SP) - 18/06/2024

 

    Contrário ao costume. Inabitual. Incomum. Extraordinário. Essas são algumas das definições do dicionário para a palavra "insólito". Não parece um nome ruim para um gastrobar, um tipo de empreendimento que não é muito comum em São José dos Campos. A essência de um gastrobar, como o nome indica, é unir um ambiente de bar, mais informal e irreverente, com petiscos e pratos mais elaborados e criativos, que não são comumente encontrados em bares. Foi para essa missão insólita que Chris e eu nos rumamos em uma noite fresca de terça-feira - com a adição luxuosa de meu irmão Carlos, vulgo Cazaugusto, vulgo Boto, que se juntou a nós.
 
Família Vulgo: Vulgo Boto, Vulgo Fê e Vulgo Chris
 
    O cuidado na decoração já chama a atenção do lado de fora, com o belo e criativo logo do bar desenhado em uma parede, ao lado de mesinhas, uma bela árvore e a frase "O incomum em cada detalhe". Do lado de dentro um primeiro salão com o balcão do bar, uma estante com diversas garrafas coloridas, e muito uso de tijolinho à vista, pra dar aquele toque vintage da moda. Também há um corredor lateral, coberto, com algumas mesas. Indo para os fundos do restaurante encontramos mais alguns elementos de decoração antigos, como telefones e televisores, além de uma prateleira cheia de CDs (pois é, CDs já são considerados peças de museu). Para finalizar, uma grande área aberta na parte de trás do restaurante, com diversas mesas de tamanhos e alturas diferentes. Em um cantinho, quase imperceptível, o elemento mais insólito da decoração: um orelhão. Importante lembrar aos fumantes: tanto nas mesinhas da frente como na parte aberta ao fundo é permitido fumar. Chris ficou saltitante com essa informação.

É muito capricho, né não?

Taças, tijolos à vista, garrafas coloridas

Mais um pouco de tijolinhos à vista e o corredor lateral
 
Peças de museu (não o Boto, que é peça de rio)
 
Tem aquecedor, mas só um trouxa foi de camiseta curta

Um orelhão é insólito o suficiente pra você?

    Como se trata de um gastrobar, convém escrever brevemente sobre as bebelanças disponíveis no local. De cerveja eles estão muito bem servidos, já que trabalham com toda a linha de chopp da Cervejaria Bamberg (que é boa pacacete). Para os drinks são diversas opções, quase todas clássicas, não existem muitas invenções (algo que eu acho que poderia ser melhor trabalhado). A casa tem parceria com os Alquimistas da Serra, uma destilaria artesanal de São Francisco Xavier. Segundo nos foi informado, em breve eles vão começar a fazer as destilações no próprio local. Durante nossa estada tomamos alguns chopps (média de R$ 14 o de 300ml e R$ 19 o de 500ml), um Bloody Mary (bonito, gostoso e picante, R$ 30) e um drink sem álcool chamado Manguito Sour (bem refrescante, com diversas frutas e espuma de gengibre, R$ 23).

"Bonito, gostoso e picante" (that´s what she said)

O roxinho são gotas da flor Clitorea Ternatea (serião memo)

Pessoas iluminadas

    Como é de se esperar em um gastrobar, o cardápio é bem curto. A maior parte das opções fica na seção "Entradas e Petiscos", recheada de coisas bem apetitosas. Não há nada assim muuuito insólito, mas existem algumas coisas não tão comuns, como o "Cocktail de camarão" (R$ 49) e o "Bolinho de abóbora kabocha com gorgonzola e molho de laranja e mel" (5 unidades, R$ 28). Optamos por escolher três entradas diferentes, para dividirmos entre nós (as notas finais são uma média de nossa apreciação das três). 

