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quarta-feira, 30 de março de 2016

La Fondue Müller (Urubici - SC) - 02/03/2016


 Sendo bem franco: há poucas opções de restaurantes em Urubici em uma quarta-feira do mês de março. Não é o auge da temporada na cidade, que se dá no inverno, e o fato de ser meio de semana piora um pouco o cenário, que mesmo no auge da temporada não tem tantas opções assim. Claro que ninguém vai passar fome por lá, estou falando de algo um pouco diferenciado, que fuja um pouco do arroz com feijão - embora não tenhamos nada contra o basicão. Mas é sempre bom experimentar algo diferente. Para nosso jantar na cidade escolhemos o La Fondue Müller, um dos poucos indicados pelo finado Guia 4 Rodas na cidade.

Chris e a fachada meio "portuguesa" do restô

O restaurante fica perto do entroncamente entre as duas principais vias da cidade, e tem uma fachada bonitinha, em vermelho, verde e madeira. É todo fechado, o que é natural em se tratando da cidade que registrou a menor temperatura do Brasil, -17,8 ºC em 1996 - em registro não oficial, é bom que se diga. Adoramos a decoração do lado de dentro, bem rústica, com alguns elementos de fazenda, paredes de tijolinhos, outras com algumas pequenas falhas propositais. Tudo de muito bom gosto e um ambiente aconchegante, com boa luz e bom espaço entre as mesas pra gente poder falar mal dos outros, coisa que nunca fazemos, imagina, quem disse isso?

Convenhamos, é bonito, né?

Na divisão do cardápio, não há um espaço específico para as entradas. Por isso pedimos o capeletti in brodo para uma pessoa (R$ 25,00) e solicitamos ao garçom que dividisse em dois pratos. Para quem não sabe, capeletti é um tipo de massa, normalmente com recheio de frango, em formato de chapeuzinho. Quando ele é in brodo, significa que vem no caldo, como uma sopa.  O garçom trouxe dois prataços, que eu inclusive optei por não comer até o fim, para não prejudicar meu apetite. Chris comeu tudinho. Achei na hora que ela tinha gostado mais do que eu, embora ao final nossas notas tenham sido iguais. O capeletti in brodo é uma receita tradicional da minha família, por isso talvez eu tenha sido mais exigente com ele. Ainda assim, gostei bastante. Veio acompanhado de torradinhas, e apresentado em uma louça bonita. E o gosto era bom, assim como a textura da massa.

Sopa pra nóis!

Fazendo jus ao nome, o restaurante não apresenta muitas opções além da fondue em seu cardápio. Há uma truta, uma carne bovina e uma massa, além do capeletti, e é só. Como já tínhamos tido uma entrada com sustança, resolvemos pedir a fondue de carne para uma pessoa (R$ 45,00), que foi acrescida de taxa de quinze reais por termos dividido a refeição. Apenas como informação, vale dizer que a sequência de fondue (carne, queijo e chocolate) custa R$ 60 por pessoa. Quando a comida chegou, estranhamento total: o carne é assada em uma chapa de ferro quente, e não frita no óleo. Já comemos fondue algumas vezes, juntos e separados, e nunca tínhamos visto sendo servido dessa forma. O garçom nos ensinou a colocar o sal na própria chapa, já que a carne não estava temperada. Aliás, adoramos o saleiro dele, que funciona apertando um botãozinho (outra coisa que nunca tínhamos visto).

Há três variedades de carne (frango, porco e boi), mas como não há nenhuma gordura elas acabam grudando um pouco na chapa, o que é meio chato. Entre os molhos servidos, nada de muito inventivo. Há os básicos rosê, vinagrete, ervas finas e alguns tipos de mostarda, além de alguns um pouco mais elaborados, como de alho com requeijão, pimenta, morango e abóbora (os dois últimos doces). Nenhum chamou muito a atenção, mas estavam ok. Não gostei do vinagrete feito com picles. Acho que ambos gostamos mais dos molhos doces, especialmente em combinação com a carne suína. Para acompanhar, apenas farofa. Faltou um pãozinho. Apesar do ganho em saúde, sentimos falta do óleo, tanto em textura quanto em sabor da carne, e até mesmo em charme. Depois notamos que a fondue servida desta forma é praxe em Santa Catarina, ao menos na serra, porque a vimos sendo servida assim em outros restaurantes.

Chris sendo a cobaia no uso da chapa

Olha como dá umas grudadas, né mesmo?

O cardápio não apresentava nenhuma opção de sobremesa, embora o garçom tenha nos dito que havia sorvete e algumas caldas diferentes. Claro que havia também a opção de pedirmos uma fondue de chocolate, mas já não tínhamos espaço no estômago para tanto. Então optamos por não adoçarmos a boca.

