quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Arturito (São Paulo - SP) - 23/09/2016

(Fonte: http://www.paolacarosella.com.br/)

Este blog provisoriamente deixa de se chamar "Chris e Fê vão papar" e passa a se chamar "Chris e Fê e uma galera vão papar". Tá, foram só mais quatro pessoas junto com a gente, mas como fugiu do costume de irmos só nós dois, vale a brincadeira. Foi convite do meu tio Feu, que também tem um blog sobre suas experiências etílico/gastronômicas (que pode ser conhecido aqui), visitar o Arturito, restaurante da chef-celebridade Paola Carosella (ela deve odiar o epíteto, mas fazer o quê, trabalhar na TV dá nisso), junto com sua namorada Amália. Também presentes estavam meu irmão Boto (ele se chama Carlos, mas o chamo de Boto há tanto tempo que o teclado se recusa a escrever "meu irmão Carrliaoss". Viu como é verdade?) e sua esposa Tauana. Chegamos ao restaurante por volta das oito da noite, e ele já estava bem cheio, inclusive com gente esperando vagar uma mesinha. Feu tinha feito a reserva com bastante antecedência, e quem quiser visitar deve fazer o mesmo.

Chris e Fê e uma galerinha

Como não sou especialista em botânica, não sei dizer qual planta trepadeira orna a entrada do restaurante. Mas sei dizer que é interessante e inusitado. Apesar das folhagens, a entrada é discreta, e não ostenta o nome do restaurante em lugar algum, a não ser em uma plaquinha na calçada, destinada a quem passar de carro, já que fica virada para a rua. Outra coisa muito interessante é que a cozinha, que fica no primeiro andar, tem paredes de vidro, e parte da movimentação interna pode ser avistada de fora. A porta usada para adentrar o restaurante também é de vidro, e bastante alta, já indicando o pé direito alto do restaurante. Como a espera por uma mesa costuma ser grande para quem não fez reserva, há alguns banquinhos e até um cinzeirinho do lado de fora, destinado aos que fumando esperam.

O bom de ir com mais gente é que tem fotógrafo! By Carlos Ghiraldelli

Seguindo o elemento decorativo externo, na parte de dentro as paredes também são ornadas com plantas. O salão não é muito amplo, mas é comprido, e quem se senta enconstado à parede ganha um confortável sofá para esperar pelos pratos - e este conforto extra pode ser de grande valia no decorrer da noite. No meio do corredor onde ficam as mesas há algumas bancadas, usadas para facilitar e agilizar o trabalho de entrega e retirada dos pratos. Há também uma espécie de trilho, que eu não vi em funcionamento, mas que suponho deva servir para carregar coisas pesadas de um lado a outro do restaurante. Esta suposição ganha força ao saber que a adega da casa fica ao final do corredor, perto dos banheiros. Aliás, por falar neste "cômodo", em uma casa que comporta mais de cinquenta clientes o ideal seria que os banheiros não fossem individuais, como é o caso. Há apenas espaço para uma pessoa por vez, tanto no masculino como no feminino.

Amália, Chris e a parede ornada

Fê, os trilhos e as bancadas

Eu e Chris não costumamos pedir couvert, preferimos reservar nossos estômagos para coisas mais elaboradas que pão com manteiga. Mas meus companheiros de comilança, se aproveitando de uma ida minha ao banheiro, e sabedores do famoso pão com fermentação de 72 horas do lugar, pediram o deguste para nós seis (R$ 9,50 por pessoa). Fiz uma provocação um pouco acima sobre couvert ser "pão com manteiga", mas aqui a blague se aplica, com o acréscimo de um pratinho com azeite, para molhar o pão. E o tal pão com fermentação de 72 horas? É gostoso, a casca dura dá um sabor forte, embora por vezes seja um pouco difícil de cortar. Rasgá-la com as mãos é mais proveitoso do que tentar usar a faca. Mas não podemos dizer que foi desagradável. O pão está disponível para venda, para quem encomendar antes. Mais precisamente 72 horas antes.

O pão que demora três dias para ficar pronto

O cardápio lista oito opções de entrada, e curiosamente cada um de nós seis pediu uma diferente. Sem combinar (quase) nada. Embora tenhamos experimentado quase todos, vamos nos ater mais detalhadamente às entradas que eu e Chris pedimos, senão este texto, que já está ficando grande, ficará gigante, ainda mais se eu continuar aqui explicando tudo que escrevo ou deixo de escrever, que é algo que foge ao meu controle, quando vejo, já estou escrevendo, sabe? Então.

