quarta-feira, 22 de abril de 2015

Alcobaça (Petrópolis - RJ) - 03/03/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de algumas semanas da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  


(Fonte: Site da pousada)



A foto acima é do início do século XX, e mostra o casarão onde hoje funciona a Pousada Alcobaça, e também o restaurante Alcobaça. O nome da pousada vem das pedras da Alcobaça e da Alcobacinha, que podem ser vistas do jardim. Sim, mas o que é alcobaça? Vem a ser um lenço usado antigamente especialmente por quem cheirava rapé (tabaco em pó), "para limpar a secreção nasal provocada pela inalação da substância". As aspas são pra deixar claro que eu colei as informações da Wikipédia. Agora, porque as pedras foram nomeadas em homenagem ao lenço é coisa que me foge à compreensão. Mas pra que tudo isso, se o assunto aqui é comida, não é mesmo? Talvez pra dizer que o lugar é bonito e histórico, embora eu e Chris não tenhamos tido acesso a toda essa beleza, porque visitamos o restô à noite.

Escuridão na entradinha da pousada

Fomos muito bem recebidos por um funcionário da pousada, que nos encaminhou à recepção, onde houve um pequeno mal entendido, porque a recepcionista achou que tínhamos uma reserva para um quarto, e não para uma mesa. Resolvido o problema, fomos encaminhados ao pequeno salão, com cerca de cinco mesas. Há um clima de fazenda gostoso, caracterizado pelos móveis, pelo jardim do lado de fora e, claro, pelo cardápio, focado em pratos caseiros e bem brasileiros. O atendimento bem informal também contribuiu para nos sentirmos na casa da vovó.

Decidimos pedir um couvert ao invés de uma entrada, porque não estávamos com tanta fome, e sabíamos que o prato principal seria bem servido, pelo estilo do restaurante. Vieram pães e torradas, com manteiga e patê de trutas. Não coloquei o preço, porque o couvert não é cobrado. Mas também é bem simples, embora o patê de trutas estivesse bem gostoso. Mas é fato que se fosse cobrado talvez nossa nota final fosse um pouquinho pior.

O couvert bem simples, e Chris mostrando o cardápio

Para o prato principal, o cardápio é bem curioso. Ele lista apenas uma pequena descrição (mignon ao molho madeira, truta ao alho poró, etc), e o preço de cada um deles, e diz que os acompanhamentos não são cobrados. Mas não há uma lista de acompanhamentos para serem escolhidos, é o garçom quem os sugere, de acordo com a escolha do prato principal. Todas as escolhas, conforme já dito, são tipicamente brasileiras, não há nada muito sofisticado nem "fresco". Na foto anterior, que mostra nosso couvert, dá pra ver o menu inteiro na mão da Chris, e perceber como ele é sucinto.

Prontos pra comilança

Chris, que não resiste a um bifinho, escolheu o mignon acebolado com batatinhas assadas (R$ 72,00). Seus acompanhamentos foram arroz, feijão e farofa de ovo. Ela não gostou muito do fato de virem medalhões, e não bifes, e também julgou faltar um pouco de sal na carne. Mesmo com esses senões, comeu que se regalou, e não parava de repetir, mesmo já estando farta. Ficou até passando meio mal depois. Adorou o sabor caseiro dos acompanhamentos.

Os medalhões, que Chris preferia que fossem bifões

Eu fui de frango caipira com polenta frita (R$ 68,00), e solicitei os mesmos acompanhamentos da Chris, seguindo a sugestão do garçom. A cozinha deve ter agradecido por não ter que fazer um monte de coisas diferentes. Será que o fato de o garçom sugerir os mesmo acompanhamentos denotaria uma certa preguiça? Não sei. Meu frango estava saboroso e suculento, e as polentas vieram cortadas em cubos grandes, e estavam bem crocantes. Assim como a Chris, também adorei os acompanhamentos, gostinho de comida da vó. E o prato era bem farto, tanto que não dei conta de todo meu frango.

O suculento frango caipira

Para a sobremesa pedimos o Custódio (R$ 20,00). "Má que catzo é Custódio?", deves estar a perguntar. Também não sabíamos, não se envergonhe. Tivemos que pedir ajuda ao garçom, que gentilmente nos explicou tratar-se de um pudim de leite sem leite condensado. Sabor delicado, nada enjoativo, mas né, um pudim de leite e ponto. Sinceramente, não fez tanta diferença no paladar o fato de não usar leite condensado. Mas estava gostoso.

O Seu Custódio, conhece?

