Mostrando postagens com marcador vinho branco. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vinho branco. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de abril de 2016

Pequeno Bosque (São Joaquim - SC) - 03/03/2016


Apesar do nome, o restaurante Pequeno Bosque fica na área central de São Joaquim, em uma rua que concentra as principais opções gastronômicas da pequena cidade da serra catarinense. Mas o nome não é indevido. A entrada do restaurante tem jardinagem caprichada, com direito até a um pequeno lago com carpas, além de um barril de vinho, jorrando não exatamente vinho, mas um líquido com a mesma cor. Chamam atenção também as grandes paredes envidraçadas e a bela porta de madeira.

Chris procurando duendes no pequeno bosque

"Por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento". Não, o famoso ditado que minha mãe sempre repete não se aplica ao Pequeno Bosque. Mas o interior do restaurante não tem o mesmo charme de seu exterior, isto é certo. No entanto o salão amplo e a iluminação agradável fazem do local um belo ambiente para uma noite gastronômica. Nas mesas, garrafas de vinho vazias servindo de vaso para delicadas flores trazem romantismo sem serem muito piegas. Nos instalamos pertinho da parede, em confortáveis cadeiras estofadas.

Fê procurando duendes dentro do pequeno bosque

São Joaquim é conhecida pelo frio, mas a noite estava agradável para os padrões serranos. Pedimos duas long neck de Stella Artois (R$ 8 cada), que vieram bem geladinhas para acompanhar nossa entrada: carpaccio de maçã (rúcula, maçã fatiada, iogurte natural, azeite balsâmico e queijo parmesão, R$ 23). São Joaquim também é conhecida pela produção de maçãs, por isso elas ainda vão aparecer muito neste texto, inclusive nos pratos principais. Achamos muito suave a combinação da fruta com a rúcula. Esta verdura vai bem com um ingrediente mais adocicado, como acontece com a famosa pizza em que ela entra junto com o tomate seco. Nosso estranhamento inicial se transformou em agradável surpresa. Também adoramos o azeite de alho presente entre os temperos opcionais à mesa.

Prontos para a primeira maçã da noite

Carne de maçã com rúcula

Para nossos pratos principais, tentamos sair um pouco do óbvio, como sempre fazemos, por isso escolhemos receitas que tinham maçã como um dos ingredientes. Não é em todo lugar que se encontra esta particularidade. Os pratos todos são individuais, e ficam em uma média de R$ 50. A lista de opções não é muito extensa, o que nos parece sempre uma boa coisa.

Chris escolheu a Truta Bosque (truta empanada no pinhão, guarnecida com risoto de maçã e gorgonzola, R$ 41). Apresentação apenas bonitinha. Chris começou a comer e gostar bastante, mas depois se deparou com a pergunta: onde está o gorgonzola? O queijo, de sabor forte, não foi sentido por ela. Como estava na descrição do prato, ela encarou isto como um defeito. Outro problema foi que o empanado da truta estava um pouco queimado em alguns pontos, tipo quando a gente frita muitos bifes à milanesa no mesmo óleo, sabe? Mas apesar dos problemas, estava saboroso, e bem crocante.

Meio queimadinho, mas bom

Eu fui de pato assado ao molho de maçã, com purê de batata e maçã caramelada (R$ 58). É maçã que não acaba mais! Apresentação mais caprichada, com um prato preto, ressaltando o purê e as pétalas de flor que enfeitavam o prato (e que eu também comi) mas escondendo um pouco o pato, que é mais escuro (desafio trava-língua: pato no prato preto). A coxa de pato estava macia e deliciosa, harmonizando muito bem com a calda de maçã, que não dominava o sabor, como era meu medo. A maçã caramelizada estava meio difícil de cortar, e o purê carecia de mais pegada, embora sua consistência estivesse legal. O todo foi harmonioso.

Prato no pato petro

Prontos pra mais maçã


Harmonizamos nossa refeição com meia garrafa (375ml) de um vinho Miolo Seleção 2013 branco, das uvas chardonnay e viognier (R$ 18). Não pedimos vinho sempre que comemos fora, entre outros motivos, porque encarece muito (somos pobrinhos, gente). Mas este estava quase de graça, perto do que se costuma ver.

Para a sobremesa escolhemos um doce feito com uma fruta vermelha chamada maçã, conhece? Foi a maçã chatelayne (R$ 20), que se consiste na maçã (sério?) assada com calda de doce de leite com abacaxi. Quando chegou deu medo de ser muito doce, por conta do doce-de-leite. Mas que nada, estava uma delícia, com os pedacinhos de abacaxi dando acidez, e com o complemento do chocolate em pó nos cantos do prato, formando colheradas de gemer. Devoramos rapidamente, sem dó.

