segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Villa D´Aldea de São José (São José dos Campos - SP) - 20/12/2016


Já faz tempo que estávamos querendo incluir uma pizzaria aqui no blog. Nada mais justo que fosse a tradicional Villa D´Aldea, uma das mais antigas de São José dos Campos, onde moramos. Existe ainda um outro simbolismo bonito: foi o primeiro lugar em que levei a Chris para jantar fora, e lá se vão muitos anos. Naquele tempo, para mim, a Villa D´Aldea representava o suprassumo do chiquê. Voltando agora, já com bastante rodagem em restaurantes, fico fascinado com a ingenuidade do menino que fui. O que não siginifica que o lugar seja um pé-sujo qualquer, longe disso.

Chris iluminando a entrada da pizzaria

A casa é imponente. Ao lado direito da entrada podemos ver o grande prédio, com formas arredondadas e paredes de vidro que evidenciam os enormes lustres, também arredondados, e acesos. Tais lustres, é fato, são mais bonitos do lado de fora do que vistos de perto, por dentro (muitas coisas na vida repetem esssa lógica). O salão é grande, e ainda conta com um mesanino. Há muitas mesas ajuntadas, com famílias inteiras, que são o público principal do lugar. O clima é informal, e os móveis acompanham a informalidade e representam bem um ambiente de pizzaria. É possível ver o grande forno à lenha de quase todos os pontos do salão principal. Nas paredes há grafites que mostram a cidade de São José dos Campos. Aliás, o nome da pizzaria é uma homenagem à cidade, e no verso do cardápio podemos ver um texto, escrito em português antigo, com a solicitação real para se formar a "Villa da Aldea de S. Jozé", em julho de 1767.

Olha ali atrás a galera começando o ajuntamento

Não é muito comum pedir entrada em uma pizzaria, mas queríamos fazer uma refeição completa, então decidimos arriscar. As opções são bastante triviais (fritas, bolinho de bacalhau, tábua de frios, etc), portanto acabamos pedindo os bolinhos de carne seca (R$ 33), que ao menos exigem alguma espécie de preparo por parte da cozinha. Nos arrependemos um pouco, já que os bolinhos estavam um tanto sem sal. Até estavam crocantes, mas um pouco secos por dentro. Ao menos o cardápio de cervejas contava com nossa amada Baden Baden, e tomamos uma pilsen da marca (R$ 22 a garrafa de 600ml) enquanto degustávamos os bolinhos.

Com essa cerveja tudo fica melhor (espero meu pagamento até o dia 10, Baden Baden)




São pantagruélicos 55 sabores de pizza salgada. Todas elas tem nomes que remetem de alguma forma à História do Brasil, seja com personagens famosos (da Marqueza de Santos, de Dom Miguel), seja com referências geográficas (de Ouro Preto, da Estrada Real) ou mesmo com momentos históricos (da Lei Áurea, da Carta Régia). É certo que por trás dos pomposos nomes estão sabores tradicionais, como calabresa, tomate seco com rúcula, portuguesa, entre outras. Existem dois tamanhos: pequena e grande, com quatro e oito pedaços respectivamente. A pequena pode ser dividida em dois sabores e a grande em até três. Nesse último caso a pizza vem cortada em nove pedaços um pouco menores, já que, né, não se divide oito por três sem fracionar. Escolhemos essa opção, com vistas a experimentar a maior quantidade de sabores possível. Uma coisa bastante positiva é que o preço é cobrado de forma proporcional, nesse caso um terço de cada, sem aquela pegadinha de cobrar pela pizza de maior valor.

