terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Voilà! Bistrot (Paraty - RJ) - 12/12/2015

Embora eu nunca tenha ido à França, já li mais de uma vez que por lá os bistrôs são restaurantes pequenos, com comidas e bebidas a preços acessíveis. Bem, certamente não é o que se vê no Brasil. Tanto que quando eu disse à Chris que, em nossa visita a Paraty, iríamos ao restaurante Voilà! Bistrot, ela já me disse algo como "ixi, lá vem você com seus restaurantes carões". E ela não estava errada.

O Voilà! tem a seu favor o fato de ter uma estrela no Guia Quatro Rodas. Muito embora eu acabe de descobrir, para minha imensa tristeza, que o guia deixará de existir no ano que vem, por enquanto ainda é uma chancela respeitada. Tanto que em geral os restaurantes fazem questão de exibir a certificação de maneira bem visível aos clientes. O restaurante, ou "bistrô', fica dentro da Pousada Caminho do Ouro, e chegamos lá em um sábado chuvoso, por volta de oito da noite.

Não conta pra ninguém, mas esta foto é de quando saíamos

Quando entramos o pianista tocava Pink Floyd, o que nos arrancou sorrisos de aprovação. Mas o ambiente é bastante intimista. Na verdade eu usei o termo "opressivo" ao conversar com a Chris a respeito. Poucas mesas, todas muito próximas umas às outras. Não fosse o som do piano abafando os diálogos e poderíamos ouvir até as respirações dos outros convivas. Decoração sóbria, paredes de pedra, janelas de vidro com cortinas entreabertas, meia-luz e mesa tão pequena que por vezes foi difícil conciliar todos os talheres, pratos e afins. Fomos instalados ao lado da bela adega, malgrado o fato de que não optamos pelo vinho nesta noite.

Chris e o piano man

Fê e o resto do bistrô

A bela adega (e o fim da sobremesa,  mas né?, dane-se a continuidade)

O cardápio lista todas as suas opções por ordem de preço, do mais barato ao mais caro. Curioso. Para as entradas, os preços começam em 25 e vão até 48 reais, para as opções individuais. Há também a terrine de foie gras, para duas pessoas, por 98 reais. Acabamos optando por dividir uma das opções individuais, e fomos de salada medieval (folhas, linguicinha de javali, carne seca suiça, torradinhas ao alho e molho do chef, R$ 38). Aqui já houve um problema na hora de servir, por conta do tamanho da mesa. Como a salada é individual, a garçonete colocou a salada para mim, inteirinha em um prato especial, e pôs um pratinho para a Chris se servir. Não gostamos, e pedimos pra ela trazer outro pratinho, deixando a salada no meio de nós. mesmo apertando um pouco as coisas. Quanto à salada, nada de mais, as combinações de sabores não trouxeram muita alegria, embora os ingredientes fossem bons. A tal carne seca suíça, que desconhecíamos, é um embutido bastante salgado, mas saboroso. A linguicinha também era boa, assim como as torradinhas, embora algumas destas tenham vindo torradas demais, com gosto de queimado. O molho do chef, que poderia dar um "tchans" na coisa toda, não acrescentou muito.

A medieval, e a Chris

Para os pratos principais o cardápio só lista opções para duas pessoas, fazendo a ressalva de que, em caso de pedido individual, será cobrado 70% do valor do prato. Pois bem, claro que acabamos escolhendo apenas um, para não pagar, no fim das contas, 40% a mais no valor total. Os preços vão de 140 a 180 reais, e o foco é, obviamente, a culinária francesa, com opções como o peito de pato e molho de framboesa e batatas gratinadas à francesa (R$ 160) e filé mignon ao molho de Roquefort e nozes com nhoque de batata do chef (R$ 140). Acabamos ficando em dúvida entre estas duas opções e o lombo de javali ao vinho tinto e groselha, purê de batata doce ao cassis e maçãs caramelizadas (R$ 170). Acabamos optando por este último, depois de um sorteio rápido. Devo ressaltar que minha opção venceu, embora eu não costume dar sorte em sorteios.

A apresentação estava bonita, com o purê de lado, e os pedaços de lombo intercalados com as maçãs sobre o molho de vinho tinto e groselha. O javali, que nunca tínhamos experimentado (exceto na versão "linguiça"), não difere tanto assim do porco ao qual estamos acostumados, com sabor um pouco mais forte. Os pedaços vieram com bastante gordura, que a Chris não aprecia muito, mas eu adoro. Com a luz fraca, ela acabou tendo que comer, já que não conseguia enxergá-las. Diga-se que o problema da Chris com a gordura é tanto de consistência quanto de sabor, o que já prejudicou bastante sua apreciação da receita. O purê de batata doce estava (atenção para a semântica), na opinião dos dois, meio sem graça. Mas para mim ele casou bem com o restante dos elementos, e eu gostei da "garfada" final. Já a Chris achou tudo muito adocicado. De fato, há muitos elementos doces no prato (cassis, groselha, maçãs), que prejudicam um pouco a harmonia. A proporção também não foi perfeita, já que o purê acabou sobrando no prato dos dois, quando todo o resto já tinha sido "finalizado".

Dois iguais, um melhor que o outro, porque gosto é gosto

Ficamos sem entender muito bem o motivo de os pratos serem todos para dois, uma vez que eles vieram servidos individualmente. Por um momento achei que o serviço não seria empratado, ou seja, que tudo seria servido numa travessa, ou coisa parecida, para que colocássemos em nossos pratos. Mas não foi o caso. Da forma como foi, dá a impressão de ser pura preguiça de fazer dois pratos diferentes para um casal, que são o público primordial do restaurante. Eu e Chris sempre gostamos de pedir pratos diferentes, para experimentarmos o máximo possível do cardápio, já que dificilmente temos a oportunidade de retornar a um restaurante. Infelizmente aqui não foi possível, o que nos deixou bem frustrados. Foi a primeira vez que nos deparamos com uma esquisitice dessas, a não ser em casos em que comemos um peixe inteiro, por exemplo, onde a opção de não "individualizar" é compreensível.

No restaurante Confraria do Sabor, em Campos do Jordão, havíamos comido de sobremesa uma tarte tartin que não era exatamente uma tarte tartin, pela descrição que eu tinha dessa famosa torta francesa. Então resolvemos pedir novamente esta receita, desta vez em um restaurante francês (R$ 20). Decerto que estava mais parecido com o que eu tinha lido sobre a torta. Veio acompanhada de creme inglês e chantilly fresca. Para coroar, uma physalis, frutinha bem gostosa que já tínhamos comido em uma sobremesa no restaurante Le Palmier, em São José dos Campos. Mas, bem, nem há muito o que comentar sobre o sabor, porque ele meio que não veio. A doçura que, segundo a Chris, sobrou no prato principal, faltou aqui. E a falta de açúcar não foi compensada por nenhum sabor extra. A torta não tinha muito gosto, para ser mais preciso. E a massa folhada, da qual já não sou muito fã, veio com um certo gosto de queimado, além de ser muito difícil de cortar. Este último problema ainda se agravou pelo fato de nos ser dado apenas garfo e colher. Faltou uma faca. Enfim, uma decepção.