E pra finalizar, uma maçãzinha

Simpatia e solicitude foram as marcas do serviço, que sanou nossas dúvidas sobre o cardápio, e esteve sempre atento. Uma das dúvidas era em relação ao tal do frescal, que aparecia no cardápio, e que não sabíamos o que era. O garçom nos explicou que é o equivalente à carne de sol, muito comum no Nordeste. Aconteceu um fato curioso em relação ao serviço: a Chris aceitou o café que lhe foi oferecido, e já estávamos esperando a cobrança na conta, mas ela não veio. Ficamos felizes, porque a praxe é sempre cobrar o cafezinho. Pois bem, fomos embora, e Chris deu nota 8 ao serviço, também por conta disso. No dia seguinte acabamos retornando ao restaurante, não só porque gostamos mas também por falta de opção na cidade, e Chris aceitou o café ao final, que desta vez veio cobrado na conta. Peninha. Descobrimos que tinha sido uma distração a não cobrança na noite anterior, e a Chris, implacavelmente, baixou 0,5 na nota final do serviço.

Sempre deixo o final do texto para dizer se Chris e eu voltaríamos ao restaurante em questão. Acreditamos que a vontade de voltar seja uma boa maneira de dizer se a experiência geral valeu a pena, seja por qual aspecto for. Neste caso deixemos o futuro do pretérito de lado, e usemos o pretérito perfeito: nós voltamos ao Pequeno Bosque na noite seguinte, como já foi dito anteriormente. A experiência vale a pena. Cobrando ou não o cafezinho...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7,5 e 8,5
Serviço(2): 7,5 e 8,5
Entrada(2): 7,5 e 8
Prato principal(3): 7 e 8
Sobremesa(2): 8,5 e 9
Custo-benefício(1): 8 e 8,5
Média: 7,58 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim
 

Serviço:
Rua Major Jacinto Goulart, 212 - Centro - São Joaquim - Santa Catarina
Telefone: (49) 3233-3318
Site: http://www.serracatarinense.com/pequenobosque/
Facebook: https://www.facebook.com/Restaurante-Pequeno-Bosque-1699304970284361/




segunda-feira, 4 de maio de 2015

Fasano Al Mare (Rio de Janeiro - RJ) - 05/03/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de um bom tempo da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  

Não chegava a ser um sonho, mas era um desejo: visitar um restaurante do grupo Fasano. E em que momento da vida dá pra fazer extravagâncias financeiras? Nas férias, claro. Então fiz a reserva no Fasano Al Mare, em Ipanema, com um bom tempo de antecedência, não sem antes convencer a Chris de que seria legal gastar uma fortuna num restaurante. Não consegui convencer, mas fiz a reserva assim mesmo, prometendo que pagaria a maior parte da conta, deixando para ela os outros quinhentos reais. 

Já estávamos em nosso 12º dia de viagem, tínhamos passado por Florianópolis e Petrópolis, e nos vestimos com o que de melhor havia em nossas já judiadas malas de roupas. Fomos recebidos pela hostess, que com aquele simpatia naturalíssima nos perguntou se tínhamos reserva. Em seguida nos direcionou ao lado de fora do restaurante. Calma, ela não nos enxotou, apenas nos levou a uma gostosa varanda. Antes disso passamos pelo chique, e cheio, salão principal, cujo design é do famoso Philippe Starck, onde as pessoas vão para ver e serem vistas. Não era nosso caso, o que foi sensivelmente percebido pela nossa simpática anfitriã. Ao chegarmos à varanda, Chris observou que não havia cobertura, apenas toldos sobre as mesas, e perguntou se poderia fumar ali. A moça respondeu que infelizmente seria impossível, por conta de "uma nova lei que saiu". "Mas tem um cinzeiro com cigarros naquela mesa", disse a Chris. Tinha mesmo. E aí, minha filha? "Só um minutinho que eu vou verificar". Alguns minutos depois veio a moça até nós, dizendo que havia se enganado, e que ali fora era permitido fumar, sim senhora. Então tá.

Nos instalamos em um confortável sofá, quase uma cama, cheio de almofadas, um grande espelho atrás de nós, alguns vasos com plantas nos separando das outras mesas, um pequeno toldo sob nossas cabeças, e o maravilhoso clima carioca. À nossa frente as paredes de vidro nos permitiam observar a fauna do salão principal. Inclusive assistimos a uma briga de casal (embora sem o áudio) que foi bem, digamos, interessante. Parecia que estávamos a sós, podíamos conversar tranquilamente, já que as mesas do lado de fora são bem espaçadas umas das outras.

