Mostrando postagens com marcador au poivre. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador au poivre. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Nonno Mio (Gramado - RS) - 04/05/2022

 

    É impressionante a oferta de restaurantes em Gramado. Aliás, é impressionante a oferta de tudo em Gramado. Alavancada por um número cada vez maior de visitantes, que chegam em busca de um número cada vez maior de atrações, a cidade tem opções gastronômicas de todos os tipos, desde pizzarias temáticas, passando pelos rodízios de fondue, restaurantes de alta gastronomia, muitas galeterias, bares e lanchonetes. Claro que, no meio de tudo isso, é difícil decidir em que lugar fazer uma boa refeição, que ao menos retorne em prazer o valor pago na conta - já que quase tudo é caro na cidade. Escolhemos um lugar bastante tradicional, que está por ali desde 1982, antes da cidade se tornar este monstro turístico, para o bem e para o mal, que é hoje: o Nonno Mio. Ajudou também o fato de o restaurante ser um dos poucos na cidade a fazer parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança, sobre o qual já falamos bastante aqui neste blog, e que presenteia o cliente com um prato em cerâmica, mediante a escolha de um determinado prato do cardápio.

    Era uma noite chuvosa e fria de quarta-feira, e precisamos de um pouco de coragem para deixar o conforto do quarto e nos dirigir ao Nonno Mio. O restaurante fica na Avenida Borges de Medeiros, em região bem central, perto de diversos pontos turísticos da cidade. O ambiente é bem aconchegante, com razoável espaço entre as mesas, iluminação agradável, muitos pratos da Boa Lembrança nas paredes, e, atrás de onde a Chris se sentou, um depósito de rolhas de vinhos servidos. As mesinhas do lado de fora provavelmente seriam a nossa pedida, caso São Pedro assim o permitisse. 
 
São Pedro não permitiu ficar ali fora

Mas permitiu acrescentarmos uma rolha à coleção

Muitas boas lembranças nas paredes

    Não ficamos muito apetecidos com nada que havia entre as opções de entrada. Havia coisas bem triviais, como tábua de frios, linguiça no fogo e canja. Dada a escassez de vontades, Chris deixou a escolha na minha mão. Como é muito raro encontrar coelho nos menus, escolhi a Salada a Caçador (mix de folhas com coelho desfiado, R$ 45,00). O pouco coelho veio envolto em um matagal, como se estivesse em seu ambiente natural. Em dado momento tive que caçá-lo, o que, no fim das contas, fez jus ao nome do prato. A salada já veio temperada, e para o gosto da Chris tinha muito vinagre balsâmico. De fato tinha, mas como eu gosto mais do que ela, gostei um pouquinho mais da salada, no geral.
 
Coelhinhos no ambiente natural

Prontos para caçar os colhelhos
 
    O carro-chefe do restaurante é a sequência italiana com galeto, a mesma que já tínhamos comido em Bento Gonçalves (você pode ler o texto aqui). Fora isso, existem opções de massas e risotos (afinal, estamos no Nonno Mio!), além de carnes (uma opção com coelho, uma com cordeiro, duas com boi e uma com tilápia) e o Prato da Boa Lembrança, que muda a cada ano.

    Chris pediu o filé au poivre de pimentas verdes com batatas rústicas (R$ 83,00). Durante todo o tempo da refeição foi um tal de "hmmmm!" pra cá e "que delícia!" pra lá como poucas vezes eu vi a Chris fazer. A carne estava no ponto certo, mal passada como ela pediu. A pimenta estava obviamente bem presente, mas sem dominar o prato e tirar o gosto da carne, como já vimos acontecer. As batatas rústicas estavam boas, bem tostadinhas, mas a Chris iria preferir se viesse alguma coisa com mais capacidade de absorver os deliciosos sabores do molho. E foi isso que custou a nota dez na avaliação final.

Só faltou aquela capacidade de absorção, saca?

De fazer inveja ao conde romeno
    De minha parte, cumpri a missão cívica de pedir o Prato da Boa Lembrança, que era panceta pururuca com cebola tostada com salsa italiana e batatas com queijo (R$ 124,00). Sim, já estamos acostumados a pagar um pouco mais caro para os pratos da Boa Lembrança (alguém tem que pagar o artista que pinta os pratos, né?). Segundo o dicionário, o adjetivo "pururuca" se refere a algo "que se quebra facilmente". Então, se posso fazer uma crítica ao prato, é que a pele da panceta não estava de acordo com o dicionário. Mas de resto, uma delícia: carne saborosíssima, com o auxílio luxuoso do limão siciliano (que veio no prato e o garçom recomendou fortemente que fosse espremido na carne), além das cebolinhas tostadas com molho bem condimentado, e das batatas macias com queijo. Confesso que também emiti vários "hmmmmm!" durante a refeição.

