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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Garagem Gastrobar (Juiz de Fora - MG) - 21/06/2019


Temos algumas queixas sobre o turismo em Juiz de Fora, especialmente o fato de praticamente todos os museus da cidade estarem fechados nos dias de nossa visita. Mas não podemos negar que há muitas opções de restaurantes e bares para visitar, e ficamos com vontade de conhecer vários. Mas como tínhamos apenas uma noite, acabamos optamos pelo Garagem Gastrobar. Seu dono é Pablo Oazen, vencedor da edição 2017 do Masterchef Profissionais, programa do qual sou telespectador assíduo. Hoje ele não participa tanto do dia a dia do lugar, mas é claro que sua marca aparece na criação dos pratos.

Chris estaciona na garagem (pegou? pegou?)

A casa está localizada em uma região agitada, com várias outras opções gastronômicas. Instalada em uma esquina, a primeira coisa que chama a atenção é a cozinha envidraçada que pode ser avistada da calçada (como dá pra ver na foto acima). Mais ou menos como um reality show de culinária ao vivo. Do lado de dentro uma das paredes faz as vezes de uma enorme lousa, com desenhos e alguns itens do cardápio escritos em giz, além da inscrição "Cozinha Mineiroca". Muito bonito - especialmente para alguém como eu que não consegue nem escrever o nome com giz. Ambiente à meia luz, mas com as mesas bem iluminadas, e nas paredes algumas matérias de jornais e revistas sobre o proprietário e uma dólmã usada por ele. 

Chris com o menu, e ao fundo a lousa enfeitada (não pelo Fê)
Acima de nós as matérias sobre o Pablo, e a dólmã ficou sem foto
Quando chegamos ao Garagem ainda não sabíamos se a visita resultaria em um texto aqui do blog. Com a proposta de ser um gastrobar, achávamos que talvez houvesse apenas petiscos e acepipes para comer acompanhado de uma cerveja ou um drink. Mas quando vimos que o cardápio oferecia opções de pratos principais e sobremesas, resolvemos fazer a refeição completa. O decorrer da noite nos mostrou que talvez essa não tenha sido a melhor opção.

A primeira página do menu é toda dedicada às comidinhas típicas de bar/boteco, com os dizeres "Comer com as mãos...nunca foi tão elegante" na parte de cima da página. Para nós elas fariam o papel de entrada. Entre algumas pelas quais nos interessamos, como o jiló à oriental, optamos pelo quiabinho tostado a la fleur de sal (quiabos salteados com azeite, limão e flor de sal, R$18). Apresentação simples, com os quiabinhos envoltos em uma farofinha. Eu segui a dica da casa e comi os quiabinhos com as mãos (juro que não fiz o mesmo com a farofa!). Independente do método de jogar pra boca, o quiabinho tinha um cítrico delicioso, contrabalanceado por uma moderada picância da farofinha, resultando em algo que eu comeria a noite inteira. Chris também gostou, mas nem tanto quanto eu.

Falar que é lindo, assim, não é não, mas é bão demais da conta!

Os pratos principais aparecem no menu precedidos da frase "Nossos pratos para quem não gosta de historinhas". Como não é a especialidade da casa, há poucas opções. Antes de detalhar nossas escolhas, vale relatar algo curioso (para usar uma palavra boazinha) que aconteceu. Assim que escolhemos, a garçonete levou nosso pedido e pouco depois voltou, dizendo que os pratos podiam demorar um pouco, já que o chef havia faltado, e quem estava no lugar dele era muito novo e não estava tão a par dos processos de cada prato. Falamos que tudo bem, e ela saiu. Um pouco depois ela voltou, dizendo que o acompanhamento do prato da Chris não poderia ser servido, porque o chef não "ia dar conta de fazer". Aí você deve estar pensando que fosse algo muito elaborado, cheio de processos, difícil de fazer. Que nada: era um simples arroz. Difícil de entender.

Pois bem, a escolha original da Chris era o "medalhão de filé com bacon mesmo, uai...e arroz canastrinha" (era desse jeito que estava escrito! R$62). Mas ela teve que trocar o arroz por uma frigideira de batata e cogumelo acompanhados de ovo frito. Embora fosse bem longe de seu pedido original, a combinação era promissora. Apresentação legal, numa panelinha de ferro. Ela pediu a carne mal passada e a extremidade que estava à vista parecia bem vermelha, mas por dentro a maior parte estava ao ponto. Ela gostou medianamente dos acompanhamentos, estavam bem temperados e no ponto certo, mas nada extraordinários. E realmente não deu pra entender como esse acompanhamento é mais fácil de fazer do que um arroz.

Cortar essas rúculas deve ser mais difícil que fazer arroz...

