Entradinha do restaurante, na saída do elevador |
Pegamos o elevador e nos dirigimos ao mezanino, como eles chamam o andar mais alto do prédio, onde fica o restaurante. Ambiente sofisticado, com mesas quadradas, cadeiras estofadas, piso de madeira, grandes janelas de vidro. Todo mundo muito chique, de garços a clientes. A Chris também. Eu, de bermuda jeans e camiseta de Roraima. Mas ao menos estava de tênis, pra não me sentir mal. O ambiente principal tem formato de "U", com a cozinha ficando no meio. Achei interessante. Bastante espaçoso também. Já estávamos preocupados com a pitadinha no cigarro da Chris, com medo de termos que descer o elevador pra ela poder fumar. Mas há uma varanda com acesso fácil, e com uma vista bacana para o bairro.
Chris e uma geral do ambiente |
A vista bonita da varanda |
Começamos os trabalhos com uma Heineken long neck (R$ 8,50), pra poder pensar melhor. Veio bem gelada. Dispensamos o "Couvert do chef", que pela descrição do garçom nos pareceu uma mixórdia louca. O cardápio é bem enxuto, o que me agrada. Para entradas, apenas 7 opções, mas bem variadas entre si. Ficamos com o origami de queijo de cabra com castanhas do pará e melaço de cana (R$ 36,00). Apresentação muito legal: uma cestinha feita com massa japonesa de arroz, e dentro dela as bolinhas de queijo de cabra, as castanhas quebradas e um pouco de melaço por cima. Ah, e sentimos um pouco de pimenta também. Pimenta esta que aparecerá mais à frente neste relato, e não de forma muito feliz. Mas nós adoramos a entrada. Não sabíamos direito como comer, mas a Chris com sua praticidade pegou com a mão e "nhac". Fiz o mesmo. Acho que é o melhor jeito, de fato. Talvez o único. Sabor bem delicado, e o toque do melaço caiu muito bem. Pena que vieram cinco. Sacanagem. Cinco não é número divisível, né? Quer dizer, só vai dar certo se tiver cinco pessoas à mesa. Dois casais e uma vela. Sei lá. Porra, põe número par, caceta! Nem vou dizer quem comeu uma a mais...
O bonitinho origami |
Embora o nome do restaurante seja em francês, as opções de pratos principais são bem variadas. As divisões no cardápio são: massas; risotos; peixes e carnes. Entre os típicos franceses, há os onipresentes confit de canard e carré de cordeiro. Pequenas incongruências, ou deslizes: em risotos havia uma opção "arroz com açafrão e frutos do mar", o que me parece a descrição de uma paella, que não é bem um risoto. E nos "peixes" há muitos pratos sem a presença de nenhum peixe, já que polvos, lulas e camarões, na última vez em que chequei, eram crustáceos e moluscos. Custava colocar "frutos do mar"? Mas nada disso importa muito, porque eu e Chris partimos mesmo é pras carnes!
Este é o oitavo texto de restaurantes no blog, e acho que a terceira vez que a Chris pede filé mignon. Vai gostar de um sanguinho assim lá na Transilvânia. Desta vez ela pediu um medalhão de filé ao molho poivre acompanhado de risoto de favas (R$ 72,00). Quando eu disse a ela "mas medalhão de novo, meu anjo?", ela respondeu "é por causa do risoto de favas". Sei, sei. Apresentação bem simples, sem muita imaginação. Como de praxe, ela pediu mal-passado. E como não é de praxe, acertaram! Veio mesmo beeem vermelhinho, do jeito que tem que ser. E o risoto também estava bem interessante. Com tudo isso, Chris começou a refeição felicíssima. Sua alegria começou a se transformar em pimenta, com o passar do tempo. Os grãos de pimenta estavam inteiros, e eram muitos. Dominaram e contaminaram todo o prato, segundo seu relato. De fato acho que era muito pimenta pra um só ser ingerir. Tirem a prova aí abaixo. Por conta disso, a partir de um certo ponto ela deixou de sentir o gosto das outras coisas.