A decepção

Fomos atendidos o tempo todo pela Adriana, que, pela breve conversa que tivemos na hora de irmos embora, também é proprietária do restaurante. Seu atendimento não é formal, contrastando um pouco com o ambiente do bistrô. Mas isto é um elogio. Ela foi simpática e atenciosa, embora às vezes parecesse não ter visão periférica. Ela falhou também quando pedimos uma água e ela se esqueceu de trazer, e depois quando pedimos uma long neck da Heineken para dividirmos, e ela nos trouxe duas. Em relação ao tempo de entrega dos pratos o serviço foi sempre perfeito, assim como na limpeza da mesa no decorrer das etapas. Mas consideramos que os problemas já citados dos pratos principais para duas pessoas e da falta de faca na sobremesa também pertencem ao serviço, por isso a nota final sofreu bastante.

Voilà em francês quer dizer, entre outras coisas, "aqui está". Os pratos principais no Voilà! Bistrot são servidos com abafadores que, à frente do cliente, são retirados e acompanhados da expressão "voilà!" por parte da garçonete. É carinhoso e diferente. O pianista, que nos recebeu com Pink Floyd, não saiu dessa toada a noite inteira, nos brindando - apesar de alguns errinhos casuais - com Beatles, Queen e muitas coisas boas. Apesar dessas boas intenções, de maneira geral nossa experiência acabou prejudicada, e o principal motivo foi mesmo o sabor dos pratos. O ambiente opressivo, o serviço inconstante, tudo isso seria relevado se nossas bocas pedissem mais e mais. Não pediram, e eu e Chris concordamos que também não pediríamos uma nova visita ao Voilà! Bistrot. Como diriam os franceses, nous sommes très désolés.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 6 e 6
Entrada(2): 5 e 5,5
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 5 e 4
Custo-benefício(1): 5 e 5
Média: 5,58 e 5,75 
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Estada Paraty-Cunha, km 4 - Ponte Branca - Paraty - RJ
Telefone: (24) 3371-6548

Site: http://www.pousadacaminhodoouro.com.br/site/bistrot
Facebook: https://www.facebook.com/Voil%C3%A0-Bistrot-Paraty-RJ-120530594812579/?fref=ts
 





domingo, 29 de novembro de 2015

Il Vicoletto (São José dos Campos - SP) - 25/11/2015

Ruela ou beco. Esta é a tradução em português para vicoletto, palavra italiana. A tranquila Rua Ipiranga, onde fica o restaurante Il Vicoletto, pode não ser exatamente um beco, mas é calma e pequena o suficiente para compreendermos o nome dado ao estabelecimento. Fica em um dos trechos mais arborizados e serenos do agitado bairro da Vila Ema. É bem escondidinho, como um tesouro bem guardado.

La facciata

Chegamos às 19h30 e já havia bastante gente por lá. Fizemos reserva, que não chega a ser imprescindível, mas é recomendável. No decorrer da noite o lugar ficou bem cheio. A fachada é bem discreta, assim como a decoração no interior. Mesas e cadeiras de madeira, estas últimas estofadas, proporcionando um bom conforto. Chama a atenção o enorme espelho em uma das paredes, dando uma sensação de profundidade. Para dar um ar rústico, a parede tem "falhas" para que os tijolinhos laranjas fiquem à vista. A cozinha fica atrás de uma parede envidraçada, então é possível aos curiosos observar a movimentação lá dentro. Não gostamos muito da aparência física do cardápio, que carecia de um pouquinho mais de charme e beleza. Era mais condizente com uma cantina, e não com alta gastronomia, como era o caso. Há também um certo problema em relação aos banheiros do restaurante. O espaço é exíguo e limitado a uma pessoa por gênero, e o lavatório é de uso comum, e bastante apertado.  

Chris e o espelhão

Fê e os tijolinhos à vista

Para iniciar os trabalhos, pedimos de entrada o carciofi toscana (R$ 34). Não sabe o que é? Explico. Alcachofra italiana, cogumelos frescos e crosta especial gratinada. A tal crosta especial parecia feita de pão de fôrma torrado, bem crocante. Seja lá do que fosse, estava tudo uma delícia. Acho que "matamos" tudo em uns cinco minutos, porque não conseguíamos parar de comer. Tudo era saboroso, mesmo quando experimentado em separado, coisa que fizemos com todos os ingredientes. Além de sabor, muita textura. Se dá para colocar um porém, é o fato de ser muito grande para uma entrada. Mas não nos fizemos de rogado e acabamos com tudo.

Il antipasto

Depois da maravilhosa entrada, já ficamos ressabiados. Já aconteceu algumas vezes a "maldição" da entrada, quando nos refestelamos com ela, e o prato principal fez "fóin fóin fóin fóin". Mas o prenúncio era bom: apenas oito opções de pratos principais. Gosto disso, significa que a cozinha não tenta abraçar o mundo, e se foca no que sabe fazer. Aliás, com bebidas, entradas, principais e sobremesa, todo o cardápio do restaurante se resume a uma página! Ah, se todos fossem assim. Há também uma lousa, dessas mesmo de escola, onde há algumas opções extras de pratos principais, provavelmente cambiáveis de acordo com o dia, onde os chefs se permitem alguns testes. Havia um gnocchi, por exemplo, que segundo o chef Adolfo Pierantoni tinha sido testado na noite anterior pela primeira vez, pelos próprio funcionários.

Agora é só mangiare

Chris escolheu uma das opções fixas do cardápio, o riso venere di mare (risoto de arroz negro com frutos do mar grelhados, R$ 94). Os frutos do mar eram lula, polvo, camarão e robalo, mas Chris pediu para tirar os dois primeiros, que não são de seu agrado. Seu pedido foi gentilmente aceito pelo chef, que para compensar caprichou nos camarões. Mas desconfio que se viesse só o arroz ela já ficaria satisfeita. Assim como na entrada, todos os itens estavam muito saborosos, de comer gemendo desde a primeira garfada (sim, ela fez isso!). Apresentação bem convencional, mas quantidades perfeitas, com os frutos do mar e o arroz "terminando" ao mesmo tempo. Eu sou famoso na família por ser o "encontrador" de espinhas, e não foi diferente mesmo em um restaurante tão chique. Chris me deu uma garfada, e claro que eu achei uma maledeta e pequenina, o que certamente não é o esperado, tampouco o desejado. Mas podemos dizer que eu salvei a Chris, e a experiência dela se manteve próxima à perfeição.

Nada de moluscos para a Chris, só crustáceos e peixe

Eu escolhi uma opção da lousa, estudioso que sou. Foi o cordeiro com cogumelos e risoto de açafrão (R$ 87). Já tinha comido risoto de açafrão em nossa visita ao Confraria do Sabor, em Campos do Jordão. Mas a impressão é que era a primeira vez que eu comia um risoto de açafrão, com todo o respeito ao Confraria - onde coincidentemente a combinação também era com cordeiro. Aqui no Il Vicoletto, muito sabor, além do cozimento perfeito do arroz. A carne de cordeiro também estava ótima em consistência e gosto, combinando muito bem com o risoto. Uma pena que a proporção não era perfeita, e o risoto acabou "sobrando" no prato depois de terminado o cordeiro. Mas as aspas no "sobrando" são merecidas, porque eu comi o risoto todinho, mesmo sem cordeiro para acompanhar. Uma delícia. Meu final de refeição foi até engraçado, porque a Chris tinha deixado um cadinho da comida dela no prato, e eu comecei a misturar os restos dela com os meus, ficando tudo uma zona. Mas uma zona das boas.