Minha escolha foi o peito de pato laqueado, cebolinha com especiarias e purê de cenoura com laranja (R$ 72). O pato estava incrivelmente bom, com um pouco de crocância mas ao mesmo tempo bem macio, e muito bem temperado. Mas em termos de sabor é como se ele estivesse sozinho no prato. O purê não tinha nada do cítrico que a laranja poderia sugerir, e também não tinha sal nem pimenta. O mesmo defeito atingiu o molho que acompanhava. As cebolinhas com especiarias até estavam boas, mas vieram em pouca quantidade. No fim o purê serviu pra encher a barriga, enquanto o pato serviu pra dar prazer - que é, obviamente, o objetivo principal quando se come fora, não é?

O prazer está no meio

"Pequenas doçuras e travessuras". É assim que o cardápio apresenta suas opções de doces. São apenas três, e escolhemos a "Terra de Chocolate" (mousse de chocolate, café e menta, R$ 23). Apresentação coisa linda: um vaso, com uma espécie de biscoito de chocolate fazendo o papel da terra e as folhas de menta como se plantadas. Por baixo a mousse de chocolate, e no fundo uma massa tipo de torta doce. Consistência agradável, com o biscoito dando crocância e mousse bem suave. Sabor não muito doce, café sutil até demais. A massa acabou ficando seca no final, porque não sabíamos de sua existência e ela acabou ficando sozinha. No fim, de maneira geral, o conceito ganhou do sabor.

Mas vá, é um baita conceito!

Sob o ponto de vista do atendimento pessoal, gostamos bastante do serviço. Muitos garçons, todos muito solícitos e simpáticos, embora não tenham passado no "Teste do Cigarro" (quando a gente sai pra Chris fumar e esperamos que na volta os pratos estejam recolhidos). Mas é claro que a nota de serviço despencou mesmo por conta dos problemas da cozinha, já citados no texto. Embora tenhamos sido avisados de que os pratos principais poderiam demorar, não nos pareceu razoável esperar cerca de uma hora por eles - e muito menos nos pareceu razoável o motivo da demora, especialmente com a casa não tão cheia.

Tomamos duas cervejas juiz-foranas durante nossa visita (servidas geladas demais, mas aí é chatice de sommelier). Também existem várias opções de drinks, alguns clássicos, outros criações da casa. São as bebidas alcoólicas e os petiscos que traduzem melhor a vocação e a proposta do Garagem. Mas é claro que isso não serve como desculpa para os erros e problemas nos nossos pratos principais, que, afinal, estão no cardápio. Apesar disso eu fui condescedente, e concluí que voltaria ao Garagem, para beber e comer uns "trem com a mão". Já a Chris não foi tão amigável, e conluiu que não retornaria. Talvez, quem sabe, se ela tivesse comido o tal do arroz canastrinha...      


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 8
Serviço(2): 6 e 6
Entrada(2): 7 e 8,5
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 6,5 e 7
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6,41 e 7,83  
Voltaria?: Não e sim

Serviço:

Rua Luís de Camões, 74 – São Mateus - Juiz de Fora - Minas Gerais
Telefone: (32) 3231-3476
Facebook: https://www.facebook.com/garagemgastrobarjf/
Instagram: https://www.instagram.com/garagemgastrobar/?hl=pt-br

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Thai Brasil (Paraty-RJ) - 13/11/2014

Depois de uma viagem cansativa, na chuva, chegamos ao restaurante Thai Brasil, em Paraty, já depois das dez da noite. Localizamos sua discreta portinha de entrada, atravessamos seu estreito corredor, e chegamos ao salão, delicadamente decorado pela própria chef alemã Marina Schlaghaufer. Muitos quadros de flores, mesas coloridas, lousas com partes do cardápio escritas à mão, um pequeno quintal com um jardim, e a cozinha, completamente aberta para que os aromas tomem conta do lugar. Embora não seja tão incomum podermos ver os cozinheiros trabalhando, aqui o conceito vai além, já que não há sequer uma parede de vidro, ou qualquer obstáculo parecido. Dá até pra sentar em um balcão ao lado da cozinha, e ali ficar.

 
Chris na entradinha do restaurante
Fê no balcão ao lado da cozinha

Nos sentamos em uma mesa pra dois, recebemos o cardápio, depois ficamos esperando. E esperando. E esperando. Ao longe dava pra ver a garçonete que nos trouxe o cardápio conversando com seus colegas. Diz a Chris, que estava de frente, que um dos funcionários chegou até a ensaiar uma dancinha para os outros. Mas nada de olharem pra gente. E só havia clientes em mais uma mesa. Eu quase me levantei pra ir até lá pedir nossa entrada. Na hora já pensamos "eita, que esse serviço vai levar nota baixa". Já estamos ficando metidos com esse negócio de blog. Pouco depois a moça voltou, pra pegar nosso pedido. Foi simpática. Atenciosa. Nos deu explicações sobre os pratos. Nos demoveu da idéia de pedir uma entrada mais dois pratos principais, porque achou ser exagero. E acabou dando uma subida no nosso conceito.

