quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Edo Zushi (São José dos Campos - SP) - 02/12/2014

Eu já tinha ido a um restaurante japonês. Uma vez. Há mais de dez anos. Chris também já tinha ido há tempos. Nenhum dos dois tinha lembranças muito positivas. Pra ser mais preciso: nenhum dos dois gostava de comida japonesa. E mais: ambos éramos completamente leigos no assunto. Começamos a conversar recentemente sobre a necessidade de darmos uma segunda chance à culinária do arquipélago. São José dos Campos talvez seja uma das melhores cidades para isso. Não sei a média das outras cidades, mas aqui deve ter um restaurante japonês para cada duas pessoas. Mas precisávamos ir ao melhor. Não adiantaria ir em um "mais ou menos" e depois ficar pensando que não gostamos por culpa do estabelecimento. Então descobri a existência do Edo Zushi, considerado pela "Veja Comer & Beber" como o melhor restaurante japonês do Vale do Paraíba. E referendado também por nossos amigos de ascendência oriental.

Casal chegando, e sol ainda presente às 19h30

Em uma noite de terça-feira, chegamos ao Edo por volta das 19h30. Fachada bonita, mas sem chamar muito a atenção. Um senhor elegante na porta, responsável por dizer "boa noite" e abrir a dita cuja. Ao adentrar, um ambiente muito agradável, com um pequeno lago de carpas já na entrada. Sem tatames, sem mesas no chão. O restaurante opta por mesas de madeira, sofás e decoração fora do tradicional japonês. Fomos atendidos por outro senhor, calvo e simpático, que nos indicou uma mesa. O restaurante tem vários ambientes. Neste que ficamos há um sofá único percorrendo toda a parede, e mesas colocadas em frente a ele, além do balcão de self-service. Ficamos numa quina, o que talvez não seja muito bom segundo o Feng Shui. Mas, sendo o Feng Shui chinês, talvez os japoneses não liguem muito para ele. Há também um enorme, e lindo, aquário de água salgada, cheio de Nemos e outros peixes tão bonitos quanto. O ponto negativo é que estávamos bem pertinho do tal aquário, e alguns clientes, especialmente com filhos pequenos, às vezes se amontoavam perto de nossa mesa para olhar os nadantes.


Chris observa o belo aquário

O mesmo senhor calvo nos perguntou se conhecíamos o funcionamento do lugar. Após nossa negativa ele explicou que era sistema self-service, pelo preço de R$ 74,90 por pessoa, podendo se servir quantas vezes quisesse (só faltava não poder, né?), também com direito a um temaki e uma sobremesa para cada. Embora eu já tivesse visto, ao adentrar o ambiente, que havia o sistema self-service, certamente não era o que eu esperava. Mas ele foi bem enfático ao dizer que esse era o sistema da casa, sem nos dar opções, portanto acabei nem perguntando se havia também serviço à la carte.

Fomos nos servir, e percebemos que não havia nem uma plaquinha indicando o que era cada uma daquelas coisinhas estranhas. Sem ofensa, mas são mesmo coisinhas estranhas, oras. Ao menos para ocidentais leigos. Quando vamos a um self-service no dia a dia, tem placa até dizendo "Picadinho de carne". Custa fazer isso em um restaurante japonês? O restaurante parece pensar que quem vai ali sabe de tudo, e isso faz com que ele se pareça com um clube exclusivo. Chato isso. Nos servimos, timidamente, daquilo que conhecíamos, ou do que parecia gostoso, e fomos para a mesa. Na hora de nos servirmos pela segunda vez, pedi a um garçom, de nome Adriano, que nos explicasse o que havia no balcão. Ele foi muito solícito, falou sobre todas as opções, uma por uma (e olha que são bem umas 30), de forma clara e rápida. Então eu perguntei a ele se não tinha ouriço-do-mar entre as opções. Ele disse que tinha, mas só no serviço à la carte. Oi? Então tem à la carte? "Claro, todos os dias", foi a resposta. Ah, carequinha maledeto! Só era calvo e simpático enquanto não tinha feito merda. Falei a Adriano que não tínhamos sido informados disso quando chegamos, e ele disse que sentia muito. De fato, era o que ele poderia fazer, uma vez que já tínhamos comido do self-service.

Antes de entrar no assunto da comida em si, vale falar mais um pouco sobre o serviço do restaurante. Fato é que um self-service de R$ 74,90 por cabeça continua sendo um self-service. Ou seja, se o restaurante estiver cheio, vai ter tumulto em frente ao balcão. E estava cheio. E teve tumulto. E teve problema com o atendimento dos garçons, mesmo que eles estivessem ali só para servir bebidas. Com vários ambientes, Chris acha que precisaria haver mais garçons. De fato, em muitos momentos ficamos moscando, com pratos e copos vazios na mesa, e sem conseguir a atenção de algum deles. Em dado momento parecíamos estar numa churrascaria, tal a barulheira nas mesas próximas, sendo inevitável ouvir a conversa dos que estavam ao nosso lado. Nada da atmosfera zen que esperávamos. Para piorar, tanto o sem-cabelo quanto uma outra moça não serviam, apenas observavam e arrumavam as mesas quando alguém ia embora. Certamente não era a função deles servir mesa, mas é desagradável ver alguns sem fazer nada e outros trabalhando sem parar. Devemos fazer justiça ao garçom Adriano, já citado, certamente o melhor funcionário da casa. Para se ter idéia de seu cuidado, quando já estávamos indo embora ele perguntou se já tínhamos visto o aquário de águas-vivas, que ficava em outro ambiente. Nota dez pro menino. Ah, outro probleminha: temperatura agradável em todos os ambientes, menos no banheiro, que bem poderia ter também um ar-condicionado. Saí de lá suando, mesmo sem ter feito grandes esforços.

