sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Seu Maxixe (São José dos Campos - SP) - 04/10/2018


O Seu Maxixe fechou antes que a gente pudesse ir. Aí ficamos tristes. "Pô, fechou". Mas Chris descobriu que ele reabriu em outro lugar! E não temam, porque tudo que renasce, renasce mais forte. Antes instalado em uma avenida larga, e com uma fachada sem identidade, agora ele está num lugar muito mais aconchegante e já chamando a atenção do lado de fora pela personalidade nordestina, com alguns cactos adornando a fachada. Abaixo do nome, os dizeres "Sabor do Nordeste", para não deixar dúvidas sobre a especialidade da casa.

Chegando no seu, no nosso Maxixe!

Lampião e Maria Bonita deitados na rede e duas estátuas desconhecidas

Antes mesmo de adentrar o restaurante, uma rede instalada ao lado das figuras de Lampião e Maria Bonita dão o tom do imenso cuidado tomado com a decoração. Claro que estamos falando de clichês largamente utilizados pelo turismo do Nordeste, mas é preciso chamar a atenção de alguma forma, e é inegável que são figuras indissociáveis do imaginário nordestino. Passar pela porta de entrada do Seu Maxixe é um deleite para os olhos. A começar pelo fato de ele estar instalado em um enorme galpão sem laje, bem ao estilo das casas de forró nordestinas - aliás, rola forrobodó ao vivo às sextas-feiras. Muitas cores enchem os olhos, nas cadeiras cuidadosamente pintadas, nos porta-guardanapos e nos quadros nas paredes. E está tudo tinindo de novo. Há também um espaço para crianças, com alguns brinquedos, e uma lojinha com alguns produtos típicos do Nordeste para levar pra casa.

Camiseta amarela na cadeira amarela


Tudo azul na cadeira azul

Visualmente já estávamos conquistados. Faltava conquistar nossos buchos. Como se trata de um bar-restaurante, há muitas opções que o cardápio aponta como "Para beliscar". Várias delas tem nomes espirituosos, como "De lamber os beiços" (bolinho de macaxeira recheado com carne de sol na nata, R$ 27,90) ou "Lá de nóis" (contra-filé de sol acebolado e macaxeira cozida, R$ 42,90). Não fugimos dos nomes engraçadinhos e escolhemos o "Dadinho amostrado" (dadinhos de tapioca servidos com carne de sol cremosa, pimenta biquinho e geléia de pimenta, R$ 22,90). A Chris pirou. Achou uma delícia a mistura dos dadinhos bem crocantes, carne de sol cremosa, pimenta biquinho dando frescor e geléia de pimenta trazendo o calor do Nordeste. O único senão é que, experimentada em separado, faltava um pouco mais de tempero na carne de sol. A apresentação é bem simples, sem grandes invenções.

Conquistando nossos buchos

Depois de beliscar, são dezessete opções "Para encher o bucho", como adequadamente se pode ler no cardápio. Há carneiro, buchada de bode, carne de sol de diversas maneiras, baião de dois, e muito camarão. Claro que este último não poderia faltar, já que o restaurante se apresenta no menu como "uma mostra da culinária potiguar", palavra que além de ser o gentílico de quem nasce no Rio Grande do Norte, também significa "comedor de camarão" em tupi. Para quem estiver por ali na hora do almoço, há bufê de comida nordestina das 11h30 às 15h30.  

Como todos os pratos são para dois, não demorou muito para chegarmos a um consenso bem "potiguar": escolhemos o Camarão Mar e Sertão (camarão refogado com cebola roxa e carne de sol desfiada, acompanhado de arroz de leite gratinado e macaxeira frita, R$ 129,90). A apresentação em uma panelinha, sem muita sofisticação e frescura, é condizente com a proposta da casa. Nunca tinha comido o arroz de leite, e achei a consistência um pouco desagradável, lembrando uma papinha. Mas é assim mesmo que deve ser, mais ou menos como um arroz doce, só que salgado. Os camarões estavam no ponto certo, eram grandões, muito bem temperados e vieram em grande quantidade - não, não sobrou nenhum pra contar história. Já a carne e a cebola estavam boas de sabor, mas poderiam vir em maior quantidade. A macaxeira estava correta, crocante e sequinha. Tudo bem temperado, embora ambos tenhamos concordado que poderia haver uma porradinha a mais de intensidade, principalmente da pimenta. 

Não tá porreta, mas tá bom

Desconstruído

Na hora da sobremesa estávamos doidinhos para comer o bolo de rolo, um rocambole doce típico de Pernambuco. Mas estava em falta, para nossa tristeza. Não choramos por muito tempo e pedimos uma Cartola (banana frita na manteiga de garrafa, queijo de manteiga e farofa de açúcar, canela e chocolate, R$ 14,90). Também servida na panelinha de ferro característica da casa, nesse caso o suporte prejudicou um pouco o corte, principalmente do queijo. Mas conseguimos nos virar e acabamos comendo uma bela sobremesa, com sabores muito equilibrados e contraste perfeito entre o salgado do queijo e o dulçor da banana e da farofinha. 

Tá contrastando direitinho, visse?

O serviço ganhou nota dez em simpatia - mas simpatia não é tudo no serviço. Por exemplo, eles não passaram no teste do cigarro: aquele momento em que a gente sai pra Chris fumar, deixa os pratos sujos à mesa, e quando voltamos eles ainda estão lá. E não dá pra culpar a quantidade de gente porque, embora houvesse uma mesa com umas 537 pessoas, fora isso não tinha mais quase ninguém além de nós. Mas o tempo de espera foi dentro do normal, a cerveja foi servida em boa temperatura e os garçons trabalharam com eficiência na maior parte do tempo. 

Uma preocupação quando se vai a um restaurante nordestino fora do Nordeste é que ele traga uma coisa pasteurizada, aquele popular "engana-trouxa". Ficamos muito felizes por não encontrar isso no Seu Maxixe. O fato de termos visto um jovem rapaz, que aparentava ser o dono do lugar, falando com um delicioso sotaque nordestino talvez explique o porquê. Há coerência em tudo, desde a decoração até o atendimento jovial e simpático, passando pelo cardápio recheado de opções, desde as mais palatáveis aos paladares do Sudeste até as mais "difíceis", como sarapatel e buchada de bode. Tudo isso aliado aos preços nada extorsivos nos fizeram concluir que voltaríamos para mais uma visita ao Seu Maxixe. O Nordeste, mesmo que recriado, pode ser um excelente refúgio em tempos difíceis.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 9,5 e 10
Serviço(2): 7 e 7
Entrada(2): 9 e 7,5
Prato principal(3): 8 e 7
Sobremesa(2): 7 e 7,5
Custo-benefício(1): 8 e 7
Média: 8,08 e 7,66
Voltaria?: Sim e sim

Serviço:
Rua José Mattar, 128 – Jardim São Dimas - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3341-4100
Facebook: https://pt-br.facebook.com/seumaxixerest/