    Nossas escolhas foram: pastel de camarão com molho vinagrete (4 unidades, R$ 34), bolinho de bacalhau com geléia de abacaxi com pimenta (6 unidades, R$ 36) e o ceviche havaiano (tilápia marinada na vodka aromatizada com mix de limões, manga e especiarias, R$ 32). Todas as porções são muito bem servidas e condizentes com o preço. Pastéis muito bem recheados (tipo uns 10 camarões dentro de cada), com massa bem crocante e o vinagrete ajudando a elevar o sabor - mas o recheio poderia ser mais cremoso, com algo para "unir" os camarões. Os bolinhos de bacalhau estavam gostosos, embora eu tenha achado que faltou um pouco de bacalhau no recheio. Mas a massa tava bem crocante por fora (uns dois vieram um pouco queimadinhos), com o recheio bem cremoso por dentro. Achei a geléia de pimenta um tanto sem graça, faltou picância. O ceviche havaiano estava bem refrescante, muito saboroso, com acidez na medida, e acho que foi o preferido de todos.

Um chopps e quatro pastel

Bolinho de bacalhau pra quem não gosta muito de bacalhau

É um belo bocado de ceviche

    Fora da seção de "Entradas e Petiscos" temos saladas, pratos principais, caldinhos, vegetarianos e alguns hambúrgueres. Entre os pratos principais são seis opções, e acho que é onde reside o principal problema do Insólito: nada faz jus ao nome do lugar ou ao que se espera de um gastrobar. São opções bastante comuns, clichês mesmo, sem nada de insólitas.

    Chris escolheu o Filé Insólito (risoto de cogumelos, filé mignon e molho rôti, R$ 77). Apresentação bonita, com o filé no meio do prato, sobre o risoto, com o molho bem escuro por cima. Já perdi a conta de quantas vezes escrevi isso aqui no blog desde 2014, mas vamos lá de novo: o ponto da carne da Chris veio errado. Ela pediu mal passado e veio ao ponto. Mas ela comeu todo o filé com o molho. O grande problema estava no risoto, que ficou quase todo no prato. Estava com um sabor forte de álcool e muita acidez. Provavelmente usaram muito vinho, ou não deixaram o vinho evaporar. Um desastre.

A viola estava bela, mas o pão...

    Eu mandei ver um Medalhão do Chef (filé mignon com batata bolinha, tomate confit, alecrim e arroz de amêndoas, R$ 75). Coloquei nos parênteses a descrição do cardápio, mas as amêndoas ficaram nas amendoeiras, não chegaram ao prato. Em termos estéticos não tava lá muito bonito, um tanto amontoado. O meu filé veio ao ponto, que foi o ponto que eu pedi mesmo. Batatinhas ok (um pouco salgadas), tomate razoável, arroz legal. Uma boa comida, mas longe de valer os setenta e cinco mangos cobrados.

As amêndoas não vieram, e quem veio não disse a que veio

    Meu irmão estava lá pra comer, beber e se divertir, sem analisar porra nenhuma, como ele mesmo disse. Mas ele mandou dizer que o risoto de camarão tava bom, mas ele faria melhor, e que a couve crispy não tava crispyzada, tava xoxa. 
 
Ninguém há de reclamar da falta de camarões
 
    São apenas três opções de sobremesa, todas clássicas, mas com um toque diferente. A gente queria o Choco Gin (mousse de chocolate meio amargo e gin envelhecido, R$ 22), mas estava em falta. Ficamos com o Papaya Dream (creme de papaya com vermute artesanal, R$ 22). O creme tava quase no ponto de sorvete, e tava bem sem gracinha. As sobremesas são outro quesito em que o Insólito tem que dar uma "insolitada", não adianta só colocar um vermute artesanal numa sobremesa clássica e achar que tá resolvido. Inclusive a sobremesa funciona melhor com o clássico licor de cassis do que com o vermute.
 
Nhé

    O restaurante estava bem vazio, só havia mais uma mesa ocupada. O serviço todo foi feito por apenas um garçom. No quesito simpatia a nota é dez com louvor. Conversador, risonho, conhecedor do cardápio, falou até de assuntos alheios ao restaurante. Mas por vezes dava uma sumida, e também demorava um pouco para retirar os pratos em cada etapa da refeição. Outro problema do serviço, esse sem relação com o garçom, é que os pratos principais demoraram um pouco além do razoável para chegarem.