Fê e uma visão mais ampla do restô, já começando a encher

 Hora de falar da razão de ser de um restaurante: a comida. Sim, porque lá se foram cinco parágrafos só metendo o pau em todos os aspectos que não a envolvem. A primeira coisa a dizer é que as opções são vastas. Muitas variedades de sushis com peixe cru (salmão, anchova, saint-peter, entre outros), e com outros acompanhamentos diversos. Sushi  é o arroz japonês, em geral temperado com vinagre, sal e açucar, misturado a algum fruto do mar, legume ou ovo. E aqui ele surge em dezenas de maneiras diferentes. Há até uma opção que vem com ovas de peixe-voador! Ainda na parte dos alimentos crus ou frios, há camarão, ostra e polvo. Também há uma folhinha verde, chamada shiso, de gosto parecido com hortelã. Na parte de comida quente há opções mais palatáveis a paladares não acostumados à comida oriental, como salmão grelhado, camarão empanado, anéis de ostra empanados, yakisoba (aquele macarrão que a gente come nos disk comida chinesa), harumaki (o popular rolinho primavera), entre outras coisas. Há também alguns molhos disponíveis, como o agridoce, e também o famigerado wasabi, um tempero em pasta, de cor verde, feito com a raiz forte oriental. Eu e Chris não nos aventuramos neste.


Chris e as muitas opções do self-service metido à besta


Claro que não experimentamos todas as opções existentes. Mas fizemos um bom apanhado, e posso dizer que comemos muito bem. Mesmo os peixes crus, minha principal lembrança ruim da cozinha oriental, agora me caíram bem, embora eu continue preferindo uma picanha. Toda a parte crua do cardápio ganha muito em sabor quando misturada a um dos molhos oferecidos. Chris continua sem gostar do arroz enrolado com algas e recheado com pepino, um dos tipos de sushis mais famosos, ao menos aqui no Brasil. Depois de já termos comido no self-service, pedimos nossos temakis, que são enrolados de folha de alga em forma de cone, recheadas com arroz de sushi e mais algum ingrediente. No nosso caso, pedimos um de salmão e um de atum. Ambos crus, claro. Chris não gostou, o que nos deu a convicção de que ele não gosta mesmo das algas. Eu comi o meu quase inteiro, embora já estivesse bem satisfeito. É de se comer com as mãos mesmo, porque é muito grande pra comer com os hashis, os famosos "pauzinhos" japoneses (sem duplo sentido nenhum). Aliás, nesse momento já deve ter ficado claro que eu e Chris fizemos toda a refeição com os populares e ocidentais "garfo e faca" mesmo.


Nossos primeiros pratos, feitos meio "às cegas"

Chris feliz, e no prato o shiso com polvo e pepino, e ao lado o sushi com ovas de peixe-voador
Casal e seus temakis


Para acompanhar esse banquete tomamos duas cervejas Stella Artois (long neck, R$ 8,00 cada) e uma Sakerinha (caipirinha de saquê) de morango (R$ 20,00). Cerveja gelada e Sakerinha gostosa e bem apresentada.


Chris e a Sakerinha

Para a sobremesa, apenas uma opção: banana caramelizada quente com sorvete de creme. Vem em uma tigela, e claro que quando chega à mesa o sorvete já está quase todo derretido pelo calor da banana. Gostoso, mas convenhamos, sem grande participação criativa do chef. Um sorvete com banana quente e açucar, e pronto. Chris comeu o dela todinho, e eu deixei boa parte no prato, talvez porque nos temakis tenha acontecido o inverso.

Fê e sua banana em calda de sorvete

 Não dá pra negar que tudo no restaurante é feito com muito cuidado, e que os ingredientes são de primeira qualidade. Embora não tenhamos parâmetro para comparação, isto fica bem claro tanto no aspecto visual quanto no paladar. Mas todos os problemas de atendimento, mais a "muvuca" que se formou, mais o fator "preço" nos levam à conclusão de que não voltaríamos ao Edo Zushi. Mas provavelmente se você nos perguntasse hoje se nós gostamos de comida japonesa, nossa resposta seria, de maneira geral, que sim. Mas se você emendasse perguntando se gostaríamos de ir comer um sushi, possivelmente diríamos "não dá pra ser uma picanhinha?"

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 8 (perde pontos pela zona que estava, vazio talvez fosse 10)
Serviço(2): 6 e 6 (graças ao Adriano)
Prato principal (self-service + temakis)(3): 8 e 8
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 6,2 e 6,8
Voltaria?: Não e não (a não ser que o Richard vá com a gente!)

Serviço:
Rua Santa Elza, 250 - Vila Adyana - São José dos Campos - São Paulo 
Obs: fica na rua do Gogó da Ema, virando à direita na Av. Adhemar de Barros
Telefone: (12) - 3911-5772
Facebook: Edo Zushi


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Arpoador (Paraty - RJ) - 15/11/2014

O Restaurante Arpoador não é um dos mais famosos, ou mais badalados, de Paraty. No entanto, quando eu e Chris visitamos a cidade em 2009, tivemos ali um refeição da qual nos lembramos até hoje. Comemos uma moqueca mista de cação, camarão e siri, servida com pirão e arroz branco, que estava tão deliciosa que virou a nossa referência quando falamos de boa comida. Por exemplo, desde que começamos o blog, na hora de dar a nota pro prato principal, usamos aquela moqueca como o que seria uma nota 10, e a partir daí damos a nota ao prato. Me lembro que naquela ocasião ambos comemos muito, e saímos de lá até tristes, como mostra a foto abaixo, em que eu me servia pela centésima vez de mais um bocadinho de moqueca.

