Não teve foto da fachada, porque tava chovendo! |
O serviço se mostrou prestativo desde a chegada, quando um funcionário pegou rapidamente o guarda-chuva molhado das mãos da Chris e colocou num porta-guarda-chuvas, se é que isso existe. Depois disso o garçom responsável por nossa mesa esteve sempre atento, prestativo, simpático na medida certa, sem grandes frescuras, o que não significa ser desleixado. Sempre que olhávamos buscando alguma ajuda, ele estava ali. Vale dizer que o restaurante estava vazio, mas ainda assim a postura foi invejável. Não sei se ele estava de fato feliz com o que estava fazendo naquela noite chuvosa, mas assim nos pareceu, e para o cliente é o que importa. Dá-se o mesmo com todas as profissões que lidam com público, a minha inclusa. Descobri já em casa, olhando o site do restaurante, que na verdade fomos atendidos pelo maitre Rodrigo Costa, ou seja, uma espécie de chefe entre os garçons. Talvez isso tenha feito a diferença.
Como entrada pedimos os inusitados bolinhos de queijo defumado com paçoca de banana com bacon e geléia de pimenta (R$ 25,00). Claro que pedimos uma cervejinha pra acompanhar. No caso foi a long neck da Cerpa (R$ 6,50), cervejaria paraense, que veio em um balde com gelo, do jeitinho que tem que ser. Ah, os bolinhos! Inusitados e deliciosos. Eu não pensaria em misturar banana com bacon, mas a idéia é felicíssima. Vieram oito bolinhos, com um pouco de geléia de pimenta na própria travessa, pra gente molhar os bichinhos. Ficava bom com ou sem geléia. Crocante por fora, cremoso por dentro, e muito saboroso, conforme já dito. Claro que comemos todos, divididos irmãmente.
Inusitados e felizes bolinhos |
A coisa estava indo bem. Era hora da parte principal do acordo firmado entre cliente e restaurante: o prato principal. Eu já sabia que o Banana da Terra fazia parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (que já citei no texto anterior), que sempre dá um prato de presente ao comensal que pedir uma refeição específica. Normalmente é uma comida criada especialmente para este fim, não fazendo parte do cardápio fixo do estabelecimento, e sendo mudada todo ano. Como faço coleção dos pratinhos, junto com minha mãe, normalmente é ele que peço. Foi o caso. Tratava-se do Caiçara Antenado (normalmente os pratos da boa lembrança recebem nomes espirituosos), que consistia em peixe em tiras com mariscos, molho agridoce, mini arroz, pó de limão e toque de coentro selvagem (R$ 82,00). Vale dizer que havia vagens também no prato, embora não constassem em sua descrição, tadinhas. Chris, que não dispensa uma carne, foi de filé mignon com molho de aceto e arroz de ovo, queijo, salsinha e feijão fradinho, banana frita e crocante de bacon e farinha Panco (R$ 75,00). Para acompanhar meu prato, fui de vinho em taça (R$ 21,00), um branco Torrontés, cuja vinícola não me lembro. Chris ficou na cerveja mesmo.
Casal com seus pratos, e a cozinha ao fundo |
Ponto negativo: não acertaram no ponto da carne da Chris. Ela pediu mal passado, como de praxe, e como de praxe não acertaram. Com raras exceções, como o Vistah (que já recebeu texto aqui), é o que acontece. Além de não estar mal passada, ela teve também alguma dificuldade em cortar. Chegou a suar. Ok, essa parte é exegero, mas de fato ela teve que fazer algumas caretas pra cortar a carne. Na montagem do prato, achei que as bananas ficam meio de fora, embora tenham sua função de "agridoçar" a coisa toda. Estava saboroso, apesar dos problemas com a carne.
Close do prato da Chris, com as bananas eclipsadas |
Outro ponto negativo: meu prato era muito oleoso. Talvez fosse mesmo esta a intenção, mas chegava ao ponto do desagradável. Apesar disto, a mistura de sabores era adorável. Os mariscos vieram com as conchas, o que não considero ruim, acho que dá um toque rústico ao prato. De mais a mais, era bem fácil tirar a carninha das conchas. As vagens, esquecidas na descrição, tinham a importante função de dar crocância ao prato, mais até do que o pó de limão. Não posso falar mal: comi tudinho, e ainda dei uma força pra Chris com o que restou de seu bife.
Um close do prato do Fê |
Ainda faltava a famosa cereja do bolo, para tentar compensar algumas falhas dos pratos principais: a sobremesa. E essa função ela cumpriu com louvor. Pedimos a torta quente de banana, calda de vinho do Porto, farofa de castanha de caju e sorvete de canela (R$ 29,00). Santa Mãe, o troço era bom que só Jisuis! Se tivéssemos pedido um pra cada, teríamos comido tudinho. Vou escrever uma frase pedante, mas vá lá: ah, aquela redução de vinho do Porto! Veio num copinho ao lado da torta, e o garçom, ou maitre, jogou um pouquinho por cima, na nossa frente. Assim que demos a primeira colherada no conjunto da obra, tratamos de jogar mais da redução por cima. Cô de loko! O inusitado sorvete de canela, a deliciosa tortinha de banana, a farofinha de castanha de caju do lado, e a redução de vinho do porto por cima formaram aquela que deve ser a melhor sobremesa que já provei. Chris ainda prefere uma outra que comemos em Recife, no restaurante É (sim, este é o nome do restaurante. É. É sério). Tá ali, mas pra mim essa ganha, por uma cabeça. Ou uma redução de vinho do Porto...
A delícia! E, sim, a Chris anda com dois celulares, o outro é meu |
Fizemos toda nossa refeição pertinho da cozinha. A todo momento nos virávamos pra ver o movimento lá dentro. Essa proximidade com o que nos será servido é instigante. Chris ainda arrematou com um café (R$ 6,00). Sempre desconfie quando um garçom lhe oferecer um café, fazendo parecer que é de graça. Quase nunca é. Não existe almoço grátis, tampouco café. Mas, se formos analisar o custo benefício da casa, poderíamos dizer que ele vale a pena. A junção de ambiente agradável, excelente serviço e cozinha criativa faz a experiência valer. É comida pensada pra agradar e surpreender. E isso faz a diferença. Mesmo com algumas derrapadas nos pratos principais, o conjunto da obra faz um retorno ao Banana da Terra ser desejado por nós dois. Ainda ficou muita coisa naquela cardápio que nós queremos comer...
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 8 e 7
Serviço(2): 9 e 9
Entrada(2): 8 e 9
Prato principal(3): 7,5 e 7,5
Sobemesa(2): 9 e 10
Custo benefício(1): 7 e 8
Média: 8,12 e 8,37
Voltaria?: Sim e sim
Serviço:
Rua Dr. Samuel Costa, 198 - Centro Histórico - Paraty - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 3371-1725
Site: http://www.restaurantebananadaterra.com.br/
Facebook: Banana da Terra
É banana demaaaaaisss!!!! kkkk
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