Tem um tomatinho querendo fugir

Se para os pratos principais as opções são enxutas, para as sobremesas o conceito é radicalizado: apenas três opções. São elas creme brulée, pannacotta e torre il vicoletto (bolachas crocantes de amêndoas com mousses de chocolate branco e amargo). Duas tradicionais (uma francesa e uma italiana) e uma mais inventiva. Fomos na tradição italiana e escolhemos a pannacotta Il Vicoletto (R$ 26). O cardápio acrescenta "com calda do dia" à descrição do prato. No nosso dia era calda de maracujá com frutas vermelhas. Embora a pannacotta estivesse muito melhor do que a outra que experimentamos lá no Barba Negra em Florianópolis, a calda acabou sobressaindo em demasia. Maracujá é sempre um problema sério para se trabalhar, por ser forte demais. Mas certamente não foi uma experiência desagradável. E serviu para descobrirmos a consistência perfeita de uma pannacotta, que não é a mesma de uma gelatina. É mais firme, e consegue ser macia sem derreter na boca ao primeiro toque.

Não era ruim, mas não acompanhou a excelência 

O restaurante tem uma carta de vinhos, que acabamos nem abrindo, porque resolvemos tomar cerveja mesmo. E foi apenas questão de gosto, não de economia, como será provado. A casa trabalha com a Cervejaria Dortmund, com sede na cidade de Serra Negra (SP). Combinando com a "enxutez" do resto do cardápio, há apenas três opções de estilos: IPA (que no dia de nossa visita estava substituída por uma red ale), pilsen e witbier. Acompanhamos a entrada com a pilsen Pils (R$ 28) e os pratos principais com a witbier Schloss (R$ 26). Ambas muito bem feitas e muito saborosas, com destaque para a deliciosa witbier.

O serviço é conduzido com propriedade (literalmente!) pelo sócio e chef Adolfo Pierantoni. Ele vem à mesa, fala alto e gesticula como bom italiano, e dá um ar genuíno à experiência. Por vezes pode ser que você esteja querendo conversar tranquilamente, e ele estará falando alto ao seu lado. Mas faz parte da imersão italiana. O garçom que nos atendeu também entedia tudo do cardápio, dando informações com segurança e se mostrando presente mesmo com o restaurante bem cheio. Tivemos problema com a entrada, que nos pareceu ter demorado mais do que deveria. E também com a retirada das louças e talheres da mesma entrada, quando saímos para a Chris fumar, voltamos, ainda fomos ao banheiro, voltamos à mesa, e eles permaneciam lá.

Ao final, tudo se resume ao sabor. Nos importamos com estéticas e belezas, com serviços e simpatias, com banheiros e milongas, mas o mais importante é o sabor. E o Il Vicoletto tem sabor de sobra. Ainda mais importante: tudo no Il Vicoletto é muito bem temperado, mas as individualidades de cada ingrediente não se perdem. Sabemos que estamos diante de uma alcachofra bem temperada, de um cordeiro bem temperado, de um arroz bem temperado. Isso é raro de se encontrar, esta perfeita harmonia entre um bom tempero e o gosto de cada elemento.

Por tudo isso, eu e Chris concordamos enfaticamente que voltaríamos ao Il Vicoletto. Eu cheguei até a sugerir que fôssemos uma vez por mês, até esgotarmos todos os pratos principais, e aí começarmos a repetí-los. Mas não temos cacife para tanto. Por enquanto nos contentamos com a memória de uma noite maravilhosa, e com a promessa de voltarmos assim que possível.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7,5
Serviço(2): 7 e 8
Entrada(2): 9 e 9
Prato principal(3): 9 e 9
Sobremesa(2): 7 e 7
Custo-benefício(1): 7,5 e 7,5
Média: 7,87 e 8,12
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua Ipiranga, 143 - Vila Ema - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3913-1408
Facebook: https://www.facebook.com/IlVicolettoBrasil/?fref=ts






terça-feira, 3 de novembro de 2015

Chinese House (São José dos Campos - SP) - 29/10/2015

Lig Lig e China in Box. Estas eram minhas duas referências em culinária chinesa. Para quem não sabe, são duas redes especializadas em comida chinesa para entrega em casa, presentes em quase todo o Brasil. Dias atrás, caminhando com a Chris perto do apê dela, passamos por este belo restaurante, chamado Chinese House, com dois leões de bronze tomando conta de sua entrada. Nada como caminhar para encontrar coisas que não vemos quando passamos correndo dentro de nossas máquinas motorizadas. Na hora já falei para ela que poderíamos visitar o restaurante em breve, nem que fosse só para tirar uma foto com os leões. E foi o que fizemos. Mas é claro que não ficamos só na fotografia.

Chris e os leões protegendo a entrada

Do lado de dentro a decoração também remete à China, a começar pela enorme estátua de Buda nos fundos. Chamam atenção também as belas luminárias (porra, não tiramos foto delas!) e alguns quadros com pinturas chinesas. Até mesmo os pratos e travessas tem desenhos bonitinhos retratanto um sábio chinês rodeado por uma corça, uma criança e uma mulher. Já as toalhas de mesa pareciam mais uma homenagem ao Fluminense, como bem lembrou a Chris.

O careca e o cabeludo, quem é mais barrigudo?

Toalha do Flu

Pedimos uma cerveja Original (R$ 10,00) e rapidamente escolhemos uma entrada. Não havia muitas opções. Entre os já conhecidos rolinhos primavera, pepino azedo à moda chinesa e outros quetais não muito apetitosos, ficamos com os Wang Tung fritos (R$ 30,00, doze unidades). São pastéis de carne suína, bem parecidos com os guiozá japoneses. Estavam saborosos e crocantes, embora um pouco molhados de óleo. Mas acompanharam muito bem nossa cervejinha.

Wang tung mung chung lung

Já para os de pratos principais, a situação é totalmente oposta. O cardápio lista dezenas de opções. Sem eufemismos: o cardápio é uma zona. A começar pela decisão de colocar, nas páginas da esquerda, a descrição do prato em português e inglês (sem preço), e nas páginas da direita a descrição em chinês com o preço. Então para saber o valor de algum prato o cliente tem que olhar o número do prato no lado esquerdo e então procurar este número no lado direito. A não ser que ele saiba ler chinês. Complicado. Ademais, como já dito, são muitas opções, praticamente uma para cada habitante da China. Outro detalhe: para saber se um prato está disponível ou não, é necessário ver se há o preço especificado. Se não tiver o preço é porque não tem o prato. Então você olha do lado esquerdo, acha a descrição legal, aí vai lá pro lado direito e descobre que, como diz o comercial, certas coisas não tem preço. E não estão disponíveis! Chato.

Com a ajuda do garçom, acabamos escolhendo o peixe com legumes (R$ 41,00) e o risoto de camarão (R$ 21,00). Essa combinação serve fartamente duas pessoas. Os tais legumes que acompanham o peixe são: brócolis, couve-flor, pimentão, cebola, cenoura e broto de bambu. O risoto é na verdade o arroz chop suey acrescido de alguns camarões médios. Nada muito saboroso. Para dizer a verdade, faltou uma boa dose de tempero, tanto no arroz quanto no peixe com legumes. É certo que à mesa havia molho shoyu e sal, mas achamos que a comida já poderia vir mais temperada. Chris se ressentiu mais do que eu dessa falta de sabor.

