Era nosso primeiro dia de caminhadas pelas trilhas da Ilha do Mel, e de repente nos deparamos com uma entrada bonita. Era o Fim da Trilha, uma pousada e restaurante sobre o qual eu tinha ouvido falar, e no qual queria fazer uma refeição. Ainda era dia, não estávamos com fome, entramos pra dar uma olhada no cardápio e ver se abriria naquela segundona. Fomos muito bem recepcionados, e avisados de que, sim, o restaurante abriria naquela noite. Pra completar o Marcelo (que não sabemos se é dono ou funcionário) nos levou até uma foto gigante da ilha para fazer umas fotos da gente na frente dela, como se estivéssemos pairando sobre a paisagem. O resultado é bem legal, dá um bizu aí:
Poderosos |
Evidente que, com tudo isso, voltamos à noite para uma refeição. O restaurante não tava muito cheio. Tinha, deixa eu lembrar...acho que éramos nós dois e quem mais mesmo? Ah, sim, os funcionários. Era isso. Em uma noite chuvosa de segunda-feira (aliás, a essa altura já estávamos enferrujados no Paraná), fizemos a refeição romanticamente sozinhos. Ambiente agradável, todo envidraçado, uma inteligente decisão que permite que a paisagem ao redor faça parte da decoração - não é à beira-mar, mas é à beira-mato. As cadeiras não são muito confortáveis. Até combinam com o clima de praia, mas pelos preços cobrados, não exorbitantes mas acima da média da ilha, deveria haver um cadinho mais de conforto. Só há um banheiro, unissex.
A mesinha ali atrás provavelmente seria a escolha, chuva não houvesse |
Esse cidadão chato reclamou de conforto, o esnobe |
Faltam três quartos de limão pra formar um limão, né? |
São seis divisões no menu, para os pratos principais: paellas, moquecas, camarões, peixes, mignons e "risoto e massas", que estão juntos. Chris, como quase não gosta de risoto, e menos ainda de camarão, pediu risoto de camarão (R$ 70). Era mentira que ela não gostava, só pra constar. Então, ela pediu, e veio, mas não veio legal. O arroz tinha passado do ponto, havia galhos de tomilho (ou outra erva natural que não pode te prejudicar, mas às vezes prejudica) aos montes, faltou um pouco de tempero e poderiam ter vindo mais alguns camarõezinhos. Uau, com tudo isso acabo achando que a nota final dela foi bem condescendente.
Mas quanta condescendência, menina! |
De minha parte fui de paella valenciana (R$ 65). Chegou bonita, brilhante, colorida, e com um camarãozão por cima - o que, convenhamos, seria capaz de embelezar qualquer coisa. A paella valenciana traz, além dos frutos do mar, carne de porco e de frango. Servida na panelinha, bonitinha. Com os frutos do mar tava tudo ok, maravilha. Já o porco e o frango ou vieram secos ou vieram com pedaços de cartilagem incomíveis. Sim, vá lá, originalmente a paella era um prato de camponeses, e se colocava no arroz o que se tinha à mão. Mas isso não deve significar que no meu prato no ano da graça de 2020 devem vir pedaços incomíveis de carne. De resto, estava úmida e bem temperada, embora eu aceitasse uma porradinha a mais de picância.
Achei os outros três quartos do limão! |
Desconsiderando "sorvete com calda" como sobremesa, são apenas duas opções: brownie e flambê (bananas salteadas na manteiga, canela e açúcar, flambadas na cachaça, servida com sorvete, R$ 25). Escolhemos essa última. No que tem de óbvio e pouco imaginativo, a nota seria zero. Mas como sorvete e banana são duas coisas que combinam muito bem, e como a cachaça estava bem inserida, sem aparecer demais, mas anunciando sua presença, não fomos tão cruéis. Mas é impressionante a incapacidade dos restaurantes - e aqui não é privilégio do Fim da Trilha - de pensarem em sobremesas um pouco mais criativas.
Não tem erro, mas também não tem muito acerto |
Conforme já dito, estávamos só nós dois no restaurante, o que facilitou o serviço. De maneira geral fomos bem atendidos, mas poderia nos ter sido informado que havia uma opção fora do cardápio, que só depois vimos escrita em uma lousa. E olha que haveria a chance de a Chris pedir o prato, já que unia risoto e peixe grelhado. Os tempos de espera para a entrada e sobremesa foram curtos, só demorando um pouco mais na entrega do principal - mas uma demora já prevista no menu, portanto não dá pra reclamar.
Acho que meu texto transparece a decepção que tivemos com o restaurante. Animados com nossa recepção durante a tarde, criamos uma expectativa que a cozinha não foi capaz de corresponder. Pratos com problemas no tempero (o que, vá lá, é gosto pessoal) e ponto (aí não tem muito o que dizer), além de uma falta de criatividade aliada a preços não tão amigáveis nos fizeram concordar que não faríamos uma nova visita ao Fim da Trilha - e parece que o próprio nome do restaurante já estava querendo nos avisar disso.
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 7 e 6,5
Entrada (2): 6 e 5,5
Prato principal(3): 6 e 6,5
Sobremesa(2): 6 e 6
Custo-benefício(1): 5,5 e 5
Média: 6,12 e 6,20
Voltaria?: Não e não
Serviço:
Trilha da Gruta (Vila de Encantadas) – Ilha do Mel - Paranaguá - Paraná
Telefone: (41) - 3426-9017/3426-9106
Site: https://fimdatrilha.com.br/
Facebook: https://pt-br.facebook.com/pousadafimdatrilha/
Instagram: @fimdatrilha
Arroz passado do ponto,falta de tempero,carne dura e sobremesa sem criatividade não é o que esperamos de um restaurante. Mesmo no Fim da Trilha. Mas o texto tá leve e gostoso de ler. Valeu!
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