Em 2009, me servindo pela centésima vez

Claro que, cinco anos depois, em nossa volta à cidade, precisávamos voltar ao restaurante, e tirar a prova dos noves. A decoração continuava igual: feia pra cacete. Quadros pregados aleatoriamente nas paredes, chão de cimento queimado, parede descascada, teto sem forro, toalhas velhas, etc. Desta vez tivemos que nos sentar do lado de dentro, por conta da chuva, e ficamos mais próximos da "decoração". O toque interessante são os castiçais cobertos de parafina derretida, que ficariam bem em um jantar na casa do Conde Drácula. Curiosidade: das duas vezes em que estivemos no restaurante, nosso (a) cozinheiro (a)  estava sentado vendo TV, porque não havia nenhum cliente. Desta vez a cozinheira assistia à novela das seis, Boogie Oogie, quando foi interrompida por nosso pedido. Pedido este que foi feito a uma moça loira com sotaque castelhano, que temos quase certeza ser a mesma que nos atendeu há cinco anos. Quando falamos a ela sobre essa possibilidade, ela disse ser possível, porque há muitos anos ela "vai e volta" a ser funcionária da casa. Uma espécie de nomadismo garçonístico. Claro que o atendimento é bem informal, mas ela foi atenciosa e simpática.

Fê e parte da maravilhosa decoração


Pois bem. Começamos com uma casquinha de siri (R$ 12,90) como entrada. E também uma Skol. Em lata. Mas gelada, ao menos. Casquinha cremosa, gosto de siri bem evidente. Sim, porque a carne de siri é delicada, então às vezes a casquinha de siri não tem gosto de siri. Tava quente pra cacete, o que parece ser um padrão em casquinhas de siri. Mas bem melhor do que a oferecida pelo Rei do Peixe, por exemplo. Começo alvissareiro.

A ótima casquinha de siri

Era hora de pedir o prato principal, que, claro, já estava escolhido previamente em nossas mentes. Tínhamos que pedir aquela moqueca de novo. Não sei como estava a Chris, mas de minha parte havia grande ansiedade, quase um nervosismo mesmo. Pedimos a moqueca mista (R$ 118,90 para duas pessoas, com arroz e pirão) à garçonete, e contamos a ela sobre a outra vez em que ali estivemos, e como nos lembrávamos daquela moqueca. Ela disse que a cozinheira daquela época ainda trabalhava na casa, mas não estava ali naquele momento. Alguma preocupação já começou a surgir em nossos corações. Mas nada haveria de estar perdido, a receita é a mesma, devemos ter pensado juntos, eu e Chris. Quando a garçonete estava se retirando, eu perguntei se a moqueca mista envolvia cação, camarão e siri. Estávamos tão ansiosos que nem tínhamos nos preocupado com isso. Veio a má notícia: eles estavam sem carne de siri, e a moqueca era de cação (ao menos), camarão e...lula! Caceta. Chris odeia lula. Essa notícia abalou nossas estruturas. E agora? Nos entreolhamos, argumentamos com a garçonete, que nos recomendou pedir assim mesmo, porque seria fácil tirar as lulas na hora de comer. Aceitamos a recomendação, e mandamos vir o prato.

Felizes, prestes a comer a moqueca


Não muito tempo depois, ele chegou. A loira nos desejou bom apetite e nos deixou a sós com aquele ícone de nossas vidas gastronômicas. Seria ainda o mesmo? O que cinco anos poderiam ter feito com ele? Acho que fui o primeiro a me servir, afobado. Triste, notei que os camarões eram pequenos. Minúsculos, pra ser mais preciso. O famoso 7 barbas, ou algum semelhante. Excelentes pra comer ao alho e óleo, mas para uma moqueca? Acho que não. Cações, alguns, aqui e ali. Lulas? Muitas, diversas, nadando pelo molho, por todos os lados e direções. A cada passada da concha na panela, elas vinham em peso. Chris teve trabalho para eliminá-las. E mesmo eu, que gosto, às vezes queria pegar peixe ou camarão, mas eles não vinham. Mas e o sabor? Ah, o sabor, aquele que nos encantou, inesquecível, precioso, estaria ele presente? Tristemente, não estava. Chris, mais prática e objetiva, rapidamente notou isto. Eu ainda tentei procurá-lo, me servi algumas vezes, mas ele não veio. Não que estivesse ruim, até comemos bem, mas certamente nem se aproximava do que tínhamos na memória. O pirão continuava muito bom. O arroz, segundo a Chris, estava duro. Eu sempre deixo para ela a crítica do arroz, já que ela é fã do cereal.

Fê ainda feliz, antes de se servir

Só a título de comparação, vejam esta foto da Chris se servindo em 2009. Vejam o tamanho do camarão na colher:

Este camarão, sozinho, equivale a uns 25 da "nova versão"

Depois de estarmos satisfeitos, conversamos se valeria a pena pedir uma sobremesa. Nenhum dos dois se lembrava de ter visto no cardápio alguma parte dedicada aos doces. Optamos então por não pedir, receosos de aumentar ainda mais nossa frustração.