Prontos pro crime

Um close do rango

Na hora das sobremesas mais uma vez o menu é bastante enxuto. Apenas algumas opções de frutas caramelizadas, e coisas parecidas. Acabamos escolhendo abacaxis e maçãs caramelizados (R$ 20,00). Vieram dois pedaços de cada fruta, bonitos, brilhantes e crocantes. O sabor das frutas acaba sumindo um pouco no meio de tanto açúcar, mal dá para saber qual é uma e qual é outra. Mas até que estava razoável, embora pouquíssimo inventivo.

Bonitos, brilhantes, crocantes e...bonzinhos

Durante boa parte de nossa refeição tivemos o restaurante só para nós. Ainda assim demorou um certo tempo para um dos dois garçons perceberem que estávamos com alguma dificuldade com o cardápio. Afora este pequeno deslize, fomos muito bem atendidos, com simpatia, alguma graça e bastante conhecimento sobre as opções da casa. O tempo de espera também foi apropriado entre os pratos, não deixando grandes intervalos e nem servindo tudo muito rapidamente.

Chris ficou bastante incomodada com a falta de "graça" na comida, e disse que não faria uma segunda visita ao Chinese House. Eu, embora também tenha tido minhas restrições, achei que a relação custo-benefício faria valer a pena outra refeição por ali.

Lig Lig, China in Box e Chinese House. Agora são três nossas referências em culinária chinesa. Mas ainda falta muito para ela nos conquistar de vez.


AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7,5
Serviço(2): 8 e 7,5
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 5 e 6
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 7
Média: 6,41 e 6,58
Voltaria?: Não e sim


Serviço:
Avenida São João, 171 - Jardim Esplanada II - São José dos Campos - SP
Telefone: (12)3921-8532
Facebook: https://www.facebook.com/RestauranteChineseHouse/?ref=ts&fref=ts





quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Trutas Mariser (Distrito de São Francisco Xavier - SP) - 12/10/2015


O nome não é bom. Não sei nem direito como pronunciar, se com som de "s" ou com som de "z". Mas acabamos escolhendo o Trutas Mariser para almoçar em nosso passeio "bate-e-volta" a São Francisco Xavier, o belo distrito de São José dos Campos, na última segunda-feira, feriado nacional. A escolha não se deu apenas por ele ficar bem na praça central do distrito, mas principalmente pelo belo deck com vista para as montanhas que o restaurante oferece a seus sortudos clientes. A fachada é bem simples, como pode ser visto na foto acima.

Belo visual

Nos instalamos no deck, que conta com cerca de dez mesas. Há muitos vasos com plantas, que fazem uma bela harmonia com a vista da região. Os móveis são simples, de madeira, e a decoração também não é sofisticada, o que combina bem com a proposta da casa. É tudo muito agradável e sem frescura. Para coroar o clime de interior, fomos visitados por uma galinha, que ciscou bastante por entre as mesas até ser enxotada por Dona Marina, cozinheira e dona do restaurante.

Galo e galinha

Depois de alguma demora nos foi trazido o cardápio, que conta com pouquíssimas opções de entrada. No meio das óbvias porções de batata frita e de queijo, claro que ficamos com a truta defumada cortada em lascas, com azeite, molho de ervas, castanha de caju e sal (R$ 18,00). Apresentação razoável, em uma travessa em formato de peixe, com alguns pedaços de torrada ao lado. Sabor bem agradável, com tempero suave, o que para a Chris não é elogio. Mas ela gostou tanto quanto eu. Valorizou bastante o sabor da truta defumada. Pena termos encontrado algumas espinhas, o que se mostraria recorrente durante o restante da refeição. Harmonizamos com duas cervejas Black Princess Gold de 600ml (R$ 12,00 cada).

Trutinha defumada e cervejinha gelada

Para o prato principal o menu apresenta doze opções de receitas com trutas, além de algumas receitas sazonais (também com trutas), que infelizmente não estavam disponíveis. Ou seja, o lugar faz jus a seu nome, e decidiu se especializar no famoso peixe ao invés de ficar tentando abraçar o mundo. Todas as opções vem acompanhadas de salada exótica (é assim que está no cardápio) e arroz branco, servem uma pessoa e custam em média R$ 43.

Fizemos nossos pedidos, e a tal salada exótica chegou primeiro. Consiste-se em alface, couve, cenoura, beterraba, batata, abobrinha, morango, manga, ameixa e uva. Parece uma zona, né? Detalhe interessante: a salada já vem temperada. Gosto da idéia, afinal vou a um restaurante para me submeter às idéias de outro cozinheiro, caso contrário ficaria em casa. Mas acho que poderia ser diponibilizado ao menos sal, azeite e vinagre à parte, para aqueles que quiserem acertar o tempero. Apesar disso, e da miscelânea de ingredientes, a salada estava bem gostosa, com tempero suave, o que parece ser uma marca do lugar.

A exótica

A escolha da Chris foi a truta à la mulata, flambada na cachaça e servida com lascas de abóbora cabotiã, brócolis, castanha de caju e flores de tomate regados com uma calda de caramelo com cravo da Índia (R$ 43,00). Ufa, bastante coisa. Mas no paladar não ficou tão confuso, embora a apresentação não seja grandes coisas. Chris adorou as abóboras, e elogiou de forma geral a combinação de sabores. A truta estava bem temperada, embora muitas espinhas tenham surgido. A calda de caramelo, que deixou Chris com medo de adoçar demais o prato, na verdade não teve este efeito, e harmonizou bem com a truta.

À la mulata

Minha opção foi a truta tropical, servida com fibra de bananeira, azeite, ervas finas, uva passa, pimenta doce e shitake (R$ 43,00). Curioso - e descobri isso apenas vendo a foto do cardápio agora - que a "tradução" em inglês para este prato, escrita no cardápio, é truta Eleanor Rigby. Para quem não sabe é o nome de uma música dos Beatles, minha banda preferida. Vai saber o motivo da homenagem. Fato é que, na minha primeira garfada, senti uma festa na minha boca, e isto me alegrou mais do que a canção, que aliás não é das mais animadas. Muita harmonia nos sabores, embora, mais uma vez, a apresentação não tenha sido muito bonita. Vieram até uns moranguinhos que não constavam na descrição do prato, mas também caíram bem. As espinhas é que não caíram assim tão bem.

Eleanor Rigby


Trout "Eleanor Rigby"

Para a sobremesa, as opções são mínimas. Acabamos escolhendo a pera em calda com gengibre (R$ 4,00), que era o que de mais diferente havia no cardápio. Não era ruim, mas simples demais e pouco elaborada para chamar a atenção.

Perinha comunzinha

Conforme já dito anteriormente, o serviço demorou um pouco em alguns momentos. Havia apenas um garçom, que tinha que atender às três mesas que estavam ocupadas, e ainda finalizar os pratos, coisa que o vi fazendo em uma das vezes em que saímos para a Chris fumar. Dona Marina apareceu no salão em algumas ocasiões, e se mostrou bastante simpática e divertida, inclusive na hora de enxotar a galinha. Ela também pediu desculpas quando viu a quantidade de espinhas separadas ao lado de nossos pratos, dizendo "a cegueta aqui não viu as espinhas". O garçom citado não parecia estar de muito bom humor, embora tenha sido protocolarmente educado na maior parte do tempo.