Chris pediu o magret de pato curado e pão de abóbora de fermentação natural (R$ 32). O sabor razoável do magret e o bom pão de abóbora torrado não emocionaram a Chris o suficiente para ela esquecer o fato de que o prato é muito seco. Nem precisa comer para saber, basta olhar a foto aí abaixo. Faltou aquela molhadinha para ajudar a empurrar a comida. Desta vez nem o azeite nem a manteiga que acompanhavam o couvert vieram como companheiros.

É seco, mas até jacaré no seco...sabe, né?

Eu escolhi o ceviche de ostras de Santa Catarina (R$ 25, três unidades). Há uma opção com seis unidades, por R$ 41. Servidas em um pratinho com gelo, e muito bem temperadas com gengibre e pimenta, as ostrinhas conquistaram meu paladar. Embora não estivéssemos em Santa Catarina, elas pareciam bastante frescas, como se recém saídas da água. Uma delícia, e até me arrependi de não ter pedido a porção grande, com seis unidades.

Ostras geladinhas, quem vai querer?

Embora não entrem na nossa avaliação, as outras entradas que experimentamos ficaram entre razoáveis e boas. Só acho um pouco inexplicável que entre as opções exista o jamón ibérico pata negra (R$ 39), que se consiste unicamente no famoso presunto espanhol fatiado no prato. Não julgo meu irmão, que pediu porque estava afim de comer, mas julgo o restaurante por não propor nada com o ingrediente, se limitando a fatiá-lo. Fico imaginando se algum participante do Masterchef, programa de culinária no qual a chef Paola é jurada, resolve fazer isso, o tanto de groselha que vai ouvir na cabeça.

Na hora de escolher os pratos principais os comensais não foram tão democráticos, e apenas três, das nove opções do menu, foram escolhidas. Uma coisa interessante na descrição dos pratos é a tentativa de colocar sempre a origem dos alimentos - como "ostras de Santa Catarina", "cogumelos selvagens brasileiros" e "vieiras de Picinguaba". Abaixo do menu existe a informação de que quase todas as verduras, folhas e legumes vem de uma cooperativa no extremo sul de São Paulo. Também chama a atenção a presença de dois sanduíches como pratos principais, algo bastante inusitado. O menu também faz questão de ressaltar que a proposta da casa é valorizar cada ingrediente, com uma cozinha simples. Os preços variam bastante, mas nenhum prato passa dos cem reais, indo de R$ 36 (um dos sanduíches) a R$ 86.

O singelo cardápio

Chris queria comer carne, já que a chef Paola é conhecida como a Rainha do Fogo. Mas curiosamente existe apenas uma opção de carne assada na brasa no cardápio. Trata-se do ojo de bife brangus brasileiro, servido com chimichurri, cebolas tostadas e farofa do Lucas (R$ 86). O ojo de bife é o miolo do contrafilé, uma carne com bastante gordura entremeada. Chris pediu malpassada, e meu tio Feu e meu irmão pediram o mesmo prato, mas com a carne ao ponto. Acontece que a carne do meu tio veio mais malpassada que a da Chris, e eles trocaram os pratos - que ainda assim a Chris julgou assada demais. Ela também deu azar na troca, e pegou um pedaço de nervo incomível. Ela achou a tal "farofa do Lucas" (que não é aquele do Masterchef) gostosa, e também gostou das cebolas, mas pensou que poderia vir mais algum acompanhamento, achou um pouco pobre.


A proposta é valorizar o ingrediente, ok, mas é um pouco pobre mesmo

Eu optei pelo peito de boi brangus braseado lentamente, com fregola sarda (uma massa feita de semolina e água, em formato cilíndrico), harissa (uma mistura de temperos típica do norte da África) e iogurte artesanal (R$ 62). A carne veio bem macia, se soltando ao simples toque do garfo. O sabor também era bom, com o molho bem farto. Nunca tinha comido a tal fregola sarda, e achei que não acrescentou muito, nem em sabor nem em consistência. Como ela também era bem macia, faltou um contraste com a carne, talvez alguma crocância. A harissa, que é à base de pimentas, poderia ser até um pouquinho mais picante. O iogurte trouxe uma acidez bem vinda. Mas não fiquei emocionado com o prato, nem a Amália, que também pediu o mesmo.

Não são bonitinhas as fregolas?

Entre os outros presentes à mesa, ninguém desgostou de seu prato, mas também não ouvi loas de amor à comida. Parece que houve consenso de que estava tudo gostoso, mas nada maravilhoso.

