Confesso, ela foi tirada na saída, não na chegada |
Me mudei para São José dos Campos em 1990, mesmo ano em que foi fundado o Al Badah, restaurante especializado em comida árabe. Durante estes vinte e cinco anos em que eu e o restaurante "moramos" na mesma cidade, eu sempre pensei em nós dois como forasteiros. Achava que o Al Badah era uma rede estilo Habib´s, que não nasceu na cidade, assim como eu. Talvez eu pensasse isso pelo fato de haver um Al Badah em cada shopping de São José, o que normalmente caracteriza uma rede dessas com centenas de estabelecimentos pelo país. Só recentemente descobri que, ao contrário de mim, o Al Badah é joseense da gema.
Foi também por conta desta descoberta que eu e Chris nos dirigimos à matriz da rede, na Vila Ema, para um jantar. Eu já tinha comido as esfihas da casa em algum momento da minha juventude, e Chris também já tinha estado por ali para almoço com colegas de trabalho. Mas era a primeira vez que estávamos ali para um jantar, podendo apreciar mais "seriamente" a cozinha do lugar.
Essa sim foi na chegada |
O ambiente é bem simples, mas agradável. Todo aberto nas laterais, embora em uma noite razoavelmente fria quase todos os toldos estivessem abaixados. No sentamos ao lado do único que estava levantado, para pouco depois um mala reclamar do frio (porque não sentou em outro lugar, cara pálida?) e fazer o garçom abaixar o toldo. Na decoração, alguns lustres meio arabescos, quadros com recortes de jornal sobre o lugar (um chavão irresistível, aparentemente) além de outros quadros com castelos árabes e coisas do tipo. Móveis de madeira, com a cadeira estofada, e muita luz. A entrada da cozinha fica aberta, e acima da porta há um convite para entrar e conhecê-la. Banheiro limpíssimo, com um Listerine® tamanho família (que se mostraria útil mais tarde) e copinhos de plástico para o bochecho, além de luminária em estilo árabe.
Chris das arábias, e um pouco do ambiente do lugar |
Iniciamos os trabalhos com uma porção de seis falaféis, que são bolinhos à base de grão de bico com semente de gergelim (R$ 23,50). Vem acompanhado de vinagrete e molho tahine. O vinagrete não tinha absolutamente tempero nenhum, era apenas um monte de cebola e tomate picadinhos. Tudo bem que adoramos cebola e tomate, mas cadê o vinagre do vinagrete? Um salzinho também não faria mal. Os bolinhos são um pouco secos, mas estavam saborosos. O molho tahine estava muito "molhado", precisava de mais consistência. Quando colocado por cima dos bolinhos ele simplesmente escorria, fazendo os bolinhos continuarem secos.
Falaféis, cebolas e eu |
O cardápio conta com muitas opções de enchimento de barriga. Esfihas, kibes, kebabs e sanduíches feitos no pão sírio, entre outros, pra quem só está afim de um lanchinho. Pra quem quer mais sustância, há os grelhados e os kebabs no prato como opções. O menu é bem ilustrado, muito colorido, com fotos de quase todos os pratos. Isso ajuda bastante a escolher, para quem não está familiarizado com os nomes dos degustes. Pena que nossos falaféis não estavam tão bonitos quanto na foto, como pode ser comprovado abaixo.
"Efeito Big Mac": a foto é mais bonita do que a realidade |
Todos os grelhados vem acompanhados de arroz sírio, salada Al Badah (alface, cenoura, beterraba, muçarela, molho rosé e nozes) e vinagrete, que servem duas pessoas, com opção de meia porção, para uma pessoa. Chris pediu a meia porção da kafta (R$ 24,90). O prato chegou sem a salada, e o garçom nos informou que a meia porção não possuía este acompanhamento. Isto não está claro no cardápio. Chris pediu a salada à parte. Achou a comida com gosto muito forte de limão. O arroz sírio (que é preparado com macarrão "cabelo de anjo") não disse muito a que veio. O vinagrete veio tão sem tempero quanto o que acompanhava os falaféis. Mas a kafta estava gostosa, e a porção era bem generosa. Apresentação simples, embora a salada tenha vindo numa bonita taça.
A kafta não é boa de feição, né? |
Eu pedi o kebab de cordeiro no prato (R$ 33,50). Muitíssimo bem servido, com as tiras de cordeiro, salada de alface, tomate e abobrinha frita, além de homus (pasta de grão de bico) e coalhada. À parte, em outro pratinho, um pedaço de pão sírio e 3 molhos: tahine, de hortelã e de limão. Ufa! A carne estava bem temperada, adorei as abobrinhas fritas, finamente cortadas, e também gostei do homus. Não comi tudo porque era muito coisa, não porque estivesse ruim ou enjoativo. Talvez se não tivéssemos comido os falaféis...
Dá até pra dividir em dois em tempos de vacas magras |
Embora os docinhos sírios sejam famosos, pedimos uma sobremesa chamada malabie (R$ 9,90), uma manjar árabe feito com leite condensado, com calda de caramelo, castanhas de caju e uma ameixa seca. Bonita e saborosa no início, mas depois ficou um sabor amargo, provavelmente por conta das castanhas que não deviam estar muito boas. Melhor mudar o fornecedor, porque atrapalhou totalmente a experiência. Lembra do Listerine®? Pois é...
Peninha, viu? |
Durante toda a refeição tomamos três sucos Al Badah (R$ 6,40 cada), feitos com uva e acerola, uma combinação que nunca tínhamos visto. Inusitada, mas gostosa.
Os funcionários se mostraram solícitos e presentes durante todo o tempo. Nenhum dos pratos pedidos demorou muito a sair, mas também não vieram rápidos a ponto de acharmos que já estivessem previamente prontos. O ponto negativo principal foi a demora em limpar as mesas, mesmo bem depois de já termos terminado de comer. Isto aconteceu especialmente com a entrada. Outro problema foi o fato de o cardápio não informar que somente a porção inteira dos grelhados traz o acompanhamento da salada.
Não se trata de alta grastronomia. É um lugar para se fazer uma refeição honesta com um preço honesto. Em um dia de calor, com todos os toldos levantados, deve ser ainda mais agradável o ambiente, bem pertinho de uma das avenidas mais bonitas de São José, a 9 de Julho. Talvez por conta disso eu tenha chegado à conclusão de que voltaria ao Al Badah. Já a Chris acha que não valeria a pena um retorno. Mas uma coisa nenhum de nós dois discute: o Al Badah é um clássico joseense, e um grande exemplo de que um empreendimento sério e bem cuidado pode durar mais de vinte anos mantendo a qualidade, mesmo em uma mundo volátil como o dos restaurantes, em que isso é cada vez mais raro.
AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):
Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 6 e 6,5
Entrada(2): 6 e 6
Prato principal(3): 6,5 e 7
Sobremesa(2): 5 e 5
Custo-benefício(1): 6 e 7,5
Média: 5,95 e 6,45
Voltaria?: Não e sim
Serviço:
Rua Serimbura, 15 - Vila Ema - São José dos Campos - São Paulo
Telefone: (12) 3923-2454
Site: http://www.albadah.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Al-Badah/179521248760275?fref=ts
Meu pai sempre gostou da comida árabe e minha mãe fazia kibe pra ele.
ResponderExcluirEm São José dos Campos conheci o Al Badah e fui algumas vezes degustar seus sabores.
Sabia que era joseense, mas que veio pra cá junto comigo, eu desconhecia. Bom saber!