(Isso aí acima é um entalhe escandinavo do século XVI com uma sereia de duas caudas. Serião)
"Mas também não adianta o xenofobismo radical, eu vou jogar fora no lixo o que é ruim, e usar o que é bom da cultura mundial". Com essas sábias palavras de Gabriel, o Penseiro (como diria meu falecido pai) na cabeça (mentira, só fui lembrar da música ao escrever o texto), fomos até o Starbucks, essa rede maligna do império ianque também maligno, e que é a maior cadeia de cafeterias do mundo (tá no Wikipédia, deve ser verdade). Nosso único contato até então com eles tinha sido em algum aeroporto, mas daquela feita a Chris só tomou um espresso, ou coisa assim. Desta vez fomos ter a experiência completa. Pra falar mal, a gente tem que conhecer direito.
É tipo um McDonald´s dos cafés. É tudo bem padronizado, rápido, e não tem garçom. Você vai no balcão e pede, dá seu nome, depois fica esperando chamarem seu nome. Muitos idiotas certamente dão outro nome, pra trolar os funcionários. O idiota aqui deu o nome de Javanildo. "É com jota?", me perguntou a funcionária? Sim, claro que é com "jota". Javanildo, pô. E lá fui eu pra mesa, esperando chamarem o Javanildo. Deixo abaixo a foto, pra não me chamarem de mentiroso nem de bundão.
Pedimos primeiro um café cada, com itens salgados pra comer. Eu pedi um café meio diferente, com canela, leite e otras cositas. Não me preocupei em anotar o nome, ingredientes e valores, porque o Starbucks tem cardápio online, e eu poderia consultar depois. Mas os putinhos tiraram esse bendito do menu, de modo que não lembro o nome, ingredientes e preço. Mas eram uns bons dinheirinhos. E a foto do dito estava linda em um display na entrada da loja. A Chris pediu um Cappuccino Canela (espresso, um toque de canela e leite cremoso, finalizado com pitadas de canela em pó, 300ml, R$ 14,00). Nenhum dos dois gostou muito, a Chris porque não gosta muito de leite (por que pediu, danadinha?), e eu porque não gosto muito de café (o que está fazendo numa cafeteria, danadinho?). Ah sim, faltou dizer que não veio no copo bonito que tava na foto, veio no papelão mesmo.
Como já deve ter sido percebido, não tem muita coisa de artesanal na parada. Por exemplo, os rangos salgados ficam todos ali já prontinhos, só esperando serem solicitados. Até mesmo o Croque Monsieur, aquele sanduíche que tem molho bechamel (o molho branco francês, caso não saibas) por cima, já fica ali montado. Foi esse que a Chris pediu (presunto, queijo prato, molho bechamel e parmesão no pão de brioche, R$ 25). Ela até que achou bom, pra um troço que já tava pronto. Eu pedi o croissant multigrãos (mas é americana ou francesa essa bagaça? R$ 10,50, puta preço esquisito, cobra 10 ou 11, catzo). Não vi tantos grãos assim, só vi gergelim preto, mas tava crocante e bem gostoso, até.
Para acompanhar nossos doces, pedimos mais cafés. A Chris tava querendo amargor, então pedimos um Espresso Doppio (45ml, R$ 7,50), que é aquele espresso normalzão mesmo. Tava bem amargo, de fato. Também pedimos o Flat White, porque a descrição era mó legal: "Um clássico feito de shots de ristretto com um aveludado toque de leite vaporizado" (300ml, R$ 12,50). A descrição é poesia pura, mas na prática é café com leite mesmo. Eu pesquisei e pesquisei, e até agora não entendi direito o que é ristretto no mundo dos cafés. Vocês que lutem pra descobrir.
Acabamos dividindo os dois cafés, e sobrou um monte do Flat White, porque a menor dose era de 300ml, e já estávamos de bucho preenchido. Para adoçar, a Chris foi de Cinnamon Roll (R$ 12,00), que é uma massinha folhada, bem amanteigada, e com bastante canela. Gostosinha que só. Eu finalmente pedi um clássico americano, o Donut Chocoberry (R$ 10,50, de novo esse preço esquisito), recheado com frutas vermelhas e com uma casquinha que supostamente traria alguma lembrança de chocolate, mas não trouxe. E mesmo com o recheio bem cremoso, o bagulho é seco. Coitados dos policiais americanos.
Eu preciso confessar que no segundo pedido, me acovardei. Falei meu nome verdadeiro pra moça, disse que o Javanildo tinha sido uma brincadeira com a minha namorada. Ela fez uma cara de quem diz "é, sempre tem uns idiotas assim por aqui". Deixo abaixo a foto, pra não me chamarem de mentiroso (mas podem me chamar de bundão por não ter ido até o fim com a troça).
A Chris pontuou (na verdade ela disse, não pontuou nada, mas "pontuou" é mais chique do que "disse") que o Starbucks faz essa coisinha de chamar pelo nome pra trazer algo de íntimo pra uma relação que é, na verdade, completamente fria. De fato, não é um lugar caloroso, que dê vontade de voltar. Tem umas coisinhas boas, e às vezes a gente está num aeroporto, e pelo menos sabe que ali existe, supostamente, um padrão de qualidade. Mas a Casa do Pão de Queijo também tem, e é brazuca. Acho que vamos preferir. Os policiais brasileiros estão muito mais bem servidos.
Então é isso. Em breve a gente volta a cafezar.
Endereço: Avenida Andrômeda, 227 (Shopping Vale Sul, próximo à saída D1), Jardim Satélite, São José dos Campos - SP
Instagram: @starbucksbrasil