Penso agora que o estranho nome do restaurante talvez tenha a ver com o nome de sua dona, Marina, que pode ser casada com um Sérgio, ou coisa assim. Nome à parte, o ambiente despojado e com bela vista, a comida bem temperada (embora com apresentação pobre) e uma boa relação custo-benefício, me fizeram concluir que eu voltaria ao restaurante em outra oportunidade. Já a Chris achou que não tem mais nada ali que ela gostaria de experimentar, e por isso concluiu que não voltaria. Mas acho que ela também concorda que nossa experiência, de maneira geral, foi bastante agradável. Com espinha e tudo.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 7,5
Serviço(2): 7 e 6,5
Entrada(2): 7 e 7
Prato principal(3): 8 e 8
Sobremesa(2): 4 e 5
Custo-benefício(1): 7 e 7,5
Média: 6,91 e 6,95
Voltaria?: Não e sim



Serviço:
Rua Ezequiel Alves Graciano, 16 - Centro - Distrito de São Francisco xavier - SP
Telefone: (12) 39261422 - (12) 8132-9710
Facebook: https://www.facebook.com/resttrutasmariser









quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Confraria do Sabor (Campos do Jordão - SP) - 22/08/2015

"Se fosse para me indicar um restaurante em Campos do Jordão, sem ser o seu, qual você indicaria?". Foi isso que perguntei ao Jorge, proprietário do Libertango, quando saíamos de seu restaurante. Ele respondeu sem pestanejar: "Confraria do sabor". Eu já tinha uma boa referência do lugar por conta dos relatos de minha mãe, que já havia estado ali. De modo que fizemos nossa reserva para o sábado à noite, e lá chegamos às oito em ponto.

Chegando às oito em ponto

Do lado de fora o lugar se assemelha a uma residência, com paredes pintadas de amarelo, algumas árvores e um portão. Por dentro, não é que o lugar seja desagradável. Longe disso. Mas o ambiente não tem nenhum charme especial. Há uma lareira, ao lado da qual fomos instalados em uma mesinha redonda, e grandes espelhos nas paredes. Meia luz, mesas de diversos tamanhos, e uma boa distância entre elas, proporcionando privacidade. Tivemos um problema que atrapalhou um pouco nossa apreciação do ambiente: uma confraternização de alguma empresa, com direito a discurso em pé e tudo. Sorte que não tinha microfone. Mas as palmas rolaram, especialmente quando o chefe falou. Em seu discurso, me lembro bem, constavam as expressões "vai vim" e "nova novidade". Atrapalhou um pouco, mas não podemos dizer que é culpa do restaurante.

Chris lê o cardápio antes da galerinha da "nova novidade" chegar

Para a entrada escolhemos o souflet de alcachofra (R$ 34,10). Pedimos um para dividir, e gostei do fato de eles terem trazido em duas porções separadas. Até fiquei com medo de cobrarem duas no final, mas isto não aconteceu. Pena que o cuidado ao servir não se refletiu na qualidade do prato. Em primeiro lugar, elas não estavam padronizadas. A da Chris estava mais "cheinha" e tostadinha por cima, e a minha veio mais murcha e branquela. Ambas grudaram um pouco na forminha. A alcachofra, como bem disse a Chris, ficou passeando por Campos do Jordão, porque seu sabor não foi muito sentido. O souflet até estava saboroso, mas o gosto do queijo prevalecia. Quanto ao molho shoyu, que acompanhava o prato, não era diferente daqueles que compramos em qualquer mercado.

Muchiba

Há cerca de quinze opções de pratos principais, e ficamos com vontade de pedir quase todos eles. Isso é um excelente sinal. A descrição dos pratos era apetitosa e criativa, como por exemplo a costeleta suína com risoto de damasco e gorgonzola e molho de mel (R$ 74,60) ou o filé mignon grelhado com lâmina de foie gras, vinho Marsala, risoto de cogumelo Paris e cebolinha grelhada (R$ 97,10). Este último quase foi pedido pela Chris, que acabou fazendo sorteio para decidir qual prato pediria.

Prontinhos pro cime

Sorteio efetuado, Chris pediu a truta em vinho chardonnay, nhoque de mandioquinha na manteiga com folha de mostarda e molho de gengibre (R$ 72,80). Apresentação bem simples, com o nhoque meio amontoado ao lado do peixe. Ela deu a primeira garfada na truta e achou boa. Depois experimentou o nhoque. Acho que antes mesmo de fazer qualquer comentário ela me ofereceu um pouco deste último. Dizer que não tinha gosto seria mentira, porque tinha sim: era gosto de mandioquinha com farinha. Faltou uma boa dose de sal, e mais capricho no tempero de um modo geral. Comentamos depois que quem precisava brilhar ali era mesmo o nhoque, porque é difícil errar numa truta. Infelizmente o nhoque não brilhou e o peixe ficou sozinho pra carregar o prato. Um mano da quebrada diria "firmeza, truta!".

Faltou. Ah, faltou. Faltou mesmo.

Depois de muito pensar no que pedir, acabei escolhendo o ossobuco de cordeiro no seu molho, com risoto de açafrão, cebola caramelada e anchova (R$ 75,50). Você não leu errado, e eu não escrevi errado: anchova junto com cordeiro. Foi justamente esta ousadia que acabou me fazendo escolher este prato. Nunca tinha visto a combinação em cardápio nenhum. Por anchova entenda-se aliche, aquele peixe que normalmente é feito na salmoura, muito utilizado para pizzas. A apresentação veio bacana, com o ossobuco por sobre o risoto e o molho por baixo. Demorei para encontrar o pedacinho de anchova em cima do cordeiro. O garçom sugeriu que eu comesse os dois juntos para harmonizar. Experimentei, mas achei que não fez muito sentido. Chris achou o mesmo. Comentei com ela que se eles confiassem mesmo na combinação teriam colocado pelo menos dois filezinhos. O pedacinho que veio só deu pra duas garfadas, uma pra mim outra pra Chris. Mas o sabor geral estava bom, e a carne do cordeiro estava soltando do osso, e bastante macia.

Bem mais bonito e gostoso que o da Chris

Na hora de adoçar a boca, o problema de sempre. Quase nunca os restaurantes investem em opções criativas para esta parte do cardápio. Basta notar que aqui no blog é este momento que normalmente derruba a média dos restaurantes. Como aqui a média já não estava muito alta, este risco foi minimizado. No meio dos indefectíveis petit gateau, sorvete e frutas da estação, resolvemos pedir a tarte Tartin de maçã com sorvete de gengibre (R$ 18,80). Tarte Tartin é uma torta famosa na França, criada pelas irmãs Tartin. Dizem que nasceu de um erro, quando uma das irmãs colocou as maçãs no forno sem a massa, e acabou acrescentado-a depois que as maçãs já estavam caramelizadas, invertendo o ritual normal de um torta. Ou seja, é uma torta ao contrário, mas que tem as frutas e a massa em união umbilical. Não era o caso da nossa, que era uma cestinha de massa folhada com as maças caramelizadas dentro. Mas a massa estava leve e crocante, e as maçãs saborosas.

Cestinha de massa folhada com maça caramelizada e sorvete. Este é o nome.

Não há muito o que dizer sobre o serviço. Esteve correto o tempo todo, mas não encantou em momento algum. Um homem, que parecia ser o dono ou gerente, vinha a toda hora perguntar se estava tudo bem (tá, "toda hora" quer dizer umas três vezes), e eu não vejo muito sentido nisso. É o mesmo que cumprimentar alguém na rua, perguntar se está tudo bem e querer que a pessoa seja sincera: "Olha, pra falar a verdade não tá tudo bem não, minha vó tá com a unha encravada, meu gato tá soltando pelo e minha esposa tá de chico". O tempo de espera entre os pratos foi perfeito, e a prontidão para perceber que queríamos algo também foi de se elogiar.