À parte toda a carga emocional da refeição, o fato é que ela foi decepcionante. E cara. Não dá para cobrar quase 120 reais em uma moqueca com camarão 7 barbas, um monte de lulas e um pouquinho de cação. Ainda mais com o tipo de ambiente que a casa possui, com móveis antigos, decoração ultrapassada e acabamento descuidado. Por conta disso tudo, eu e Chris concordamos que não voltaríamos uma terceira vez ao Arpoador. É melhor ficaramos com a lembrança daquela incrível moqueca que comemos em 2009, quando eles não economizavam nos ingredientes. E termos em mente uma valiosa lição: magia não se repete.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 4 e 4 (ah, se não tivesse a bela Paraty do lado de fora...)
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 9 e 8
Prato principal(3): 5 e 6,5
Custo-benefício(1): 4,5 e 5
Média: 5,95 e 6,25

Serviço (caso queiram comer uma boa casquinha de siri em Paraty):
Rua da Matriz, 7 - Centro Histórico - Paraty - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 9812-1606


 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Banana da Terra (Paraty-RJ) - 14/11/2014

Banana da Terra. O restaurante mais famoso de Paraty. Ana Bueno, a chef, é a curadora, organizadora e idealizadora do Festival Folia Gastronômica, que eu citei no texto anterior, e que estava acontecendo no fim de semana em que estivemos por lá. Talvez por conta disso, ela não estava no restaurante no dia de nossa visita. Caía uma chuva fina do lado de fora, e nos instalamos em uma mesa ao lado da cozinha envidraçada. Na mesa que escolhemos havia a opção de sentar no acolchoado ou em uma cadeira. Acabamos os dois no acolchoado, de costas pra cozinha, e ao lado um do outro. Na decoração, alguns vasos de flores pendurados na parede, quadros diversos, um pequeno jardim embaixo da escada que leva aos banheiros. Iluminação agradável, nem clara nem escura. No som me lembro de muitos covers de músicas internacionais, algo no estilo Emerson Nogueira. No banheiro, ao qual ambos fomos assim que chegamos, um cheiro forte de cravo. Interessante, embora um pouco exagerado.

Não teve foto da fachada, porque tava chovendo!


O serviço se mostrou prestativo desde a chegada, quando um funcionário pegou rapidamente o guarda-chuva molhado das mãos da Chris e colocou num porta-guarda-chuvas, se é que isso existe. Depois disso o garçom responsável por nossa mesa esteve sempre atento, prestativo, simpático na medida certa, sem grandes frescuras, o que não significa ser desleixado. Sempre que olhávamos buscando alguma ajuda, ele estava ali. Vale dizer que o restaurante estava vazio, mas ainda assim a postura foi invejável. Não sei se ele estava de fato feliz com o que estava fazendo naquela noite chuvosa, mas assim nos pareceu, e para o cliente é o que importa. Dá-se o mesmo com todas as profissões que lidam com público, a minha inclusa. Descobri já em casa, olhando o site do restaurante, que na verdade fomos atendidos pelo maitre Rodrigo Costa, ou seja, uma espécie de chefe entre os garçons. Talvez isso tenha feito a diferença.

Como entrada pedimos os inusitados bolinhos de queijo defumado com paçoca de banana com bacon e geléia de pimenta (R$ 25,00). Claro que pedimos uma cervejinha pra acompanhar. No caso foi a long neck da Cerpa (R$ 6,50), cervejaria paraense, que veio em um balde com gelo, do jeitinho que tem que ser. Ah, os bolinhos! Inusitados e deliciosos. Eu não pensaria em misturar banana com bacon, mas a idéia é felicíssima. Vieram oito bolinhos, com um pouco de geléia de pimenta na própria travessa, pra gente molhar os bichinhos. Ficava bom com ou sem geléia. Crocante por fora, cremoso por dentro, e muito saboroso, conforme já dito. Claro que comemos todos, divididos irmãmente.

Inusitados e felizes bolinhos


A coisa estava indo bem. Era hora da parte principal do acordo firmado entre cliente e restaurante: o prato principal. Eu já sabia que o Banana da Terra fazia parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (que já citei no texto anterior), que sempre dá um prato de presente ao comensal que pedir uma refeição específica. Normalmente é uma comida criada especialmente para este fim, não fazendo parte do cardápio fixo do estabelecimento, e sendo mudada todo ano. Como faço coleção dos pratinhos, junto com minha mãe, normalmente é ele que peço. Foi o caso. Tratava-se do Caiçara Antenado (normalmente os pratos da boa lembrança recebem nomes espirituosos), que consistia em peixe em tiras com mariscos, molho agridoce, mini arroz, pó de limão e toque de coentro selvagem (R$ 82,00). Vale dizer que havia vagens também no prato, embora não constassem em sua descrição, tadinhas. Chris, que não dispensa uma carne, foi de filé mignon com molho de aceto e arroz de ovo, queijo, salsinha e feijão fradinho, banana frita e crocante de bacon e farinha Panco (R$ 75,00). Para acompanhar meu prato, fui de vinho em taça (R$ 21,00), um branco Torrontés, cuja vinícola não me lembro. Chris ficou na cerveja mesmo.

Casal com seus pratos, e a cozinha ao fundo


Ponto negativo: não acertaram no ponto da carne da Chris. Ela pediu mal passado, como de praxe, e como de praxe não acertaram. Com raras exceções, como o Vistah (que já recebeu texto aqui), é o que acontece. Além de não estar mal passada, ela teve também alguma dificuldade em cortar. Chegou a suar. Ok, essa parte é exegero, mas de fato ela teve que fazer algumas caretas pra cortar a carne. Na montagem do prato, achei que as bananas ficam meio de fora, embora tenham sua função de "agridoçar" a coisa toda. Estava saboroso, apesar dos problemas com a carne.

Close do prato da Chris, com as bananas eclipsadas


Outro ponto negativo: meu prato era muito oleoso. Talvez fosse mesmo esta a intenção, mas chegava ao ponto do desagradável. Apesar disto, a mistura de sabores era adorável. Os mariscos vieram com as conchas, o que não considero ruim, acho que dá um toque rústico ao prato. De mais a mais, era bem fácil tirar a carninha das conchas. As vagens, esquecidas na descrição, tinham a importante função de dar crocância ao prato, mais até do que o pó de limão. Não posso falar mal: comi tudinho, e ainda dei uma força pra Chris com o que restou de seu bife.