Pedimos uma long neck da Bohemia (R$ 8,00), que veio em temperatura estúpida. No bom sentido. Como entrada, vieiras grelhadas com manjericão tailandês, cogumelos e macarrão (R$ 45,00). Veja a foto aí abaixo que vai dar pra entender melhor o prato. Vieiras, pra quem não sabe (como nós não sabíamos direito), são moluscos que vivem dentro de conchas. Tipo um marisco. O gosto é bem semelhante , inclusive. O macarrão que veio junto, tailandês, tinha gosto parecido com macarrão de miojo. Mas a mistura era saborosa, e não muito condimentada. Pra acompanhar a entrada pedimos um drink chamado Cai Tai (R$ 20,00), feito com lichia. Prefiro a nossa caipirinha.


As vieiras e a Chris apanhando do hashi

Antes de falar sobre o prato principal, uma explicação: estava rolando em Paraty, durante nossa estadia, um festival chamado Folia Gastronômica, em que o ingrediente homenageado era a mandioca. Cada restaurante participante do festival tinha que criar um prato utilizando a raiz. O cliente que pedisse esta comida ganharia de brinde um prato decorado do festival, feito pela Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (quem não conhece a associação, clique aqui para saber como funciona).

Pois bem, o Thai Brasil fazia parte do festival, então queríamos garantir nossa lembrança. Pedimos então o peixe vermelho ao molho de pimenta, acompanhado de arroz de jasmim (R$ 75,00). Pois é, nada de mandioca. Depois olhamos o folder que indicava todos os pratos participantes (34 no total), e o Thai Brasil foi o único a não respeitar a regra. O prato tem apresentação simples: o peixe vem inteiro, frito (inclusive eu fui bisbilhotar a cozinha, e cheguei bem na hora em que a cozinheira o colocava na frigideira, em imersão), com um pouco do molho de pimenta por cima, mais uma cumbuquinha de molho ao lado. Acompanha uma porção de arroz de jasmim. Seguindo a dica da garçonete, pedimos outra porção de arroz de jasmim (R$ 8,00). De fato o prato foi suficiente pra nós dois, portanto ponto pro serviço, que jogou contra o próprio patrimônio, mas evitou desperdício. O peixe estava bem gostoso, e como o próprio restaurante colocou na descrição do prato, "a crocante pele contrasta com a carne suculenta". O molhinho de pimenta era picante na medida, acompanhando o sabor do peixe sem acabar com ele. A Chris não gostou do arroz, achou sem sal. Eu já acho que arroz é pra ser assim mesmo. De modo geral, gostamos do prato, até porque era difícil errar com um peixe frito inteiro.

Casal e o peixe ainda inteiro
É, não dá pra dizer que tava ruim...

Para a sobremesa haviam apenas duas opções. Normalmente gostamos quando isso acontece, pra não ficarmos muito na dúvida. As duas envolviam bananas, pra alegria do Feu Pereira (pra quem não conhece o Feu Pereira, meu tio, isto é uma piada, porque o Feu Pereira treme ao ouvir a menção do nome "banana". Ah, e ele escreve o Guia Ranzinza, divertidíssimo, sobre os bares que vai em São Paulo, uma das inspirações para este blog). Pedimos a banana frita com sorvete de creme e raspas de côco (R$ 18,00). Assim, gostoso, e talz, mas né? Um sorvete, com duas bananas fritas e um pouco de coco por cima. Sem acento no lugar errado, por favor. Ah, e um guarda-chuvinha de enfeite! A combinação é boa, eu gostei mais do que a Chris, mas é decerto bem simples, qualquer jacu pode fazer.

Casal e a sobremesa bonitinha


Gostamos muito do ambiente da casa. Os aromas que são liberados pela cozinha fazem a espera ser das mais agradáveis. A decoração também é bonita. A garçonete começou  mal, mas depois se redimiu parcialmente, e chegou até a ensinar a Chris a usar o hashi (os pauzinhos que os orientais usam pra comer). Mas, por conta do festival, acabamos não pedindo alguma especialidade da casa, como o pad thai (macarrão tailandês frito com camarão, legumes e amendoim). Talvez um desses pratos nos encantasse mais do que o peixe vermelho. Eu daria uma segunda chance ao Thai Brasil justamente pra poder experimentar um desses pratos. Mas Chris acha que não valeria uma segunda visita. Na opinião dela o custo-benefício não vale a pena. Mas a experiência tailandesa foi agradável de um modo geral, e nisto ambos concordamos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 7 e 8
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 6,5 e 7,5
Sobremesa(2): 5 e 6,5
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 6,54 e 7,29
Voltaria?: Não e Sim

Obs: Os textos sobre os outros dois restaurantes visitados em Paraty serão postados ao longo da semana, para não empanturrar nosso milhões de leitores.

Serviço:
Rua do Comércio, 308-A - Centro Histórico - Paraty - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 3371-2670
Site: http://www.thaibrasil.com.br/

Facebook: Thai Brasil