Infelizmente tivemos problemas com a entrada, e o prato principal não agradou totalmente a nenhum dos dois. Foi uma pena, porque ficamos apaixonados pelas sugestões apresentadas no cardápio, conforme já explanei. Por conta dos defeitos encontrados, nós dois concordamos que não voltaríamos ao Confraria do Sabor. A relação custo-benefício também acabou destruída pelas inconsistências nos pratos, já que os preços não são dos mais baratos. Lembrando da reunião da empresa que tivemos que presenciar, eu diria: menos confraria e mais sabor, por favor!


AAVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 5 e 5
Prato principal(3): 5 e 7
Sobremesa(2): 6 e 6,5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,41 e 6,33
Voltaria?: Não e não



Serviço:
Avenida Doutor Vitor Godinho, 191 - Vila Capivari - Campos do Jordão - SP
Telefone: (12) 3663-6550
Site: http://www.confrariadosabor.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/AmicciDalVino/info






quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Libertango (Campos do Jordão - SP) - 21/08/2015

A escolha não foi por acaso. O Libertango é um dos três únicos restaurantes de Campos do Jordão agraciados com uma estrela no Guia 4 Rodas 2015. Embora não sejamos escravos da publicação, sempre a levamos em conta na hora de escolher um restaurante na cidade que estamos visitando. A especialidade do Libertango é comida argentina, e isto já toca um sininho na mente: carne, carne, carne! Numa sexta-feira agradável (para mim e não para a Chris) na serra paulista, com termômetros em torno de 11 graus, chegamos ao local às 20h20, vinte minutos atrasados em relação à nossa reserva, mas ainda a tempo de fazermos uso dela.

Ói nóis aí antes de entrar no restô

Do lado de fora o Libertango acompanha o charme de onde está instalado, a Vila Capivari, epicentro da badalação em Campos do Jordão. Sua fachada tem flores nas janelas, e é toda pintada de azul e vermelho. No logotipo do restaurante temos, claro, um casal dançando tango. Lá dentro, ambiente acanhado e fervilhante. Quase todas as mesas estavam ocupadas. Ainda assim há uma distância razoável entre elas, dentro do que é possível. Nas paredes, muitos quadros remetendo à Argentina, e alguns orgulhosos certificados de cozinha acima da média do Guia 4 Rodas. Cortinas e teto vermelhos dão "quentura" à decoração, contrastando com o frio jordanense. Para nossa sorte, fomos instalados em uma mesa bem ao lado da parrilla, a grelha em que os argentinos fazem o seu churrasco. Assim pudemos acompanhar toda a habilidade dos parrilleros em administrar tantas carnes ao mesmo tempo, tendo que saber exatamente quando tirá-las para que o ponto esteja do jeito que o cliente pediu. Nem sempre é possível, como restou provado ao longo da noite.

Um pouquinho do fervilhante e quente interior

Entre as opções de entrada, muitas delas envolvem a linguiça argentina. Pedimos o chorizo Piazzola (linguiça argentina com calda de vinho e maçã verde, R$ 19,90), que faz homenagem ao compositor argentino Astor Piazzola. A apresentação não é das mais lindas do mundo, trazendo dois pedaços de linguiça semi mergulhados na calda de vinho, com alguns pedaços de maçã, e ao lado uma cesta com pães e grissinis. As linguiças eram um pouco resistentes ao corte, mas deliciosas. As maçãs fizeram um bom contraste. Já a calda de vinho foi o ponto alto do prato. Chris não conseguia parar de passar o pão no pratinho, mesmo depois que a linguiça já tinha terminado. Pediu até a receita para o garçom que, gentilmente, negou. Gostou tanto que exigiu que a calda permanecesse na mesa mesmo depois que o prato principal já tinha chegado. Por vezes já reclamamos de restaurantes cujos garçons não retiram da mesa os utensílios depois de utilizados, mas neste caso o pedido, ou ultimato, para que isto acontecesse, foi nosso.

Olhando assim ninguém diz, mas tava uma delícia

Ao abrir-se o colorido cardápio, tem-se ao centro, em destaque, o carro-chefe da casa: as carnes de novillo, assim em castelhano mesmo (aliás, todo o cardápio é trilíngue, escrito primeiramente em castelhano e depois traduzido para português e inglês). São seis os tipos de carne listados: bife de chorizo (corte alto de contrafilé), ojo de bife (entrecôte), vacio (fraldinha), tapa de cuadril (picanha), corazon de cuadril (alcatra) e asado de tira (costela). Dentre estas seis opções há duas subopções, hombre e mujer, que são diferentes em tamanho (400g e 300g respectivamente) e, obviamente, em preço. Estes variam entre R$ 69,90 e R$ 85,90. Há também explicações sobre os pontos de carne possíveis, facilitando a vida de quem é leigo no assunto. Uma vez escolhida a carne há várias opções de acompanhamentos que o cliente pode optar, entre alguns tipos de arroz, batatas, purês, legumes, farofa, etc. Estes custam em média 25 reais. A casa sugere que se escolha ao menos dois para servir bem duas pessoas.

Para a escolha da carne tivemos a ajuda do garçom e também de Jorge, que estava comandando as parrillas, e depois descobrimos ser o dono do restaurante. Chris queria uma carne sem gordura e malpassada. Lhe foi sugerido o corazon de cuadril (R$ 69,90, na versão mujer). Eu ouvi de Jorge a frase "por favor, peça o ojo de bife", e não resisti ao seu apelo (R$ 85,90, na versão hombre). Curiosamente, percebo agora que Chris escolheu a carne mais barata da casa, e eu a mais cara. Sou mesmo um perdulário. Para acompanhamento, pedimos o pure de zapallo con gorgonzola (purê de abóbora com gorgonzola, R$ 30,90) e a farofa (R$ 15,90).

Pouco antes das carnes chegarem à mesa, uma surpresa: seis antepastos para acompanhar a refeição. São eles: pimentão sem pele, salsa creole (uma espécie de vinagrete picante), molho barbecue defumado, patê de gorgonzola, chutney de morango e mirtilo e chutney de manga com gengibre. À exceção do pimentão, um pouco sem tempero, todos os outros estavam muito bons, e acompanharam muito bem a refeição. A idéia de não citar este "mimo" no cardápio é genial, porque ficamos agradavelmente surpreendidos. O purê de abóbora com gorgonzola estava delicioso. Bem cremoso, e com sabor equilibrado, o que é complicado em se tratando de um queijo tão forte. A farofa também estava boa, mais pra úmida do que pra crocante, mas com um bom sabor.

Nossa mesa e os parrilleros trabalhando ao fundo


O garçom trouxe a carne da Chris, e imediatamente ela ouviu de Jorge, que comandava a parrilla: "Se sua carne passou um pouquinho, por favor me diga, que eu refaço com o maior carinho". De fato a carne havia passado um pouco do ponto desejado, que era o malpassado. É sempre complicada essa opção de refazer o pedido, até porque meu prato já estava ali, e isto acarretaria em comermos em momentos separados. Por conta disso Chris optou por comer a carne daquele jeito mesmo. Mas faltou um pouco do sangue que ela tanto gosta. Jorge confessou, em conversa que tivemos depois da refeição, que é difícil imaginar que uma mulher queira a carne sangrando. Ele disse, talvez exagerando um pouco, que em cada mil mulheres apenas uma gosta de carne malpassada. Ainda assim, Chris achou o tempero muito bom (é usado apenas sal), e adorou os acompanhamentos, ficando especialmente impressionada com o purê.