Um close do prato do Fê


Ainda faltava a famosa cereja do bolo, para tentar compensar algumas falhas dos pratos principais: a sobremesa. E essa função ela cumpriu com louvor. Pedimos a torta quente de banana, calda de vinho do Porto, farofa de castanha de caju e sorvete de canela (R$ 29,00). Santa Mãe, o troço era bom que só Jisuis! Se tivéssemos pedido um pra cada, teríamos comido tudinho. Vou escrever uma frase pedante, mas vá lá: ah, aquela redução de vinho do Porto! Veio num copinho ao lado da torta, e o garçom, ou maitre, jogou um pouquinho por cima, na nossa frente. Assim que demos a primeira colherada no conjunto da obra, tratamos de jogar mais da redução por cima. Cô de loko! O inusitado sorvete de canela, a deliciosa tortinha de banana, a farofinha de castanha de caju do lado, e a redução de vinho do porto por cima formaram aquela que deve ser a melhor sobremesa que já provei. Chris ainda prefere uma outra que comemos em Recife, no restaurante É (sim, este é o nome do restaurante. É. É sério). Tá ali, mas pra mim essa ganha, por uma cabeça. Ou uma redução de vinho do Porto...

A delícia! E, sim, a Chris anda com dois celulares, o outro é meu


Fizemos toda nossa refeição pertinho da cozinha. A todo momento nos virávamos pra ver o movimento lá dentro. Essa proximidade com o que nos será servido é instigante. Chris ainda arrematou com um café (R$ 6,00). Sempre desconfie quando um garçom lhe oferecer um café, fazendo parecer que é de graça. Quase nunca é. Não existe almoço grátis, tampouco café. Mas, se formos analisar o custo benefício da casa, poderíamos dizer que ele vale a pena. A junção de ambiente agradável, excelente serviço e cozinha criativa faz a experiência valer. É comida pensada pra agradar e surpreender. E isso faz a diferença. Mesmo com algumas derrapadas nos pratos principais, o conjunto da obra faz um retorno ao Banana da Terra ser desejado por nós dois. Ainda ficou muita coisa naquela cardápio que nós queremos comer...


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):


Ambiente(2): 8 e 7
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 8 e 9
Prato principal(3): 7,5 e 7,5
Sobemesa(2): 9 e 10
Custo benefício(1): 7 e 8
Média: 8,12 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua Dr. Samuel Costa, 198 - Centro Histórico - Paraty - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 3371-1725
Site: http://www.restaurantebananadaterra.com.br/
Facebook: Banana da Terra

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Thai Brasil (Paraty-RJ) - 13/11/2014

Depois de uma viagem cansativa, na chuva, chegamos ao restaurante Thai Brasil, em Paraty, já depois das dez da noite. Localizamos sua discreta portinha de entrada, atravessamos seu estreito corredor, e chegamos ao salão, delicadamente decorado pela própria chef alemã Marina Schlaghaufer. Muitos quadros de flores, mesas coloridas, lousas com partes do cardápio escritas à mão, um pequeno quintal com um jardim, e a cozinha, completamente aberta para que os aromas tomem conta do lugar. Embora não seja tão incomum podermos ver os cozinheiros trabalhando, aqui o conceito vai além, já que não há sequer uma parede de vidro, ou qualquer obstáculo parecido. Dá até pra sentar em um balcão ao lado da cozinha, e ali ficar.

 
Chris na entradinha do restaurante
Fê no balcão ao lado da cozinha

Nos sentamos em uma mesa pra dois, recebemos o cardápio, depois ficamos esperando. E esperando. E esperando. Ao longe dava pra ver a garçonete que nos trouxe o cardápio conversando com seus colegas. Diz a Chris, que estava de frente, que um dos funcionários chegou até a ensaiar uma dancinha para os outros. Mas nada de olharem pra gente. E só havia clientes em mais uma mesa. Eu quase me levantei pra ir até lá pedir nossa entrada. Na hora já pensamos "eita, que esse serviço vai levar nota baixa". Já estamos ficando metidos com esse negócio de blog. Pouco depois a moça voltou, pra pegar nosso pedido. Foi simpática. Atenciosa. Nos deu explicações sobre os pratos. Nos demoveu da idéia de pedir uma entrada mais dois pratos principais, porque achou ser exagero. E acabou dando uma subida no nosso conceito.

Pedimos uma long neck da Bohemia (R$ 8,00), que veio em temperatura estúpida. No bom sentido. Como entrada, vieiras grelhadas com manjericão tailandês, cogumelos e macarrão (R$ 45,00). Veja a foto aí abaixo que vai dar pra entender melhor o prato. Vieiras, pra quem não sabe (como nós não sabíamos direito), são moluscos que vivem dentro de conchas. Tipo um marisco. O gosto é bem semelhante , inclusive. O macarrão que veio junto, tailandês, tinha gosto parecido com macarrão de miojo. Mas a mistura era saborosa, e não muito condimentada. Pra acompanhar a entrada pedimos um drink chamado Cai Tai (R$ 20,00), feito com lichia. Prefiro a nossa caipirinha.


As vieiras e a Chris apanhando do hashi

Antes de falar sobre o prato principal, uma explicação: estava rolando em Paraty, durante nossa estadia, um festival chamado Folia Gastronômica, em que o ingrediente homenageado era a mandioca. Cada restaurante participante do festival tinha que criar um prato utilizando a raiz. O cliente que pedisse esta comida ganharia de brinde um prato decorado do festival, feito pela Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (quem não conhece a associação, clique aqui para saber como funciona).