Houve um detalhe em nossa visita que vale a pena citar a título de curiosidade, embora não mude em nada a avaliação do lugar. É que durante toda a noite apenas uma mesa, fora a nossa, esteve ocupada. Eram dois homens e uma mulher, e o papo deles era meio brabo, e nos deixou entretido durante todo o tempo. Inclusive eu e Chris mal conversamos nesta noite, parecíamos um casal que já não se curte, porque estávamos atentos ao papo alheio. Entre os assuntos, a suposta homossexualidade do filho da mulher, uma herança a ser disputada e a bi-polaridade de um deles. Foi divertido. Ah, vai dizer que você nunca ouviu a conversa da mesa ao lado?

Voltando ao que importa, O atendimento foi todo feito por um único garçom, de maneira bem informal, o que condiz bem com a proposta da casa. Na hora de escolher os acompanhamentos eu estava bem indeciso, sem saber o que fazer, e ele foi paciente e atencioso. Quando saímos para o jardim pra Chris fumar ele foi lá nos levar um cinzeiro. E estava sempre com um sorriso no rosto. Inclusive ao atender a tal mesa ao lado, que tinha um cliente bem, digamos, "criterioso", cheio de pedidos especiais e chatices.

Apesar dos muitos pontos positivos, eu e Chris concordamos que não voltaríamos ao Alcobaça. E o motivo é um só: por mais que seja uma comida muito gostosa, é um pouco demais cobrar 72 paus por arroz, feijão, farofa e bife acebolado, e 20 mangos por um pudim de leite. Talvez se saíssemos de lá dizendo que era o melhor arroz com feijão de nossa vidas, e o pudim mais espetacular que já provamos, o preço poderia compensar. Mas nem foi este o caso. Sendo assim, com o custo-benefício prejudicado, não saímos plenamente satisfeitos. Mesmo com todo o "entretenimento" proporcionado pelos nossos companheiros de salão...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 10 e 7
Serviço(2): 9 e 8
Couvert(2): 6 e 6
Prato principal(3): 7 e 7,5
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 7,33 e 7,04 
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Agostinho Goulão, 298 - Corrêas - Petrópolis - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 2221-1240
Site da pousada: http://www.pousadadaalcobaca.com.br/index.htm


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Dona Irene (Teresópolis -RJ) - 01/03/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de algumas semanas da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  

Um banquete seguindo o ritual utilizado pela aristocracia da Rússia até 1917, ano em que a Revolução Russa derrubou o regime dos czares. Impossível comer isto no Brasil, certo? Na verdade não. É exatamente esta a proposta do restaurante Dona Irene, fundado em 1964 em Teresópolis, por um casal de siberianos, hoje já falecidos, que no Brasil adotou os nomes de Miguel e Irene.

A entrada da casa, literalmente

Não há placas indicativas na rua para você saber que chegou. Apenas um grande portão fechado, com um interfone. Claro que não achamos de primeira, embora tenhamos passado bem em frente. Uma vez lá dentro, a impressão inicial é de estar na casa de alguém, e não em um restaurante. E de fato se trata da casa de José Hisbello Campos e Maria Emilia, que conviveram com Miguel e Irene, e hoje comandam o restaurante, ela na cozinha, e ele como uma espécie de "relações públicas". Fomos acomodados em uma mesa bem pertinho do jardim. Embora fosse do lado de dentro da casa, havia uma portinha colada à nossa mesa, por onde saíamos quando a Chris queria fumar. E isso aconteceu algumas vezes, já que a refeição completa durou quase três horas.

Chris e seu cigarrinho, com nossa mesinha ao fundo, à esquerda

O ambiente é agradável, com bastante luz. Cadeiras de madeira estofadas, alguns quadros na parede, e garçonetes vestidas com roupas típicas da Rússia. Ao lado da nossa mesa uma lareira, que obviamente não estava acesa na hora do almoço de domingo, mas que deve aquecer as noites de inverno por ali. Nas salas da casa, aquelas que não possuem mesas para refeição, um decoração cheia de classe, e claro, muitas Matrioskas, as bonequinhas típicas da Rússia.

Decoração classuda, e a estante cheia de matrioskas acima

Conforme escrevi, a proposta da casa é servir um banquete russo, que é composto por quatro etapas: Zakuskis (espécie de couvert bem caprichado, com várias entradas frias), entradas quentes, prato principal e sobremesa. De tudo isso, o cliente tem a opção de escolher apenas o prato principal e a sobremesa, sendo que o primeiro já deve ser escolhido no momento da reserva. Dito isto, resta claro que é obrigatório fazer reserva. Outra coisa obrigatória é levar dinheiro ou cheque, já que o lugar não aceita nenhum tipo de cartão. O preço é fixo, R$ 130,00 por pessoa pelo banquete completo, não importando o prato escolhido. Fomos salvos por uma folhinha de cheque da Chris, ou estaríamos lavando louça russa até agora.