Para a etapa final da refeição, eu e Chris escolhemos dividir a rabanada de brioche brulée, bananas caramelizadas e creme inglês de urucum (R$ 26). A rabanada veio por baixo, com a camada de açúcar caramelizado e as bananas por cima, e o creme de urucum, bem líquido, por baixo do prato. Ambos achamos o sabor bem sutil, até demais. Faltou doçura. O creme de urucum, ingrediente usado mais para dar cor do que sabor, não acrescentou muito, e a rabanada também não estava lá muito doce. O resultado foi meio pálido, faltou aquela festa na boca. Neste momento da refeição já nem conseguíamos provar direito os pratos escolhidos pelos nossos companheiros de mesa, mas a avaliação geral também não passou do razoável.

Não é lá muito boa de feição

Como quase todos os convivas eram mais de cerveja que de vinho, foi nela que nos focamos durante a noite. O restaurante trabalha com três rótulos da Cervejaria Zalaz, de Paraisópolis (MG). Cada garrafa, de 300ml, custava R$ 19.

O serviço foi certamente um dos pontos mais fracos da noite, a começar pelo nosso pedido inicial de cervejas, que demorou uma eternidade a chegar. Acabamos comendo todo o couvert a seco, com exceção da minha cunhada Tauana, que pediu uma taça de vinho e foi servida bem antes da gente. Aliás, uma mesa ao nosso lado também foi servida de vinho antes de nossas geladas chegarem. Outro problema: lembra que eu falei que as bancadas no centro do salão são "usadas para facilitar e agilizar o trabalho de entrega e retirada dos pratos"? Pois é, na verdade elas não são usadas, já que demorou um bocado para nossos pratos da entrada serem retirados da mesa. Depois de algum tempo nos enchemos de conviver com a sujeira e começamos a juntar os pratos um sobre o outro, momento em que finalmente alguém se tocou e veio retirar as louças. Faltou atenção da brigada. O fato de o restaurante estar cheio ameniza um pouco, e só um pouco, os problemas citados.

Depois de algum tempo de nossos pedidos de pratos principais, um garçom veio até a mesa e disse que, por termos feito os pedidos separados - primeiro as entradas e só depois os principais - nosso pedido iria demorar uns cinquenta minutos para chegar, já que outras mesas "passaram à nossa frente". Neste momento meu tio Feu fez uma brincadeira, sorrindo, com leveza, dizendo que "no Masterchef ela manda todo mundo cozinhar em uma hora", ao que o garçom respondeu "ainda bem que aqui não é Masterchef, aqui é vida real". Achei a resposta um tanto grosseira, me parece que os funcionários já estão armados contra qualquer referência ao programa que popularizou a chef Paola Carosella.

Quem trabalha na TV, ainda mais em um canal aberto, se coloca como vidraça. É inevitável. Paola está recebendo os dividendos de ser uma "chef-celebridade" - restaurante lotado, cobertura da mídia - mas também tem que estar disposta a receber o ônus, que vem na forma de uma avaliação mais criteriosa e exigente, mesmo que isso se dê inconscientemente. Claro que eu e Chris tentamos ao máximo dar as notas e fazer nosso julgamento de forma mais isenta possível, como fazemos em todos os restaurantes. Mas é claro também que sabemos que nosso conhecimento prévio da responsável pela cozinha, que se apresenta na TV na posição de julgadora, pode ter nos traído sem que tivéssemos controle sobre isso. Fato é que, devido a todos os motivos apontados acima, ambos decidimos - e essa decisão foi unânime na mesa - que não voltaríamos ao Arturito. Apesar de alguns bons momentos, a relação custo-benefício não justificaria um retorno. Agora posso fazer uma brincadeira sobre o programa sem risco de ouvir alguma grosseria: Chef Paola, por favor, entregue o avental, o Chris e Fê vão papar para você termina aqui.

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 5 e 5
Entrada(2): 4 e 8
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 4 e 6
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5 e 6,45
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Artur de Azevedo, 542 - Pinheiros - São Paulo - São Paulo
Telefone: (11) 3063-4951
Site: http://arturito.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Arturito-Pinheiros-Sao-Paulo/378895122156239?fref=ts (não oficial)







quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Matisse (Campinas - SP) - 17/09/2016


Na única noite em que sairíamos para jantar durante nossa curta estadia em Campinas, buscamos um restaurante que fosse perto de nosso hotel, mas que também tivesse alguma referência. As pesquisas nos levaram ao Matisse, que fica dentro do hotel Royal Palm Residence (não, não era onde estávamos hospedados) e ganhou o prêmio da revista Veja em 2014 como a melhor comida "variada" de Campinas. De fato era bem perto de nosso hotel, e em menos de cinco minutos de carro já estávamos lá. Agora, se é a melhor comida "variada" de Campinas, seja lá o que isso significa, só o texto aí abaixo dirá. Ou não.