    Importante deixar claro uma coisa: nós queremos vida longa ao Insólito. São José carece de mais lugares como esse, que tentam fazer alguma coisa diferente, anormal, incomum, extraordinária. Mas não é fácil chegar a esses adjetivos. Com pouco mais de três meses de vida, acho que o Insólito ainda está tateando sua verdadeira vocação. Em nossa humilde opinião, para continuar como um gastrobar, ou seja, um lugar onde se pode fazer uma refeição completa, é preciso melhorar as opções e as preparações dos pratos principais e das sobremesas. Porque os diversos ambientes, o atendimento descolado, a decoração criativa, os petiscos gostosos e as boas bebidas certamente nos fariam voltar novamente ao lugar. Mas para uma noite de bar. Não de gastrobar.     

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8,5 e 9
Serviço(2): 6,5 e 6,5
Entrada (2): 8 e 7,5
Prato principal(3): 4 e 5
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 5,91 e 6,41
Voltaria?: Sim e sim (pra botecar!)

Serviço:

Av. Anchieta, 149 - Jardim Nova America - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 99783-4244
Instagram: @insolito.br

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Ají Limo (São José dos Campos - SP) - 22/08/2023

 

    Acho que poucas pessoas sabem que existe um restaurante de culinária peruana em São José dos Campos. Pois bem, esse blog vem aqui fazer um serviço de utilidade pública: existe um restaurante de culinária peruana em São José dos Campos. Não vou dar spoiler, por isso não vou dizer agora se é bom. Vai ter que ler (ou ir lá pro fim do texto ver nossas notas). Dá pra entender quem não sabe que o Ají Limo existe, já que ele fica escondidinho em um pedaço pouco badalado da Rua Santa Clara. Caso seu espanhol não seja tão exuberante quanto o meu, fica aqui a dica da pronúncia: arrí limo. De nada. Outra coisa: ají limo é o nome de uma pimenta andina, picante e cítrica. De nada outra vez. Sabemos que o país Peru, pela diversidade semântica que seu nome traz, enseja o espírito de quinta série de muita gente. Mas aqui o negócio é sério, e prometemos que não vai ter nada isso.
 
Mais ou menos como descobrir a Cidade Perdida dos Incas
 
    Quando entramos no Ají Limo, temos a impressão de estar entrando na casa de alguém. E é bem fácil perceber, pela disposição dos cômodos, que realmente o prédio não foi concebido para ser um restaurante, e sim para ser uma residência. A decoração é discreta, com algumas garrafas de vinho na parede, uma lhama bem felpuda no balcão e não muito mais do que isso. O nível de claridade é bem agradável, com luminárias pendendo do teto. São apenas quatro mesas no salão principal, mais algumas em uma sala menor, além de um pequeno recinto com uma mesa maior, e com uma decoração mais parecida com o que imaginamos do Peru. O quintal dos fundos, que tem um lindo mural, também fica disponível para uso, com mesas ao ar livre, mas apenas aos finais de semana - e mesmo sendo ao ar livre, não permite fumar, o que deixou a Chris chateada. Na caixa de som, música em espanhol - "não necessariamente peruana", como nos disse a garçonete - fica rolando o tempo todo, o que ajuda na imersão.

Chris, alheia ao fotógrafo, escolhe seus pratos

Essa não é a lhama felpuda, é o Fê mesmo

Genuinamente peruano. Ou não.

Chris, Machu Picchu, peruano e lhama felpuda desenhada

"Se pudesse fumar aqui fora eu voltaria e ainda traria minha sogra"

    Tem mimo no Ají Limo. Sim, assim que nos sentamos e pegamos o cardápio, recebemos duas cumbuquinhas com fatias de banana crocantes e alguns grãos de milho, também trabalhados no croc croc. Aí pedimos uma cerveja Cusqueña de trigo (330ml, R$ 20) e escolhemos nossos pratos já mastigando e bebendo. 