Queríamos ao menos um sabor que fosse bem tradicional, daqueles clássicos mesmo. Escolhemos a opção número um do cardápio, que é, como não poderia deixar de ser, a Villa D´Aldea de São José (muçarela, molho de tomate e óregano, R$ 18,28 o terço). A Chris acabou não experimentando essa. Eu achei apenas razoável, com excesso de queijo e pouco óregano. Mas a massa é fina e crocante, e a muçarela estava bem derretida. Outro dos nossos terços, escolhido pela Chris, foi a pizza do Barroco (molho de tomate, queijo minas, tomate seco, muçarela de búfala e azeitonas sem caroço, R$ 27,05 o terço). Chris achou curiosa a presença de queijo minas, por isso a escolheu, mesmo sem gostar muito de tomate seco. Foi a pizza que mais gostamos, muito por conta do sabor suave do queijo minas, que não roubou toda a cena. E combinou muito bem com o tomate seco. O outro terço da pizza, escolhido por mim, foi a pizza da Carta Imperial (muçarela, miolo de alcachofra, alho frito, manjericão e orégano, R$ 26,30 o terço). Achei a combinação de sabores promissora, mas o excesso de muçarela atrapalhou tudo. Mal deu pra sentir o gosto da alcachofra, que tem sabor suave e exigia um acompanhamento mais discreto. Apesar do toque de frescor do manjericão, o sabor deixou a desejar no fim das contas. Por falar em fim das contas, o preço final da pizza, somando os três terços ficou em R$ 71,63.

Aqui é pizzaria italiana, mas parmêra é os cacete, meu!

Uma resolução para 2017: menos muçarela, mano!

Embora o cardápio tenha algumas opções de sobremesa, como creme de papaya com cassis e outros afins, claro que optamos por uma pizza doce para finalizar a noite. São sete sabores, alguns bastante criativos, como a pizza do Rio Parahyba, que vinha com presunto, ameixas pretas, figo, goiaba e cobertura de muçarela. Eu fiquei curioso, mas Chris achou que era estranheza demais. Desta vez escolhemos uma pequena, metade da Maria Leopoldina (açúcar mascavo, maçãs fatiadas e canela, R$ 23,50 a metade) e metade da Carlota Joaquina (goiabada cremosa e queijo minas, R$ 23,50 a metade). Devemos dizer, sem medo de errar, que nossa imperatriz de sangue austríaco, juntamente com sua sogra de sangue espanhol, foram as melhores coisas da noite. Gostamos em especial da pizza da Leopoldina, muito equilibrada em sabores, e ainda com o crocante das maçãs cortadas em lâminas finas. Uma delícia. A outra, que emula a famosa combinação conhecida como Romeu & Julieta, também estava muito boa, com o dulçor bem contido. Se soubéssemos antes que as doces ganhariam das salgadas teríamos invertido os tamanhos das ditas cujas.

Aí brilhou, hein Villa D´Aldea?

Depois de servirem os pedaços desejados por cada conviva, os garçons deixam a pizza na mesa, com duas facas para servir. Mas servir pizza com duas facas é tão difícil quanto tocar oboé, portanto é importante que os garçons estejam sempre atentos. Felizmente isso aconteceu, e não tivemos que ficar tristes com o prato vazio procurando um garçom para nos servir de mais um pedacinho da redonda. Outra coisa do serviço que achamos interessante - e que não sabemos se é uma tendência, já que fazia tempo que não íamos a uma pizzaria - foi o fato de cobrarem as pizzas divididas por percentual, e não com aquele infame sistema de cobrar pela metade mais cara.

No fim das contras a experiência de voltar ao Villa D´Aldea foi um pouco decepcionante, porque as pizzas salgadas não nos convenceram. É certo que a casa tem um ótimo serviço, mas os preços são acima da média das pizzarias joseenses, e o custo-benefício acaba ficando meio derrubado. Apesar disso tudo, as pizzas doces me fizeram concluir que eu voltaria à pizzaria. Já a Chris ficaria em casa esperando eu levar um pedaço para ela. Nesse meio tempo ela, apaixonada por História, talvez ficasse estudando em livros a criação da Villa d´Aldea de São José dos Campos, tarefa que lhe agradaria muito mais.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 7 e 8
Entrada(2): 6 e 5
Prato principal(3): 6 e 5,5
Sobremesa(2): 8 e 8
Custo-benefício(1): 8 e 7
Média: 6,83 e 6,62
Voltaria?: Não e sim

Serviço:
Avenida São João, 282 - Jardim Esplanada - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3922-1838
Site: http://www.villadaldeapizzaria.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/Villa-DAldea-Pizzaria-144058842323040/?fref=ts