Em desacordo com o dicionário, mas delicioso

Chris limpou o prato antes do Fê

    São quatro as opções de sobremesa, bem clássicas: sagú com creme, pudim de leite, tiramissú e apfelstrudel com nata. Escolhemos esta última (R$ 19,00) que, para quem não sabe, é a famosa torta de maçã, de origem alemã. Neste mesmo dia tínhamos comido aquela que talvez seja a melhor apfelstrudel do Brasil, no Castelinho Caracol, em Canela. Então pedimos esta justamente para fazer o comparativo. Não fez feio. Estava bem maçãzada, com as especiarias e as uvas passas em equilíbrio, sem ofuscar a maçã. A nata é bem neutra, e acaba servindo mais para domar a temperatura da torta, que chega bem quentinha à mesa.

Não é assim uma Caracoool, mas é bem boa

    No serviço, o único ponto negativo é que a salada da entrada demorou um pouquinho para aparecer, até chegamos a cogitar que estivessem caçando o coelho na hora. Fora isso, o atendimento é bem solícito - até demais! Durante a refeição, o garçom veio perguntar umas quatro vezes se estava tudo bem. Será que estávamos fazendo muita careta? Outro ponto positivo foi quando a Chris precisou sair para fumar. Para que ela não tivesse que ir para a chuva, o garçom a levou para um ambiente lateral, que não estava funcionando naquela noite, mas era aberto, e tinha cobertura.

    Como fiquei bastante decepcionado com a sequência italiana que comemos no Galeto Di Paolo, em Bento Gonçalves, fiquei imaginando como seria a sequência no Nonno Mio. Pela qualidade de nossos pratos principais, imagino que seria bem melhor. Por conta disso, cheguei à conclusão que voltaria ao lugar. Chris não ficou com vontade de outras coisas do cardápio, e concluiu que não voltaria ao restaurante, mesmo tendo adorado o prato principal. Eu entendo. Além de não ter tantas opções, o Nonno Mio não é um lugar barato, como deu para perceber. Mas nada em Gramado é barato. Em nossa estadia, fomos em muitas atrações que não valiam o que cobravam. Mas outras nos trouxeram experiências incríveis, que lembraremos com carinho. E no fim é isso que vale. O Nonno Mio certamente é uma dessas experiências que ficarão no lado bom da força.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 9 e 8
Serviço(2): 9 e 8
Entrada (2): 5 e 6
Prato principal(3): 9 e 9
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 8 e 7,5
Média: 7,75 e 7,70
Voltaria?: Não e sim

Serviço:

Av. Borges de Medeiros, 2070 - Centro  - Gramado - Rio Grande do Sul
Telefone:  (54) 3286-1252
Facebook: @nonnomiorestaurante 
Instagram: @nonno_mio

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Le Palmier (São José dos Campos - SP) - 12/02/2015

A Palmeira. Bonito nome para um restaurante. Em francês fica ainda mais bonito: Le Palmier. Talvez combinasse mais com um restaurante na praia, mas este aqui fica no epicentro da Vila Ema, bairro central de São José dos Campos, mais precisamente dentro do Boulevard Vila Ema, um shopping que se autointitula o "mais chique de São José dos Campos" em sua página oficial. E de fato é chique: chegamos ao estacionamento e fomos recepcionados pelo serviço de vallet. Sempre bom não ter que manobrar o carro.


Entradinha do restaurante, na saída do elevador

Pegamos o elevador e nos dirigimos ao mezanino, como eles chamam o andar mais alto do prédio, onde fica o restaurante. Ambiente sofisticado, com mesas quadradas, cadeiras estofadas, piso de madeira, grandes janelas de vidro. Todo mundo muito chique, de garços a clientes. A Chris também. Eu, de bermuda jeans e camiseta de Roraima. Mas ao menos estava de tênis, pra não me sentir mal. O ambiente principal tem formato de "U", com a cozinha ficando no meio. Achei interessante. Bastante espaçoso também. Já estávamos preocupados com a pitadinha no cigarro da Chris, com medo de termos que descer o elevador pra ela poder fumar. Mas há uma varanda com acesso fácil, e com uma vista bacana para o bairro.