O primeiro ato do garçom, depois do "boa noite", foi perguntar se queríamos o couvert. Me aliviei, porque sei que há restaurantes que simplesmente colocam as coisas na mesa, você come feliz, e depois paga por algo que não pediu. Gentilmente recusamos. Em seguida ele nos entregou um cardápio. De comida? De vinho? Não, de drinks. Acho que esse é o procedimento dos abastados: um cocktail pra aquecer a garganta enquanto escolhem seus pratos. Ficamos ali olhando praquilo, até que falei pro garçom que não queríamos drinks, pra ele trazer logo a porra do cardápio com a chepa. Mais ou menos nesses termos. Ou não.

"Vão rindo até eu trazer a conta"

Enquanto olhávamos o menu, nos foi oferecida água. Doze reais a unidade. Mandamos descer, estávamos na chuva, bora beber água. Nos trouxeram a água, e pouco depois duas cumbucas, uma pra cada um. Era um creme de couve-flor com alcaparra frita, servido como cortesia. Uma cumbuquinha "pitica" (como diz minha tia Lúcia) que só ela. E com UMA alcaparra frita. Nem sabia que a palavra "alcaparra" podia ser escrita no singular, já que elas sempre andam em bandos. O creme em si era meio sem graça, mas a alcaparra frita é uma idéia genial, que nunca tínhamos experimentado. Ponto para ela, e também para a gentileza de nos servir sopinha de graça.

Solitária alcaparra, sem "s" no fim

Queríamos pagar por uma entrada, que não somos casal de ficar comendo de graça. Então pedimos o steak tartare clássico (R$ 88,00), que veio acompanhado de torradinhas bem fininhas e salada de folhas verdes. Dividimos o prato entre nós dois, não por economia, mas pra não ficar com a barriga muito cheia, sabe? É deselegante sair de um restaurante todo estufado. O prato - que pra quem não sabe é carne bovina crua, picada e temperada - estava muito gostoso, com tempero equilibrado, com bastante sabor da carne, e uma pimentinha que ficava na boca por um tempinho depois de ingerida.

O tartare e, ao fundo, a fauna, com todo o respeito

Para os pratos principais, o restaurante tem duas características principais: a cozinha italiana e os frutos do mar, explícitos no nome do estabelecimento. Se bem me lembro, não há nenhum prato que tenha menos de três dígitos no preço. É assim que a banda toca, e já sabíamos que não teria como fugir. Na hora do prato principal não dá pra dividir, e a desculpa de não se empanturrar não iria colar.

Chris escolheu o namorado ao forno com azeitona, batata e cenouras (R$ 110,00). Sinceramente, não sei se foram os preços que a fizeram querer comer namorado ao forno, ou se ela estava brava comigo por alguma outra coisa. Enfim, deixando de lado o momento Zorra Total e voltando ao prato, era um filé de peixe bem alto, encimando os outros ingredientes. As batatinhas assadas, cortadas finamente, estavam ótimas, e Chris aprovou o tempero do peixe. E olha que não é fácil acertar o tempero pra esta mulher.

O namorado ao forno. Como vêem, escapei.

Minha escolha foram os raviólis recheados com carne de caranguejo, com creme de aspargos e concassê de tomate (R$ 128,00). Os raviólis vieram em cinco, uma boa turma, suficiente para formar um time de futebol de salão. Massa muito delicada, salientando bastante o gosto do ingrediente principal, que era a carne de caranguejo. No recheio do ravióli também percebi a presença de camarões. Os tomates deram um contraponto adocicado, e o creme de aspargos chegou e foi embora sem dizer nada. Não foi digno de gemer, mas estava bem gostoso e, claro, perfeitamente cozido.

Quatro na linha e um no gol

As sobremesas tem preço único de 46 reais. Na maioria das vezes eu e Chris chegamos nesta etapa já bastante saciados, e pedimos apenas uma sobremesa para dividir. Não foi o caso neste dia. Culpa da alcaparra no singular, do time de futsal dos raviólis, entre outras coisas. Então decidimos pedir uma sobremesa pra cada, até porque nossos pés já estavam enfiados num jaqueiro colossal, não seriam 46 reais que iriam nos quebrar.

Chris, que gosta tanto de café, nunca havia comido um tiramisù, e achou que seria um bom momento para experimentar. Achou um doce bastante delicado, o que significa dizer um doce não muito doce. Não encontrou muito sabor de café, e considerou isto um defeito. Ficou de provar outro em breve, pra ter base de comparação. Ah, a apresentação também não era lá grandes coisas.

