sábado, 15 de dezembro de 2018

Osteria Itália (São José dos Campos - SP) - 04/12/2018



É escondidinha. É pequenina. Parece a casa de alguém. É tão discreta que já passei pela rua algumas vezes e nunca tinha prestado atenção. Assim devem ser as osterias, estabelecimentos comerciais tipicamente italianos, e assim é a Osteria Itália, que visitamos em uma quente noite de terça feira. Outra característica das osterias é que normalmente são tocadas por famílias. No cardápio da Osteria Itália esse componente "familiar" é destacado, citando o nome da cozinheira e do sommelier que atende o salão, que são marido e mulher. 

Um salto no tempo, escureceu, uma casa, uma Chris

A impressão caseira que se tem do lado de fora é replicada do lado de dentro. Ali a gente tem a certeza de realmente se tratar de uma casa antiga, pela disposição dos cômodos. As mesas com toalhas tricolores se espalham pelos ambientes, que são todos bem pequenos. Inclusive há um aviso logo na entrada da casa, dizendo que pelo tamanho da cozinha e do lugar não é possível atender grandes grupos de uma só vez. O ambiente é intimista, mais voltado para casais. Um dos cômodos é climatizado, e se eu passei calor a culpa é exclusivamente de minha consagrada companheira, que não levou blusa e não queria ficar no ar-condicionado. Nós dois achamos a parte de fora uma "graxinha", mas infelizmente só havia uma mesa, que já estava ocupada. 

A toalha é mais pro tricolor dela do que dele
Uma casinha em que é proibido fumar, se fosse a dela tinha é placa nenhuma


O cardápio tem três opções de entrada e pouco mais de dez opções de prato principal. Sem frescura, apenas pratos clássicos da cozinha italiana. Há massas de fabricação caseira e outras importadas da Itália, que aparecem em seções diferentes do menu. Há também as opções diárias da chamada cucina del mercato, que aproveita o que há de mais fresco naquele dia. Todos os pratos são individuais e custam por volta de R$ 40.

Para a entrada escolhemos uma das opções sazonais, o crostini com dois queijos, presunto de parma e aspargo (4 unidades, R$ 25). O crostini, para quem não sabe, é bem parecido com a famosa bruschetta, só que cortado mais fino e feito normalmente no pão ciabatta. Apesar de contar com ingredientes de personalidade, a receita estava bem equilibrada, e o pão estava crocante. Gostamos, embora não fosse nada de gemer.

Nóis num gemeu, mas nóis curtiu

Chris escolheu um prato principal do cardápio fixo. Foi de agnolotti del plin (recheado de carne desfiada e salteado na manteiga de sálvia, R$ 47). O agnolotti, pra quem nunca viu, é essa massa que tá na foto aí embaixo, tipo uma trouxinha recheada. Chris achou que a massa podia ser um pouco mais fina, mas o ponto estava bom. E embora a manteiga de sálvia estivesse gostosa, ela gostaria de um pouco mais de tempero no recheio. A porção, como se pode ver, é bem farta, e Chris comeu quase tudo, devem ter sobrado umas duas ou três trouxinhas.

Transbordando de massa, meu!

Eu escolhi o prato da cucina del mercato, fora do cardápio fixo. Foi o caserecce con ragu de maiale (massa importada com ragu de pernil suíno com guanciale, alcaparras e azeitona siciliana, R$ 43). Caserecce é uma massa que eu nunca tinha visto, que parece um canudinho duplicado. Guanciale é um bacon artesanal, não defumado. Estava tudo bem gostoso, a massa bem cozida, a porção farta mas assim como a Chris senti falta daquele detalhezinho que transforma um prato bom em algo inesquecível. Faltou, por exemplo, mais frescor, talvez um manjericão cumprisse essa função. E o ragu era carne moída, quando o ideal seria que estivesse mais pedaçuda, desfiada depois de longo cozimento.

Mas azeitonas sicilianas frescas são o que há de bom, viu?

O menu fixo tem como opções de sobremesa dois sabores de panna cottas e um sorvete de avelã e chocolate de produção própria. No dia de nossa visita também estava disponível o tiramisù. Mas resolvemos optar pelas "natas cozidas". Chris escolheu a panna cotta al caffe (aromatizada com café e coberta por ganache de chocolate, R$ 17) e eu fui de panna cotta di vaniglia (aromatizada com baunilha em fava e coberta por ganache de chocolate, R$ 17). Ambas com consistência bem agradável, com aquela coisa meio "tremulante" quando tocada, mas com textura firme na boca. Ambos achamos que a frase "coberta por ganache de chocolate" deveria ser seguida mais ao pé da letra. Chris gostou do fato de o café estar presente, mas sem dominar completamente os sabores. Já a minha acabou ficando um pouco enjoativa.

Foto de apenas uma delas pra não redundar, a outra era um pouco mais escura e só

A Osteria Itália faz uma boa comida caseira, como é sua proposta. Se formos ver por esse lado, ela cumpre completamente o que promete. O lugar é aconchegante, o atendimento é atencioso e informal, os preços são justos e a comida é farta, como deve ser um bom almoço de domingo na casa da nona. Apesar dessas qualidades, faltou algo de especial que fizesse com que eu e Chris considerássemos um retorno ao lugar. Talvez se a área externa, charmosa e bem cuidada, fosse mais aproveitada, com mais mesas, e a gente passasse novamente por aquela tranquila rua, quem sabe assim ficaríamos tentados a nos sentar e tentar mais uma vez. 

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 6 e 6
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 8 e 7
Custo-benefício(1): 7 e 6,5
Média: 6,75 e 6,66
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Gen. Osório, 63 – Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3308-0633
Facebook (não oficial): https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Osteria-Italia/128494284009342