Chris e uma geral do ambiente

A vista bonita da varanda

Começamos os trabalhos com uma Heineken long neck (R$ 8,50), pra poder pensar melhor. Veio bem gelada. Dispensamos o "Couvert do chef", que pela descrição do garçom nos pareceu uma mixórdia louca. O cardápio é bem enxuto, o que me agrada. Para entradas, apenas 7 opções, mas bem variadas entre si. Ficamos com o origami de queijo de cabra com castanhas do pará e melaço de cana (R$ 36,00). Apresentação muito legal: uma cestinha feita com massa japonesa de arroz, e dentro dela as bolinhas de queijo de cabra, as castanhas quebradas e um pouco de melaço por cima. Ah, e sentimos um pouco de pimenta também. Pimenta esta que aparecerá mais à frente neste relato, e não de forma muito feliz. Mas nós adoramos a entrada. Não sabíamos direito como comer, mas a Chris com sua praticidade pegou com a mão e "nhac". Fiz o mesmo. Acho que é o melhor jeito, de fato. Talvez o único. Sabor bem delicado, e o toque do melaço caiu muito bem. Pena que vieram cinco. Sacanagem. Cinco não é número divisível, né? Quer dizer, só vai dar certo se tiver cinco pessoas à mesa. Dois casais e uma vela. Sei lá. Porra, põe número par, caceta! Nem vou dizer quem comeu uma a mais...


O bonitinho origami

Embora o nome do restaurante seja em francês, as opções de pratos principais são bem variadas. As divisões no cardápio são: massas; risotos; peixes e carnes. Entre os típicos franceses, há os onipresentes confit de canard e carré de cordeiro. Pequenas incongruências, ou deslizes: em risotos havia uma opção "arroz com açafrão e frutos do mar", o que me parece a descrição de uma paella, que não é bem um risoto. E nos "peixes" há muitos pratos sem a presença de nenhum peixe, já que polvos, lulas e camarões, na última vez em que chequei, eram crustáceos e moluscos. Custava colocar "frutos do mar"? Mas nada disso importa muito, porque eu e Chris partimos mesmo é pras carnes!

Este é o oitavo texto de restaurantes no blog, e acho que a terceira vez que a Chris pede filé mignon. Vai gostar de um sanguinho assim lá na Transilvânia. Desta vez ela pediu um medalhão de filé ao molho poivre acompanhado de risoto de favas (R$ 72,00). Quando eu disse a ela "mas medalhão de novo, meu anjo?", ela respondeu "é por causa do risoto de favas". Sei, sei. Apresentação bem simples, sem muita imaginação. Como de praxe, ela pediu mal-passado. E como não é de praxe, acertaram! Veio mesmo beeem vermelhinho, do jeito que tem que ser. E o risoto também estava bem interessante. Com tudo isso, Chris começou a refeição felicíssima. Sua alegria começou a se transformar em pimenta, com o passar do tempo. Os grãos de pimenta estavam inteiros, e eram muitos. Dominaram e contaminaram todo o prato, segundo seu relato. De fato acho que era muito pimenta pra um só ser ingerir. Tirem a prova aí abaixo. Por conta disso, a partir de um certo ponto ela deixou de sentir o gosto das outras coisas.

Chris ainda feliz com seu prato

As pimentas que ela julgou exageradas. Isso porque várias já tinham sido ingeridas!

Eu apostei em um ossobuco de vitela com polenta de sêmola de trigo ao molho de vinho do porto (R$ 68,00). Fiz ossobuco duas vezes em casa, e achei muito bom. Mas nunca havia comido em um restaurante, feito por um chef profissional. Quando os pratos chegaram, eu e Chris demos uma garfada no prato um do outro, como de costume. Primeiro comentário dela: "o ossobuco que você fez em casa é melhor". Um doce, né? Não posso concordar totalmente com ela, por pura modéstia. Mas notei alguns problemas. Em primeiro lugar alguns pedaços da carne não estavam muito macios. Ossobuco tem que cozinhar bastante, porque a carne é bem dura. Em um restaurante, como não há muito tempo pra isso, talvez ele esteja pré-cozido, ou talvez seja feito na panela de pressão. De qualquer dos modos, faltou um pouco de tempo de cozimento. E o tutano? Judiação. Pra quem não sabe, é uma substância, bem gordurosa, que fica no meio dos ossos. É uma das coisas mais saborosas que já pus na boca. Mas não encontrei a tal em nenhum dos meus dois pedaços de carne. Talvez tenham se esvaído no cozimento, mas o chef poderia ter o cuidado de deixá-lo ali. Uma pena. A apresentação também era simples, com a polenta por baixo, os ossobucos com o molho por cima, junto com um pouco de alho-poró frito. Apesar das reticências, o molho estava bem saboroso, o que ajudou a salvá-lo.