Pois bem, o Thai Brasil fazia parte do festival, então queríamos garantir nossa lembrança. Pedimos então o peixe vermelho ao molho de pimenta, acompanhado de arroz de jasmim (R$ 75,00). Pois é, nada de mandioca. Depois olhamos o folder que indicava todos os pratos participantes (34 no total), e o Thai Brasil foi o único a não respeitar a regra. O prato tem apresentação simples: o peixe vem inteiro, frito (inclusive eu fui bisbilhotar a cozinha, e cheguei bem na hora em que a cozinheira o colocava na frigideira, em imersão), com um pouco do molho de pimenta por cima, mais uma cumbuquinha de molho ao lado. Acompanha uma porção de arroz de jasmim. Seguindo a dica da garçonete, pedimos outra porção de arroz de jasmim (R$ 8,00). De fato o prato foi suficiente pra nós dois, portanto ponto pro serviço, que jogou contra o próprio patrimônio, mas evitou desperdício. O peixe estava bem gostoso, e como o próprio restaurante colocou na descrição do prato, "a crocante pele contrasta com a carne suculenta". O molhinho de pimenta era picante na medida, acompanhando o sabor do peixe sem acabar com ele. A Chris não gostou do arroz, achou sem sal. Eu já acho que arroz é pra ser assim mesmo. De modo geral, gostamos do prato, até porque era difícil errar com um peixe frito inteiro.

Casal e o peixe ainda inteiro
É, não dá pra dizer que tava ruim...

Para a sobremesa haviam apenas duas opções. Normalmente gostamos quando isso acontece, pra não ficarmos muito na dúvida. As duas envolviam bananas, pra alegria do Feu Pereira (pra quem não conhece o Feu Pereira, meu tio, isto é uma piada, porque o Feu Pereira treme ao ouvir a menção do nome "banana". Ah, e ele escreve o Guia Ranzinza, divertidíssimo, sobre os bares que vai em São Paulo, uma das inspirações para este blog). Pedimos a banana frita com sorvete de creme e raspas de côco (R$ 18,00). Assim, gostoso, e talz, mas né? Um sorvete, com duas bananas fritas e um pouco de coco por cima. Sem acento no lugar errado, por favor. Ah, e um guarda-chuvinha de enfeite! A combinação é boa, eu gostei mais do que a Chris, mas é decerto bem simples, qualquer jacu pode fazer.

Casal e a sobremesa bonitinha


Gostamos muito do ambiente da casa. Os aromas que são liberados pela cozinha fazem a espera ser das mais agradáveis. A decoração também é bonita. A garçonete começou  mal, mas depois se redimiu parcialmente, e chegou até a ensinar a Chris a usar o hashi (os pauzinhos que os orientais usam pra comer). Mas, por conta do festival, acabamos não pedindo alguma especialidade da casa, como o pad thai (macarrão tailandês frito com camarão, legumes e amendoim). Talvez um desses pratos nos encantasse mais do que o peixe vermelho. Eu daria uma segunda chance ao Thai Brasil justamente pra poder experimentar um desses pratos. Mas Chris acha que não valeria uma segunda visita. Na opinião dela o custo-benefício não vale a pena. Mas a experiência tailandesa foi agradável de um modo geral, e nisto ambos concordamos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 7 e 8
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 6,5 e 7,5
Sobremesa(2): 5 e 6,5
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 6,54 e 7,29
Voltaria?: Não e Sim

Obs: Os textos sobre os outros dois restaurantes visitados em Paraty serão postados ao longo da semana, para não empanturrar nosso milhões de leitores.

Serviço:
Rua do Comércio, 308-A - Centro Histórico - Paraty - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 3371-2670
Site: http://www.thaibrasil.com.br/

Facebook: Thai Brasil

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vistah (Taubaté - SP) - 28/10/2014

Eu estava até um pouco preocupado com a chegada, afinal nunca tinha ido ao Shopping Via Vale Garden, em Taubaté, onde está instalado o restaurante Vistah. Mas há muitas placas à beira da Dutra indicando a entrada certinha para chegar lá. Eu já sabia que ele ficava no primeira andar, e que tinha vista para a Dutra, portanto foi fácil encontrá-lo. Fica no mesmo andar da praça de alimentação do shopping, mas certamente não se pode confundí-lo com um estabalecimento típico de um centro de compras.

Casal na entrada do restô


Chegamos por volta de 19h30, e não havia nenhum cliente por lá. Acabamos optando por ficar em uma mesa na varanda, embora a casa ofereça algumas na parte interna. Mesas redondas (eu particularmente gosto), ambiente informal (o lugar também funciona como chopperia), pouca luz e MPB rolando. Muita Marisa Monte, diga-se. O cd dos Tribalistas chegou a tocar quase inteiro. Nada contra. Gostamos também do jogo americano, com algumas frases de pessoas conhecidas sobre comida, e também sobre a vida em geral. Uma mulher que parecia a gerente se colocou à disposição e nos trouxe o cardápio depois de uns dois minutos. Sendo chato, poderia ter sido mais rápido, já que não tinha ninguém, e ela nos viu chegar. E, no caso, estou sendo chato. Mas a vista era bonita, o máximo que uma vista pode ser bonita em um restaurante localizado à beira da Dutra em Taubaté. Era finzinho de tarde, e o sol morrendo nas montanhas fez um belo cenário.


O cenário, quando o sol já tinha morrido
O bacanudo jogo americano


Pouco depois veio a garçonete. Pedimos o couvert (R$ 5,90 por pessoa), que no cardápio indicava "Pães variados, patês, manteiga". Veio o couvert. Pães variados? Sim. Torradas com orégano, pãezinhos com gergelim (quentinhos!), pãezinhos com orégano (quentinhos!), grissinis. Patês? Não. Três potinhos, um com um creme que não detectamos exatamente (parecia um rosé metido à besta), um com ricota e UMA pimenta biquinho (poderiam ser duas, né?) e um com manteiga. Apesar disso, veio bem bonitinho de se ver. Se a propaganda não tivesse sido enganosa, teríamos gostado mais. Acompanhamos com dois chopps da Brahma (R$ 6,50 cada, 300ml), em boa temperatura e colarinho no jeito. Diz-se que antes a casa servia chopp artesanal de Taubaté. Pena não haver mais essa opção.