Um mimozinho, não chega a ser assim um miiiimo

Cada 16,5ml custou 1 real

    O cardápio é bem diverso, trazendo muitas opções de entradas, como ceviches, tiraditos, patacones e sopas, com preços em torno de quarenta reais. Entre os pratos principais, são mais de vinte opções, com diversas proteínas animais diferentes (cordeiro, pato, vaca, frango, peixe, lula, polvo, camarão), além de algumas opções veganas e ovo-lacto-vegetarianas (que são indicadas por símbolos coloridos no cardápio). Os preços vão de quarenta a oitenta reais (pratos individuais). A parte final do menu inclui algumas opções mais afeitas a um botequim, com porções de peixe empanado, batatas fritas e coisas do gênero. Pode ser interessante se pensarmos no quintal do fundo ao ar livre. Mas aí eu penso que não tem cerveja de 600ml. E a Chris pensa que não pode fumar. E aí pensamos que o lugar não tem vocação pra botequim.

    Eu fui ao restaurante com uma ideia muito clara de que íamos comer ceviche. Mas a Chris apresentou um bom argumento contrário: ceviche nós já conhecemos. Embora fosse um bom argumento, o fato é que, entre as entradas, nada nos apeteceu tanto assim. Eram variantes de ceviche, além de sopas e patacones (banana amassada e frita) com acompanhamentos diversos. E no fim o ceviche venceu. Pedimos o Ceviche Al Ají (peixe marinado em limão, molho de pimenta amarela, com cebola, coentro, batata doce e milho, R$ 47). Começando pelo lado negativo: veio molho demais, e depois da colherada inicial, que desmanchou a montanha de ingredientes, tínhamos que pescar os peixinhos no meio de tudo aquilo. Mas tava muito bom. Fresquíssimo, picância na medida, acidez idem, peixe saboroso (embora o corte não estivesse muito padronizado), muuuuuita cebola (adoramos) e batata doce macia. Finalizando com outro lado negativo: o milho tava duro. 
 
Depois da primeira colherada, virou pescaria
 
    Acho um ótimo sinal quando demoramos pra caceta pra escolher nossos pratos principais, de tantas vontades que temos. E foi o caso aqui: demoramos pra caceta. Chris acabou escolhendo o Tacu Tacu Con Lomo Saltado (mistura de arroz, feijão e especiarias, filé mignon e legumes salteados, R$ 55). Primeiro que veio uma lindeza colorida muito alegre, com direito até a flor comestível. Chris adorou. O molho com leve acidez, por baixo do prato, envolvia todos os ingredientes. O tacu tacu, que é a mistura de feijão e arroz, meio que um baião de dois peruano, veio muito bem temperado, com leve picância. Os legumes estavam bem cozidos, e Chris adorou os talos de cebolinha. A carne não veio mal passada como a Chris pediu, mas chegou perto. E estava macia e bem temperada. Chris chegou a dizer que era muita comida, mas não deixou quase nada no prato. 

Tacu Tacu, que também aviva a 5ª série que há em nós

    Depois de também demorar pra caceta, acabei escolhendo o Pulpo Anticuchero (polvo com molho anticuchero - feito com ají panca, cerveja, vinho e especiarias - chimichurri, batatas douradas, tomate grelhado e milho, acompanhados de molho huancaína, R$ 79,90). Apresentação linda, em uma pequena frigideira. O anticucho é um prato de rua tradicional do Peru, um espetinho de coração de boi, e aqui nessa receita o Ají Limo utilizou o molho típico dessa receita para "abraçar" o polvo. O molho é intenso, espesso, saboroso, mas não chegou a mascarar o delicioso sabor do polvo - que, aliás, estava muito macio. As batatas estavam bem cozidas, o chimichurri trazia acidez sempre que eu o incluía na garfada, e os tomatinhos confitados estavam no ponto certo. Os brotinhos e as flores comestíveis trouxeram boniteza e frescor - e uma das flores trouxe um amargor inusitado. O molho huancaína é à base de queijo, leite e alho, e achei uma excelente decisão trazê-lo à parte, já que é um pouco enjoativo. Outro ponto negativo foi que, embora tenha adorado a apresentação, não foi tão prático, para um desengonçado como eu, comer o prato sem fazer bagunça na mesa - e fiz.