Chris ainda feliz com seu prato |
As pimentas que ela julgou exageradas. Isso porque várias já tinham sido ingeridas! |
Eu apostei em um ossobuco de vitela com polenta de sêmola de trigo ao molho de vinho do porto (R$ 68,00). Fiz ossobuco duas vezes em casa, e achei muito bom. Mas nunca havia comido em um restaurante, feito por um chef profissional. Quando os pratos chegaram, eu e Chris demos uma garfada no prato um do outro, como de costume. Primeiro comentário dela: "o ossobuco que você fez em casa é melhor". Um doce, né? Não posso concordar totalmente com ela, por pura modéstia. Mas notei alguns problemas. Em primeiro lugar alguns pedaços da carne não estavam muito macios. Ossobuco tem que cozinhar bastante, porque a carne é bem dura. Em um restaurante, como não há muito tempo pra isso, talvez ele esteja pré-cozido, ou talvez seja feito na panela de pressão. De qualquer dos modos, faltou um pouco de tempo de cozimento. E o tutano? Judiação. Pra quem não sabe, é uma substância, bem gordurosa, que fica no meio dos ossos. É uma das coisas mais saborosas que já pus na boca. Mas não encontrei a tal em nenhum dos meus dois pedaços de carne. Talvez tenham se esvaído no cozimento, mas o chef poderia ter o cuidado de deixá-lo ali. Uma pena. A apresentação também era simples, com a polenta por baixo, os ossobucos com o molho por cima, junto com um pouco de alho-poró frito. Apesar das reticências, o molho estava bem saboroso, o que ajudou a salvá-lo.
Fê e seu prato bem servido |
Antes de falar da sobremesa, vale dizer que os pratos vieram bem fartos. Tanto que eu e Chris acabamos não conseguindo comer tudo. Dá muito bem pra ficar satisfeito comendo só o prato principal, sem entrada nem sobremesa. Faltou dizer que acompanhamos tudo com um vinho Alamos Malbec 2013 (R$ 66,00), que harmonizou bem com ambas as refeições. Vale dizer que o preço é bem honesto, porque acabo de vê-lo na internet por R$ 50,00.
Na hora de adoçar a boca depois da refeição, apenas seis opções, o que me parece perfeito. Mas não teve nem conversa: Chris arbitrariamente decidiu pelo crème anglaise com whisky e farofa de macadâmia (R$ 26,00). Tudo por causa da macadâmia, que ela adora. Apresentação bonita, com o belo toque da physalis, uma frutinha que eu nunca tinha visto na vida, que veio acompanhada de sua flor. Parecia só um enfeite, mas quando eu peguei a flor, descobri a frutinha grudada nela. Redondinha, amarelinha, do tamanho de uma uva, e com sabor azedinho, que lembra acerola. Quando ao crème anglaise, achamos que era apenas um sorvete de creme com nome afrescalhado. A farofinha de macadâmia combinou muito bem, e o whisky estava bem sutil.
Chris e a sobremesa, com a florzinha de physalis |
O serviço teve uma nota bastante interessante. Ele foi melhor quando o restaurante encheu. Explica-se: com o lugar vazio, o homem não saía do nosso lado. Tínhamos que conversar baixinho, se não quiséssemos que ele ouvisse tudo. Como bem pontuou a Chris, o serviço tem que ser atencioso a ponto de ver quando o cliente quer algo, mas não a ponto de ser notado o tempo todo. Mas o garçom que nos atendeu foi solícito quando eu perguntei de que era feita a cestinha que acompanhava a entrada, e com o restaurante cheio se manteve atento, com apenas alguns momentos de demora, como na hora de servir o vinho.
Quanto ao custo-benefício da casa, concordamos que deixou um pouco a desejar. Trata-se de uma refeição cara, mesmo se desconsiderarmos o vinho, que sempre encarece o preço final. E não oferece prazeres que façam valer o que cobra. Ao menos para nós não foi assim. Para comparação, podemos lembrar que na Casa do Azeite eu comi um filé au poivre por R$ 39,90, que não fazia feio frente ao que a Chris comeu aqui, e custou 33 pilas a menos. De qualquer forma trata-se de um lugar bonito, tranquilo, bom para um jantar romântico. Eu e Chris já tivemos o nosso. E aquele serviço de vallet que me economizou uma manobra custou R$ 5,00 bem cobradinhos no final das contas...
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 7 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada(2): 8 e 8
Prato principal(3): 6 e 7
Sobremesa(2): 7,5 e 7,5
Custo-benefício(1): 6 e 6
Média: 6,75 e 7,16
Voltaria?: Não e não
Serviço:
Avenida Heitor Villa Lobos, 821 - Vila Ema - São José dos Campos - SP (mezanino do Shopping Boulevard Vila Ema)
Telefone: (12) 3911-2778 (reservas) - 3923-6805 (eventos)
Site: http://www.lepalmier.com.br/pt
Facebook: Le Palmier
Caro demais e serviço nem tanto. Acho que vou não ir, mas acho muito legal saber sobre possibilidades gastronômicas em São José.
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