Depois de estarmos sentados por algum tempo, chegaram os zakuskis. E põe zakuski nisso, viu? Era coisa que não acabava mais. Mas eu vou ter a pachorra de escrever tudo aqui: mousse de alho, creme de ricota, salada russa, ovos de codorna, patê de berinjela, alho poró com maçã (estranhou? Uma delícia!), sashimi de salmão, raiz forte com gema de ovo, arenque defumado com maionese, ovo cozido com atum, salada germânica (beterraba com abacaxi), espetinho de tomate com queijo de cabra, patê de berinjela com azeitona e patê de fígado de frango, além de pães e torradas. A mulher desandou a colocar cumbucas em nossa mesa e não parava mais. E tudo, tudinho, estava uma delícia. Não demos conta de acabar com tudo, posto que se o fizéssemos iríamos embora sem comer as outras etapas. E a Chris ainda teve a manha de tirar um ponto na nota final (acabamos classificando os zakuskis como couvert) porque vieram poucos tipos de pães e torradas. Cara de pau, né?

Nós e os zakuskis
Um close nos zakuskis

O início foi muito promissor, e as expectativas subiram bastante. Ao mesmo tempo estávamos um pouco preocupados com nosso estômagos. Eles aguentariam até o fim? Começaram as entradas quentes, que são divididas em duas partes. Primeiro veio a sopa borscht (à base de beterraba) e os piroskis, deliciosos e delicados pastéis de carne. A sopa é tomada em uma chícara, como se fosse um chá. Eu gostei muito, e acabei tomando um pouco da parte da Chris, que não gostou, achou sem graça.

A sopa que a Chris achou uma borscht, e os piroskis, sobre os quais não farei piada

Ainda dentro das entradas quentes, na sequência vieram asinhas de frango gratinadas, abobrinha aos quatro queijos e berinjela com queijo. Mesmo a abobrinha aos quatro queijos estava com sabor bem equilibrado, nada enjoativo. A berinjela também estava muito boa. Não entendemos bem as asinhas de frango, achamos que não combinaram muito. Essa segunda parte das entradas quentes varia de dia para dia, e podem incluir panquecas de camarão ou suflê de berinjela.

Mais um pouquinho de entradas, porque até agora tava muito mixo, né?

Para o prato principal há sete opções, que constam no site do restaurante, para que o cliente possa escolher na hora de fazer a reserva. Todos eles estão bem detalhados no site, e são obviamente típicos da culinária russa.

Chris escolheu o podjarka, feito com escalopinhos de filé mignon e de frango, molho de ervas, champignons e batatas "noisette", tudo flambado e gratinado. Havia cerca de três escalopinhos de cada tipo, e ela comeu apenas um de cada, o suficiente para descobrir que eram sem graça. Ela achou que faltou emoção ao prato. Ficou decepcionada.


Chris e sua podjarka sem graça

Com algumas opções bem diferentes e desconhecidas, é de se estranhar que eu tenha pedido o popularíssimo strogonoff. A explicação é que trata-se de meu prato preferido, e eu precisava experimentá-lo diretamente da fonte. E na fonte ele é bem diferente do modo como o fazemos em casa. Pra começar é menos "colorido", e tem menos molho. Dá pra notar bastante cebola, além do creme de leite. Se tem tomate é bem pouco, já que não há cor vermelha. O sabor é bem adocicado. Eu gostei, embora ache que o "abrasileirado" seja melhor, quando bem feitinho. Veio acompanhado de batatinhas fritas onduladas e arroz branco.

O strogogostosinho

Para a sobremesa, recebemos um pequeno cardápio, com descrição e foto das opções. Pena que umas duas ou três delas estavam indisponíveis, inclusive a charlotte, um doce "crássico" da minha família, que eu gostaria de comer em um restaurante. Pena. Mas cada um de nós tinha direito a uma sobremesa, então pedimos a taça russa (suspiro, creme gelado e framboesas) e o supremo de nozes com chocolate (sorvete de creme sob uma massa de nozes coberto com chocolate). Ambas deliciosas. Foi um refestelo só, mesmo estando ambos bem cheios. Se viessem mais duas, acho que comeríamos tranquilamente. Em se tratando de doces, isso é um elogio tanto, já que a "doçura" em excesso tende a enjoar. Mas os sabores eram bem equilibrados e delicados.