Antes da bagunça, a beleza

    Existe apenas uma opção de sobremesa: alfajor peruano. É possível escolher a porção com quatro ou com oito alfajores. Escolhemos a porção de quatro unidades (R$ 15). O alfajor peruano é  doce de leite ensanduichado por dois biscoitos (ou bolachas, a depender de onde você vem) amanteigados. Bonitinho, artesanalzinho, gostosinho, mas, como bem disse a Chris, parece mais um acompanhamento de cafezinho do que uma sobremesa.

Tem o Jorge Ben Jor Brasileiro e tem o Alfa Jor Peruano (desculpe!)

    Escondidinho, e com relativamente pouca gente sabendo de sua existência, é certo que, em uma noite de terça-feira, o Ají Limo estava bem vazio. Tipo bem vazio mesmo, tipo só um casal durante as quase duas horas que ficamos por lá. E essa casal era a gente mesmo. Desse modo, tivemos a garçonete Bruna só pra gente. Ela ficava no balcão e, quando precisávamos, era só chamar o nome dela. Em relação ao tempo de espera entre os pratos, entendemos que foi adequado - embora a "vaziez" também ajude nesse sentido. Ainda assim, é preciso apontar que, em uma de nossas saídas para a Chris dar suas pitadas, encontramos nossas toalhas de mesa ainda sujas (tá bom, tá bom, era só a minha toalha de mesa que estava suja, a da Chris estava impecável). Outra questão, que curiosamente foi apontada também em nosso post anterior (sobre o Edo Zushi), é que faltava um pouco de conhecimento à garçonete sobre os pratos, ingredientes e sabores. Se a culpa é dela ou do treinamento é algo que não podemos avaliar. Se ela era simpática, isso podemos. E era.

    Não temos grande expertise em culinária peruana para dizer o quão próximo aos reais temperos do país o Ají Limo está. Mas temos expertise em comilança para dizer que gostamos muito de tudo o que comemos. E que ficamos com vontade de comer muitos outros pratos (por exemplo, uma sopa cuja descrição é "camarões com arroz, queijo, creme de leite e ovo frito" - hein?!?!). Por esses motivos, ambos concluímos que faríamos uma nova visita ao Ají Limo. E agora me parece um bom momento para, finalmente, quebrar uma promessa feita lá no primeiro parágrafo: o Ají Limo é um restaurante do peru!

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 7 e 7
Entrada (2): 7 e 8
Prato principal (3): 8 e 8,5
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 7 e 8
Média: 6,91 e 7,29
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
R. Santa Clara, 569 - Vila Adyana - São José dos Campos
Telefone:  (12) 99230-5895
Facebook: @ajilimo.sjc
Instagram: @ajilimo.sjc

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Matisse (Campinas - SP) - 17/09/2016


Na única noite em que sairíamos para jantar durante nossa curta estadia em Campinas, buscamos um restaurante que fosse perto de nosso hotel, mas que também tivesse alguma referência. As pesquisas nos levaram ao Matisse, que fica dentro do hotel Royal Palm Residence (não, não era onde estávamos hospedados) e ganhou o prêmio da revista Veja em 2014 como a melhor comida "variada" de Campinas. De fato era bem perto de nosso hotel, e em menos de cinco minutos de carro já estávamos lá. Agora, se é a melhor comida "variada" de Campinas, seja lá o que isso significa, só o texto aí abaixo dirá. Ou não.

O fotógrafo não caprichou na foto. Contratemos outro, pois.