Fê e seu prato bem servido

Antes de falar da sobremesa, vale dizer que os pratos vieram bem fartos. Tanto que eu e Chris acabamos não conseguindo comer tudo. Dá muito bem pra ficar satisfeito comendo só o prato principal, sem entrada nem sobremesa. Faltou dizer que acompanhamos tudo com um vinho Alamos Malbec 2013 (R$ 66,00), que harmonizou bem com ambas as refeições. Vale dizer que o preço é bem honesto, porque acabo de vê-lo na internet por R$ 50,00.  

Na hora de adoçar a boca depois da refeição, apenas seis opções, o que me parece perfeito. Mas não teve nem conversa: Chris arbitrariamente decidiu pelo crème anglaise com whisky e farofa de macadâmia (R$ 26,00). Tudo por causa da macadâmia, que ela adora. Apresentação bonita, com o belo toque da physalis, uma frutinha que eu nunca tinha visto na vida, que veio acompanhada de sua flor. Parecia só um enfeite, mas quando eu peguei a flor, descobri a frutinha grudada nela. Redondinha, amarelinha, do tamanho de uma uva, e com sabor azedinho, que lembra acerola. Quando ao crème anglaise, achamos que era apenas um sorvete de creme com nome afrescalhado. A farofinha de macadâmia combinou muito bem, e o whisky estava bem sutil.


Chris e a sobremesa, com a florzinha de physalis

O serviço teve uma nota bastante interessante. Ele foi melhor quando o restaurante encheu. Explica-se: com o lugar vazio, o homem não saía do nosso lado. Tínhamos que conversar baixinho, se não quiséssemos que ele ouvisse tudo. Como bem pontuou a Chris, o serviço tem que ser atencioso a ponto de ver quando o cliente quer algo, mas não a ponto de ser notado o tempo todo. Mas o garçom que nos atendeu foi solícito quando eu perguntei de que era feita a cestinha que acompanhava a entrada, e com o restaurante cheio se manteve atento, com apenas alguns momentos de demora, como na hora de servir o vinho.

Quanto ao custo-benefício da casa, concordamos que deixou um pouco a desejar. Trata-se de uma refeição cara, mesmo se desconsiderarmos o vinho, que sempre encarece o preço final. E não oferece prazeres que façam valer o que cobra. Ao menos para nós não foi assim. Para comparação, podemos lembrar que na Casa do Azeite eu comi um filé au poivre por R$ 39,90, que não fazia feio frente ao que a Chris comeu aqui, e custou 33 pilas a menos. De qualquer forma trata-se de um lugar bonito, tranquilo, bom para um jantar romântico. Eu e Chris já tivemos o nosso. E aquele serviço de vallet que me economizou uma manobra custou R$ 5,00 bem cobradinhos no final das contas...



AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 8 e 8
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 6 e 6
Média: 6,75 e 7,16
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida Heitor Villa Lobos, 821 - Vila Ema - São José dos Campos - SP (mezanino do Shopping Boulevard Vila Ema)
Telefone: (12) 3911-2778 (reservas) - 3923-6805 (eventos)
Site: http://www.lepalmier.com.br/pt 
Facebook: Le Palmier

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Casa do Azeite (São José dos Campos - SP) - 13/01/2015

Avenida Anchieta. Provavelmente o pedaço mais bonito de toda a área urbana de São José dos Campos. Com uma belíssima vista para o banhado, a avenida conta com diversos bares, restaurantes e cafés em sua extensão. Há pouco tempo, passando por lá, me chamou a atenção um restaurante chamado Casa do Azeite (descobri depois que ali antes funcionava a Pizzaria Santiagos). Não seria uma má idéia jantar ali, apreciando a paisagem, e aproveitando o horário de verão para pegar um pouquinho do sol se pondo. Foi o que fizemos, Chris e eu, nesta terça-feira quente, mas em que as costumeiras pancadas de chuva não apareceram, para nossa sorte.