Acompanhamos nossa refeição com vinho em taça (R$ 8 cada), já que não estávamos na pegada para tomar uma garrafa inteira. Pena que o vinho que a casa oferece em taça não seja dos melhores. Mas podemos dizer em benefício deles que isso foi avisado pelo garçom, que disse antecipadamente não se tratar de um vinho fino e sim um daqueles "mais ou menos". Não me lembro se foi esta a expressão usada, mas foi algo nessa linha.

O atendimento foi bem simpático e familiar. Por falar em familiar, aparentemente o restaurante é um negócio de família, já que vimos a moça do caixa chamar um dos garçons de pai. Este foi o que nos serviu a fondue, e explicou como funcionava o esquema do sal direto na chapa, e que nos foi sincero em relação ao vinho em taça. Os pratos foram servidos rapidamente, o que não é lá um grande elogio já que o restaurante estava vazio e o prato principal foi "feito" por nós mesmos. De qualquer forma, sempre havia um funcionário a postos para nos atender.

Apesar dos pontos positivos, ambos chegamos à conclusão de que não voltaríamos ao La Fondue Müller, e são dois os motivos principais: a falta de mais opções no cardápio e a fondue "seca". No entanto, como as notas abaixo confirmam, a experiência foi boa, e o restaurante é uma ótima opção em uma cidade com poucas opções.   

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 8 e 7,5
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 7 e 6
Custo-benefício(1): 7 e 7
Média: 7,4 e 7
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Avenida Rodolfo Andermann, 886 - Centro - Urubici - Santa catarina
Telefone: (49) 3278-5140
Facebook: https://www.facebook.com/Restaurante-La-Fondue-M%C3%BCller-164977317019905/





quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Banana da Terra (Paraty-RJ) - 14/11/2014

Banana da Terra. O restaurante mais famoso de Paraty. Ana Bueno, a chef, é a curadora, organizadora e idealizadora do Festival Folia Gastronômica, que eu citei no texto anterior, e que estava acontecendo no fim de semana em que estivemos por lá. Talvez por conta disso, ela não estava no restaurante no dia de nossa visita. Caía uma chuva fina do lado de fora, e nos instalamos em uma mesa ao lado da cozinha envidraçada. Na mesa que escolhemos havia a opção de sentar no acolchoado ou em uma cadeira. Acabamos os dois no acolchoado, de costas pra cozinha, e ao lado um do outro. Na decoração, alguns vasos de flores pendurados na parede, quadros diversos, um pequeno jardim embaixo da escada que leva aos banheiros. Iluminação agradável, nem clara nem escura. No som me lembro de muitos covers de músicas internacionais, algo no estilo Emerson Nogueira. No banheiro, ao qual ambos fomos assim que chegamos, um cheiro forte de cravo. Interessante, embora um pouco exagerado.

Não teve foto da fachada, porque tava chovendo!


O serviço se mostrou prestativo desde a chegada, quando um funcionário pegou rapidamente o guarda-chuva molhado das mãos da Chris e colocou num porta-guarda-chuvas, se é que isso existe. Depois disso o garçom responsável por nossa mesa esteve sempre atento, prestativo, simpático na medida certa, sem grandes frescuras, o que não significa ser desleixado. Sempre que olhávamos buscando alguma ajuda, ele estava ali. Vale dizer que o restaurante estava vazio, mas ainda assim a postura foi invejável. Não sei se ele estava de fato feliz com o que estava fazendo naquela noite chuvosa, mas assim nos pareceu, e para o cliente é o que importa. Dá-se o mesmo com todas as profissões que lidam com público, a minha inclusa. Descobri já em casa, olhando o site do restaurante, que na verdade fomos atendidos pelo maitre Rodrigo Costa, ou seja, uma espécie de chefe entre os garçons. Talvez isso tenha feito a diferença.

Como entrada pedimos os inusitados bolinhos de queijo defumado com paçoca de banana com bacon e geléia de pimenta (R$ 25,00). Claro que pedimos uma cervejinha pra acompanhar. No caso foi a long neck da Cerpa (R$ 6,50), cervejaria paraense, que veio em um balde com gelo, do jeitinho que tem que ser. Ah, os bolinhos! Inusitados e deliciosos. Eu não pensaria em misturar banana com bacon, mas a idéia é felicíssima. Vieram oito bolinhos, com um pouco de geléia de pimenta na própria travessa, pra gente molhar os bichinhos. Ficava bom com ou sem geléia. Crocante por fora, cremoso por dentro, e muito saboroso, conforme já dito. Claro que comemos todos, divididos irmãmente.