Deixamos o carro com o manobrista do hotel (ato que depois nos custou dezessete reais) e subimos a pequena escada que dá acesso à recepção, em frente, e ao restaurante, à direita, direção que tomamos. Uma grande porta de madeira dá acesso ao Matisse, e nos acomodamos bem pertinho dela, e ao lado de uma parede de vidro que nos deu acesso ao mundo lá fora. Lá dentro, não há muita coisa que remeta ao famoso pintor francês que inspirou o nome do lugar, a não ser um quadro na parede, que pode ou não ser a reprodução de uma obra dele. Em minhas pesquisas na internet não encontrei nenhum igual, embora o estilo seja parecido. O cardápio também é bem colorido, e o francês era famoso pelo uso de cores. Mas falta uma explicação maior sobre o porquê do nome, até mesmo no próprio menu. Gostamos da iluminação, nem clara nem escura demais, e das cadeiras, bem confortáveis. Desgostamos da florzinha de plástico no vasinho sobre as mesas, de gosto duvidoso.

O gosto duvidoso, a Chris e o Matisse-ou-não ao fundo

O mais comum é nós dividirmos uma entrada, mas como todas eram muito leves, resolvemos pedir duas, uma para cada, para não ter briga (embora tenhamos acabado dividindo as duas. Ou quase isso. Ok, eu confesso, dividimos uma, e a outra eu comi inteira).

São apenas seis opções, e Chris ficou com o tabule de quinoa com tomate, pimentão, pepino, cebola roxa, hortelã e salsinha (R$ 19). Já vem temperado, mas Chris achou que faltou um pouquinho de sal. Também achou um pouco aguado. A apresentação veio bem simples, com o tabule enformado em círculo, com folhas de alface a lhe ladear.

Aqui ele já tava meio destruído, porque foi dividido em dois

Eu escolhi o ceviche de tilápia marinada no limão, com pimentão, laranja e cebola, regada com azeite e sal (R$ 25). Além do descrito no cardápio, o prato vinha com pedacinhos de manga, servidos ao lado para não murcharem, e folhas verdes. Gostei da acidez, que para meu gosto estava na medida certa, e também gostei da mistura com a manga. Os pedaços de pimentão estavam cortados um pouco grandes. Não sou um especialista em ceviches, e não comi muitas vezes, mas no geral achei agradável.

Cê viste o ceviche?

Como um bom restaurante de comida "variada", o cardápio tem de tudo: carnes e aves; pescados e frutos do mar; risotos; massas, divididos desta forma. O cardápio, como já dito, é bem colorido, e usa etiquetas ao lado de alguns pratos para indicar se ele é "novo" ou "+ pedido". Vale dizer que quase todos os pratos tem uma das etiquetas, o que indica que o menu foi renovado recentemente, mas manteve alguns clássicos da casa. Os pratos são todos individuais, e os preços variam bastante, indo de 45 até 89 reais. Entre os pratos que não escolhemos, chamaram a atenção o filé mignon em leito de rúcula com fettuccine (R$ 52) e os camarões grandes grelhados ao creme de abóbora cabotiã e catupiry com arroz vermelho e farofa de coco (R$ 89).

Óia aí um pedacinho do cardápio

Chris até que não sofreu muito para escolher desta vez (em geral ela fica em dúvida entre algumas opções). Foi de Filé Barolo (R$ 56), um daqueles com a etiqueta de "+ pedido". É um filé mignon grelhado, servido em molho de vinho barolo com champignon e bacon, acompanhado de risoto de vinho espumante. Como de praxe, ela pediu mal passado. Fizemos questão de dizer à garçonete que, sim, a Chris é uma mulher, mas gosta MESMO de carne mal passada. Talvez não devêssemos ser tão enfáticos. A carne veio...como chama aquilo, quando não assa? Ah, isso mesmo, crua. Pois é, crua. Bem diferente de mal passado. A sorte é que a Chris gosta mesmo de carne, ou teria mandado devolver. Para piorar, ela achou o risoto sem graça, não sentiu a acidez que o espumante deveria dar. Só o molho se salvou, bem saboroso, e amenizando a "sem-gracice" do risoto.