Apesar das críticas, Chris não disse "TIRA-ME ISSO da frente". Quáquá.

Para escolher minha sobremesa contei com a ajuda de um dos garçons, que inclusive saiu um pouquinho do protocolo do funcionário formal de restaurante chique para se empolgar ao indicar o tortini de limão siciliano com chocolate branco e amêndoas e calda de frutas vermelhas. Além de ser delicioso, o doce tem um componente visual sensacional: o tal tortini de limão vem "nadando" no molho de frutas vermelhas, e quando é atingido pela colher seu "sangue" de chocolate branco escorre, se juntando ao caldo, formando uma mistura deliciosa.

Bonito e intacto

Lindo e destruído

Durante toda a nossa estadia os copos foram enchidos com água sempre que se esvaziavam. Meio assustador. Lembra que a água custava doze reais? Pois é. Mas para nosso alívio é um sistema de refil, estilo Burger King, e na conta final veio cobrada apenas uma água. Se soubéssemos teríamos tomado um caminhão pipa. Claro que não poderíamos acompanhar essa chiqueza toda só com água, então também pedimos um vinho, mais precisamente um Chardonnay Les Terrasses 2012 (R$ 135,00), um dos mais baratos da carta. Vinho bem ácido, combinou bem com nossos pratos principais. Como sempre faço nesses casos, antes de escrever o texto fui procurar na internet o valor do vinho que tomamos. Descobri que ele só é vendido para restaurantes, e pela quantia de...tcham tcham tcham tcham...35 reais! Sim, imagino a conversa dos donos: "Deixa ver, custou 35 mangos, ah, vamos botar mais cem conto em cima, e tá feito". Pra que ficar complicando, né gente? A título de curiosidade, o vinho mais caro da casa custava algo em torno de 18 mil reais. Ou o meu carro.

O serviço foi bastante atencioso, mas tivemos o problema com a hostess mal-informada logo no começo, e alguma demora para servir o vinho em alguns momentos da refeição. Em uma das vezes nossas taças ficaram vazias, e passaram uns três garçons por nós sem se darem conta do fato. Não é o que se espera em um lugar desses. Para evitar que você pensem coisas como "porque esses folgados não se serviram?", acrescento que o balde com o vinho não ficava ao alcance de nossas mãos. No mais, aquela formalidade típica de restaurantes refinados, com alguns momentos mais "descontraídos".  

Claro que lá no primeiro parágrafo, quando eu disse que pagaria a maior parte da conta e deixaria quinhentos reais pra Chris, eu estava exagerando. A conta chegou, e ficou em R$ 485,00. Fiquei muito feliz. Eu fui fazendo as contas durante a refeição, e tinha passado dos seiscentos. Como alegria de pobre dura pouco, descobri que o vinho não estava constando no valor total. Não sei da parte da Chris, mas eu confesso que tive uma dúvida ética, que durou alguns segundos. Mas acabamos avisando ao maitre. Não temos vocação pra Robin Hood.

Não preciso dizer o valor final. Mas vale acrescentar que a taxa de serviço é de 13%, ao invés dos tradicionais 10%. Deve ser por conta do tipo de perfume que os garçons usam. Obviamente que o custo-benefício de um restaurante desses sempre vai sair prejudicado, por mais que tenhamos dado notas boas ao restante dos quesitos. E este é o motivo principal que fez a Chris dizer que não voltaria ao Fasano Al Mare, mesmo tendo gostado de tudo que comeu. Eu, metido que sou, voltaria, porque fiquei com vontade de experimentar outras coisas do cardápio.

Tivemos uma belíssima refeição, e uma experiência interessantíssima, especialmente por termos podido observar um mundo que certamente não é o nosso. E, sinceramente, nem temos o desejo de que seja. Uma das graças de viajar é essa: contemplar realidades diferentes da nossa. Como curiosos que somos, temos prazer em "saber como é". Se este texto te fez "saber como é" sem precisar ir até lá, agradeça: acabamos de te fazer economizar R$ 638,45.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 9 e 9
Serviço(2): 7,5 e 7,5
Entrada(2): 7,5 e 8
Prato principal(3): 8 e 8
Sobremesa(2): 8 e 9
Custo-benefício(1): 6 e 6
Média: 7,83 e 8,08 
Voltaria?: Não e sim


Serviço:
Avenida Vieira Souto, 80 - Ipanema - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro
Telefone: (21) 3202-4030
Site: http://www.fasano.com.br/gastronomia/restaurante/22
Facebook: https://www.facebook.com/fasanoalmare?fref=ts