Fachada do restaurante, que é grande pracas

Na chegada ao local, a primeira boa impressão é o tamanho do restaurante, com opções diversas de ambientes para se acomodar. Claro que nos acomodamos no espaçoso deck, com vista para o banhado, e onde a Chris poderia pitar os seus cigarros sem problema nenhum. Cadeiras de palha entrelaçada, mesas com tampão de mármore (ou seria imitação?), muitos garçons só pra nós, já que o lugar estava vazio. Na parte de dentro, um grande salão ao lado do imenso forno à lenha, e uma decoração bonita, com alguns instrumentos musicais pendurados na parede, a maioria de sopro, e até mesmo uma antiga caixa registradora de enfeite. Só achei um pouco estranho ver na porta dos banheiros uma imagem de Marylin Monroe e uma de Marlon Brando, para diferenciar meninos de meninas. Porque não algo relacionado à música, já que a decoração é toda baseada nisso? Meio esquizofrênico. Outro problema é que, embora haja instrumentos de sopro pendurados, e até um violino, o que tocava no som ambiente era música de balada. "Putz putz" mesmo, sabe? Nada a ver. Mas o lugar é tão bonito que a gente até releva esses pequenos problemas. Só não deu pra ver tão bem o pôr do sol, porque algumas árvores não permitem uma visão mais completa do banhado.

O grande salão com o grande forno à lenha



Os instrumentos pendurados, e ao fundo o deck onde ficamos


Como primeira providência, com aquele calor, pedimos uma Brahmma em garrafa de 600 ml (R$ 8,00). Vieram duas num baldinho com gelo. Mas a temperatura da breja não estava como a temperatura ambiente pedia. Tomável, apenas. Mais pra frente pedimos uma terceira garrafa, e veio queimando a língua de tão quente. Literalmente. Mentira, não era literalmente, mas tivemos que falar pro garçom. Ele se ofereceu pra trocar na hora, e acabou trazendo uma Original (R$ 9,00), que estava bem melhor. Seria mais bonito se ao final eles cobrassem pela Original o preço da Brahma, mas pagamos o um realzinho a mais sem bufar.

Chris e nosso baldinho de cerveja quase boa

Já tínhamos dado uma boa olhada no cardápio, enquanto tomávamos cerveja. Aliás, uma olhada noS cardápioS, já que são dois, um pra pizza e um pra comida. Não que pizza não seja comida, mas, ah, deu pra entender, né? O cardápio de comida priorizava receitas com bacalhau, além de algumas opções de risoto, carne e frango. Não queríamos a pizza como prato principal, então pedimos duas piccolas (mini-pizzas fechadas) como entrada. Os sabores foram "Estação São Roque" (molho de tomate especial, cream cheese, baby alcachofra, gruyere, azeitonas, tomate sweet grape, parmesão gratinado e pasta de alcachofra...ufa!). Bastante ingrediente, mas a verdade é que deve funcionar na pizza grande, porque na pequena fica difícil identificar os sabores. A alcachora, coitadinha, mal foi notada na língua, embora pudesse ser avistada com os olhos. A outra escolhida foi a "do Nonno" (tomates assados na brasa e temperados com alcaparras, alho e especiarias, sobre camada de mussarela). Esta funcionou melhor, embora a alcaparra seja um ingrediente muito forte. Mas estava equilibrado com o tomate seco, que veio em boa quantidade. Cada uma custou R$ 12,90. A pizza vem fechadinha, no formato de um pão de batata, como o próprio garçom comparou. Faltou só trazer um azeite pra mesa, em plena residência do dito cujo. Ele só veio na hora do prato principal.