Se foto tivesse som você ouviria um "muuuuuuu"

Eu tive um pouco de dificuldade em escolher, e só defini quando a garçonete já estava à mesa, tirando o pedido da Chris. Optei pelo lombo de cordeiro grelhado ao molho de pimenta-cumarim com purê de banana-da-terra (R$ 65). Para combinar com a escolha "no susto", tomei um susto ao perceber o quanto a carne estava dura. Havia algum problema com o responsável pelas carnes naquela noite. A minha passou demais, a da Chris passou de menos. Outro susto foi a ardência da pimenta-cumarim (que é mais conhecida como cumari ou comari), que eu não conhecia, e acabou desequilibrando o prato. Deveria ter sido usada em bem menos quantidade. O purê de banana-da-terra amenizou, pero no mucho, este problema.

Se foto tivesse gosto você pegaria um copo d´água

Nós somos bonitos pracas, mas a florzinha não é legal mesmo, né?


Depois das decepções com o prato principal, era hora de tentar adoçar a vida com uma boa sobremesa. Escolhemos a sugestiva Sinfonia de Chocolate (R$ 21), uma terrine de chocolate ao leite e chocolate branco acompanhada de mousse de chocolate florentine com morangos. Achamos um pouco difícil concatenar na colher todos os elementos da sobremesa. Ambos achamos que a terrine estava dura demais, e Chris achou o todo muito doce. Mas eu gostei bastante do sabor da terrine, e morango e chocolate é uma combinação clássica que funciona. Não foi de todo ruim, mas não salvou a noite, como era nossa expectativa.

Uma sinfonia com alguns desafinos

Por falar em salvar a noite, talvez a garçonete que nos atendeu seja a grande responsável pela avaliação do Matisse não ser uma das piores de todas aqui no blog. Ela se mostrou atenciosa, simpática e bem informada, deixando-nos bem à vontade e atendendo no tom exato que gostamos, sem muitas firulas mas sem ser desleixada. Ponto positivo também para a cozinha em relação ao tempo de entrega dos pratos, sempre perfeito. O fato de o restaurante estar relativamente vazio certamente contribuiu para estes pontos positivos, mas ainda assim é digno de nota, porque ficou bem acima da média. Uma curiosidade é que a conta, ao invés de apresentar os 10% ao final, como é de praxe, traz a expressão "gorjeta espontânea" no extrato, junto com os pratos, como se fosse mais um deles. A explicação da garçonete é que muitos executivos comem ali, e precisam da nota fiscal completa, para serem ressarcidos posteriormente, então eles deram esse "jeitinho" bem brasileiro. Ficou bem-humorado. Eu curti.

Tá ali, ó, "gorjeta espontânea", que legal, né, meu?

Nossas entradas foram acompanhadas de duas long neck Stella Artois (R$ 13 cada), e para os pratos principais pedimos duas cervejas belgas Leffe Radieufe (330ml, R$ 25 cada), uma Belgian Strong Dark Ale de sabor levemente adocicado que se deu muito bem com nossas refeições, especialmente com a pimenta do meu prato, cuja ardência ela ajudou a arrefecer.

Não é à toa que o prato principal é o quesito que tem mais peso quando calculamos a média final de nossas notas aqui no blog. Como o nome já diz, é ele a razão principal de irmos a um restaurante. É por ele que vamos comer fora, e é quase sempre por ele que ficamos com vontade de retornar a algum estabelecimento. Infelizmente para o Matisse, e para nós, ambos os nossos pratos principais tiveram graves defeitos, que nos fizeram concluir que não voltaríamos ao lugar. Uma pena que nossa experiência não tenha sido tão boa quanto à daquele crítico da Veja que o elegeu como o melhor restaurante de comida variada de Campinas em 2014. Ou será que dois anos fizeram tão mal ao Matisse?

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 8 e 9
Entrada(2): 6 e 7
Prato principal(3): 4 e 5,5
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 5,91 e 6,87
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Conceição, 450 - Centro - Campinas - São Paulo
Telefone: (19) 2117-4203
Site: http://restaurantematisse.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Matisse-The-Royal-Palm-Residence/254945024564014?fref=ts (não oficial)