quarta-feira, 28 de maio de 2025

Cantina Masseria (Campo Grande - MS) - 22/04/2025

 

    Sempre que estamos em uma cidade, procuramos um restaurante que seja associado à Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança, que presenteia os clientes com um prato em cerâmica, mediante o pedido de um determinado prato. Em Campo Grande o Cantina Masseria é o único associado, por isso não tivemos dúvida em fazer um jantar por lá. Mas infelizmente eles estavam na transição entre o prato de 2024 e o de 2025 (em pleno abril, minha gente?), e por isso não havia o prato disponível. Mas só descobrimos isso quando já estávamos por lá, então claro que resolvemos fazer a refeição completa assim mesmo. Vai que alguma boa lembrança estava reservada, mesmo sem prato?
 
Boa lembrança pode ser, mas boa foto não, né?

Ah, essa tá melhor, saiu o bobão e dá pra ler o nome do restaurante

    Salão amplo, todo envidraçado, luminosidade agradável, boa distância entre as mesas. Temperatura perfeita. Nos sentamos em uma mesa que estava embaixo de um ar-condicionado e já estávamos prontos para nos mudar, quando o garçom nos disse que desligaria o ar, para nos poupar o trabalho de trocar de mesa. Achamos simpático. Levamos um vinho da África do Sul, que tínhamos comprado no hotel de Aquidauana, e o Cantina Masseria nos cobrou a taxa de rolha de R$30. Um preço aceitável, mas ao telefone nos disseram que era R$25. Não choramingamos esses cinco reais, mas fiz a anotação mental pra não esquecer e colocar aqui no blog, que eu sou desses.
 
Faltou citar no texto o jardim vertical ao fundo, senhor escritor

Será que essa careta é pra fazer a anotação mental?

Feliz como quem vai tomar um vinho

    Quando se vai a um lugar chamado Cantina Masseria, o que se espera é muita culinária italiana no menu. E o Masseria não decepciona nesse quesito. Começando pelas entradas, com opções de arancini, brusquetas e carpaccio. Nos principais são seis opções individuais (como a lasanha de cordeiro por R$ 73,70) e depois várias seções com pratos para dois: risotos (ao funghi por R$ 129,70), massas (espaguete carbonara por R$ 97,70), carnes (ossobuco milanês por R$ 139,90) e peixes (pintado ao urucum por R$ 142,90). É possível pedir porções individuais dos pratos para dois. Nesse caso os pratos de massa saem por 60% do valor indicado e os outros saem por 70% do valor indicado.

    Escolhemos como entrada o carpaccio (fatias de filé mignon cru, parmesão, alcaparras ao molho de maionese e mostarda, acompanhado de pão ciabatta, R$53,70 - não sei que mandinga é essa do Masseria com esses preços quebrados). Achamos que veio muito queijo por cima do carpaccio, e que as alcaparras poderiam fazer parte de um molho, e não apenas virem assim perdidas no meio do queijo. O molho de maionese e mostarda era basicamente os dois ingredientes unidos, nada de muito elaborado. A ciabatta estava boa e bem crocante. E o carpaccio estava cortado finissimamente. O limão, que veio à parte, dava uma boa levantada no prato, por conta da acidez. 

Finississississimamente

Não se abata (leia em voz alta e chore)

    "Fala pra Chris não pedir um filé mignon mal passado, por favor". Foi assim que meu irmão respondeu quando mandei mensagem no grupo da família dizendo que estávamos saindo pra jantar em Campo Grande. Tudo porque a Chris gosta muito de pedir filé mignon mal passado, e os restaurantes em geral gostam muito de errar o ponto. Então ela ficou com isso na cabeça, e não quis contrariar o cunhado: pediu como prato principal o penne com camarão (ao molho branco com camarão flambado, R$83,82 o valor individual, que corresponde a 60% do preço indicado no cardápio). Olha, teria sido melhor pedir um filé no ponto errado. Molho branco muito, muito sem graça (nível macarrão congelado da Sadia), com gosto de leite, basicamente. Camarão xoxo, gosto de água (não salgada). O que pode ser dito de bom é que o macarrão estava no ponto certo. Já em São José, meu irmão disse a ela "também, foi pedir camarão no lugar mais longe do mar". Pois é, agora é tarde pra voltar atrás.