Nossas entradinhas na mesa, e uma visão melhor da paisagem

Para o prato principal, claro que um de nós dois precisava pedir um bacalhau, cujas receitas aparecem no cardápio precedidas da palavra "Especialidades", ou seja, são os carros-chefes do lugar. E claro que esse um de nós seria a Chris, já que eu não sou grande fã do peixe em questão. Dentre as cerca de dez receitas com o ingrediente - bacalhau à Brás, bacalhau à lagareiro -  Chris escolheu o bacalhau em crosta de azeitona, com risoto de palmito (R$ 52,00). Eu fui de medalhão au poivre vert, que é o filé mignon com molho de pimentas verdes e risoto de alho poró (R$ 39,90). No cardápio há também algumas opções de pratos para duas pessoas, mas acabamos pedindo pratos individuais. A curiosidade foi que trocamos nossos risotos, a Chris ficou com o de alho poró e eu com o de palmito. Ela não é muito fã do branquelo. E isso não se refere ao seu namorado. Quanto aos risotos, acho que ambos estavam satisfatórios, dentro do esperado. Não encantaram, mas não comprometeram. Chris se pegou mesmo foi com a falta de potência no tempero do bacalhau. Eu experimentei e estava com gosto de bacalhau, o que pra mim não é lá muito bom. Quanto ao meu medalhão, veio ao ponto, como eu solicitei, mas o tal molho de pimentas verdes não disse muito a que veio, e a carne estava um pouco dura, difícil de cortar. Ficamos satisfeitos, limpamos nossos pratos, mas não houve grandes interjeições durante a comida, o que indica que ela não superou expectativas.

O medalhão com risoto de alho poró


O bacalhau em crosta de azeitona com risoto de palmito


Entre as sobremesas, poucas opções, a maioria delas bastante óbvias, como o onipresente petit gateau. Mas havia uma chamada La Sensation (R$ 19,90), que vinha sem mais explicações no cardápio. Acho que é pra despertar a curiosidade mesmo. O garçom explicou se tratar de massa de pizza recheada com Nutella acompanhada de sorvete de creme e cobertura de caramelo. Optamos por essa, que ao menos nunca tínhamos visto antes. A apresentação não era bonita. Perdoe a imprecisão: a apresentação era muito feia, como pode ser notado na foto abaixo. Chris também reclamou que veio muito caramelo, mas ela é suspeita, porque não gosta de caramelo. Aliás, começo a notar que comemos muita coisa de que não gostamos no restaurante! Isso não vai ajudá-lo na avaliação, porque eu já comi e gostei de bacalhau em outras receitas, e o mesmo já aconteceu com a Chris em relação ao palmito. Surpreenda-nos, porra! Eu gostei bastante da sobremesa, só achei que a massa de pizza poderia vir quentinha, daria um "tchans" a mais. Ah, chris também achou a massa borrachuda. De fato era um pouco.

A feiosa sobremesa

A experiência geral foi agradável. Ficamos quase três horas no restaurante. O serviço foi beneficiado pelo fato de o lugar estar muito vazio, mas o fato é que foi atencioso na maior parte do tempo, e trocou prontamente a cerveja que estava quente. Chris só reclamou de uma demora em lhe arrumar um cinzeiro em dado momento. Alguns garçons ficavam no celular algumas vezes. Aliás, às vezes penso que o celular é uma praga que deveria ser eliminada da Terra. Vale dizer que também há alguns pernilongos, o que é natural por ser ao ar livre, e por conta da época do ano. Mas é claro que enche o saco um pouquinho.

Uma pena que aquele belo deck tenha ficado vazio em uma noite de terça-feira tão quente. O lugar é bom para se tomar uma cerveja, jogar conversa fora, enquanto se come uma pizzinha. Mas, além da gente, apenas outras duas mesas estiveram ocupadas, das sete até perto das dez da noite. Certamente, pelo tamanho do lugar, e quantidade de funcionários, a casa deu prejuízo. Ali perto o Capital da Vila, que é mais bar que restaurante, estava lotado. Li na internet que a Casa do Azeite tem música ao vivo, provavelmente aos finais de semana, quando deve encher um pouco mais. Eu e Chris concordamos que poderíamos voltar ali, talvez não para jantar, mas para tomar um chopp ou uma cerveja com aquela bela vista. De preferência numa terça-feira, longe da muvuca. Quem sabe aquela pizza com 527 ingredientes não fique bem melhor em sua versão em tamanho normal? A Casa do Azeite merece mais prestígio, nem que seja só pela localização e pelas boas intenções.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 9 e 9
Serviço(2): 8 e 8
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 6 e 6
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 6 e 6
Média: 7 e 7,16
Voltaria?: Sim e sim


Serviço:
Avenida Anchieta, 313 - Vila Santa Rita - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12)  3302-5300
Facebook: Casa do Azeite