"Má...má...má, quidê o sangue?"

Já a minha carne estava excepcional. O corte ojo de bife é bastante comum na Argentina, mas quase desconhecido no Brasil. É muito macio, e tem uma gordurinha deliciosa no meio da peça. Pedi ao ponto, e ele veio correto. Também gostei muito de todos os acompanhamentos, e foi uma delícia ficar brincando de comer um pedaço de carne com cada um dos antepastos, e também com o purê e a farofa. Também experimentei com o molho da entrada, que a Chris insistiu que ficasse na mesa, e deu muito certo. Tanto no meu caso quanto no da Chris, a altura do bife, sua maciez e tamanho são os grandes diferenciais em relação às carnes que comemos no dia a dia. Tanto que a primeira coisa que disse para minha mãe quando lhe contava sobre a experiência foi algo como "mãe, o que a gente come não é carne, aquilo sim é carne!". Nem preciso dizer mais nada: é a primeira nota dez em prato principal desde que começamos o blog. Simplesmente não encontrei do que falar mal.

Se olhar bem a foto capaz de dar pra sentir o gosto...

Para as sobremesas, há os clássicos alfajores argentinos, e mais uma meia dúzia de opções. Um dos garçons, empolgadíssimo, praticamente nos obrigou a pedir a panqueque de dulce de leche (R$ 24,90), que ele achava a melhor da casa. Aceitamos a sugestão. Embora o nome em castelhano seja panqueque, na verdade é uma massa de crepe recheada com doce de leite argentino, com uma bola de sorvete de creme ao lado. Um prato pouco elaborado, na verdade. A massa, quando comida em separado, carecia de um pouco mais de sabor. Mas a mistura era gostosa, embora não fosse de gemer.

Los borrachos e la panqueque

Harmonizamos nossa refeição com três cervejas da marca Campos do Jordão que, descobrimos depois, tem esse nome mas não é fabricada na cidade. Começamos com uma lager (R$ 23,90), depois tomamos uma weizenbock (R$ 24,90) e por fim uma ale feita com pinhão (R$ 24,90), embora o gosto deste não tenha ficado muito evidente na receita. O restaurante também conta com uma carta de cervejas importadas e uma de vinhos.

O serviço foi um caso à parte. É normal em restaurantes você ter alguns funcionários dedicados, prestativos e simpáticos e outros meio preguiçosos e desinteressados. Mas aqui todos que nos atenderam se mostraram atenciosos e, principalmente, conhecedores daquilo com que trabalham. Mesmo com o restaurante cheio, Viniciús, um dos garçons, dedicou um bom tempo a nos explicar o funcionamento do cardápio, e também em dar algumas sugestões, demonstrando saber do que estava falando. Espantados descobrimos depois que ele tinha apenas uma semana de casa. Também descobrimos posteriormente que o simpático rapaz que nos sugeriu a sobremesa tinha apenas dezessete anos. Pois trabalha melhor que muita gente grande por aí. Como também tivemos contato com o proprietário Jorge, pudemos notar que a dedicação e a preocupação com o cliente partem dele, e se irradiam por toda sua equipe. Não há bom time sem um bom capitão. Só no finalzinho da noite, quando precisávamos que as garrafas vazias que levaríamos (eu coleciono rótulos!) fossem embaladas é que o serviço demorou um pouquinho, e acabamos nos levantando com as garrafas na mão. Mas mesmo este vacilo foi compensado quando saíamos, já que o jovem garçom de dezessete anos nos viu saindo e prontamente providenciou uma embalagem.

Normalmente quando chega a hora de responder à pergunta sobre se eu voltaria ou não a um restaurante eu sempre penso se ficou alguma coisa no cardápio que eu gostaria de experimentar. Mas desta vez falei para a Chris que eu voltaria até mesmo para comer exatamente a mesma coisa que comi. Ela também disse que voltaria, mesmo que não tenham acertado o ponto de sua carne. Quem sabe numa próxima vez o sangue venha em quantidades mais generosas, do jeito que ela gosta. Como deu para perceber, não se trata de uma refeição barata, mas em nenhum momento a gente se sentiu enganado, por conta da qualidade da comida apresentada, do serviço e do ambiente.

Em nome da transparência, devo dizer que conversamos por cerca de uma hora com o proprietário Jorge, depois de já terminada nossa refeição, quando ele saboreava um charuto do lado de fora do restaurante. Acrescento que isto não mudou em nada nossa apreciação do lugar, em relação aos pontos positivos e negativos e às notas aí abaixo. No meio da conversa, Jorge disse, sem medo de soar hipócrita, que amava seus clientes. Ele explicou que tinha seis netos, e os clientes representavam o seu ganha pão. Nem precisava explicar tanto. O amor pode ser percebido na primeira garfada.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 8 e 8
Serviço(2): 9 e 9,5
Entrada(2): 9 e 8,5
Prato principal(3): 8 e 10
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 7 e 8,5
Média: 7,91 e 8,54
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Av.  José  Manoel  Gonçalves,  160 - Vila Capivari -  Campos do Jordão - SP
Telefone: (12) 3663-6218
Site: http://www.libertango.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/libertango.restaurante?fref=ts




domingo, 2 de agosto de 2015

Amicci (São José dos Campos - SP) - 28/07/2015

Embora o nome do restaurante seja apenas Amicci, este vem acompanhado, tanto no próprio restaurante como no site, do slogan "Dal vino al caffè", que em italiano significa "do vinho ao café". Não conhecia o lugar, e foi passeando a pé pela aprazível Avenida Anchieta, onde ele se localiza, que o avistei pela primeira vez. Era fim de tarde, e ele estava aberto, embora sem clientes. Seu cardápio estava exposto, e eu parei para dar uma olhadinha. Gostei do que li, e naquela mesmo noite eu e Chris o visitamos para um jantar.

A fachada, com a varandinha onde nos instalamos

Na parte interna há duas salas separadas. Uma delas estava abrigando um evento de degustação, e tinha uma daquelas mesas gigantes. Não sei se é sempre assim. No outro ambiente, cerca de sete mesas dispostas em um salão bem decorado, com um bar e uma estante com alguns produtos italianos à venda. Gostei da disposição das mesas, bem separadas umas das outras. Mas é claro que eu e Chris não resistimos a nos instalar na agradável varanda, com vista para o banhado. Mesas e cadeiras (não muito confortáveis) de madeira, cada uma com um pequeno toldo. Luz bem baixa, aliás baixa demais, prejudicando inclusive enxergar o que se está comendo. Também ficamos um pouco irritados porque, mesmo sendo totalmente ao ar livre, separado da cozinha, e com uma porta de vidro separando dos outros ambientes, não era permitido fumar ali. Aliás os restaurantes e bares andam muito chatos em relação ao cigarro - e é um não fumante falando -, mas enfim, isto é assunto para discussão em outro fórum.