Ufa, ao menos não é um filé no ponto errado...

    Eu não poderia deixar de homenagear minha tia Minga, e pedi a Costela Minga Desossada (assada lentamente em baixa temperatura, com cebolinha glacê, bacon caramelizado e molho demi-glace, acompanhada de nhoque dourado, R$89,90). O molho estava delicioso, com textura incrível e excelente equilíbrio entre dulçor e salgado. O nhoque sozinho era meio bobo, gosto de batata e só. A cebola parecia ser daquelas em conserva, tinha uma acidez bem típica desse tipo de preparo. Eu até gosto, mas não era o sabor esperado. Alguns pedaços de bacon estavam um pouco duros. A carne estava muito macia, derretendo mesmo, e muito saborosa, claro, com a gordura entremeada. O grande refestelo do prato era mesmo o molho, tanto que a Chris ficava molhando os camarões dela nele. Eu deixava, porque sou magnânimo - e porque experimentei o prato dela e fiquei com dó. 
 
Costela Maria Silvia Pereira (minha tia, pô)

    Petit Gateau, Crème Brûlée, Cheesecake de Frutas Vermelhas. É por aí, pelas onipresenças, que caminham as opções de sobremesa do Cantina Masseria. Nada contra, mas já cansamos de comer essas opções. Então fomos na única que era um pouco diferente, o Mil Folhas Com Dois Cremes (massa folhada com creme parisiense de baunilha e de chocolate, com avelãs torradas, R$36,90). Apresentação muito bonita. Mil folhas bem crocante, se quebrando no croc-croc. O chocolate também estava crocante. Creme de baunilha ok, mas textura um pouco pastosa. Faltou mais contraste, que vinha quando comíamos uma colherada junto com o morango. Talvez essa acidez pudesse ser incorporada de alguma forma ao mil folhas. Ou poderia ser servido com uma calda à parte que trouxesse acidez.
 
Bonito tá

    O restaurante estava bem vazio nesta noite de terça-feira, e tivemos os funcionários praticamente só para nós. O garçom principal era bem espontâneo, sem muito gesso, o que sempre agrada. Os garçons em geral mantinham boa distância da mesa, conseguindo estar presentes sem serem invasivos. Gostamos também da maneira que resolveram a situação do ar-condicionado, sem termos que nos mudar de mesa. Houve uma cobrança errada no prato da Chris, que deveria vir com 60% do valor indicado no cardápio, por ser porção individual, mas veio 70%. Mas foi corrigido rapidamente. Também houve a informação errada sobre o valor da taxa de rolha. E ao final solicitamos uma cópia da comanda com nosso consumo, pra guardar de lembrança, e ficamos vários e vários minutos esperando, até que fomos à recepção para pegar. Foram pequenas coisas que acabaram minando nossa nota final de serviço.

    Nossa ida ao Cantinha Masseria foi em busca do Prato da Boa Lembrança. Voltamos sem ele. Mas não significa que voltamos sem boas lembranças. Talvez aquela que mais vá permanecer em nossas mentes seja o molho demi-glace que acompanhava meu prato. Chris usufruiu dele quase tanto quanto eu, e ambos concordamos que foi um dos melhores molhos que já comemos em nossas visitas a restaurantes pelo Brasil afora. Mas infelizmente o restante da experiência gastronômica não acompanhou essa excelência, e definimos que não faríamos uma segunda visita ao Masseria. Não tem problema. Às vezes uma única boa lembrança pode compensar uma vida inteira de tristezas. Ou um penne completamente sem graça...

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 7
Entrada (2): 5 e 5
Prato principal(3): 4 e 8
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5 e 6,5
Voltaria?: Não e não

Serviço:

Av. Afonso Pena, 4311 - Jardim dos Estados, Campo Grande - Mato Grosso do Sul
Telefone:  (67) 3325-7722
Site: https://www.cantinamasseria.com.br/
Instagram: @cantinamasseria