É preciso confessar que, quando programei de irmos ao Gato Griô 2D, eu não fazia a mais prostituta ideia sobre a qualidade da cozinha e dos cafés da casa. Eu só sabia que a decoração era incrível, com as paredes e os móveis pintados de tal maneira que dão a ilusão de que se está em uma página de quadrinhos. Eu sabia que minha namorada iria adorar isso, ainda mais porque os motivos dos desenhos eram felinos, e ela adora felinos, vide o gato com quem ela resolveu namorar. Além de não saber como era a cozinha da casa eu também não sabia o que era griô. Dei uma pesquisada aqui, e vou colocar a definição que mais gostei, do instagram @nonadajornalismo:
"O termo se origina a partir da tradição africana da oralidade. Griô é quem preserva conhecimento e o transmite oralmente (de geração em geração), seja por meio de poemas, canções ou histórias"
Porra, conceito demais, é ou não é? Nem precisava servir café. Mas serve. Em algum momento a gente fala deles. Por enquanto vamos falar da chegada ao Café Griô 2D, que começa numa vielinha muito bonitinha, tão bonitinha que nem parece estar ao lado do
Cemitério da Consolação. Falar que a entrada é discreta é um eufemismo. O nome do lugar está escrito no poste de energia, e vemos apenas uma portinha aberta, que parece mais a casa de alguém. Mas já dá para entrever, dali mesmo, os desenhos nas paredes, que nos fizeram ir até lá.
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"Vi ela na vielinha" é melhor que "a vi na vielinha"
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"Dá licença, posso entrar? Seu poste foi pichado"
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Os desenhos mostram os gatos fazendo parte de pinturas famosas, como o "Gatoporu" ou o "Autoregato". Mais efetivo do que ficar escrevendo é mostrar a inundação de fotos que fizemos do lugar:
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Gatinho curioso vendo quem chegou
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Não dá vontade de correr nesse corredor
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Ali atrás está a GataLisa, sei lá, não lembro o nome que deram
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Esse mocorongo se intitula "gato" no texto
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Esse é o Gatoporu, da Tarsila do Amiau
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Em vez de "O grito" vem "O miado"
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Uma geral legal cheia de miau
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Ainda não está na hora de falar dos comes e bebes. Antes, uma história envolvendo memórias. Lá estávamos confortáveis escolhendo o que iríamos pedir, quando entram duas distintas senhoras no café. Se sentam em uma mesa atrás da Chris. Eu estava de frente para elas. Reconheci uma das senhoras, apesar de não lembrar-lhe o nome, e falei para a Chris dar uma olhada discretamente. Ela também reconheceu, e o curioso foi que, inicialmente, reconheceu a outra mulher, não a mesma que eu tinha reconhecido. Mas disse que conhecia as duas. A que estava de vermelho trazia uma memória mais viva, mas nenhum de nós tinha certeza de onde. Pra mim parecia ser de uma novela, de um papel divertido. Chris achou que lembrava dela num papel de trambiqueira. Existe um registro do momento em que a Chris fustigava a própria memória:
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Realizando o fustigo
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Chris teve uma ideia: perguntar ao barista. Sim, sabíamos que cada mesa tinha que dar um nome para ser chamado quando o pedido ficasse pronto. Ele veio à nossa mesa e Chris, entre dentes, perguntou se ele sabia quem era. O rapaz, novinho, disse que a pessoa lhe era familiar, mas também não sabia exatamente quem era. Mas prometeu que, se descobrisse, viria nos falar. Quase não conseguíamos mais comer, nem prestar atenção em nada. Chegamos a perguntar pro Google, mas como fazê-lo direito sem saber nenhuma informação? Algo terrível começou a acontecer: as duas mulheres começaram a se preparar para ir embora. Dá pra perceber, os movimentos mudam, as pessoas começam a pegar as coisas. E nós ainda estávamos no meio de um bolo com café. As duas foram até o caixa, e eu, decidido, resolvi levantar e ir pagar a conta antecipado. Ao chegar, mandei logo:
- Eu já me diverti muito com a senhora.
- Que bom! - ela respondeu, prontamente
- Mas não consigo lembrar de onde, tenho a impressão que era de alguma novela.
Foi a amiga dela que disse, "deve ser da
Escolinha do Professor Raimundo". E a própria emendou "sim, mas lá eu usava uma peruca loira. Deve ser da novela
Sassaricando". Sim, era isso! Minha lembrança de que ela fazia um papel divertido vinha de Sassaricando, novela que vi quando era criança, mas certamente a Dona Cândida, da Escolinha do Professor Raimundo, era a lembrança mais forte. Era a atriz
Stella Freitas, simpaticíssima, assim como sua amiga, que nós também temos quase certeza de que é atriz. Mas não tive coragem de perguntar. A foto abaixo está ruim, mas será que alguém se habilita a dizer?
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Dá aquele zoom maroto
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Simpatia demais da Dona Cândida e da Dona Stella
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Meu editor acaba de me informar que gastei muitos caracteres escrevendo sobre decorações e artistas globais, e agora não tenho muito espaço para escrever sobre comidas e bebidas. Vou ter que ser breve: sim, existem várias opções de cafés, inclusive com alguns sendo finalizados na mesa (
Hario V60 e
Aeropress, pedimos um de cada, R$ 14 e R$ 16). Também tomei um tal de Matcha Macchiagato (pó de matcha com leite vaporizado e toque de café espresso, R$ 19), que não gostei muito. Para comer também existem opções várias, como tostex, toasts, croissants, brownies e bolos diversos. Entre os salgados escolhemos o MiÁuGICo (dois toasts de muçarela com tomate confit e alho frito no pão de fermentação natural, R$ 34), que estava delicioso. E teve um bolo de laranja também, que nenhum dos dois lembra direito se tava bom, se tava ruim, a gente não lembra nem se era de laranja mesmo, tão envolvidos que estávamos na descoberta de quem era a atriz misteriosa.
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Isso tava marromenu
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Isso tava óóótemo
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Isso foi legal, o café feito na Aeropress
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E no fim os gatos nas paredes e a simpatia de Stella e sua amiga valeram a visita. Em um retorno espero encontrar o Seu Boneco e ir pra galera junto com ele.
É isso. Em breve a gente volta a cafezar.
Endereço: Rua Coronel José Eusébio, 95, Tv. Dona Paula, 115 - Higienópolis, São Paulo - São Paulo
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