Esta é a Chris e esta é a vista

O cardápio, como se pode antecipar pelo nome e slogan do lugar, é focado em cozinha italiana. Há algumas opções de entradas clássicas (como carpaccios), mas eu e Chris resolvemos apostar nas bruschettas. São 14 opções de sabores, com preços que começam em sete reais e vão até perto dos vinte.

Chris escolheu a Toscana (pão italiano, azeite, calabresa defumada, cebola confitada no vinho, azeitonas pretas e orégano, R$ 7,60), e não se deu muito bem. Achou a combinação muito seca, parecia que estava comendo um pão com linguiça sem molho nenhum. Ela gostou muito das cebolas confitadas no vinho, mas estas vieram em pouco quantidade.

Eu fui de San Gervasio (pão italiano, azeite, tomate fresco, berinjela e queijo gorgonzola, R$ 7,90), e me dei um pouco melhor. A minha estava bastante cremosa e saborosa. Mesmo o gorgonzola, que é um queijo bem forte, não roubou a cena como se poderia prever, deixando espaço também para a berinjela brilhar. O pão estava bem crocante.

Nós e as bruschettas

Para o prato principal, o cardápio é bem enxuto, o que é um bom sinal. Apesar de poucas opções, são todas bastante apetitosas e instigantes, ao menos no papel. Há massas, carnes, risotos, peixes e frutos do mar, quase sempre com uma pegada italiana. Os pratos são individuais, e ficam entre quarenta e oitenta reais.

Chris escolheu o medalhão de mignon ao molho de espinafre e gorgonzola com risoto malbec (R$ 56,00). O que mais a interessou na descrição foi o risoto malbec. Mal sabia ela que este seria o único item a se salvar no prato. A carne, que ela pediu mal passada, veio no ponto errado. As pontas estavam bem passadas, e o miolo estava cru. Até cogitamos em pedir a substituição, mas desistimos pensando no quanto iria demorar. Boa parte da carne acabou ficando no prato. Chris achou o creme de espinafre sem tempero. Mas adorou o risoto de vinho, que eu também tive a oportunidade de experimentar. De fato, muito interessante.

Podia ser só o risoto!

Eu não resisti ao pato - e isto não tem nada a ver com o atacante homônimo que joga no meu time. No caso aqui eu fui de magret de pato com chutney de frutas vermelhas, com risoto de alho-poró (R$ 64,90). Deixando uma coisa bem clara: não era um chutney. Era um molho, e dos mais ralos. No escuro não dava pra ver direito, mas quando tirei a foto com flash notei que meu prato parecia estar nadando em sangue. Na verdade era o suposto chutney. Dito isto, devo dizer que os sabores estavam bem equilibrados, e o pato estava quase todo no ponto certo. O risoto também estava bom, com a presença do alho-poró na medida certa.



O pato pateta

Embora o vinho esteja presente no slogan do restaurante, acabamos optando por tomar cerveja durante toda a refeição. Escolhemos uma marca joseense, chamada Three Lions. Tomamos uma session ale e uma red ale da marca, ambas por R$ 18. Cervejas muito boas, e que acompanharam bem nossos pratos.

Para as sobremesas o menu dispõe de sete opções, quase todas bem clássicas (papaya com creme de cassis, petit gateau, tiramisù), e todas custando entre quinze e vinte reais.

Chris tinha comido tiramisù apenas uma vez, e foi no Fasano Al Mare, no Rio de Janeiro. Naquela oportunidade ela tinha gostado muito da sobremesa, embora não tenha sentido muito a presença de café. Resolveu experimentar novamente o doce (R$ 18,50). Quando ele chegou - meu Deus! -  que coisa linda. De comer com os olhos, tinha até o desenho do garfo e da faca moldados no cacau em pó, no fundo do prato. Mas era uma torta gelada, basicamente. Sem gosto de café, e pior, sem graça nenhuma, parecia que ela estava comendo gelo.

Bonito e ordinário

Eu fugi do tradicional e escolhi o crepe de Nutella® com purê de banana da terra e sorvete de creme (R$ 15,90). Lindíssimo também. Temos que parabenizar o responsável pela estética das sobremesas, porque em poucos lugares as vi tão bonitas. Meu crepe não decepcionou tanto quanto o tiramisù da Chris. Estava bem interessante, embora eu tenha sentido falta de algum elemento mais líquido. Talvez porque o purê de banana da terra seja muito seco, e precise de algo para balancear esta secura. Havia apenas um pouco de calda de maracujá por cima dele e um pouco de calda de chocolate sobre o crepe.

Bonito e gostoso

O serviço tirou nota dez em simpatia. Mas pecou em alguns outros aspectos. Vamos a eles.

Quando eu disse que queria tomar uma cerveja, um deles me pediu que o acompanhasse até a adega, para que eu mesmo escolhesse. Gostei daquilo. Ele me mostrou a cerveja joseense Three Lions, nos estilos session ale e red ale. Eu perguntei se havia outros estilos, e ele disse que tinha a lager e a IPA, que não estavam ali expostas. Pedi uma lager, mas ele nos serviu a session ale. Só notei quando ele já tinha saído, e acabamos bebendo. Pouco depois, falei com outro garçom sobre o acontecido, e ele falou que não havia a lager daquela marca. Ainda em relação às cervejas, um dos garçons nos ofereceu uma com sabor de chocolate, da marca Baden Baden (da qual somos fãs, fabricada em Campos do Jordão) para acompanhar nossas sobremesas. Pois bem, aceitamos, e ele nos trouxe de fato uma cerveja de chocolate, mas da marca Insana, fabricada no Paraná. A impressão que deu, nos dois casos, é que o garçom achou melhor trazer qualquer coisa do que simplesmente dizer que tinha se enganado na informação prestada.

Outro problema grave foi a demora para retirada dos pratos sujos. Terminamos nossas bruschettas de entrada e saímos até a calçada para a Chris fumar. Ali ficamos por cerca de dez minutos. Voltamos e os pratos sujos permaneciam na mesa. Ainda ficamos conversando um bom tempo, o garçom veio buscar nossa garrafa de cerveja e trazer outra, e nada de tirá-los. Só quando chegaram os pratos principais é que eles, finalmente, perceberam que não daria para serví-los sem retirar os que já estavam lá. E eles se foram, depois de ficarem quase meia hora na mesa, vazios e solitários.

Quanto ao custo benefício, claro que ele depende, principalmente, da qualidade dos pratos. Como a Chris não deu muita sorte nesta noite, para ela esse quesito ficou bem aquém do desejado. Para mim, nem tanto. Achei os preços razoáveis. Como minhas escolhas em prato principal e sobremesa também foram mais felizes, eu cheguei a conclusão que voltaria ao Amicci, já que fiquei interessado em alguns dos outros pratos disponíveis. Chris, obviamente, não voltaria, já que não curte carne crua nem torta de gelo. Em uma noite de experiências tão contrastantes, valeu conhecer a cerveja feita em São José dos Campos, que nunca tínhamos tomado. Pelo menos neste aspecto eu e Chris concordamos.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 6 e 6
Entrada(2): 5 e 7
Prato principal(3): 6 e 8
Sobremesa(2): 2 e 7
Custo-benefício(1): 4 e 7
Média: 5,16 e 7,08
Voltaria?: Não e sim



Serviço:
Avenida Anchieta, 225 - Jardim Esplanada - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3923-9048
Site: http://www.amiccidalvino.com.br/index.html
Facebook: https://www.facebook.com/AmicciDalVino/info