O couvert, sem patês


Como entrada pedimos a Salada Vistah (R$ 20,90), com alface, rúcula, tomate cereja, palmito e endívia marinada no azeite e grelhada. Belíssima apresentação. Nunca tinha comido a tal endívia. A Chris, ao experimentar, lembrou que já havia comido, mas não daquele jeito. Temperamos com azeite e sal, que eram as opções à mesa. Nesse meio tempo em que comemos o couvert e a salada, a garçonete veio nos perguntar umas 500 vezes se já tínhamos escolhido o prato. Duas dessas 500 vezes foram logo que nos sentamos, em coisa de cinco minutos. Simpática a moça, mas um pouco afoita. Ou bipolar, porque depois ela passava um bom tempo sem aparecer. Mas foi divertido. O serviço, aliás, é bem informal, o que nos deixou à vontade. A garçonete só precisa de um pouco mais de equilíbrio. Não que ela tenha caído com nada (quaqua), mas um equilíbrio entre o excesso de zelo e o descaso.

O casal e a bela Salada Vistah


Como o restaurante tem serviço empratado, eu e Chris poderíamos escolher cada um o seu prato. Vale lembrar que há algumas opções de pratos para duas pessoas, como o galeto grelhado e a picanha. Mas, como sempre gostamos de fazer nesses casos, cada um escolheu um, pra que um experimentasse o do outro. Coisa de gente esperta. Ou comilona. O cardápio é trivial. Há algumas opções de pratos leves, outras de frango, outras de peixe, outras com carne, depois uma sequência do que eles chamam de "Tradicionais", com "Filé à parmegiana", "Filé à Oswaldo Aranha", "Filé à francesa", entre outros.

A Chris ficou com o "Tornedor ao porto" (R$ 40,90), que consistia em um filé mignon alto ao molho de vinho do porto, com purê de mandioquinha e arroz branco. Veio com uma bela apresentação, apetitosa. Chris pediu o mignon mal passado, como de praxe, só que dessa vez, incrivelmente, ele veio mesmo mal passado! Coisa rara, já que eles nunca acreditam que uma moça distinta queira comer sangue. Sim, ela quer, senhoras e senhores! Ponto pro Vistah, que acertou no ponto. O bife com o molho de vinho, junto com o purê, estava de fato delicioso. Chris detonou o filé e o purê, e não tocou no arroz. E Chris adora arroz. Veredicto: o arroz é totalmente desnecessário no prato. Tanto em termos de sabor quanto em termos de apresentação e nutrição. Embora não sejamos especialistas em nutrição.

O belíssimo tornedor com purê, e o desnecessário arroz


Eu pedi o "Filé à Oswaldo Aranha" (R$ 41,90), prato típico do Rio de Janeiro, e do Brasil, que na versão do Vistah vem com dois bifes de filé mignon ao molho de alcaparras na manteiga e pimenta biquinho (dessa vez eu pude comer mais de uma), acompanhado de arroz, batatas portuguesas fritas (tipo chips) e farofa. Nada errado com o prato, comi bem, mas quando acabou meu molho de alcaparras ficou impossível comer o resto, porque a farofa estava muito seca. Talvez uma farofa mais molhadinha, ou mais molho no bife, caíssem bem. De qualquer forma, não sobrou sequer uma batatinha no meu prato. Estavam crocantes e bem salgadinhas.

O filé do Seu Oswaldo

Casal e seus pratos


Para a sobremesa, fomos no clássico "Petit Gateau" (R$ 15,90), servido com sorvete Rochinha, fabricado na região do litoral norte paulista. Mais uma vez, bela apresentação, com o prato salpicado de castanha de caju e chocolate em calda, além de um morango sobre o bolinho. Aliás, deveriam tirar as folhinhas do morango, muito chato ter que comer uma sobremesa e ficar se preocupando com o que vem na colher. O bolinho estava um pouquinho murcho, mas nada que atrapalhesse o sabor, que estava bem bom. Tanto que, mesmo já empanturrados, comemos tudo.

O bonitíssimo Petit Gateau


Ao final, a notícia que a Chris mais gostou: não é preciso sair do shopping, ou mesmo do restaurante, para fumar. Embora a área das mesas seja coberta, há um espaço ao lado, mais pra perto do bar, em que é possível fumar, já que não há cobertura. Assim ela não se sente uma pária, uma proscrita, uma desterrada. E esse fator é o que mais pesou pra ela dizer que voltaria ao restaurante em outra oportunidade.

Fato é que há restaurantes em que a gente não sabe o que escolher, de tanta coisa interessante que tem, e fica com vontade de voltar outras vezes, pra comer o que ficou pra trás. Não é o caso aqui. Há o básico, que descobrimos ser bem feito e bem apresentado, e apenas algumas receitas que arriscam um pouco mais. Se esse número aumentar, certamente estaremos lá pra conferir, porque potencial o restaurante tem de sobra.

Obs: À guisa de informação, vale dizer que o gerente da casa é Marcos de Oliveira, meu grande amigo e irmão. Mas basta ler a análise pra saber que ela foi a mais isenta possível. Acho que é isso que ele merece e espera, nossa sinceridade. Tanto no que foi bom quanto no que não foi tão bom.




AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):


Ambiente(2): 10 (o que não faz um fumódromo!!) e 8
Serviço(2): 7 e 7
Couvert(2): 5 e 6
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 8 e 7
Sobremesa(2): 8 e 8
Custo-benefício(1): 7 e 7
Médias:  8,07 e 7,69
Voltaria?: Sim e sim (uma por poder fumar, o outro se houver novidades no cardápio)


Serviço:
Via Vale Garden Shopping - Avenida Dom Pedro I, 7181 – Loja 208 – Piso L2
CEP: 12091-000 – Taubaté – SP 

Email: contato@vistahrestaurante.com.br
Site: http://www.vistahrestaurante.com.br 
Facebook: Vistah
   
  

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O Rei do Peixe (São José dos Campos - SP) - 30/09/2014

Chegamos ao restaurante "O Rei do Peixe" por volta das 19:15, e não havia ainda nenhum cliente. Não há lugar para fumantes, então sentamos em uma mesa próxima à janela, pra poder ter alguma paisagem enquanto jantávamos. Ambiente agradável, luz na medida certa, muitas luminárias, boa temperatura, MPB bem baixinha,  enfim, tudo para um jantar agradável. Um garçom nos atendeu prontamente, trazendo o cardápio da casa. Um texto dizia que São José era a terceira cidade a receber um restaurante da marca, que já possuía casas em Caraguá e Ubatuba. Um bom sinal. O mau sinal era que o cardápio trazia muitas e muitas e muitas opções. Ninguém pode fazer bem todos aqueles pratos em uma noite simples de terça feira.
Casal em frente ao restaurante


Para entrada pedimos uma casquinha de siri (R$ 15,00), para ser dividida por nós dois. Enquanto esperávamos pedimos uma long neck da Cerpa (R$ 8,50), que veio numa boa temperatura. Já a casquinha estava quente demais, seca e sem graça. Um mau agouro, certamente, já que se eles não conseguiram acertar em uma casquinha de siri, dificilmente acertariam em algo mais complexo. Eu pensei isso na hora, mas deveria ter levado em conta quando pedimos o prato principal.
Casal e a casquinha de siri


A casa trabalha com pratos para duas pessoas, portanto eu e Chris teríamos que chegar a um acordo quanto ao que pedir. Como sempre, ela falou pra eu escolher, e eu disse que estava em dúvida entre alguns pratos. Se bem me lembro, citando o que era o prato e não o nome oficial: badejo recheado com siri e champignon, ao molho de camarão com arroz branco; frutos do mar (peixe, lula e camarão) grelhados servidos com batata corada e arroz branco; paella; robalo com banana da terra e risoto de pupunha com tomate seco; e por fim lagosta inteira com algum acompanhamento que não me lembro. Dentre esses, os dois primeiros estavam em uma divisão do cardápio chamada "Clássicos da casa", ou coisa que o valha. Escolhemos então o "Badejo ao Rei do Peixe" (R$ 118,00), que é a primeira das receitas citadas aqui acima.

O prato chegou relativamente rápido, enquanto estávamos do lado de fora do restaurante pra Chris dar as suas pitadas no cigarro. Uma bandeja traz o badejo recheado com o molho por cima, outra traz o arroz, e o garçom serve os pratos. A apresentação não é das melhores. Falta alguma coisa ao prato. O garçom coloca um pedaço do badejo com o molho por cima, um pouquinho de arroz ao lado, e é isso. Como é um restaurante com ares formais, espera-se mais desse aspecto. Mas seria largamente perdoado se o sabor fosse incrível. E está longe de algum adjetivo parecido. Há muita informação pra pouco sabor, foi o que ambos pensamos. Não sentimos o gosto do badejo, não entendemos a presença quase imperceptível do champignon, o que se sobressai mesmo é o molho de camarão sete barbas (ou algum bem pequenino) e o siri que recheia o peixe. E esses sabores que se ressaltam no prato não causam grande comoção também. Muito pouco pra um restaurante que traz no nome a responsa de ser o monarca entre os seres aquáticos. Valeu mais o bom vinho Crios Torrontes 2012 de 375ml (R$ 38,00) que tomamos pra acompanhar o prato.


Chris e seu prato


Para a sobremesa pedimos um crème brulée, que a Chris nunca havia experimentado. Este chegou em menos de cinco minutos à mesa. Já estava montadinho, e só passaram o maçarico em cima, provavelmente. Mas estava gostoso, e veio com uma calda de amora por cima, que também agradou.
Casal e o crème brulée


Vale dizer que os garçons estavam sempre atentos. Nossas taças de vinho sempre eram prontamente preenchidas quando o líquido se esvaía pra dentro de nossas goelas. E sempre que precisávamos de alguma coisa havia um deles nos olhando, pronto a atender. Ajudou o fato de a casa não ter enchido, mas ainda assim vale o elogio. Ele só demorou um pouquinho pra nos olhar quando queríamos pedir a conta, talvez sabendo que o restaurante não vale o que cobra.

Sim, o custo benefício da casa é péssimo. Ela se vale da localização central, do clima formal e do nome para cobrar um preço que não condiz com a qualidade e o cuidado da comida apresentada. Tudo estava comestível, porém esquecível. Ganharia uma nota 6 na média geral, mesmo se custasse a metade do que custa.Por conta disso, eu e Chris concluímos que o Rei do Peixe não valeria um repeteco, em hipótese alguma. Talvez se mudasse de nome pra Peixinho Mais ou Menos, e cortasse os preços pela metade, poderíamos pensar no caso.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7
Serviço(2): 8 e 7
Entrada(2): 6 e 5
Prato principal(3): 6 e 6
Sobremesa(2): 8 e 8
Custo-benefício(1): 6 e 5
Médias:  7 e 6,41
Voltaria?: Não e Não

Serviço: 
 Rua Paulo Becker, 98 - Vila Adyana - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3913-3755
Email: sjc@oreidopeixe.com.br