O fotógrafo não caprichou na foto. Contratemos outro, pois.

Deixamos o carro com o manobrista do hotel (ato que depois nos custou dezessete reais) e subimos a pequena escada que dá acesso à recepção, em frente, e ao restaurante, à direita, direção que tomamos. Uma grande porta de madeira dá acesso ao Matisse, e nos acomodamos bem pertinho dela, e ao lado de uma parede de vidro que nos deu acesso ao mundo lá fora. Lá dentro, não há muita coisa que remeta ao famoso pintor francês que inspirou o nome do lugar, a não ser um quadro na parede, que pode ou não ser a reprodução de uma obra dele. Em minhas pesquisas na internet não encontrei nenhum igual, embora o estilo seja parecido. O cardápio também é bem colorido, e o francês era famoso pelo uso de cores. Mas falta uma explicação maior sobre o porquê do nome, até mesmo no próprio menu. Gostamos da iluminação, nem clara nem escura demais, e das cadeiras, bem confortáveis. Desgostamos da florzinha de plástico no vasinho sobre as mesas, de gosto duvidoso.

O gosto duvidoso, a Chris e o Matisse-ou-não ao fundo

O mais comum é nós dividirmos uma entrada, mas como todas eram muito leves, resolvemos pedir duas, uma para cada, para não ter briga (embora tenhamos acabado dividindo as duas. Ou quase isso. Ok, eu confesso, dividimos uma, e a outra eu comi inteira).

São apenas seis opções, e Chris ficou com o tabule de quinoa com tomate, pimentão, pepino, cebola roxa, hortelã e salsinha (R$ 19). Já vem temperado, mas Chris achou que faltou um pouquinho de sal. Também achou um pouco aguado. A apresentação veio bem simples, com o tabule enformado em círculo, com folhas de alface a lhe ladear.

Aqui ele já tava meio destruído, porque foi dividido em dois

Eu escolhi o ceviche de tilápia marinada no limão, com pimentão, laranja e cebola, regada com azeite e sal (R$ 25). Além do descrito no cardápio, o prato vinha com pedacinhos de manga, servidos ao lado para não murcharem, e folhas verdes. Gostei da acidez, que para meu gosto estava na medida certa, e também gostei da mistura com a manga. Os pedaços de pimentão estavam cortados um pouco grandes. Não sou um especialista em ceviches, e não comi muitas vezes, mas no geral achei agradável.

Cê viste o ceviche?

Como um bom restaurante de comida "variada", o cardápio tem de tudo: carnes e aves; pescados e frutos do mar; risotos; massas, divididos desta forma. O cardápio, como já dito, é bem colorido, e usa etiquetas ao lado de alguns pratos para indicar se ele é "novo" ou "+ pedido". Vale dizer que quase todos os pratos tem uma das etiquetas, o que indica que o menu foi renovado recentemente, mas manteve alguns clássicos da casa. Os pratos são todos individuais, e os preços variam bastante, indo de 45 até 89 reais. Entre os pratos que não escolhemos, chamaram a atenção o filé mignon em leito de rúcula com fettuccine (R$ 52) e os camarões grandes grelhados ao creme de abóbora cabotiã e catupiry com arroz vermelho e farofa de coco (R$ 89).

Óia aí um pedacinho do cardápio

Chris até que não sofreu muito para escolher desta vez (em geral ela fica em dúvida entre algumas opções). Foi de Filé Barolo (R$ 56), um daqueles com a etiqueta de "+ pedido". É um filé mignon grelhado, servido em molho de vinho barolo com champignon e bacon, acompanhado de risoto de vinho espumante. Como de praxe, ela pediu mal passado. Fizemos questão de dizer à garçonete que, sim, a Chris é uma mulher, mas gosta MESMO de carne mal passada. Talvez não devêssemos ser tão enfáticos. A carne veio...como chama aquilo, quando não assa? Ah, isso mesmo, crua. Pois é, crua. Bem diferente de mal passado. A sorte é que a Chris gosta mesmo de carne, ou teria mandado devolver. Para piorar, ela achou o risoto sem graça, não sentiu a acidez que o espumante deveria dar. Só o molho se salvou, bem saboroso, e amenizando a "sem-gracice" do risoto.