Hmmmm...esses foram memoráveis

Faltou dizer uma coisa interessante: o restaurante produz uma vodka artesanal, chamada Nazdaróvia, com receita russa, e disponibiliza doses à vontade durante a refeição. Como eu ainda tinha que dirigir de volta à Petrópolis, tomei só uma. Vem bem geladinha, e é uma delícia.

Se eu não fosse dirigir teria pedido pra deixarem a garrafa

Quanto ao serviço, podemos dizer que as garçonetes são bem esforçadas, embora não exalem simpatia natural, parecem um pouco tensas. Dá pra perceber a dificuldade com que elas recitam todos os nomes das 14 entradas frias, o que deveria acontecer com mais naturalidade. O senhor José Hisbello, que eu disse no começo ser uma espécie de "relações públicas", veio à nossa mesa durante os zakuskis, e ficou conversando por bons 10 minutos. Ou, melhor dizendo, "monologando", já que o homem fala bastante. Mas foi interessante e simpático, com seus suspensórios e seu jeito de avô bonzinho.

Tivemos um pouco de problemas em relação ao tempo de espera entre as etapas da refeição. Sabíamos que o banquete russo seria demorado, mas um casal que chegou cerca de vinte minutos depois de nós foi aos poucos nos alcançando, e chegou ao ponto de receber seus pratos principais antes da gente. Ficamos um pouco chateados com isso. Ainda bem que estávamos tomando nossa cerveja Theresópolis (R$ 12,00), bem ali pertinho de onde ela é feita, e estávamos tranquilos e de férias.

Não fui checar, mas talvez seja uma das primeiras vezes em que eu e Chris divergimos sobre a questão de voltar ou não ao restaurante. E tudo por causa do prato principal. Chris não gostou nadinha do dela, e isso certamente atrapalhou sua experiência, fazendo ela dizer que não voltaria ao restaurante. Eu achei o prato principal o elo mais fraco da refeição, mas não cheguei a desgostar, por isso disse que poderia voltar em outra oportunidade. Quem sabe consigo convencê-la a darmos mais uma chance ao banquete dos czares? Nem que pra isso eu tenha que dar uma de Ivã, O Terrível. E ela que não me venha bancar a Catarina, a Grande...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 7 e 7
Couvert(2): 9 e 10
Entrada(2): 8 e 8,5
Prato principal(3): 4 e 7
Sobremesa(2): 9 e 8
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 7 e 7,78
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Rua Tenente Luiz Meirelles, 1800 - Bom Retiro - Teresópolis - Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2742-2901/2643-3813
Site: http://www.donairene.com.br/index.html
Facebook:
Dona Irene


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Parador Valencia (Petrópolis - RJ) - 28/02/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de algumas semanas da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  

"Rua Celita de Oliveira Amaral". Foi isso que dissemos à Amélia quando queríamos chegar ao restaurante Parador Valência, em Petrópolis. Explica-se: Amélia foi o nome que eu e Chris demos ao nosso GPS, que já tinha nos ajudado por tantas vezes nesta viagem. Mas nesta noite ela resolveu sacanear. Nos mandou pra um fim de mundo, um lugar onde eu acho que poucos petropolitanos já foram. Demos com a cara em uma chácara, e Amélia disse "você chegou ao seu destino". Não Amélia, não chegamos. Quase desistimos de ir ao restaurante, mas depois descobrimos que já tínhamos até passado bem pertinho dele. Fica de fato em uma ruazinha bem complicada, e inclinada, com acesso pela Estrada União e Indústria. Melhor ir sem GPS, na base do "perguntômetro".

A primeira coisa que notamos ao entrar no restaurante foi uma certa confusão visual. A decoração tem de tudo, desde um bilhete do Museu Picasso até um quadro que mostra índios assando seres humanos para o almoço, o que não nos pareceu muito adequado, sem entrar nos méritos artísticos do quadro. Há também vários pratos da Boa Lembrança pelas paredes (já falei da Associação dos Pratos da Boa Lembrança algumas vezes neste blog), e também quadros com as estrelas que o restaurante costumava receber do Guia 4 Rodas no início dos anos 2000, coisa que não acontece mais. Fomos bem recebidos pela Fernanda, que se apresentou pelo nome e se colocou à disposição. Durante toda a noite apenas mais uma mesa se manteve ocupada, e isto em pleno sábado.