Inusitados e felizes bolinhos


A coisa estava indo bem. Era hora da parte principal do acordo firmado entre cliente e restaurante: o prato principal. Eu já sabia que o Banana da Terra fazia parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (que já citei no texto anterior), que sempre dá um prato de presente ao comensal que pedir uma refeição específica. Normalmente é uma comida criada especialmente para este fim, não fazendo parte do cardápio fixo do estabelecimento, e sendo mudada todo ano. Como faço coleção dos pratinhos, junto com minha mãe, normalmente é ele que peço. Foi o caso. Tratava-se do Caiçara Antenado (normalmente os pratos da boa lembrança recebem nomes espirituosos), que consistia em peixe em tiras com mariscos, molho agridoce, mini arroz, pó de limão e toque de coentro selvagem (R$ 82,00). Vale dizer que havia vagens também no prato, embora não constassem em sua descrição, tadinhas. Chris, que não dispensa uma carne, foi de filé mignon com molho de aceto e arroz de ovo, queijo, salsinha e feijão fradinho, banana frita e crocante de bacon e farinha Panco (R$ 75,00). Para acompanhar meu prato, fui de vinho em taça (R$ 21,00), um branco Torrontés, cuja vinícola não me lembro. Chris ficou na cerveja mesmo.

Casal com seus pratos, e a cozinha ao fundo


Ponto negativo: não acertaram no ponto da carne da Chris. Ela pediu mal passado, como de praxe, e como de praxe não acertaram. Com raras exceções, como o Vistah (que já recebeu texto aqui), é o que acontece. Além de não estar mal passada, ela teve também alguma dificuldade em cortar. Chegou a suar. Ok, essa parte é exegero, mas de fato ela teve que fazer algumas caretas pra cortar a carne. Na montagem do prato, achei que as bananas ficam meio de fora, embora tenham sua função de "agridoçar" a coisa toda. Estava saboroso, apesar dos problemas com a carne.

Close do prato da Chris, com as bananas eclipsadas


Outro ponto negativo: meu prato era muito oleoso. Talvez fosse mesmo esta a intenção, mas chegava ao ponto do desagradável. Apesar disto, a mistura de sabores era adorável. Os mariscos vieram com as conchas, o que não considero ruim, acho que dá um toque rústico ao prato. De mais a mais, era bem fácil tirar a carninha das conchas. As vagens, esquecidas na descrição, tinham a importante função de dar crocância ao prato, mais até do que o pó de limão. Não posso falar mal: comi tudinho, e ainda dei uma força pra Chris com o que restou de seu bife.

Um close do prato do Fê


Ainda faltava a famosa cereja do bolo, para tentar compensar algumas falhas dos pratos principais: a sobremesa. E essa função ela cumpriu com louvor. Pedimos a torta quente de banana, calda de vinho do Porto, farofa de castanha de caju e sorvete de canela (R$ 29,00). Santa Mãe, o troço era bom que só Jisuis! Se tivéssemos pedido um pra cada, teríamos comido tudinho. Vou escrever uma frase pedante, mas vá lá: ah, aquela redução de vinho do Porto! Veio num copinho ao lado da torta, e o garçom, ou maitre, jogou um pouquinho por cima, na nossa frente. Assim que demos a primeira colherada no conjunto da obra, tratamos de jogar mais da redução por cima. Cô de loko! O inusitado sorvete de canela, a deliciosa tortinha de banana, a farofinha de castanha de caju do lado, e a redução de vinho do porto por cima formaram aquela que deve ser a melhor sobremesa que já provei. Chris ainda prefere uma outra que comemos em Recife, no restaurante É (sim, este é o nome do restaurante. É. É sério). Tá ali, mas pra mim essa ganha, por uma cabeça. Ou uma redução de vinho do Porto...

A delícia! E, sim, a Chris anda com dois celulares, o outro é meu


Fizemos toda nossa refeição pertinho da cozinha. A todo momento nos virávamos pra ver o movimento lá dentro. Essa proximidade com o que nos será servido é instigante. Chris ainda arrematou com um café (R$ 6,00). Sempre desconfie quando um garçom lhe oferecer um café, fazendo parecer que é de graça. Quase nunca é. Não existe almoço grátis, tampouco café. Mas, se formos analisar o custo benefício da casa, poderíamos dizer que ele vale a pena. A junção de ambiente agradável, excelente serviço e cozinha criativa faz a experiência valer. É comida pensada pra agradar e surpreender. E isso faz a diferença. Mesmo com algumas derrapadas nos pratos principais, o conjunto da obra faz um retorno ao Banana da Terra ser desejado por nós dois. Ainda ficou muita coisa naquela cardápio que nós queremos comer...


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):


Ambiente(2): 8 e 7
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 8 e 9
Prato principal(3): 7,5 e 7,5
Sobemesa(2): 9 e 10
Custo benefício(1): 7 e 8
Média: 8,12 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua Dr. Samuel Costa, 198 - Centro Histórico - Paraty - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 3371-1725
Site: http://www.restaurantebananadaterra.com.br/
Facebook: Banana da Terra