Se foto tivesse som você ouviria um "muuuuuuu"

Eu tive um pouco de dificuldade em escolher, e só defini quando a garçonete já estava à mesa, tirando o pedido da Chris. Optei pelo lombo de cordeiro grelhado ao molho de pimenta-cumarim com purê de banana-da-terra (R$ 65). Para combinar com a escolha "no susto", tomei um susto ao perceber o quanto a carne estava dura. Havia algum problema com o responsável pelas carnes naquela noite. A minha passou demais, a da Chris passou de menos. Outro susto foi a ardência da pimenta-cumarim (que é mais conhecida como cumari ou comari), que eu não conhecia, e acabou desequilibrando o prato. Deveria ter sido usada em bem menos quantidade. O purê de banana-da-terra amenizou, pero no mucho, este problema.

Se foto tivesse gosto você pegaria um copo d´água

Nós somos bonitos pracas, mas a florzinha não é legal mesmo, né?


Depois das decepções com o prato principal, era hora de tentar adoçar a vida com uma boa sobremesa. Escolhemos a sugestiva Sinfonia de Chocolate (R$ 21), uma terrine de chocolate ao leite e chocolate branco acompanhada de mousse de chocolate florentine com morangos. Achamos um pouco difícil concatenar na colher todos os elementos da sobremesa. Ambos achamos que a terrine estava dura demais, e Chris achou o todo muito doce. Mas eu gostei bastante do sabor da terrine, e morango e chocolate é uma combinação clássica que funciona. Não foi de todo ruim, mas não salvou a noite, como era nossa expectativa.

Uma sinfonia com alguns desafinos

Por falar em salvar a noite, talvez a garçonete que nos atendeu seja a grande responsável pela avaliação do Matisse não ser uma das piores de todas aqui no blog. Ela se mostrou atenciosa, simpática e bem informada, deixando-nos bem à vontade e atendendo no tom exato que gostamos, sem muitas firulas mas sem ser desleixada. Ponto positivo também para a cozinha em relação ao tempo de entrega dos pratos, sempre perfeito. O fato de o restaurante estar relativamente vazio certamente contribuiu para estes pontos positivos, mas ainda assim é digno de nota, porque ficou bem acima da média. Uma curiosidade é que a conta, ao invés de apresentar os 10% ao final, como é de praxe, traz a expressão "gorjeta espontânea" no extrato, junto com os pratos, como se fosse mais um deles. A explicação da garçonete é que muitos executivos comem ali, e precisam da nota fiscal completa, para serem ressarcidos posteriormente, então eles deram esse "jeitinho" bem brasileiro. Ficou bem-humorado. Eu curti.

Tá ali, ó, "gorjeta espontânea", que legal, né, meu?

Nossas entradas foram acompanhadas de duas long neck Stella Artois (R$ 13 cada), e para os pratos principais pedimos duas cervejas belgas Leffe Radieufe (330ml, R$ 25 cada), uma Belgian Strong Dark Ale de sabor levemente adocicado que se deu muito bem com nossas refeições, especialmente com a pimenta do meu prato, cuja ardência ela ajudou a arrefecer.

Não é à toa que o prato principal é o quesito que tem mais peso quando calculamos a média final de nossas notas aqui no blog. Como o nome já diz, é ele a razão principal de irmos a um restaurante. É por ele que vamos comer fora, e é quase sempre por ele que ficamos com vontade de retornar a algum estabelecimento. Infelizmente para o Matisse, e para nós, ambos os nossos pratos principais tiveram graves defeitos, que nos fizeram concluir que não voltaríamos ao lugar. Uma pena que nossa experiência não tenha sido tão boa quanto à daquele crítico da Veja que o elegeu como o melhor restaurante de comida variada de Campinas em 2014. Ou será que dois anos fizeram tão mal ao Matisse?

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 8 e 9
Entrada(2): 6 e 7
Prato principal(3): 4 e 5,5
Sobremesa(2): 6 e 7
Custo-benefício(1): 5 e 6
Média: 5,91 e 6,87
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Conceição, 450 - Centro - Campinas - São Paulo
Telefone: (19) 2117-4203
Site: http://restaurantematisse.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Matisse-The-Royal-Palm-Residence/254945024564014?fref=ts (não oficial)