Uma certa "bugunça"

Para a entrada pedimos pães diversos com alho (R$ 14,00). O alho vem inteiro, mergulhado no azeite, como se fosse em conserva, e sem muito gosto de alho. Mas não podemos dizer que Fernanda não nos avisou, já que ela disse que o alho não vinha com gosto muito forte. Veio uma boa variedade de pães e torradas. Mas como o alho estava inteiro, ficava meio difícil juntar um com o outro. Mas isso não seria problema se estivesse muuuuito gostoso. Não estava. E veio feinho, feinho.


O melhor aí foi essa Bohemia

No cardápio há uma seção dedicada apenas às paellas, outra à carnes e outra aos frutos do mar. Chama a atenção também o cochinillo segoviano, que deve ser encomendado na véspera, e se consiste no leitão assado com duas semanas de vida. Serve 4 pessoas e custa R$ 500,00. Em seu aspecto físico o cardápio acompanha um pouco a confusão do restaurante, já que há até correções feitas à caneta, sem muito cuidado. Além disso, pesa contra o fato de ele ser um pouco desleixado, parece feito por alguma amador.



Bem xumbrega

Chris não estava afim de frutos do mar, e escolheu para seu jantar a costelinha de carneiro com cuscuz marroquino e geléia de manga com gengibre (R$ 82,00). Vontade de comer não dava muito não. As costelinhas meio mal-ajambradas, um cadinho de cuscuz, e um cadinho menor ainda de geléia. Geléia esta que a Chris julgou ser a melhor coisa do prato, disse que combinou bem com o carneiro, carneiro este que não estava muito temperado. Bem, se a geléia foi o melhor do prato, alguma coisa certamente estava errada.

Costelinhas assim meio jogadas

Meu prato foi lula em tiras ao açafrão e alho, acompanhada de purê de favas com chouriço e especiarias (R$ 82,00). Apresentação mais apetitosa que a da Chris, embora também não tenha sido uma beleza. Já o sabor estava bem melhor. Jamais pensaria em juntar lula com purê de favas e chouriço, mas não é que ficou bem interessante? Algumas pimentas biquinhos ajudaram a dar um saborzinho a mais, e uma agradável piscininha de azeite se formou por baixo, rendendo garfadas untuosas, mas muito saborosas.


A lula bem amarela por causa do açafrão

Para a sobremesa, solicitamos ajuda da Fernanda para saber o que era o crema catalana (R$ 18,00). Ela disse que era uma espécie de crème bruleé espanhol, mas cuja camada de açúcar caramelizado não era feita com maçarico. Bem, resolvemos experimentar. Não foi sucesso. Havia algum amargor  na camada de açúcar, e o creme em si era bem sem graça. Totalmente esquecível.



"Hmmm, deve estar uma delícia". Só que não.

O que nos pareceu é que o Parador Valencia é um restaurante em decadência. Já viveu seus dias áureos, foi estrelado pelo Guia 4 Rodas, e hoje vive da fama que conquistou. É certo que muito da fama vem de suas paellas, que acabamos não experimentando, mas tudo que pedimos estava no cardápio, então supõe-se que sejam receitas testadas e aprovadas. Fernanda, que nos atendeu, sumia de vez em quando, e não entendíamos bem o porque, sendo o restaurante tão pequeno e com tão poucos clientes. Lendo a história do estabelecimento em sua página na internet, descobri que ela é a chef de cozinha do lugar. Estão explicados seus sumiços. E escancarada a decadência: em um sábado à noite, nenhum funcionário foi escalado para ser garçom, ficando a chef, que é casada com Vicente Más (fundador e dono do restaurante), encarregada de atender o salão.

Por conta de todos os problemas citados, e os erros em quase tudo que foi apresentado, claro que eu e Chris chegamos à conclusão de que não valeria a pena uma volta ao Parador Valencia. Se a paella é o carro-chefe da casa, ou os frutos do mar em geral, que ele se assuma como tal, e deixe de servir outras coisas no cardápio. Ah, e dar uma melhorada no aspecto físico do mesmo também não faria mal algum...



AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 7 e 8
Entrada(2): 5 e 5
Prato principal(3): 5 e 7,5
Sobremesa(2): 5 e 4
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,41 e 6,20
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Celita de Oliveira Amaral, 189 (acesso pelo número 11.300 da Estrada União e Indústria) - Itaipava - Petrópolis - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 2222-1250/2222-4767
Site: http://www.valencia.com.br/

Facebook: Parador Valencia